sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ideli "atropela" negociações

Congresso: Ao lançar candidatura de Tião Viana para a Presidência do Senado, líder petista desagrada à bancada peemedebista e expõe acordo dos parlamentares que estava em curso nos bastidoresLeandro ColonDa equipe do Correio A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), irritou o PMDB e embolou as conversas para a eleição à Presidência da Casa em fevereiro de 2009. O comando peemedebista não gostou da nota divulgada ontem por ela lançando a candidatura de Tião Viana (PT-AC). Para os peemedebistas, Ideli “atropelou” uma negociação que ainda está em curso nos bastidores.

A vaga é do PMDB, dono da maior bancada no Senado. Caberá ao partido abrir mão e entregar o cargo aos petistas. Um acordo que está sendo costurado, mas ainda longe de um desfecho final. A nota foi divulgada por Ideli num dia de plenário cheio, inclusive com a presença de Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), que lideram o PMDB no Senado. O acerto com o PT depende do aval deles. Na nota, Ideli anunciou o “início das articulações” para emplacar Viana e ainda mandou um recado ao PMDB: o partido precisa do PT para eleger Michel Temer (SP) à Presidência da Câmara.

A recíproca, segundo ela, tem que ser verdadeira no Senado. “Não discutimos a importância do PMDB como a maior força partidária no Senado, mas acredito que o PT na Câmara terá seu peso na eleição de Temer e que irá, com certeza, prevalecer o acordo”, afirmou a petista. “Até porque o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), já anunciou seu apoio; é o PT cumprindo sua parte”, finalizou. Ideli se defende da reclamação peemedebista. Argumenta que pegou carona numa postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na semana passada, pediu aos senadores do PMDB apoio a um nome do PT à Presidência do Senado. Segundo ela, a bancada petista está unida em torno de Tião Viana. “É o nome consolidado entre os senadores do partido”, disse.

Segundo ela, foi o PMDB quem antecipou a discussão sobre a sucessão ao lançar Temer na semana passada. “O processo se antecipou com a decisão do PMDB na Câmara, pois pretendíamos concluir processo eleitoral nos municípios para então iniciar essas articulações”, disse. Xadrez político Ontem, Ideli procurou líderes dos partidos da base de apoio do governo para discutir o nome de Tião Viana à vaga hoje ocupada por Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). O senador Renato Casagrande (PSB-ES), por exemplo, não colocou obstáculos à pretensão petista. O PTB também deve fechar com Tião Viana. O problema está no PMDB e, principalmente, na oposição. PSDB e DEM não aceitam que o PT, quarta maior bancada, assuma o comando do Senado.

Os dois partidos prometem pressionar os peemedebistas a não aceitarem um acordo para apoiar Tião Viana. Alegam que a eleição na Câmara não pode estar vinculada à do Senado. Por isso, a oposição ameaça lançar um nome caso o PMDB feche com os petistas. Nem que seja para marcar posição. Inicialmente, Sarney e Renan resistiram em ceder ao PT. Os dois não simpatizam com Tião Viana. Só que o apelo do presidente Lula foi considerado fundamental para o sucesso das negociações.

O PMDB não pretende concluir as negociações a curto prazo. Avalia que tem espaço para cobrar politicamente caro pela Presidência do Senado. Ou seja, por enquanto, a partida não passou do primeiro tempo. Tem muito jogo pela frente.

CONVERSA DE CERCA-LOURENÇO. As cartas para a sucessão na presidência do Senado ainda não foram todas colocadas na mesa. O PMDB está em banho-maria. Na bancada, os Senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) é que estão conduzindo as negociações. Na oposição, tucanos e democratas individualmente são simpáticos ao Senador Tião Viana (PT-AC). Tião anda conversando muito com seu principal oponente.

Comentário do Blog: Como já dissemos aqui, o senador José Sarney está trabalhando como nunca para ser o presidente do Senado. O senador Renan Calheiros, parceiro no jogo, já foi colocado em posição forte como líder do PMDB no Senado. Para Sarney, é a maneira de se colocar no jogo da sucessão presidencial em 2010. O PT sabe disso e começa a tentar uma reação. Vai ser dureza vencer a esperteza do velho senador que joga por debaixo dos panos e dissimula muito.

