sábado, 12 de abril de 2008

Lula avalia que 3º mandato o enfraquecerá

Folha: O presidente Lula avalia que se embarcar na tese do terceiro mandato consecutivo enfraquecerá seu poder nos dois últimos anos do mandato atual. E dinamitará sua liderança política futura com a marca do casuísmo.

Lula crê que mudar a Constituição exige um preço alto em cargos e favores a aliados. Setores da sociedade, sobretudo estratos médios e mais escolarizados, combateriam a idéia. Para o petista, é uma guerra que, se ganha, trará mais sangue do que glória.

Seu projeto é investir no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para tentar deixar um legado de mudanças na infra-estrutura. Acrescente-se a isso manter o crescimento da economia na casa dos 5% anuais e continuar a investir em programas sociais. Com esse tripé, Lula acha que deixará o poder com alta popularidade.

Fã das metáforas futebolísticas, o presidente diz em privado: "O Pelé parou de jogar no auge". Aos mais próximos Lula afirma que, depois de tentar eleger o sucessor, irá tomar "uma cervejinha" no sítio "Los Fubangos", em São Bernardo do Campo.

Se o cenário de alta popularidade se confirmar, Lula considera que se beneficiará de uma espécie de "efeito Getúlio Vargas" nos anos seguintes a 2010.

No final do Estado Novo, em 1945, Vargas foi deposto após 15 anos de poder. Apoiou a eleição do general Eurico Gaspar Dutra e se retirou para a estância em São Borja (RS). Uma onda queremista foi buscá-lo nos pampas. Vargas retornou constitucionalmente eleito em 1950.

O projeto de Lula é disputar um novo mandato em 2014 ou em 2015, a depender da regra. O presidente apóia o fim da reeleição e a volta do mandato de cinco anos. Mas rejeita uma brecha que lhe permita concorrer em 2010.

Comentário do Blog: Felizmente o presidente Lula parece dar sinais de que definitivamente não embarcará na complicada e desgastante tentativa de mudar a constituição em beneficio próprio, embora não devam lhe faltar maus conselheiros, altamente beneficiados no atual governo, que, por não quererem largar a boquinha, tentem influir para que Lula embarque nessa.

Salve o bom senso e o espírito democrático do presidente, além ,é claro, de uma visão realista dos enormes riscos para a sua imagem que lhe traria tal aventura. Com tudo dando certo para ele, tal empreitada poderia anular tudo isso.

O maior indício de que Lula não embarcou nessa temerária tentativa é a festa que o senador José Sarney fez para Aécio Neves em uma visita deste ao Congresso, tratando-o como candidato forte à Presidência da República. O velho cacique já quer se enturmar. Não vive sem o poder.


Novos Temas para os Social-democratas!

Trechos do artigo da presidente do Chile -Michelle Bachelet- "Um Novo Desenvolvimento" no El País.

1. As lideranças progressistas enfrentam novos desafios. Disso trata esta conferência de cúpula de Londres neste inicio de abril. Do surgimento de um novo desenvolvimentismo sustentável, mas, ao mesmo tempo, diferente daquele dos anos noventa, e que deve enfrentar os novos dilemas do mundo moderno. O novo desenvolvimentismo é a continuação de uma boa história. Os tradicionais valores de centro-esquerda - a liberdade, a igualdade, a solidariedade, os direitos humanos, a paz - foram acertadamente transformados num corpo de idéia e de estilos políticos em meados dos anos noventa e levados ao poder com singular êxito.


2. Nós, progressistas e desenvolvimentistas, podemos governar eficientemente na era da globalização, não temos de apresentar credenciais de bom manejo econômico a ninguém. Nós, devemos também assumir a responsabilidade de novos temas e, antes de tudo, devemos enfrentá-los com maior coordenação entre os Estados. Só é possível considerar os grandes problemas da humanidade neste novo século se fortalecemos a ação multilateral.


3. As mudanças climáticas, a energia, a pobreza, as pandemias, as migrações, o crime organizado, entre outros, são todos temas que exigem sofisticados esforços de ação coletiva a nível planetário. E cabe a nós, encabeçar o citado esforço, que alguns denominam de cosmopolítica.

4. Quanto ao comércio e à integração econômica, o livre comércio deve ser considerado, sem dúvida alguma, um objetivo desenvolvimentista de primeiro nível. Isto sim, um comércio que seja livre para todos. Por isso, convocamos a todos para redobrar os esforços para executar a Rodada Doha.


5. Também trataremos da reforma das instituições multilaterais, esperando lograr o maior "acordo para acelerar o processo de reforma das Nações Unidas". Porém, além disso, espero que realizemos uma discussão a fundo sobre quais devem ser os princípios que orientem uma reforma nas instituições financeiras internacionais.

Comentário do blog: Essa é a visão moderna que vai centralizar as discussões nos próximos anos. Combina uma nova formulação do desejado desenvolvimento sustentável, englobando a solução dos novos dilemas do mundo moderno com uma ação solidaria entre as nações. Só assim, temas como mudanças climáticas, energia, pobreza, pandemias, migrações, crime organizado, entre outros, poderão ser enfrentados com êxito.

