sábado, 13 de setembro de 2008

O Mundo da Energia Renovável

A revolução tecnológica em curso no mundo é impactante. A grande luta no futuro próximo será pela posse e controle da energia de qualquer espécie, fóssil ou renovável. Claro, pois sem energia não existe desenvolvimento e o padrão de consumo mundial em que, no passado, os Estados Unidos usavam uma grande parte da energia disponível no mundo, agora muda rapidamente. Gigantes, como China, Índia, Brasil e Rússia aumentam rápida e solidamente sua renda interna e com ela sobe junto o consumo de energia. A China antecipa o futuro com o consumo em grandes proporções de alimentos, aço, petróleo, cimento, produtos industrializados, enfim, tudo o que sua nova sociedade vai exigindo e se acostumando a ter.

O Brasil vem crescendo a taxas acima de 5% anualmente. Estávamos acostumados, nas últimas décadas, a taxas que mal chegavam aos 2% e que modificavam muito pouco nossos patamares de consumo. Nesses últimos anos, a classe média brasileira incorporou 85 milhões de brasileiros das classes D e E, que passaram a consumir nos padrões de sua nova renda. O mesmo acontecia na Índia e na Rússia, pois esses países, gigantescos e com grande população, são os únicos que podem incorporar ao consumo imensos grupos populacionais. E a tendência é que os padrões americanos venham a ser copiados pelos novos gigantes mundiais.

Todos sem exceção querem ter grandes mercados internos. Isso dará segurança e garantia de crescimento continuado a esses países, independentemente do que acontecer no mundo. Agora, por exemplo, sabe-se que os EUA estão beirando a recessão, levando junto parte da Europa, mas Brasil, China, Índia e Rússia continuam a crescer graças a força do seu mercado interno, que lhes garante o crescimento.

Antigamente, se os EUA diminuíssem suas taxas de crescimento, ou se chegassem perto da recessão, o mundo inteiro sofreria junto, pois o grande mercado consumidor mundial estava ali. Hoje é diferente. De maneira semelhante isso aconteceu no Brasil, pois São Paulo produzia e consumia quase tudo no país. Hoje não. O sul de Minas, junto com Mato Grosso, por exemplo, podem alimentar todo o Brasil. Aqui mesmo o sul do Maranhão, o norte de Tocantins e uma parte do Piauí (o MAPITO) já representam, somados, 10% da produção de grãos do país. E todos estão famintos de energia, dado que nada se produz sem ela.

A China mais uma vez mostra um caminho diferente, fora do conceito imposto pelo mundo financeiro, que preconiza, antes de tudo, que os países se equilibrem financeiramente, não para crescer, mas para pagar suas dívidas com o próprio setor financeiro, criando conceitos como superávit fiscal, lei de responsabilidade fiscal e outros que, por meio do FMI e Banco Mundial, organizações dominadas por eles, acabam por impor legislação, mediante a assinatura de acordos que obrigam a todos os governos estaduais e o próprio governo federal a seguir essa cartilha.

A China nunca foi ao FMI ou ao Banco Mundial e, portanto, não precisou se submeter às regras desses organismos. E assim criou seus próprios caminhos com suas próprias regras e resistiu tenazmente as pressões para valorizar sua moeda. Com o câmbio favorável, a China foi ocupando um enorme espaço no comércio internacional, exportando cada vez mais e gerando divisas que financiaram seu vertiginoso crescimento econômico. Nós, ao contrário, nos submetemos às regras e colocamos muitos embaraços ao nosso próprio desenvolvimento. E ficamos patinando com taxas muito baixas de crescimento do PIB.

Hoje muitos países procuram proteger seus recursos energéticos. E com a disparada dos preços do petróleo, todos vem investindo muito dinheiro em pesquisa de energia alternativa e renovável. Essas pesquisas vão desde a produção do etanol, a energia solar, a energia eólica, os biocombustíveis e a energia nuclear, além da busca por novos combustíveis. A NASA, universidades e empresas públicas e privadas buscam celeremente equipamentos e novos processos que possam baixar custos nos diversos sistemas usados para obter energia renovável em grande escala no mundo. As possibilidades mais viáveis vão se impondo pelos custos aceitáveis de produção obtidos nos processos industriais.

Esse é o grande desafio para o desenvolvimento no futuro.

O Brasil tem excelentes condições de se sair muito bem na obtenção de energia limpa e renovável. E o Maranhão, se encarar agora como prioridade sua real possibilidade de ocupar uma importante posição nesse mercado, dará um passo gigantesco para o desenvolvimento. Temos excelentes condições de produzir etanol da cana e da celulose, mas para isso temos que prosseguir com os estudos iniciados no meu governo com a parceria da ESALQ, da USP de São Paulo. Esses estudos estão parados nesse momento.

Na energia eólica, ninguém tem condições melhores do que nós, mas outros estados estão mais avançados como o Ceará e o Rio Grande do Norte. Não poderemos ficar de fora do leilão que o Ministério de Minas e Energia vai promover em fevereiro, cujo objetivo é a oferta de preço para a compra de energia eólica. Precisamos levantar um grande número de dados, que estão dispersos, mas disponíveis, para oferecer aos empresários interessados no leilão. Se não fizermos isso, ficaremos de fora, com grandes prejuízos futuros. No momento ainda não iniciamos a obtenção desses dados. O risco de ficarmos de fora é grande.