A crise financeira, a política e os manetes!

Ex blog do César Maia:

1. Economistas usam uma analogia biológica para explicar a relação entre o sistema financeiro e o produtivo. Dizem que o sistema financeiro é o sistema sanguíneo da economia. Outros preferem uma linguagem agrícola, dizendo que é o sistema de irrigação da economia. De uma ou outra forma, se o sistema sanguíneo está doente ou a irrigação não ocorre satisfatoriamente, a economia toda, no mínimo estará doente, ou a safra será muito baixa.

2. O governo federal procura alardear otimismo falando que aqui as coisas serão diferentes. Mas se a bolsa despencou, alguns pequenos bancos ficaram insolventes, a liquidez interna sofreu uma forte contração e o governo federal mandou liberar o redesconto e baixou uma medida provisória que tem o sabor de uma lei delegada para intervir no mercado financeiro, é evidente que o sistema sanguíneo ou de irrigação, interno, já foi atingido e a economia já o está sendo.

3. A resultante todos sabem: a taxa de crescimento em 2009 e 2010 será bem menor do que a projetada nos projetos de lei de diretrizes orçamentária e de orçamento. Há uma hipótese entre analistas, que ficará entre 2% e 3%. No entanto há que se ver o que significa isso. Quando uma economia cujo PIB é de 100, cresce, suponhamos para raciocinar de forma simplificada, 1 ponto aritmético por mês, em janeiro o PIB será de 101, em fevereiro de 102... até dezembro quando será de 112. O PIB desse ano teria alcançado 1.278.

4. Se a economia entrar em dezembro em recessão e parar de crescer, esses 112 de PIB ficarão iguais todo o ano seguinte e o PIB será de 1.344. Mas as estatísticas divulgadas dirão que houve um crescimento de 1.344 / 1.278 ou mais 5,16%. Essa informação estatística nada terá a ver com o que sentem as empresas e as pessoas. Por exemplo, a taxa de desemprego aumentará, pois novas gerações estarão entrando no mercado de trabalho. Se a economia está parada de fato e como o crescimento é uma média entre setores, alguns estarão decrescendo, desempregando, reduzindo a produção, com todo o multiplicador incorporado sobre outros setores.

5. Quando se faz um prognóstico de que a economia brasileira vai crescer em 2009 à taxa de 2,5%, na verdade se está dizendo que comparando a economia de 2009 com dezembro de 2008, ela estará parada e em forte recessão com todas as seqüelas sociais e fiscais.

6. Os elogios à gestão monetária responsável do governo Lula deve passar pela análise política. Uma coisa é ser responsável em início de governo, longe da eleição. Outra é uma recessão em final de governo. Em 2005/2006 a economia estava dentro de um ciclo de crescimento num patamar de 5%. As afirmações de responsabilidade monetária eram fáceis de serem feitas. Outra é viver num quadro de crise e recessão.

7. O governo FHC pode ser elogiado por quase tudo. Mas certamente não é o caso da gestão da política econômica em 1998. As irresponsabilidades -cambial e fiscal- foram ao limite. FHC ganhou a eleição, mas a economia estourou em seu segundo mandato.

8. Nessa crise financeira com os mega-pacotes de ajuda aos bancos, analistas nos EUA se perguntam por que o governo Bush deixou o Lehman quebrar? Um deles disse: um erro grave pela proximidade da eleição. Imaginavam que não daria tempo de contaminar o sistema, afirmariam a natureza liberal da política econômica, mostrando ao povo que os poderosos também quebram e manteriam até as eleições o Iraque e a política externa no centro do debate, com uma vitória fácil e previsível para McCain.

9. Mas "não se havia combinado com o adversário", para lembrar Garrincha. A contaminação veio à vista, o sistema entrou em colapso, se adotou um keynesianismo nunca visto, a agenda eleitoral veio para dentro e McCain derreteu.