O comércio e a integração econômica, o livre comércio, deve ser um objetivo global, livre para todos, e aí a Rodada Doha deve ter prioridade na sua execução.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Entrevista do Lourival Bogéa

ENTREVISTA COM LOURIVAL BOGÉA, DIRETOR DE REDAÇÃO DO JORNAL PEQUENO, PUBLICADA PELA REVISTA NOSSA IMPRENSA, QUE TRAZ NA CAPA A MANCHETE “RETRATO DA MÍDIA IMPRESSA BRASILEIRA POR TRÊS JORNALISTAS: HÉLIO FERNANDES, OTÁVIO FRIAS FILHO E LOURIVAL BOGÉA”.

LOURIVAL BOGÉA, DIRETOR DO JORNAL PEQUENO E JORNALISMO DE COMBATE

O jornalista Lourival Bogéa é o Diretor Geral do Jornal Pequeno há cerca de 25 anos em substituição ao seu pai Ribamar Bogéa, fundador mdo JP há 55 anos. Discreto, homem de poucas palavras, introspectivo, ele conversa um pouco mais quando se encontra em uma roda de amigos de muita confiança, geralmente ex-colegas de infância e faculdade. Ele solta o verbo com desenvoltura quando escreve. Desde criança, sempre respirou e viveu o jornalismo que aprendeu no dia a dia com o pai e no curso de Comunicação Social da Ufma, onde se formou. Como diretor do jornal, Lourival fez transformações marcantes: mudou o sistema de impressão de tipográfico para off set, a linha editorial policial foi transformada em mais informativa, e se engajou no processo político, fazendo do JP um veículo de combate frtontal ao grupo do senador José Sarney. Para entender o que se passa na cabeça do Diretor do Jornal Pequeno, como são tomadas as decisões dentro da empresa, por que combate tanto o sarneisismo, NOSSA IMPRENSA escalou o jornalista Coelho Neto para entrevistá-lo. Leia a íntegra da entrevista a seguir;


1) Em 55 anos de existência, qual é, hoje, o verdadeiro papel do Jornal Pequeno na imprensa maranhense?

R – O papel de guardião dos verdadeiros interesses do povo maranhense. Não dos interesses que tentam induzir o povo a acreditar, mas dos reais e cristalinos interesses dessa coletividade consciente, que confia no Jornal Pequeno porque sabe que pode contar com ele na hora que realmente precisa. Como formador de opinião, creio que conseguiu e consegue exercer esse papel na imprensa maranhense.

2) Como era Ribamar Bogéa, fundador do JP? Como ele trabalhava, qual era o seu ritmo, como ensinava os filhos?

R – Um homem extremamente puro, de alma boa, às vezes ingênuo, até, mas de muita coragem e muita determinação. Leal, incapaz de dissimular, incapaz de fazer mal a ninguém. Fazia o que achava que estava correto fazer, e que colocava o Jornal Pequeno acima dele próprio. Um ‘monstro’ para trabalhar. Não tinha hora. Faltava editor, lá estava ele para substituir; faltava paginador, descia e paginava. Lembro uma vez que o jornal estava fechando e havia acontecido um acidente, mas o fotógrafo tinha ido embora. Ele pegou a máquina, entrou no carro, colocou-me do lado, e foi bater a foto no Socorrão. Quando ‘empastelaram’ o jornal, quebrando máquinas, bagunçando os tipos e tudo mais, num atentado supostamente a mando do ex-senador Alexandre Costa, no dia seguinte o JP estava nas ruas. Ele trabalhou até o amanhecer e o Jornal Pequeno saiu. E denunciando o atentado. Ribamar Bogéa ensinava os filhos com gestos. Falava pouco. Foram seus gestos o grande ensinamento para os filhos. Mas sempre deu os ‘toques’ certos na hora certa.

3) Por que a opção de fazer um jornal familiar?

R – Não sei se foi uma opção. Acho que tudo aconteceu naturalmente. Aí, quando vieram os filhos ele começou a idealizar o tão sonhado “Jornal Pequeno do ano 2000”, como costumava falar. E aí estamos; eu, meus irmãos e minha mãe realizando o seu sonho. Do mesmo jeito; com esforço, dedicação, coragem e lealdade com os que acreditam no JP.

4) Como funciona hoje a administração do jornal? Quais as atribuições de cada um dos irmãos?

R – Dos irmãos e da minha mãe, Dona Hilda, a grande baluarte e ponto de equilíbrio disso tudo. Ela é a grande conciliadora, que na hora do “pega pra capar” chama todo mundo e coloca as coisas no eixo. Cuida da parte social do jornal, comparecendo a eventos, realizando eventos e também dá uma boa força na parte administrativa, especificamente na questão das instalações físicas. Está sempre muito atenta a tudo. O papel dos irmãos: Josilda é diretora administrativo-financeira; Ribinha, que durante muito tempo, assim como eu, foi repórter policial, hoje é diretor comercial; Luiz Antônio é diretor de circulação; Luiz Eduardo hoje mora nos Estados Unidos. É pastor e ministro da Igreja do Evangelho Quadrangular em Upland, na Califórnia. É o que protege toda a família com suas orações. E Gutemberg edita o JP Turismo, o interessante caderno de turismo, de 8 páginas, publicado todas as sextas-feiras. E a terceira geração também já está sendo preparada. Alguns netos de Ribamar Bogéa e Dona Hilda já desempenham funções na casa.

