terça-feira, 16 de julho de 2013

A ENCRUZILHADA DO MUNDO


Estamos chegando a um momento de definições muito importantes acerca do desenvolvimento futuro das nações. Não existem mais dúvidas de que a chave para pertencer ou não à vanguarda nesse mundo novo é a educação de alta qualidade, que permita o desenvolvimento acelerado da pesquisa em ciência, tecnologia e inovação. Sem isso estaremos condenados a ficar na periferia desse rico mundo que está despontando.

O programa Manhattan Connection exibiu interessantíssima entrevista com Paulo Blikstein, professor e pesquisador da Universidade de Stanford na Califórnia e coordenador do Centro Lemann, dedicado ao estudo e soluções para a educação brasileira.

O tema foi o baixo nível da educação brasileira e como quebrar as amarras que impedem o Brasil de alcançar um melhor desempenho global. A motivação foi o anúncio da intenção do governo de destinar 75% dos recursos do Pré-Sal e se isso poderia mudar esse quadro. 

Blikstein informou que há um consenso mundial dos estudiosos sobre a educação e que não adianta só investir mais dinheiro. Se o sistema é ruim, como é o brasileiro, jogar mais dinheiro nessa máquina que não sabe o que fazer, só aumenta a corrupção e nada irá mudar. O problema é sistêmico e mais dinheiro em um sistema que já está errado não trará, certamente, benefícios para os alunos.

Os problemas são interligados. Não consistem só em professores e sindicatos de alunos. O problema é complexo. A saúde, por exemplo - disse ele - não irá melhorar só com a construção de hospitais. É necessário gente qualificada que entenda de metas qualitativas e quantitativas.

A ideia é formar essas pessoas e poder trazer para o Brasil a tratativa dessas questões. Sem qualidade dos professores o sistema também não terá qualidade. Os melhores sistemas do mundo são os sistemas que valorizam a profissão do professor. Pagá-los bem e capacitá-los é uma lição que precisamos aplicar no Brasil.

É um projeto para uma geração, para acontecer num horizonte de 20 anos, e como tal, é um projeto de estado, com os governos nesse período cada um cumprindo a sua parte.

É preciso, inclusive, conscientizar a população de que a educação é crucial e sem ela a vida não vai melhorar.

Blikstein também disse uma coisa muito importante que identifiquei como algo que aconteceu no meu governo e que depois que eu saí foi completamente abandonado. O professor comentou que o célebre Paulo Freire ensinava que a educação funciona melhor quando é conectada à cultura do aluno e é necessário tentar flexibilizar o currículo escolar para que o professor possa fazer esse trabalho e adaptá-lo à cultura do aluno. Não adianta ensinar um aluno de um vilarejo no Nordeste utilizando a mesma fórmula usada para um aluno da cidade de São Paulo. É preciso se basear em coisas que impactem para o primeiro. Fica mais fácil aprender, e pesquisas mostram isso, quando você mostra para ele que isso pode ser relevante em sua própria vida, em sua própria realidade. 

Sem dúvidas é isso mesmo. No meu governo, uma professora do Araçagi ganhou muitos prêmios estaduais e até internacionais por fazer isso com muito sucesso em uma comunidade de pescadores. Ela ia para a praia com os alunos e ali, desenhando na areia, com conchas e gravetos, conseguiu resultados fantásticos no desenvolvimento dos alunos. Aliás, professora, perdi seus contatos! No meu blog há um canal para se comunicar comigo. Se possível, comunique-se.

A segunda coisa é fazer um grande programa. Não é só pagar melhor o professor. Há que fornecer instrumentos para que ele dê aulas melhores. O professor é um trabalhador intelectual e, por isso, precisa consumir cultura. Precisa também ter tempo para estudar, precisa ser valorizado e melhor preparado. Enquanto não tivermos os melhores alunos que saem das universidades querendo ser professores, não resolveremos o problema.

Se você der um lápis apenas para usá-lo durante o horário da aula, nada vai adiantar porque o aluno precisa do lápis o tempo todo. O mesmo raciocínio deve ser usado com os computadores. Não é só o aluno usar o computador por meia hora. É o tempo todo.

O computador é um instrumento de expressão pessoal. Ele precisa ser usado para criar jogos e programas para seu celular, etc. Hoje existem uma série de softwares muito fáceis de aprender e usar que permitem às crianças fazerem tudo isso. É claro que a ideia não é o computador programando a criança. Não é só a criança ficar na frente do computador recebendo instruções o tempo todo. Isso é considerado mau uso da tecnologia. Bom uso é você usar a tecnologia para construir coisas. Fazer um filme, um autômato, um experimento etc.

Pesquisas mostram que o resultado é incrível. Mesmo as crianças que vêm de salas muito pobres, com poucas perspectivas, quando esses recursos estão disponívels elas se revelam cineastas, engenheiros, matemáticos e outras vocações que, de outra forma, elas nunca teriam uma chance concreta.

O Centro Lemann tenta atrair os melhores cérebros para a educação. “Só mandamos um homem para a lua porque transformamos a NASA, onde todos os melhores queriam trabalhar”, diz o professor Paulo.  Só o dinheiro não iria conseguir. 

Melhorar a educação no Brasil é mais ou menos um projeto do tamanho de mandar um homem para a lua. Trazer esses cérebros, não apenas aqueles que só tiram 10. Queremos aqueles que querem arregaçar as mangas e ajudar a educação brasileira. “É um projeto de 20 anos que precisa começar agora!” - diz o professor. Atualmente há um grupo de 10 pessoas se preparando.

Mas... E o Maranhão? Com o interesse do governo atual nem é bom pensar...

Enfim, vamos lá. Se Roseana Sarney quisesse realmente fazer parcerias com a prefeitura de São Luís, não teria jeito mais fácil e rápido do que liberar as emendas dos deputados da oposição para o prefeito? Qual é a dificuldade? Nenhuma. O dinheiro já está no orçamento. Por causa de detalhes burocráticos é que não pode? Ora, vamos ser sérios!

Parece que a parceria que ela quer fazer é entregar junto com o prefeito os projetos de mobilidade para o governo federal. Quer usar o dinheiro federal para fazer propaganda à custa do prefeito.

Para que Edivaldo precisaria dela? Pensem.