10. O que farão Lula e seus pelegos distribuídos pela máquina com remunerações explosivas e poder ilimitado? Entregarão a rapadura à oposição? Quem terá coragem para arriscar e ir empurrando com a barriga e ver se Deus ajuda e se chega às eleições de 2010? E o que se fará em final de governo, com o desemprego aumentando, empresas quebrando ou reduzindo a produção, o superávit comercial externo desabando em função dos preços das commodities, o câmbio subindo...? Simplesmente se mantém a responsabilidade monetária e fiscal e se faz tudo certo por amor à Pátria?

11. O cenário político que este Ex- Blog projeta é o governo tentando manter o crescimento a qualquer custo, ampliando o déficit fiscal nominal, a turma da fazenda e do banco central sendo chamadas para uma conversinha política e a demanda sendo irrigada de qualquer forma para que a taxa de crescimento não caia para menos de 3%. O resultado -na melhor hipótese- será a inflação subindo bem além dos patamares recentes. E na pior hipótese, o nosso conhecido processo de estagflação.

12. Se com FHC e Malan se fez assim, imaginem com Lula e Mantega! Apertem os cintos e esperem as festas juninas de 2009 e terão a certeza que será assim. E previnam-se "hedgeando" as irresponsabilidades fiscais e monetárias que virão e a inflação em alta. E cuidado, pois os manetes ("remember" o desastre de Congonhas) podem estar na posição invertida.

Comentário do Blog: Tomara que Cesar Maia esteja errado e que nada disso aconteça. Mas é bom botar as barbas de molho. Seria importante diminuir as despesas do governo para que o governo não precise do mercado financeiro. Senão vai uma barra!

Audácia na educação

Análise de dados da Pnad pelo Ipea indica evolução lenta na escolaridade; ensino médio deveria passar a ser obrigatórioO IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentou uma súmula da marcha da educação no Brasil até 2007 que põe a nu tanto os avanços inegáveis quanto as mazelas tradicionais do setor.Na base da análise do Ipea estão os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad, 2007).

Esse tipo de série histórica lança pouca luz sobre as variações anuais, que tendem a situar-se no intervalo das flutuações estatísticas e por isso oferecem pouca informação, mas são úteis para acompanhar a dinâmica das transformações de fundo.A taxa de analfabetismo caiu 0,4 ponto percentual, chegando a 10%. Bem melhor que os 17,2% de 1992, por certo, mas ainda muito desigual: 20% no Nordeste e 5,4% no Sul, única região a registrar índice comparável com o de países civilizados. Porém, 90% dos analfabetos têm mais de 25 anos, a indicar que esse estoque de marginalizados só poderá ser zerado no decurso de uma ou duas gerações, pois a universalização do ensino fundamental segue adiante, com mais de 97% das crianças de 7 a 14 anos na escola, cifra mantida desde 2003.

O país se aproxima do cumprimento da obrigação constitucional de oferecer oito anos de ensino fundamental a todos os cidadãos (artigo 208, inciso I), mas de modo lento. A média nacional de anos de estudo está em 7,3, também com disparidades regionais (6 no Nordeste, 8 no Sudeste). Ganho de pouco mais de um mês de escolaridade entre 2006 e 2007, mas um ano e meio se considerada a década completa. Nesse ritmo, os oito anos só serão alcançados em 2012, na melhor hipótese.

Na era da economia do conhecimento, contudo, oito anos são insuficientes. A educação de nível secundário (11 anos de estudo, pelo menos) é encarada como o patamar mínimo para que a força de trabalho de uma economia a ponha em situação de competir no mercado internacional.

Tal patamar, se mantido o ritmo presente de melhora, só deverá ser alcançado em 2033. É tempo demais. Por muito que se tenha avançado em matéria de prioridade para a educação, na opinião pública e nas esferas de governo, culminando com o bem-encaminhado Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), as medidas em fase de implementação necessariamente demoram a produzir efeitos.Está na hora de dar um novo e ousado passo à frente: incluir os três anos de ensino médio na educação obrigatória, como já fizeram Chile e Argentina.