5) Há conflitos entre os irmão no exercício de fazer jornal?

R – Claro! Imagina, administrar uma empresa familiar sem conflitos! É utopia! Daí a importância do papel de Dona Hilda. Mas o importante é o respeito que existe entre nós. Os conflitos são sempre resolvidos com o diálogo, sem exacerbações. O momento mais difícil foi no rompimento do então governador José Reinaldo Tavares com o grupo Sarney. Ninguém acreditava; só eu. Foi uma barra convencer meus irmãos e minha mãe de que eu estava certo do que estava fazendo no jornal. Mas não tiro a razão deles; afinal, nem mesmo os políticos da oposição ao sarneisismo acreditavam. Mas eu tinha certeza. Quando olhava nos olhos do Zé Reinaldo e da Alexandra (na época primeira-dama) sentia segurança, sabia que eles não estavam mentindo e que a coisa era pra valer mesmo. Tive muitos conflitos com meus irmãos, mas, enfim, acabei provando que estava certo. Mas, como disse, não tiro a razão deles, pois, na verdade, eu tinha as informações, eles não. O problema é que eu queria, por tudo nesse mundo, que eles confiassem em mim. Foi difícil. Mas aí entra Deus na história e faz o seu papel.

6) Você como diretor geral é quem dá o tom da linha editorial ou a decisão é conjunta?
R – Eu dou o tom editorial do jornal.

7) Tempos atrás o JP era o jornal dos excluídos, dos setores populares? Hoje perdeu essas características para ser um jornal mais informativo?

R – O JP continua sendo o jornal dos setores populares, dos excluídos. É hoje um jornal mais informativo, mas não perdeu a característica de sair em defesa de quem necessita, de lutar por um Maranhão mais igualitário. Um jornal que faz o que o Jornal Pequeno faz, com o caderno 'Realidade Maranhense’ ressalte-se, um grande e consistente trabalho do jornalista Oswaldo Viviani que agora será transformado em livro, não pode ter perdido a característica de defender os excluídos.

8) Você não acha que o JP está muito politizado? Muito envolvido no processo político e assim se descaracteriza como veículo de informação?

R – Está sim, mas creio que é uma politização necessária para um estado com certas peculiaridades como o Maranhão, onde um grupo detentor de uma mídia muito poderosa impõe ao povo uma comunicação deturpada, dissimulada. Alguém tem que, digamos, “abrir os olhos” da população, e esse papel o Jornal Pequeno tem procurado fazer ao longo dos anos. Quer um exemplo? Tempos atrás, esse grupo atemorizou toda São Luís com um falso arrastão simplesmente porque queria criar um clima para emplacar como secretário de Segurança um dos seus integrantes. Quem não lembra desse episódio? São Luís viveu uma tarde de cão. Tudo começou na Rua Grande, quando um grupo de desocupados gritou que estava havendo arrastão. Lembro que na época a Rede Globo só falava em arrastão no Rio de Janeiro, para ‘queimar’ o então governador Leonel Brizola. Então, quando gritaram ‘ARRASTÃO’, o caos começou. Os comerciantes fecharam as lojas, o povo se apavorou e começaram a dizer que mulheres estavam dando entrada no Socorrão e em outros hospitais com o bico do seio cortado. Viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil começaram a dar voltas e mais voltas pelo Centro da cidade, principalmente praças João Lisboa e Deodoro, com as sirenes ligadas, ‘atrás’ dos ‘vândalos’. À noite, a TV Mirante abriu seu telejornal fazendo um sensacionalismo enorme. Pela manhã, todos os jornais, com exceção do Jornal Pequeno, anunciaram o episódio em manchete, mesmo sem comprovação de invasão de uma loja sequer na Rua Grande ou de alguma mulher com o bico do seio decepado. E sabe qual foi a manchete do Jornal Pequeno? “FARSA DE ARRASTÃO ATERRORIZA SÃO LUÍS”. Isso mesmo. Quando começou toda aquela onda, eu, desconfiado, chamei dois repórteres e mandei um para o Socorrão e outro para a Rua Grande. Eles voltaram dizendo que não constataram nenhuma invasão de loja nem mulher ferida pelos supostos vândalos. Não tive dúvidas em dar a manchete que dei. Uma semana depois, o então secretário de Segurança, hoje falecido, Leofredo Ramos, foi à Assembléia Legislativa e confirmou que fora tudo uma farsa, dando razão ao JP. E se não tivesse o Jornal Pequeno para “abrir os olhos” da população? Esse é apenas um exemplo. Eu seria capaz de escrever um livro para relatar muitos e muitos outros. O grupo que dominou o Maranhão durante todos esses anos e que foi apeado do poder 40 anos é especialista em criar climas para conseguir seus objetivos inconfessáveis. Dentro desse contexto, a politização do JP, o nosso envolvimento no processo político é necessário. Mas uma coisa a população do Maranhão pode estar certa e segura. A nossa linha é única. Apoiamos uma luta porque acreditamos em um novo Maranhão, mais justo com os pobres. Ninguém se engane com isso. Acreditamos na Frente de Libertação e vamos dar a esse governo o voto de confiança de que ele precisa. Se, lá na frente, constatarmos que a grande expectativa do povo, mas a expectativa real, não essa que tenta impor a mídia poderosa do grupo Sarney... se acreditarmos que essa expectativa não foi correspondida, podem ter certeza de que o Jornal Pequeno vai tomar a sua posição, e a favor do povo, do seu leitor, das pessoas que confiam nele.

