terça-feira, 11 de novembro de 2014

OFERTA DE GÁS PODE TRANSFORMAR O MARANHÃO


Não restam dúvidas de que o Maranhão possui um imenso lençol de gás natural.  Não é uma nova Bolívia, mas o que temos dá para mudar a realidade de nosso estado.
Se o Maranhão não é desenvolvido, não o é porque não possua os meios para isso. De fato, não somos desenvolvidos porque temos tido governos alienados que parecem preferir o estado pobre a qualquer horizonte mais favorável e solapam todas as oportunidades de desenvolvimento que temos. No caso do gás, chega a ser criminoso.
O Ministério de Minas e Energia é a mais alta autoridade em energia do país. O ocupante atual da pasta é maranhense, de modos que seria mais do que natural que muito boa vontade fosse empregada para que o gás natural do estado tivesse toda a prioridade e pudesse ser usado para desenvolver-nos. Contudo, o que fez o ministro Lobão? Lançou um edital para contratar um gasoduto a fim de levar o gás de Santo Antônio dos Lopes para Ananindeua, no Pará! Repetindo: para um distrito industrial no vizinho estado do Pará! Denunciei a aberração aqui nos meus artigos do Jornal Pequeno e o ministro, no auge do seu poder, nem se dignou a dar uma explicação. Foi a decisão mais sem sentido que um ministro maranhense já tomou em relação aos reais interesses do Maranhão. O que o levou a fazer isso? Só ele pode explicar...
E a governadora, o que fez? Em relação ao gasoduto fez absolutamente nada. Ou melhor, deu a entender que estava de acordo com a atitude do ministro. E em relação ao gás? Ela continua ainda hoje a dar licenças, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, para construção de Termelétricas no estado, usando todo o gás hoje disponível. A UTE Parnaíba Geração de Energia S.A. foi a primeira a receber a licença e assinar contrato em 2011. Já em 2013 novos contratos foram assinados com as UTEs Parnaíba II e Parnaíba III e imediatamente foram abertas negociações para a assinar contrato com a UTE Parnaíba IV. Hoje essas negociações ainda correm.
A Parnaíba Gás Natural é a antiga OGX Maranhão, e hoje possui como acionistas principais o fundo Cambuhy (Família Moreira Sales), com 73 por cento das quotas, ENEVA com 18 por cento e a E.ON com 9 por cento. A ENEVA é a sucessora da antiga MPX, sendo a responsável pela operação do Complexo Termelétrico do Parnaíba. Essa empresa possui como acionistas a empresa alemã E.ON com 42,9 por cento das quotas, o empresário Eike Batista (amigo e financiador das campanhas do grupo Sarney, que soube convencer a governadora a usar o gás no benefício de suas empresas), com 20 por cento e, por fim, um conjunto de outros fundos que possuem juntos 37,1 por cento.
Atualmente, a Parnaíba Gás Natural possui participação majoritária na concessão de oito blocos exploratórios terrestres na Bacia do Parnaíba, no Maranhão. A bacia do Parnaíba abrange uma área de 680 mil quilômetros quadrados.
Com efeito, o governo de Roseana Sarney está tirando a derradeira possibilidade de desenvolvimento rápido do estado, ao dirigir o gás do Maranhão para uso exclusivo de produção de energia elétrica, por meio de usinas termelétricas que estão sendo licenciadas sem critério. Ou melhor, parece que o critério é evitar que o gás possa ser usado na industrialização do estado, o que permitiria a grande mudança do perfil socioeconômico do Maranhão.
Diante disso, vocês poderiam perguntar: Mas por que que esse direcionamento do gás para produzir energia elétrica é danoso aos nossos interesses? Pois bem, em primeiro lugar, temos energia abundante no Maranhão, não precisamos de mais eletricidade aqui, nem agora e nem no futuro próximo. Segundo, a energia será exportada e o imposto será recebido por outros estados, quase nada fica no Maranhão. Portanto, esse uso só interessa aos empresários, a outros estados e – estranhamente - ao governo do Maranhão.