Não basta, é óbvio, alterar a norma legal e criar uma obrigação impossível de cumprir pelos pais, se não houver vagas suficientes e ensino gratuito de qualidade para que todos possam aprender e concluir o currículo na idade certa. Hoje, dos 82% de jovens de 15 a 17 anos na escola, só 48% estavam no ensino médio, o nível adequado.O país tem de fazer mais por eles -e por seu próprio futuro.

Comentário do Blog: Uma dos maiores desafios a vencer no estado é a renda per capita do maranhense. Em 2002 era a mais baixa do país. Em 2006 era a penúltima e o avanço vai se dar lentamente. Isso porque a renda de uma região depende da escolaridade média. E em 2002 a do Maranhão era de apenas 4,23 anos, portanto, a última do país. Não era de estranhar porque não havia qualidade no ensino e nem havia ensino médio em 157 municípios do estado. Um crime contra o povo maranhense. Com o esforço que foi feito na área educacional, com a melhora da qualidade de ensino, melhores salários pagos aos mestres, disponibilização do ensino médio em todos os municípios do estado em 2007 a escolaridade média já era 5,7 anos e o Maranhão apresenta a mais alta taxa de crescimento anual entre todos os estados. Dentro de alguns anos o Maranhão vai se distanciar dos últimos estados do país em renda per capita.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Justiça Eleitoral

Correio Brasiliense: Testemunha recua em acusação contra Lago. Mulher nega à Polícia Federal o recebimento de dinheiro para votar no governador do Maranhão. Declarações devem ser enviadas ao TSE.

Em depoimento à Polícia Federal, a doméstica Sara Oliveira da Costa afirmou que não recebeu dinheiro para votar no governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), em 2006, como afirmara antes. Ela contou também que, em julho passado, foi obrigada a gravar vídeo acusando aliados do governador de tentar aliciá-la para que mudasse suas declarações, dadas em um cartório da cidade de Imperatriz há dois anos. O depoimento pode reverter no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o processo de cassação da diplomação de Lago, já que a mulher figurava entre as testemunhas de acusação.

Segundo Sara contou à PF, no fim de 2006 ela teria sido instruída por sua patroa e dois advogados a prestar um depoimento no cartório de Imperatriz, onde mora, acusando um vereador de procurá-la para comprar seu voto para o governador. No caso, ele teria se referido a João Menezes que foi detido na época com R$ 15 mil.

No depoimento, conforme a doméstica, não recebeu “qualquer proposta em dinheiro ou outra espécie de valor, para que votasse em Jackson Lago”.
Além disso, Sara disse ao delegado Fábio Almeida Teixeira, da corregedoria da Polícia Federal em São Luís, que uma das pessoas que a procurou teria lhe mostrado uma foto do político para que ela o reconhecesse durante audiências na Justiça. A mulher contou que por isso lhe fora prometido um aumento de R$ 300 em seu salário, que era de R$ 200 à época.

No depoimento dado à PF, a doméstica afirmou também que teria sido levada a uma produtora, já em julho deste ano, para gravar um vídeo contando que interlocutores do governador haviam lhe procurado para que mudasse seu testemunho anterior, mediante a um pagamento de R$ 15 mil. O fato teria acontecido seis meses depois de Sara ter deixado o emprego. Antes disso, segundo Sara contou no depoimento, sua ex-patroa lhe ofereceu uma viagem para o exterior, e R$ 4,5 mil, o que não foi aceito. Sara afirmou na Polícia Federal que fez a “gravação falsa por medo”. Ela contou que um dos advogados disse, após a gravação, “que quem sabia demais morria cedo” e que a mulher não “faria falta, já que era uma gota d'água no oceano”.


Jackson Lago e seu vice Luiz Carlos Porto foram acusados de compra de votos pela coligação “Maranhão — A força do povo”, liderada pela sua adversária nas eleições de 2006, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).

O caso se encontra no TSE, onde deverá ir a julgamento em breve, mas chegou inclusive ao Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento de Sara Costa, tomado em 30 de julho pela PF, deverá ser anexado ao processo. Em um dos recursos impetrados na Corte, o governador alegou que houve, durante a tramitação do caso, violação dos princípios de ampla defesa.