9) O noticiário policial era o forte do JP. Hoje não é mais. Por que?

R – Por tudo que foi dito acima. O JP precisava “se politizar mais”, precisava alcançar outros segmentos da população, precisava ser realmente respeitado. E usando ‘Polícia’ como ‘carro-chefe’ não chegaríamos onde chegamos. Lembram como as pessoas falavam quando se referiam ao JP? “O Jornal Pequeno, se espremer sai sangue”. Hoje isso não existe.

10) Cite alguns casos em que o JP denunciou alguém e depois teve a sua direção ameaçada?

R – Que eu lembre, ou seja, do período em que assumi a direção pra cá, só na época dos Fiéis Depositários e do Crime Organizado, quando andaram ligando para a minha casa e fazendo ameaças. Mas nunca dei bolas. Houve também um episódio, uns 8, 10 anos atrás, de uma ameaça de bomba. Marcaram até horário para explodir o JP. A Polícia foi acionada, Corpo de Bombeiros, os funcionários saíram todos para a rua, mas eu fiquei na minha sala. E brinquei com umas duas pessoas que ficaram comigo, mas que não lembro agora o nome: “Vou ficar, não vou sair. Se explodirem o jornal eu vou junto”.

11) Desde o tempo de Ribamar Bogéa, essas ameaças sempre existiram?

R – Meu pai chegou a contar alguns episódios, como o do empastelamento do jornal, já relatado acima. Contou também que certa vez uma pessoa tentou matá-lo com um facão em frente ao antigo Ferro de Engomar, na Rua Afonso Pena. Acho mesmo que no período dele as coisas foram mais complicadas.

12) Como foi a história em que o governador Sarney tentou tomar ou fechar o Jornal Pequeno e perdeu na justiça?

R – O Freitas Diniz, na época deputado, havia feito uma denúncia grave, através do Jornal Pequeno, contra o então governador Sarney. Como não pôde processá-lo, por causa da imunidade parlamentar, Sarney acionou meu pai. E, com sua influência no tribunal de Justiça, com ajuda de desembargadores que ele, como chefe de estado, havia nomeado, conseguiu condená-lo aqui; e o condenou à prisão, mesmo sendo Bogéa réu primário. Ribamar Bogéa recorreu a Brasília e ganhou, por unanimidade.

13) Temos a impressão de que depois desse episódio, Ribamar Bogéa passou a odiar e a combater o Sarney sem dar uma trégua até quando morreu. É verdade?

R – Não é verdade. Um homem puro, com a alma que meu pai possuía, não guardaria rancor nem ódio de ninguém. Como eu também não guardo. O que falou mais forte foi o ideal, o desejo de ver um Maranhão melhor, mais justo. E quanto mais conhecia Sarney, mais meu pai se decepcionava e via que ele não estava nem um pouco interessado em resolver os problemas da pobreza e dos pobres. A conclusão definitiva veio quando ele ascendeu à Presidência da República. O que fez para reverter o quadro de miséria no Estado? O que fez pelo desenvolvimento do Estado? Nada. Então, esse é o real motivo do ferrenho combate do JP ao sarneisismo no Maranhão. O resto é conversa. Falo com convicção porque tenho hoje o mesmo sentimento que meu pai tinha. Como aceitar que um homem com todo o poder e influência que Sarney teve – e ainda tem – em Brasília, um homem que foi presidente da República, que fez três ministros maranhenses, que foi duas vezes presidente do Congresso Nacional deixe o Maranhão na situação que deixou, ostentando o título de campeão nacional da pobreza?

14) Você herdou esse ódio ao Sarney do seu pai?

R – Não tenho ódio do Sarney, nem de ninguém. Não concordo é com o que ele fez com o Maranhão, conforme afirmei na resposta anterior.

14) Por que o JP só denuncia o sarneismo? Não dá nenhuma notícia positiva sobre o seu grupo político?

R – Difícil é ter notícia positiva de um grupo que está aí única e exclusivamente trabalhando para derrubar o governo. Mas, mesmo assim, tem muita gente no grupo com espaço no Jornal Pequeno. É só ver... Max Barros, Pedro Fernandes, Gastão Vieira. O JP praticamente abriu manchete terça-feira (04.03.08) com o discurso que o Sarney fez no Senado contra a posição de Hugo Chávez. No dia seguinte, a Roseana ganhou um recurso contra a colocação do seu nome na fachada do TCE e também foi destaque na primeira página do JP. Poderia citar aqui vários exemplos de notícias, de fatos favoráveis aos Sarney que o JP, por respeito ao seu leitor, não esconde.

16) A Roseana quando era governadora chegou a visitar o JP, foi no velório de Ribamar Bogéa? Este não foi um sinal de conciliação?