Já na energia solar, precisamos nos informar do que acontece no mundo, porque condições naturais nós temos.

Na verdade temos muitas possibilidades nessa verdadeira corrida do ouro moderna. Mas isso não resolve o problema. Temos que trabalhar pesado para transformar possibilidades em realidade. E mobilizar as universidades, os técnicos, a classe empresarial e o próprio governo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tentativas

O grupo político comandado pelo senador José Sarney, dono do Maranhão por 40 anos, não tem mais ilusões sobre o estado. A derrota de 2006 foi muito pesada, afinal era a estrela maior do grupo quem o representava. Ela era tão importante que havia se candidatado à presidência da república em 2002, com grande sucesso inicial, mas foi abatida em plena campanha, logo depois, pelo escândalo conhecido como “Operação Lunus”. Eu não tenho dúvidas de que ela cairia nas pesquisas logo que o Brasil focasse mais sua atenção sobre sua administração no Maranhão e visse que na verdade ela não tinha nada o que mostrar. Apenas pobreza e indicadores sociais vergonhosos com grande exclusão social, indigência e abandono.

Seria tarefa impossível, mesmo para Nizan Guanaes, seu excepcional marqueteiro, explicar porque o estado deixava mais da metade da população sem ensino médio. Ficaria sem saber o que dizer quando soubesse que em 159 municípios não tinha ensino médio, que só existia em 58. E teria imensa dificuldade em explicar que o estado não cuidava do setor rural e nem do agronegócio, nem da febre aftosa, nem da agricultura familiar e era o único do Brasil que não tinha em seu organograma uma Secretaria de Agricultura. Nem de Indústria e Comércio e muito menos de Ciência e Tecnologia ou de Meio Ambiente. Que raios de governo era esse em que a governadora não administrava e nem sabia de nada? Que era incapaz de participar de um debate sobre o Maranhão, quem dirá sobre o Brasil? Como fazer uma governante, com esse currículo, presidente do Brasil? Justiça se faça: Sarney era cético e estava preocupado com a empreitada. Não acreditava.

A derrota inesperada das eleições para o governo do estado em 2006, mesmo com a ajuda do presidente Lula, que veio aqui dar uma força, mostrou o tamanho do desastre. Não adiantaram as campanhas terríveis de desmoralização do meu governo, sistemáticas, hoje repetidas contra Jackson e contra todos seus opositores. O povo já havia aberto os olhos e a classe política também já acreditava.

O que começou ali, Sarney sabia, era irreversível. Com seu talento, conseguiu dar a volta por cima e conquistou o que ninguém esperava. Ser forte no governo Lula com direito a ser mandatário de um dos setores mais importantes do governo, o Ministério de Minas e Energia. Aproveita o que pode, mas sabe que Lula termina o mandato em 2010 e toda a festa que fez para Aécio Neves em Brasília, quando reuniu o PMDB para saudá-lo, ano passado, no Congresso, parece que não resultará em candidatura a presidência da República. E o governador de São Paulo, José Serra, depois do que aconteceu com Roseana no episódio Lunus, em que aquele atribuiu autoria a este em discurso pesado proferido no Senado, é no entanto, a pior das soluções. Não o leva ao poder, aparentemente.

As eleições municipais de São Luís e Imperatriz os assustaram de vez. Em Imperatriz, ainda lançaram candidato o desgastado prefeito marcado pela péssima e ausente administração que fez. Madeira, do PSDB, está muito bem. Em São Luís não tiveram coragem de lançar candidato. E todos aqueles que são de sua base e que ainda não se aperceberam de que ser carimbado como sarneysista é o pior do que poderiam ser chamados, estão amargando índices terríveis nas pesquisas com grande desgaste pessoal. E Castelo, do PSDB, todos sabem, é adversário histórico do senador.

Sarney sabe que para ter o prestígio de sempre não pode contar mais com o estado do Maranhão. Sabe que, se ainda quiser mandar e ter poder, indispensável para ele, precisa ocupar posições estratégicas no poder federal. Para os seus objetivos, o Ministério de Minas e Energia é muito pouco. Precisa bem mais. De poder real e político. E já está se movimentando com esse objetivo.

Nesta semana usou uma das colunas da revista IstoÉ para dar um recado. Diz a nota “plantada” na revista que Sarney já se posiciona para ser o próximo presidente do Senado. Acha que precisa ocupar essa posição para poder influir nas articulações da escolha do novo presidente da República. Para isso, diz contar com as bênçãos do Planalto, do PMDB e de setores da oposição. Contra ele estará parte da oposição e o senador Tião Viana (PT) que já espera a algum tempo a sua vez de ser presidente do Senado e que tem a seu favor o acerto de que a vez é do PT.

É sua última cartada, definitiva, de continuar influente no poder federal. Se conseguir o seu intento, ocupará uma posição chave nas articulações para a escolha do futuro presidente. Se não conseguir vai ficar muito difícil manter o poder. Conseguirá?