Comentário do Blog: Esses são os métodos usados pelo grupo Sarney, que vai se perdendo cada vez mais. Esse processo é um desfile de fatos semelhantes ao descrito na reportagem acima, inclusive o enorme caixa 2 da campanha de Roseana que o COAF e a Polícia Federal vão deslindando. É um absurdo, uma farsa. Serve apenas como dique para evitar a debandada dos políticos que vêem tudo ruir ao seu redor e só ainda não saíram de vez por causa da expectativa de poder que o processo dá. Nesse caso, o grupo Sarney é especialista, noticiando em sua mídia que tira o Jackson do governo e logo.

Líder de Lula prepara pedido de uma nova Constituinte

Folha: A assessoria da liderança do governo federal na Câmara pediu o levantamento de informações sobre a possibilidade jurídica de convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva e uma nova revisão constitucional. O pedido foi encaminhado à biblioteca da Casa na última quinta-feira.

O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), afirmou que a prioridade do governo no próximo ano será a reforma política e que formas de conduzir mudanças na legislação estão sendo estudadas. "Temos que buscar as condições de alterar o maior número de coisas possíveis visando construir um novo sistema político no país", disse.

Procurado na sexta pela Folha para falar sobre o documento, Fontana disse: "Não confirmo [o pedido de informação] nem desconfirmo". Ontem, ele disse que "nenhum assessor pediu consulta alguma", e depois afirmou que "se alguém fez isso foi de maneira individual, sem orientação do líder" e negou que as duas hipóteses estejam em estudo.

A pedido da liderança do governo, a direção da biblioteca da Câmara divulgou nota negando que tenha recebido pedido "institucional" da liderança do governo sobre o assunto.

O fato gerou críticas da oposição após ser noticiado pela rádio CBN. "Isso é reação ao resultado eleitoral. Perceberam que não vão conseguir eleger um poste", disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Acho que o governo está tão irresponsável que tenta qualquer coisa", disse Rodrigo Maia (RJ), líder do DEM.

A convocação de uma constituinte exclusiva para discutir a reforma política é defendida pelo ministro Tarso Genro (Justiça). A diferença da constituinte para a revisão constitucional é que no primeiro caso é preciso eleger um novo Congresso para tratar exclusivamente do tema. Na segunda hipótese, a discussão é feita pelos atuais deputados e senadores.

O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), defensor de um terceiro mandato para Lula, disse que ficou surpreso com a informação: "Numa constituinte pode-se tudo". Para ele, isso demonstra que agora o governo encampou a tese da revisão.

"O PT quer destravar a reforma política e essa é uma das formas", disse o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE).

Fontana disse que a prioridade do governo para 2009 será a reforma política, mas ele e Rands negam que haja interesse em aprovar o terceiro mandato ou fazê-la sem consenso.

Hoje, para alterar a Constituição é necessário apresentar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que precisa ser votada em dois turnos na Câmara e depois no Senado.

Comentário do Blog: Será que esse assunto voltará a assombrar os brasileiros? O Brasil no governo Lula está se tornando um país importante a nível mundial e não pode entrar em nenhuma aventura institucional. Isso passaria uma mensagem ao mundo: o Brasil é um país onde as instituições não são respeitadas e é um país a evitar. O Brasil cresce e ocupa firmemente um lugar de destaque no mundo. Não é uma Venezuela, Bolívia ou Equador. Respeitem o país.

Não tem jeito mesmo

A jornalista Eliane Cantanhêde da Folha de São Paulo, fazenda análise da conjuntura política pós-eleição, escreveu em artigo: “Novo mundo, novo Brasil. Enquanto o capitalismo se contorce com a quebradeira de bancos e a queda das Bolsas, no Brasil, quem está na berlinda é o velho caciquismo político.


Na Bahia, ACM Neto é deputado federal em primeiro mandato e certamente promissor, mas ser excluído do segundo turno em Salvador foi um aviso: ele vai precisar comer muito feijão antes de assumir uma posição de liderança no Estado. O nome e a força do carlismo, sozinhos, já não dão para o gasto.