R – Quando o Sarney morrer, se eu estiver vivo e tiver a garantia de que não serei hostilizado, também irei ao velório dele. Quando o Jornal Pequeno fez 50 anos, fui pessoalmente à casa de Roseana Sarney, no Calhau, e a convidei para a festa. Convidei por quê? Porque ela era governadora. Nem por isso o JP queria fazer conciliação. Não se trata de conciliação nem de oposição. Trata-se de posição. O JP é um jornal de posição. E posição sempre assumida. Em qualquer circunstância. O maior exemplo disso foi quando houve o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Lembram o que o JP disse na época, sendo inclusive condenado pela Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos? Disse, com todas as letras, que naquele momento que estavam sendo atacados pelos sem-terra os policiais militares não tinham outra alternativa que não fosse atirar. Todos viram as imagens que a TV Globo mostrou para o mundo inteiro. Os PMs iam ser massacrados. Atiraram para se defender. O que aconteceu depois, na perseguição e morte aos sem-terra, aí, sim, foi uma covardia brutal. Mas naquele primeiro momento, ou eles atiravam para se defender ou morriam.

17) Houve uma época em que você se relacionava bem com o Fernando Sarney, chegaram até a jogar bola. Essa amizade não prosperou?

R – Continuo me relacionando bem com Fernando. Com ele, com Zequinha (Sarney). Jogamos bola juntos. Lembro um jogo da Turma do Quinto contra a Flor do Samba, no Nhozinho Santos, que terminou com a vitória da Flor por 2 a 0; um gol meu e outro de Fernando. Lembro também um jogo promovido pelo então prefeito Mauro Fecury na Ponta da Areia, entre Jornal Pequeno e Câmara Municipal. Zequinha jogou de lateral esquerdo pela Câmara. O juiz era o saudoso ex-vereador Luís Papagaio. No segundo tempo, jogo 1 a 1, o JP estava no ataque, fui derrubado dentro da área e ‘Papagaio’ marcou pênalti... contra a gente, do outro lado do campo, para agradar Zequinha. Todo mundo riu, e como era uma festa de confraternização, ficou assim mesmo. Zequinha bateu o pênalti e a Câmara venceu por 2 a 1. Ano passado (2006), em plena campanha, encontrei Fernando num almoço no Rio Poty. Conversamos sobre política, ele me tratou muito bem e vice-versa. Quem não gostou foram as pessoas que o acompanhavam, que chegaram a comentar que não entendiam por que ele ainda falava comigo.

18) Por que o jornal dos Sarney bate tão pesado no JP? É uma reação ou uma ação deliberada de combater o JP?

R – É uma ação deliberada, uma ação política mesmo. Eles sabem que o Jornal Pequeno não é nada disso do que falam. O próprio Fernando Sarney, nos bastidores, vive dizendo que eu sou besta, que não sei aproveitar... esse aproveitar é “não saber ganhar dinheiro”. Ele sabe que sou idealista, que faço o que faço porque acredito num Maranhão melhor; que não existe mercenarismo no JP. Não só eles como todos os demais políticos do Maranhão, que nos acompanham e nos conhecem. Mas querem passar essa impressão para a sociedade, para a opinião pública. Só que não adianta, porque, no geral, o Maranhão conhece a família Bogéa, conhece o Jornal Pequeno e sabe exatamente porque eles fazem isso. Então, é pura perda de tempo.

19) O Estado diz que o JP recebe boas verbas do governo para se alinhar ao governo Isso acontece ou vocês tratam o governo como um cliente qualquer?

R – Se o governo fosse pagar o Jornal Pequeno pela linha editorial seríamos hoje riquíssimos. O Governo Jackson Lago, como o de José Reinaldo Tavares, faz conosco mídia técnica, paga o que publica, as publicações legais e as peças publicitárias. Nada mais do que isso. Nem iríamos querer, porque se assim agíssemos estaríamos nos comprometendo com o governo. E essa lição Ribamar Bogéa, nos ‘toques’ que dava na hora certa, soube muito bem ensinar aos filhos.

19) A coluna do Dr. Pêta é a mais lida do JP. Qual o segredo? Quem faz a coluna do Dr. Pêta? Você ou é um trabalho coletivo?

R – Costumo dizer que Dr. Pêta é uma instituição. Quem faz são políticos, juízes, jornalistas, advogados, médicos, profissionais liberais como um todo... todos ajudam a fazer o Colunaço do Pêta. No jornal, a gente só tem o cuidado de checar e elaborar a página.

20) O suplemento Guesa Errante tem ajudado a fortalecer a literatura maranhense, principalmente os escritores que não pertencem à elite intelectual?

R – Sem dúvida. É um belo trabalho da minha irmã Josilda com o professor Alberico Carneiro.

21 – Foi importante para você fazer o curso de comunicação na Ufma? Ou a grande escola para você foi mesmo o JP?

R – Muito importante. Aprendi muito na universidade. Mas a grande escola, mesmo, foi o JP, onde comecei a aprender desde que brincava pulando por cima do balcão e das mesas.

22) A equipe que faz hoje o JP inclui também ex-alunos da Ufma. Isso tem ajudado a melhorar o jornal?