O gás natural maranhense precisa ser colocado, com urgência, para industrializar rapidamente o estado, trazendo renda, impostos e empregos. É o caminho mais curto para mudar o perfil de pobreza que permeia nossa realidade aqui.
Vejamos como: o gasoduto a ser construído para conduzir o gás de Santo Antônio dos Lopes até o Distrito Industrial (ou ao futuro retroporto do Itaqui) terá um percurso de 215 quilômetros de extensão. Dessa forma será criado um eixo de desenvolvimento em todo o trajeto, pois em qualquer local ao longo da tubulação teremos gás natural disponível e todo ele poderá receber indústrias, desconcentrando o polo de São Luís. Nosso gás chegará ao Distrito Industrial pela metade do preço que a Petrobras fornece às distribuidoras do Nordeste e poderá até mesmo ser o gás mais barato do Brasil, o que significa uma corrida para a industrialização do Maranhão. O gás do Nordeste chega a pouco mais de 12 dólares americanos por MMBTU. Enquanto isso, há estudos apontando que o nosso possa ser entregue em São Luís a 6,5 dólares americanos por MMBTU. Se confirmada, isso é uma vantagem enorme!
Vejamos agora dois cenários que foram estudados com o uso prioritário do nosso gás para esse programa:
O primeiro cenário contabiliza uma oferta de 3 milhões de m³/dia e poderiam vir indústrias para a produção de chapas, latas e trefilação de alumínio, placas, bobinas e laminados de aço, celulose e papel de imprimir, vidros ocos e planos etc.
Já no segundo, a oferta seria de 6 milhões de m³/dia. Nesse caso, foram acrescidos os impactos para a implantação de indústrias para a produção de porcelanato esmaltado e revestimentos de parede, amônia, ureia e metanol, tecidos de algodão, processamento e refino de soja e a criação e abate de frangos. Se chegarmos a 10 m³/dia poderemos até abrigar uma unidade de ferro esponja!
Considerando o primeiro cenário, a perspectiva é de que seriam gerados mais de 14 mil empregos diretos e 100 mil indiretos, cerca de R$ 5 bilhões em renda e R$1,9 bilhão em arrecadação tributária, incluindo R$ 1 bilhão de ICMS. Seriam cerca de 106 atividades.
No segundo cenário, teríamos a criação de cerca de 19 mil empregos diretos, 140 mil indiretos e arrecadação tributária de R$ 2,3 bilhões, incluindo 1,3 bilhão somente de ICMS.
Há estudos que demonstraram que o uso de gás natural como indutor de atividades produtivas industriais produz resultados expressivos na renda, no emprego e na arrecadação tributária do estado.
Não bastasse isso, os benefícios para a sociedade maranhense decorrentes da implantação de industrias gás-intensivas não se limitariam aos impactos socioeconômicos mensurados pelo emprego, renda e tributos. Um dos mais importantes é a possibilidade real do Maranhão vislumbrar um salto tecnológico sem precedentes em sua matriz econômica, de forma a entrar definitivamente num estágio industrial e dinâmico de seu desenvolvimento. 
Isso sem contar outra possibilidade: o desenvolvimento do setor do gás-químico, que usa o gás natural como matéria prima para diversos produtos. Na medida em que se adensa essa cadeia produtiva, podem-se produzir produtos petroquímicos básicos, tal como eteno, até produtos para a indústria de transformação, como embalagens, peças e utensílios para o consumidor final.
Enfim, fica fácil aduzir que temos tudo para crescer, pois a natureza foi pródiga com o Maranhão. Entretanto, a dominação política do grupo Sarney nesses anos todos paralisou o estado. Para o gás, ainda dá tempo, mas o futuro governador travará ainda forte batalha para colocar tudo nos eixos.
E estaremos todos juntos. Afinal, essa luta interessa a todos nós que sonhamos com um Maranhão desenvolvido e livre da pobreza.