ACM, o avô, morto em 2007, era o "rei da Bahia". E não se fazem mais reis como antigamente, nem súditos. O eleitorado está mais disputado e diversificado, a correlação de forças é heterogênea.


No Maranhão, a família Sarney não apenas sofreu um revés, como andou na contramão do que ocorreu com o PMDB no resto do país.
Sarney filiou-se ao partido para ser vice de Tancredo e foi ficando, ficando... e ficou. Agora, mais de 20 anos depois, também Roseana saiu do ex-PFL para ficar no PMDB e mais próxima de Lula.


Mas enquanto o partido é campeão em prefeituras em 14 Estados e avançou no Acre, no Amazonas, na Bahia, em Goiás, em Mato Grosso do Sul, no Pará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, no Maranhão ele encolheu. E encolheu bem. O reinado dos Sarney dura meio século, mas não se fazem mais reis...”

Na mesma Folha de São Paulo, uma matéria, da Sucursal de Brasília, faz uma análise dos resultados do PMDB pelo país e diz:

“O PMDB saiu das urnas no último domingo como campeão no número de prefeitos eleitos e dono da maior votação nominal no país. Isso, porém, não livrou o partido de derrotas significativas.


A principal delas foi no Maranhão, Estado onde o clã da família Sarney disputa a hegemonia com o PDT, do governador Jackson Lago. Em 2004, os peemedebistas saíram das urnas com 41 prefeituras, contra 10 do PDT.


O troca-troca partidário fez o PMDB crescer - o partido está em 45 prefeituras hoje, de acordo com dados da Confederação Nacional de Municípios. Mas, no domingo, o jogo no Estado virou. O PDT chegou ao poder em 65 municípios. O PMDB só ganhou em 16, ou seja, perdeu 29 prefeituras".

Isso sem fazer uma análise qualitativa dos resultados eleitorais do Maranhão. Basta citar os resultados do PMDB em São Luís e Imperatriz. Na capital, o candidato do partido teve 1,95% dos votos e a soma de todos os candidatos do grupo Sarney, somados os quatro, foi de 7,82% dos votos totais. Em Imperatriz o prefeito é do PMDB e disputava a reeleição no cargo, o que lhe dava uma imensa vantagem. Nestas eleições aconteceram os maiores índices de reeleição de toda a história brasileira. 67% dos prefeitos conseguiram permanecer no cargo. Contra 58% de reeleitos em 2000 e 2004. E o PMDB foi o partido com o maior número de prefeitos reeleitos. Mas apoiado por Sarney, mal avaliado, perdeu por mais de 17.000 votos de diferença. Foi mais uma entre as 29 prefeituras perdidas pelo partido dos Sarney. Só venceram em 16.

Se continuar assim o PMDB vai sumir no Maranhão. O que é um paradoxo, pois cresce em todo o país, e em vez de diminuir de tamanho como acontece no Maranhão, no restante do Brasil ele é cada vez mais forte. Chega a 1200 prefeituras. Para quem tinha 45 prefeitos em 2004 e agora só elegeu 16 é uma catástrofe. É caso de rejeição explicita dos eleitores. E qual é a causa? Devem estar se perguntando as lideranças nacionais.

Não era assim antes de Roseana Sarney se mudar para lá de vez. Ela viu no partido a porta para obter um cargo no governo Lula. É verdade que não foi o ministério que ela tanto queria e sonhava. Recebeu um cargo que nem existia, inventado ali na hora, “Líder do Governo no Congresso” que, nessa legislatura, raramente se reúne. Não lidera nada, mas pelo menos é chamada para reuniões das lideranças do governo. Serve de decoração, pois raramente abre a boca. A grande líder endeusada pelo seu sistema de mídia, depois da derrota de 2006, ocupou definitivamente o seu verdadeiro espaço na política maranhense. Aonde apóia candidaturas é um “Deus nos acuda”. Todo mundo foge dela como o “diabo da cruz” porque sabem que esse apoio é meio caminho para a derrota. Aqueles que ignoraram isso foram rechaçados pelo povo. Com raras exceções, gente que já tinha prestígio próprio. É preciso ser muito forte para resistir.