R – Tem sim, e ajudado de forma importante. Um dos exemplos é o jornalista José Machado, que se formou comigo e é um eterno filho da casa. A Ufma formou grandes profissionais do jornalismo maranhense. Tinha muita vontade de ter no JP o ‘Pipoca’ (Antônio Carlos Lima – secretário de comunicação nos governos Lobão e Roseana), mas o seu lado político, que eu respeito, não permitiu.

23) Que conselhos você dá para um estudante de jornalismo se qualificar melhor, para aqueles que acabaram de se formar?

R – Que sejam leais com a profissão, com os fatos. Que não deturpem a informação. Que vendam seu trabalho, mas não vendam sua consciência.

24) Quais os planos de melhoria e expansão do Jornal Pequeno?

R – Nossa meta é adquirir uma máquina rotativa e poder melhorar visualmente o jornal, hoje ainda em PB (preto e branco). Para isso, estamos tomando algumas providências com relação às instalações físicas do prédio, para que tenhamos condições de comportar a máquina. Mas, como meu pai sempre dizia, uma coisa de cada vez. Devagar se chega lá.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Aquecimento global agrava epidemias, afirma OMS

Por Marcelo Ninio, de Genebra

As mudanças climáticas vão piorar a saúde da humanidade, alertou a ONU, e um dos efeitos será o aumento da incidência de doenças como a dengue e a malária. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2080 o número de casos de dengue em todo o mundo pode chegar a 2 bilhões - hoje é de 50 milhões. O impacto do aquecimento global na saúde foi o tema escolhido pela agência da ONU para marcar ontem o Dia Mundial da Saúde.

A OMS, que neste ano completa 60 anos, estima que o aumento de um grau centígrado na temperatura do planeta representa mais 20 mil mortes todo ano.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que entre as conseqüências mais graves das mudanças climáticas está a proliferação de doenças contagiosas. No caso da dengue, a expansão é especialmente preocupante. "Os efeitos da mudança climática já podem ser percebidos. É necessária uma ação urgente para minimizar seus efeitos. Não é especulação, mas uma realidade", disse Chan.

No comunicado da organização, a dengue é descrita como um "desafio crescente", particularmente nas cidades tropicais dos países em desenvolvimento. "O número de casos aumentou de forma dramática nos últimos 40 anos, enquanto a urbanização sem planejamento com água parada criaram locais para a reprodução de mosquitos", diz documento.
Chan lembrou outros riscos à saúde advindos do aquecimento global, como a escassez de alimentos, que leva à desnutrição e mata 3,5 milhões de pessoas por ano. Doenças relacionadas à diarréia, em grande parte causadas por água contaminada, estão por trás de mais 1,8 milhão de mortes. E ainda há a malária, que mata 1 milhão por ano. "A situação tende a ficar pior ainda com as mudanças climáticas", disse Chan.

O objetivo da organização é mostrar que as variações do clima já não são apenas um problema ambiental e do desenvolvimento, mas têm impacto direto na saúde e no bem-estar das pessoas. A diretora-geral da OMS citou recentes catástrofes naturais no planeta, como a onda de calor na Europa que matou 70 mil pessoas, em 2003, e o furacão Katrina, nos EUA, em 2005, como resultados dos problemas causados pelo clima. Mas é nos países pobres que a saúde é mais castigada, afirma a organização. O cálculo é de que neles a mortalidade per capita por doenças contagiosas seja até 300 vezes mais alta que no mundo desenvolvido. O risco é particularmente alto para as populações pobres que não têm um sistema de saúde pública.

Comentário do Blog: O aquecimento global vai se transformando rapidamente em causa de dificuldades imensas para a humanidade. Agora é a OMS - Organização Mundial de Saúde - que relaciona o aquecimento ao fortalecimento de várias doenças como dengue, febre amarela e outros. O agravamento da situação tem sido rápido e cada vez causando mais mortes e enfermidades. Uma parte considerável de nações, desenvolvidas ou em desenvolvimento, retardam uma atitude mais firme frente ao problema, contribuindo para a manutenção desse quadro.

Vai se tornando evidente que medidas tem que ser tomadas com urgência e de maneira planetária e, enquanto isso não acontece, os países tem que se preparar, usando métodos muito diferentes dos que vem usando, para enfrentar dengues, febre amarela (cuja ameaça da versão urbana poderá se confirmar em pouco tempo) e tratamento de água potável etc. para evitar as epidemias que ameaçam se repetir com freqüência. O Governador do Rio de Janeiro hoje deu entrevista admitindo novo surto de dengue no próximo ano.
E as coisas podem piorar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

O mais verde dos biocombustíveis

Por Prof. Weber Amaral, da Esalq

Há dois meses, a Folha de SP publicou uma matéria intitulada “Biocombustível pode ser sujo, diz estudo”, atribuída a um artigo publicado no dia 4 de Janeiro na revista Science que questiona a “limpeza ambiental” dos biocombustíveis.

A boa intenção de incentivar um debate sobre matrizes energéticas e sustentabilidade, traduzindo um artigo da conceituada Revista para uma linguagem acessível direcionada ao público não especializado, infelizmente gerou mais incertezas do ponto de vista conceitual, metodológico e até ideológico.

