terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MAKTUB

A tradução livre dessa palavra árabe é ”está escrito” e expõe com perfeição o que ocorre atualmente na “primavera árabe”. Tal movimento eclodiu recentemente em países que eram comandados por famílias geralmente por centenas de anos, fazendo com que esses regimes ditatoriais baseados na força começassem a desmoronar como um castelo de cartas. E isso aconteceu por força da população, que revoltada com a dualidade entre a imensa riqueza dessas famílias de um lado, e do outro a pobreza, a intimidação, o medo, a proibição de quase tudo que é reservada à população, incitou sua derrubada.

Um a um foram caindo. Quem podia supor no começo do ano uma coisa assim, tal a força que sustentava esses regimes? Só o “maktub” pode trazer a resposta: estava escrito. Primeiro foi a Tunísia, depois o Egito, com a queda de Mubarak, seguido pela queda do nefando Kadafi, agora a Síria de Assad, e o Iêmen. Isto até agora. E vejam que essa onda vem ocorrendo no mundo inteiro, que já não suporta regimes comandados por ditadores e que se mantém no poder pela intimidação.

Parece que até o final do ano, do jeito que vai, restará apenas um regime assim ou assemelhado... Esse mesmo, amigo leitor, que você está pensando: o dos Sarney aqui no Maranhão, que já vai para mais de 50 anos e só produziu pobreza e descrédito para o povo maranhense, enquanto a família vai muito bem, obrigado. Hoje o nosso estado é o que tem mais pobres no país, o pior ensino público, a maior mortalidade infantil, o maior número de analfabetos e por aí vai.

Em 2006 poderíamos ter acabado tudo isso. O estado se recuperava rapidamente, mas um golpe de estado jurídico jogou abaixo a constituição e colocou no poder novamente a família Sarney, perdedora das eleições. E hoje tudo está de volta, ao ponto de hoje em eventos públicos não se poder anunciar o nome de ninguém dessa família, pois a saraivada de vaias estridentes vem em seguida. Não apenas no Maranhão, mas no Brasil todo. É o prenúncio do fim. Maktub!

A caótica administração de Roseana só impulsiona a grande mudança de 2014. Nesse ano teremos finalmente a “primavera maranhense” e a democracia finalmente chegará ao nosso estado, que assim poderá se desenvolver.

Hoje em dia ninguém governa mais sem instrumentos democráticos. Todo o êxito tem como suporte a transparência, o diálogo, a discussão democrática dos anseios da população. Por exemplo, atualmente o prefeito mais popular do país é o do Município de Paulista em Pernambuco. Ele começou sendo prefeito de um pequeno e pobre município pernambucano, seu êxito foi tão grande que o município mãe do qual foi desmembrado, o qual ele administrava, mandou uma comitiva de cidadãos para convidá-lo a ser prefeito por lá. Ele foi e repetiu o êxito anterior. Mal terminava o mandato e foi uma comitiva de Paulista, um grande município, convidá-lo para ir para lá e, assim, ele é idolatrado ali também. Seu partido é o PSB e a sua receita é democracia, transparência, diálogo e honestidade. Recusa empréstimos pela dificuldade futura de pagamento.

Tudo isso é o inverso do que Roseana Sarney faz aqui, daí sua derrocada. Só propaganda não resolve mais.
O desempenho do governo nesse episódio da greve dos policiais civis e militares e bombeiros beira o grotesco, resultado do somatório do descaso, da arrogância, da irresponsabilidade, da intimidação, da falta de democracia e do desinteresse com a situação a que ficou exposta a população.

No fim, após tentar até criar um confronto entre o Exército e a Força Nacional contra os grevistas, ao insuflar o presidente da Assembleia a pedir reintegração de posse, sabendo que os militares grevistas revidariam, chegou a ponto de criar um confronto que seria notícia internacional e poderia até resultar em uma intervenção federal no Maranhão. Uma loucura e um delírio. Pesou o equilíbrio do general comandante das forças federais, que externou que a sua missão era proteger a população e não o enfrentamento com os grevistas. Foi então que a governadora, sentindo-se em um beco onde se metera e de onde não sabia como encontrar a saída, cedeu aos grevistas, com quem dizia não poder negociar já que a greve era ilegal. Passou por tremenda humilhação e ficou claro que podia. Não dá para entender tanta irresponsabilidade...

Mas não é só aqui que a família faz das suas. O senador Sarney na semana passada irritou profundamente o governo quando presidia o senado e colocou antes da hora a DRU em votação, pondo em risco a sua aprovação, tão cara para a presidente Dilma. Disse, matreiramente, que se enganou, mas ninguém acredita que um homem com sua experiência e nível de informação possa cometer erro tão primário. Os observadores experientes acham que ele quis mandar um aviso para a presidente Dilma.

Faz isso tudo por Roseana, que vive se queixando da presidente Dilma,  e pela falta de atenção da presidente para com ela. Na verdade os seus pleitos, quase sempre mal elaborados e superficiais, fogem ao estilo rigoroso da presidente. E certamente também pela mania de repreender várias ministras e ministros que, em viagem ao estado, cometem o erro supremo te ter agenda própria, além da visita protocolar à governadora, o que deve chegar aos ouvidos presidenciais causando muita irritação. Daí se explica o aviso do poderoso Sarney, que, de tão poderoso, pode ameaçar veladamente os projetos da presidente.

Não é para qualquer um…