Viram como a principal testemunha de acusação no processo que Sarney pretende derrubar Jackson, em depoimento à Polícia Federal, declarou que foi chantageada e ameaçada para dar o depoimento? E quem a ameaçou foram os advogados e os conhecidos “faz tudo” do senador Sarney? Eu sempre avisei que o processo era falso. Um engodo!

Agora precisam inventar outra lorota para manter a expectativa de poder que ainda adia a debandada política que cada vez se aproxima mais.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

PMDB arma para presidir o Congresso

Cláudio Humberto: A bancada do PMDB no Senado decidiu manter em "banho-maria" a discussão sobre o próximo presidente. É uma estratégia para viabilizar o partido presidindo as duas casas do Congresso, com Michel Temer (SP) na Câmara e José Sarney (AP) no Senado. Tião Viana (PT-AC) ainda insiste em presidir o Senado e tenta envolver o presidente Lula em seu projeto. O PMDB não admite publicamente, mas veta o nome de Viana.

Partido unido

Senadores aliados de Renan Calheiros (PMDB-AL) não esquecem da atuação de Tião Viana enquanto presidente interino da Casa.

Comentário do blog: Lembram-se do artigo que publiquei no Jornal Pequeno no mês passado em que mostrava que a presidência do Senado era a última oportunidade para Sarney continuar com poder de influencia na política brasileira? E que ele lutava com tudo para atropelar o PT e seu pré-candidato Tião Viana? Ele como sempre dissimulou. Recebeu o senador Tião Viana e disse que não seria candidato de maneira nenhuma. Ao mesmo tempo colocava o seu novo e mais “velho amigo” Renan Calheiros como revoltado com Tião Viana pelo seu papel no processo contra ele quando teve que renunciar a Presidência do Senado. A partir dali ,Sarney ficou como quis. Um Renan fraco politicamente e agradecido a Sarney, pronto a ajudá-lo. Sarney já vendeu a Lula que Renan é o melhor líder para o PMDB e este já disse isso publicamente. Sarney, como sempre, operando por debaixo dos panos com maestria. Ele sabe que é sua aparentemente última cartada para tentar influir nas eleições presidenciais de 2010.

Contra ele tem um fato político importante. Os deputados do PMDB já oficializaram o nome do deputado Michel Temer, presidente do partido, para presidente da Câmara. E Lula, que precisa dos deputados, aceitou a indicação. Como, se o PMDB fizer o presidente da Câmara o PT tem direito a presidência do Senado? E Tião não abre mão e o PT sabe que se o PMDB ficar forte demais, fica incontrolável? Resta a Sarney trabalhar nos subterrâneos do poder e da Câmara para que Michel Temer perca a eleição a fim de que suas chances aumentem no Senado vencendo os argumentos expostos.

A luta vai ser de morte. Sarney está preparado para tudo porque sabe que não terá outra chance igual. Teme, porém, a repercussão negativa de uma candidatura dele oficialmente para a presidência do Senado. Os últimos fatos envolvendo familiares, normalmente o impediriam de se expor. Mas o momento para ele é de tudo ou nada. Vamos ver no que dá.

China aprova reformas no campo

O Comitê Central do Partido Comunista da China aprovou ontem as mais radicais reformas na zona rural dos últimos 30 anos. O objetivo do governo é dobrar a renda per capita dos agricultores chineses até 2020 e acabar com a pobreza extrema no campo.

Apesar de não terem sido divulgados detalhes das mudanças, todas as informações divulgadas antes do encontro de quatro dias dos dirigentes chineses indicavam que o governo passaria a permitir que os camponeses arrendem ou transfiram a terceiros seus direitos de exploração da terra e possam utilizá-lo como garantia para obtenção de empréstimos.


A reforma abriria caminho para a modernização da agricultura, com a concentração de terrenos nas mãos de empresas ou de uma única pessoa. Atualmente, cada família de camponeses cultiva áreas inferiores a 1 hectare (10 mil metros quadrados), o que inviabiliza a mecanização e permite uma atividade que vai um pouco além da subsistência.
"O governo vai tentar dar um salto na reforma do sistema rural, avançar na libertação e melhoria da dinâmica da economia rural, criar um melhor ambiente econômico e aperfeiçoar o desenvolvimento rural", decidiu o Comitê Central, de acordo com o jornal oficial China Daily.