Conceitual porque faz crer que o uso de biocombustíveis poderia ser prejudicial ao ambiente. Metodológico porque o que foi publicado na Science é um comentário e não um artigo científico, pois não faz uso de dados originais ou primários como os recentemente publicados sobre análises de ciclo de vida dos biocombustíveis por Reinhardt e colaboradores, uma vez que se baseia principalmente num extenso relatório contratado pelo governo da Suíça. Ideológica porque tal confusão poderia ser usada como argumento para não diversificação da matriz energética, especialmente no segmento de transporte, onde a poluição causada pela queima dos derivados de petróleo, como a gasolina e o diesel é inquestionável. E desta forma confundindo ainda mais a opinião pública, não reforçando a urgência de mudanças concretas, com as sugeridas no ultimo relatório do Painel de especialistas em mudanças climáticas, o chamado IPCC, em novembro de 2007.

É na própria crítica que os autores da Science fazem ao relatório suíço, que se encontram pontos relevantes. Em primeiro lugar, é arriscado comparar biocombustíveis a partir de diferentes matérias primas; em segundo comparar sistemas de conversão de biomassa tão distintos quanto a produção de etanol a partir do milho americano e da cana-de-açúcar brasileira, que possuem desempenhos energéticos e ambientais totalmente desiguais. Além disso, o relatório Suíço usa dados médios de 2004 de diferentes origens, portanto coletados a partir de diferentes metodologias (não comparáveis do ponto de vista cientifico). Contudo o relatório não se compromete a responder sobre o impacto dos biocombustíveis nos preços dos alimentos.

Há outros pontos relevantes nos comentários da Science. Os próprios autores reconhecem que o relatório suíço excluiu das análises dados sobre biocombustíveis de segunda geração a partir de matérias primas ligno-celulósicas, que é importante para melhorar o desempenho ambiental dos atuais biocombustíveis, reduzindo as críticas sobre possível competição com alimentos pelo aproveitamento de resíduos agroindústrias e urbanos.

No que diz respeito às emissões dos gases do efeito estufa pelos biocombustíveis, o dados apresentados pelos autores da Science não deixam claro quais dados foram analisados. Dados reconhecidamente comprovados dos estudos da Agência Internacional de Energia de 2006 indicam que o etanol da cana-de-açúcar tem potencial de reduzir em até 80% das emissões de gases do efeito estufa, enquanto o milho e o trigo podem reduzir 18 e 20%, em comparação com a gasolina, respectivamente. Os resultados da Agência mostram ainda que o balanço energético do álcool de cana é de oito a doze vezes positivo.

Quanto à questão das mudanças do uso da terra, algumas reflexões importantes devem ser feitas, por exemplo, no que diz respeito ao desmatamento na Amazônia brasileira. A questão da Amazônia é complexa, envolve fatores sócio-econômicos e ambientais, os quais atuam em sinergia e em diferentes escalas de tempo e no território. Assim a solução dos problemas da degradação ambiental da Amazônia depende entre outras ações, da implantação plena das políticas de zoneamento ecológico-econômico, da regularização fundiária das terras devolutas, de ações eficazes de fiscalização e do comprometimento da iniciativa privada, as quais em conjunto contribuiriam para produção sustentável dos recursos naturais e para o ordenamento do uso da terra.

Cabe ressaltar que a expansão da cana-de-açúcar no Brasil está centrada no centro sul, sendo o estado de SP responsável por 60% da produção nacional. A cadeia produtiva da cana possibilita ainda, com o desenvolvimento do etanol de segunda geração, o aproveitamento do bagaço, palha e pontas. O uso destes resíduos duplica a produção de etanol por unidade de área, que passará dos atuais 85 litros por hectare para aproximadamente 160 litros na mesma área cultivada e consequentemente melhorando-se o já positivo balanço energético e dos gases de efeito estufa deste biocombustível.

Portanto, ao não se lançar um olhar com a devida profundidade ante a complexidade em torno da matriz energética global e de sua sustentabilidade, é inadequado usar generalizações que critiquem indistintamente todos os biocombustíveis, tais como o etanol da cana de açúcar, que é inquestionavelmente o mais verde de todos os disponíveis no momento.

Weber A. N. Amaral, Denise M. G. Alves e Raul Santin
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ
Universidade de São Paulo – USP
Email: polobio@esalq.usp.br

Dor de Cotovelo

Saiu novo resultado do Enem, exame que mede a evolução do ensino em todo o Brasil, e o Maranhão confirma quão importante para o estado foi a minha decisão de colocar ensino médio em todos os 217 municípios do estado.

Em seminário que patrocinei logo após ser reeleito, fiquei chocado quando especialistas do Ipea nos mostraram a terrível realidade do estado, face aos indicadores sociais e econômicos encontrados por meio da análise de pesquisas feitas pelo IBGE.

Entre tantas coisas chocantes encontradas pelos pesquisadores, estava a situação educacional para lá de lastimável no estado. Tanto que ali foi dito que, para nos igualarmos à média brasileira, com os métodos daquela época, levaríamos 50 anos. Dentre todos os dados, o mais terrível para todos era a ausência, em pleno ano de 2002, de ensino médio em 159 dos 217 municípios do Maranhão. Isso era fruto do programa do governo de Roseana e, se o prosseguíssemos, teríamos continuado com a embromação, renovando o contrato com a fundação empresarial que ministrava o tele-ensino do segundo grau. E assim, o Maranhão iria aprofundar o seu atraso e continuar sendo o último lugar em analfabetismo e em parâmetros educacionais de maneira geral. Eu jamais poderia fazer isso e decidi enfrentar com muita coragem o enorme desafio de instalar o segundo grau em todos os 217 municípios.

