Se analisarmos friamente os anos em que a oligarquia dominou
o Maranhão, veremos com facilidade que o período de piores resultados consiste
nos anos em que Roseana Sarney foi governadora. Foi tão ruim que os técnicos da
Secretaria de Planejamento (IMESC) já agora na sua última gestão, chamaram o
seu período anterior que terminou no início de abril de 2002 de “década
perdida”. O secretário de planejamento nesse período era Gastão Vieira, um dos
seus mais chegados amigos. Mas a realidade se impôs...
De fato, se alguém se der ao trabalho de verificar os números
do período, vai dar razão a Gastão. Esse governo dela sucedeu ao de Edison
Lobão e os dois produziram números de arrepiar. Foi nessa época que os
indicadores sociais caminharam aceleradamente para trás. Principalmente na parte
que corresponde ao governo dela, diga-se de passagem.
Cito algumas marcas desses governos: por falta de emprego e de
oportunidade de trabalho, um milhão de maranhenses, a grande maioria eram de homens,
deixaram suas casas e suas famílias para tentar a sorte em outros estados. Um
imenso prejuízo para o Maranhão, pois esses retirantes eram jovens e formavam
uma força de trabalho formidável. O resultado disso é que a grande maioria
nunca mais voltou. Uns acabaram levando suas famílias, outros formaram as suas onde
se estabeleceram.
Assombroso é constatar que durante esse intervalo de tempo não
faltou apoio do governo federal, pois o senador José Sarney desfrutava de
imenso poder no país. Como explicar então?
Arrisco um palpite: nesse governo, Roseana extinguira a
Secretaria de Agricultura e todos os órgãos vinculados. Acabou também com o
DER, e não havia Secretaria de Meio Ambiente, de Indústria e Comércio, tampouco
de Ciência e Tecnologia. A produção no campo caiu vertiginosamente e a pobreza
aumentou rapidamente. O rebanho bovino caiu à metade e a aftosa sem controle.
Enquanto isso o governo do estado, inerte, nada fazia para combatê-la. O gado
não podia ser vendido fora do Maranhão e os rebanhos perderam valor.
Acima de tudo, um fato vergonhoso marcou sua passagem como
chefe do executivo estadual: quando de lá saiu, não havia ensino médio em 75
por cento dos municípios do Maranhão. Sem ensino e sem produção, a população
mais fragilizada do estado estava sendo
condenada a uma vida de permanente pobreza.
Quando denunciamos isso, foi uma consternação total, pois a
propaganda oficial jamais havia mostrado essa realidade inacreditável. Roseana,
claro, tinha uma boa avaliação totalmente embasada em uma propaganda que a
mostrava cantando e dançando em um estado que era vendido como estando em uma fase
de grande desenvolvimento.
Mas o rei estava nu, já que na grande maioria das casas
maranhenses não havia banheiro, nem água, muito menos esgoto canalizado e recolhimento
do lixo. Sem assistência técnica, ou melhor, sem assistência de nenhuma espécie,
a pobreza dominou o estado e fincou os pés com firmeza em nosso território. A
terra do presidente Sarney era a mais pobre do país, com a menor renda per
capita, o menor IDH, a menor escolaridade média do país e a menor expectativa
de vida da população brasileira. O estado era dependente das transferências
federais e estávamos quebrados! Arrecadávamos 68 milhões de reais e sofríamos
um desconto mensal de 50 milhões por mês só em dívidas passadas. Um absurdo!
Foi um período desastroso para o maranhense.
Quando assumi o governo, recriei a Secretaria de Agricultura,
a assistência técnica e extensão rural e promovi o combate a aftosa. Com isso,
a produção do campo subiu vertiginosamente, assim com o rebanho voltou a
crescer, suplantando os números anteriores do número de bovinos. Implantei ensino
médio em todos os municípios do estado e a escolaridade média voltou a crescer.
Com outras medidas tomadas, a renda foi multiplicada por quatro, o PIB dobrou,
o estado se equilibrou financeiramente e a arrecadação subiu rápido para 280
milhões por mês. Os indicadores todos melhoraram muito e o Maranhão cresceu
mais que o Brasil em todos os anos da minha gestão. Programas para colocar água
e esgoto nas casas foram criados e o estado melhorou todos os indicadores
sociais.
Isso continuou no governo de Jackson Lago. Parecia que o
passado iria finalmente ficar para trás. Mas o poderoso Sarney não se
conformava vendo sua filha derrotada e fora do governo. O ódio e o desejo de
vingança levaram a um “golpe de estado jurídico”, como bem classificou o
advogado de Jackson, ex-ministro Francisco Resek. Dessa forma, Sarney conseguiu
o que nenhuma lei previa: a derrotada Roseana virou governadora e o governador
legítimo foi cassado.
O Maranhão, que vinha bem e se recuperando, viu tudo se
transformar. Avançar no dinheiro público foi a tônica dali para frente.
Colégios foram fechados e a qualidade do ensino piorou. Os indicadores
provindos do Enem, Pisa e IDEB mostraram que o Maranhão voltou a ser o último
em português e matemática. Voltou a ter uma grande quantidade de escolas
municipais e estaduais entre as 10 piores do país. Alunos que concluíam o
ensino fundamental em sua grande maioria não conseguiam interpretar um texto.
A pobreza aumentou e hoje estamos empatados com o Piauí no
último lugar como piores em renda per capita do país. Quanto ao saneamento
básico, 55 por cento das casas não têm água e só 17 por cento têm banheiro.
Esgotamento sanitário nem se fala...
A saúde se move a escândalos, enquanto o povo não tem acesso
a ela e é obrigado a se deslocar em todos os tipos de veículos para São Luís e
Teresina. A violência ultrapassou todos os parâmetros aceitáveis e os
assassinatos viraram rotina. São Luís hoje tem o terrível título de quinta cidade
mais violenta do Brasil. O presídio de Pedrinhas virou emblema do governo de
Roseana. Um emblema medonho!
Hoje mais da metade da população maranhense passa fome e o
desrespeito à lei grassa desafiadoramente entre os que ainda estão no governo. E
o que eles dizem? Que tudo está bem e o Maranhão se desenvolve mais que todas
as outras unidades federativas.
Agora vejam que até o sisudo jornal New York Times mostra
para o mundo o que a família Sarney fez do Maranhão, consolidando o fato de que
não somos exemplo ruim apenas para o Brasil. A conclusão a que chegam é o nosso
melhor augúrio: vaticinam que a saída de Sarney da política pode mudar o Brasil
para melhor.
Fato é que estão indo embora certamente para não mais voltar
ao comando do estado. Mas como se não bastasse tudo o que já fizeram, com maior
desfaçatez tentam criar todo os tipos de obstáculos para o novo governador,
mesmo às vésperas dele assumir o comando do Maranhão.
Mas acabou. Que nunca mais voltem a mandar no Maranhão!
Daqui a dois dias uma nova página da nossa história começa a
ser escrita, renovando as esperanças dos maranhenses. Avante!
Um excelente 2015 a todos!