A linguagem cifrada é típica de vários documentos do Partido Comunista e analistas esperam que detalhes das mudanças só sejam divulgados em março de 2009, quando o texto legal deverá ser aprovado pelo Congresso Nacional do Povo.

CRISE ALIMENTAR

Além de elevar a renda per capita dos camponeses, a mudança tem por objetivo garantir a segurança alimentar do 1,3 bilhão de chineses. O processo de urbanização e a degradação ambiental estão reduzindo de maneira preocupante a quantidade de terras cultiváveis na China, que tem 20% da população mundial, mas apenas 6% das terras férteis do planeta. A quantidade de terras aráveis do país passou de 130 milhões de hectares, em 1996, para 121,8 milhões de hectares atualmente - número bastante próximo do limite de 120 milhões de hectares que o governo chinês considera necessário para manter a segurança alimentar da população. "A modernização da agricultura avançará com grandes progressos e a produtividade agrícola atingirá um patamar mais elevado, com a segurança e o suprimento de grãos garantidos", diz o comunicado divulgado pelo Comitê Central.

As reformas econômicas adotadas nos últimos 30 anos permitiram que a China crescesse a uma média anual de 9,6%. Apesar de ter beneficiado a zona rural nos primeiros anos, a transformação favoreceu de maneira mais ampla os moradores das cidades, em especial os da próspera costa leste do país.
Os 730 milhões de chineses que vivem no campo - o equivalente a 56% do total da população - têm uma renda per capita que equivale a um terço da dos moradores das cidades. Além disso, os habitantes da zona rural são desprovidos de uma rede de proteção social.

DESIGUALDADE


A intenção do governo é elevar a renda per capita dos agricultores dos atuais US$ 600 para US$ 1.200 até 2020, o que ainda estaria abaixo do patamar de US$ 2 mil vigente atualmente nas cidades.
O Comitê Central também decidiu elevar os investimentos públicos dirigidos à zona rural nas áreas de educação, saúde, habitação, emprego e previdência social. O aumento da desigualdade de renda entre as zonas urbana e rural é um dos mais graves efeitos colaterais das reformas econômicas dos últimos 30 anos, que também aumentaram a disparidade entre as regiões leste e oeste. O sistema vigente no campo vincula o agricultor à terra de maneira perpétua, na medida em que não permite que ele venda ou arrende o terreno. Camponeses em algumas vilas rurais começaram a correr riscos e ceder seus direitos de exploração da terra para empresas, ainda que não amparados em lei.

PERMISSÃO


Antes da conclusão do encontro do Comitê Central, ontem, a imprensa oficial chinesa relatou de maneira positiva casos de vilas rurais que tomaram a dianteira e passaram a realizar contratos de arrendamento ou venda, ainda que sem autorização do governo central. Atualmente, os camponeses realizam contratos com as vilas rurais por períodos de 30 anos. Mesmo com a reforma, a propriedade da terra continuará a ser pública, com a permissão de seu uso limitada a um período determinado.

NÚMEROS


US$ 600

É renda atual dos agricultores


2020


É o prazo para dobrar renda de camponeses


US$ 2 mil


É a renda atual de trabalhadores da cidade


1 hectare

É a área máxima que cada família pode cultivar atualmente

Comentário do Blog: A China se prepara para enfrentar seu maior desafio. Melhorar a distribuição interna de renda, conter a migração da população rural para as cidades mais ricas e criar um imenso mercado interno para garantir seu crescimento independente do que acontece no mundo. Vai usar mecanismos capitalistas para alanvancar o aumento de produção no campo e mais do que isso a produtividade dos agricultores. Vão usar o dinheiro parte do dinheiro ganho com as exportações e modernizar o pais. Diante do que já conseguiram alguém duvida que conseguirão? Como no país tem planejamento e o Brasil não tem o nosso país se contenta com as bolsas e não faz nada definitivo semelhante a China que vai embora cada vez mais forte.