Era um desafio temerário, porque o estado não tinha equilíbrio fiscal e nem capacidade de endividamento. Tampouco possuía bens que pudessem ser vendidos, pois todos já haviam sido torrados à troco de nada pelo governo de Roseana Sarney. Além disso, a arrecadação do estado era muito pequena e não chegava a R$ 1 bilhão por ano, sem falar da obrigação de pagarmos R$ 50 milhões por mês, por dívidas anteriores, ao governo federal. Esse dinheiro era descontado de nossas receitas do Fundo de Participação com Estados e Municípios. Nem víamos.

Publicados no blog de Ricardo Santos, os dados do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais) mostram que o estado que possuía em 2001, apenas 108 escolas, em 2005 já tínha 516. Não bastasse isso, os mesmos dados expõem ainda que o número de funções docentes no ensino médio e médio profissionalizante, na zona rural e urbana era, em 2001, de 6.814 e, em 2006, já tínhamos 12.543 professores. Que tínhamos em 2001, na zona urbana e rural, 5.322 classes de alfabetização e em 2006, passamos para 43.484. Dado digno de registro é que em 2001 não tínhamos nenhum aluno portador de necessidades especiais em escolas exclusivamente especializadas ou em classes especiais de escolas regulares, enquanto que, em 2006, já tínhamos 2.308 alunos.

Graças a Deus e ao esforço de uma equipe dedicada, conseguimos duplicar e ainda aumentamos a arrecadação própria. Também promovemos o equilíbrio fiscal, alcançado com muita determinação e empenho, e assim reunimos os recursos necessários que nos permitiram cumprir o imenso desafio. Consequentemente, em 2005, já tínhamos ensino médio em todo o estado, e começando a chegar aos povoados pobres da zona rural. Isso, hoje, vem permitindo a tantos jovens maranhenses, notadamente do interior, ascender na escala social, por intermédio da educação.

À medida que esse objetivo era alcançado, começamos a nos preocupar com a qualidade do ensino ministrado no Maranhão, que era atroz. E os resultados, que não poderiam ser imediatos, começaram a aparecer com os níveis alcançados pelos alunos nas provas nacionais do Enem do Ministério da Educação.

Eu sei que a turma da oligarquia torce tremendamente contra. Nota-se, por meio de suas empresas de comunicação, que não conseguem esconder esse sentimento. Mas, como disse certa vez o Zagalo, então técnico da seleção brasileira de futebol, “Vão ter de engolir!”.

Em contrapartida, graças a continuidade que o governo Jackson imprimiu na educação, os resultados são cada vez melhores e o Maranhão vai se consolidando em novos patamares, se comparado aos resultados alcançados por outros estados da Federação.

Nas provas do Ene,m cujo resultado foi divulgado na semana passada, o Maranhão mostrou a sua evolução. O estado teve, na média, a nota de 49,99 e se colocou em décimo sétimo lugar entre todos as unidades federadas. Nós, que sempre rondávamos os últimos lugares, fomos melhorando gradativamente e hoje ocupamos posição intermediária, deixando 10 estados para trás, que são: Amapá, Mato Grosso, Sergipe, Roraima, Piauí, Acre, Amazonas, Alagoas, Roraima e Tocantins.

Se conseguirmos melhorar a educação ministrada nos municípios mais pobres, o Maranhão dará um salto, pois aqui mesmo temos bons modelos a serem copiados, pois tivemos escola com a média de 74,19.

Vale à pena, sem descuidar do geral, dar um foco nesse novo desafio: o de levar ensino de qualidade nos municípios pobres, porque o resultado disso será surpreendente em médio prazo.

Tenho certeza de que se tivéssemos continuado com a agenda da oligarquia, estaríamos no mesmo lugar daqueles tempos: o último.

Valeu tanto sacrifício e perseguição.

Impressionante que os meios de comunicação do senador José Sarney e filhos, se dediquem com afinco a condenar, da forma como fizeram, os colégios pobres da zona rural de Caxias, porque têm as aulas ministradas em galpões de piso de cimento e cobertura de palha. Sabem por que digo isso? Porque foi o governador José Sarney quem lançou e deu enorme publicidade durante todo o seu governo ao seu grande programa na área de educação, o “Projeto João de Barro”, que nada mais, nada menos, eram escolas de taipa cobertas de palha. E a coerência? É claro que não têm nem nunca tiveram, pois o que lhes interessa agora é condenar o trabalho de Humberto Coutinho, que vem realizando uma boa gestão em Caxias. Se alguém fosse criticar essas escolas, não poderiam ser os jornais e televisões de Sarney, já que foi ele quem trouxe essas escolas para cá.

Com ele era o máximo, com Humberto Coutinho é o fim da picada. Explica, Senador, qual é a diferença. Nós só queremos entender.