Na quinta-feira passada, Imperatriz foi palco de uma enorme
manifestação política. Organizada por Sebastião Madeira (PSDB), prefeito da
segunda maior cidade do Maranhão, a reunião juntou milhares de pessoas para que
Flávio Dino, em praça pública, recebesse o apoio do prefeito e do enorme
contingente de apoiadores de Madeira na região.
Além do apoio direto de Madeira e de seu grupo, o ato teve um efeito
devastador entre os demais prefeitos, que, por temor, ou por esperança de ainda
receber alguma ajuda governamental, ainda não se dispuseram a fazer o mesmo,
embora saibam que não há outro caminho para que possam se livrar das ameaças
que os mantém submissos à família Sarney e aos seus seguidores. O evento marcou
um divisor de águas, pois afinal era Madeira quem sustentava a candidatura
governamental de Luís Fernando. Agora
apoia Flávio.
Os políticos estão vindo para sentir a liberdade que é participar de
uma candidatura que tem o povo do Maranhão como único dono e cuja força que vem
do eleitor é tão forte e gera uma formidável expectativa, que naturalmente vai
acomodando as forças políticas chegantes. Com efeito, são naturais as
divergências internas. E elas se resolvem pela conversa e pelo entendimento.
Não temos aqui um mandachuva que impõe a todos uma ordem superior e que todos
são obrigados a seguir. A única coisa que não pode acontecer é que vontades
pessoais possam colocar em perigo o projeto maior que é a eleição de Flávio
Dino. Nesse panorama, o diálogo é o melhor caminho para o entendimento.
É até divertido ler os blogs ligados à família Sarney e lá saber o que
eu estou pensando ou fazendo. É evidente que o que eles querem é causar a
desunião do nosso grupo, já que não conseguem mais sequer ter um que possam
chamar de seu. Já no nosso, a união é total e os candidatos a presidente que
apoiamos ou que nos apoiam estão representados na chapa majoritária, como não
poderia deixar de ser. E tudo vai ficar como está, porque essa estruturação
partiu do entendimento com Eduardo Campos e com Aécio Neves. Por exemplo,
Carlos Brandão será o candidato a vice-governador, porque goza da absoluta
confiança tanto de Aécio Neves quanto de Flávio Dino. Ocupa esse lugar na chapa,
porque eles querem. E porque todos os nove partidos concordaram e apoiaram.
Se não se lembram, nem em 2006 conseguimos juntar todos na chapa de
senador. Bira saiu candidato pelo PT e a divisão tirou a eleição de Castelo naquela ocasião. Portanto, esse assunto tem
que ser resolvido politicamente e com maturidade, já que ameaças e pressões não
conduzirão a uma solução. A solução vai ser encontrada na política e isso não
significa nenhuma crise, são problemas comuns de ocorrerem em coligações onde
há real expectativa de vitória em eleições. Em outras palavras, não existe
crise na oposição, a despeito do que querem fazer crer os porta-vozes da
oligarquia.
A crise mesmo, real, está do lado de lá, que sempre teve um comando
supremo, o que acabou por consolidar a existência do viés oligárquico, pois
muitos políticos talentosos eram excluídos, já que sempre o candidato a
governador teria que ser um Sarney ou quem eles determinassem. Em 2002, por
exemplo, eu não era o candidato do grupo. O candidato era João Abreu ou, se
vingasse a candidatura de Roseana a presidente, Jackson Lago poderia ser o
escolhido. Isto se daria, segundo o que se pensou, para repetir o ocorrido na
candidatura de Sarney a vice-presidente em 1985, quando Cafeteira, um dos
maiores líderes oposicionistas da época, foi escolhido candidato a governador
do grupo Sarney, visando unir todas as correntes políticas do estado,
momentaneamente em torno dele, Sarney. Eu me tornei candidato, porque era o
vice-governador e principalmente por causa da ação da Polícia Federal nos
escritórios da Lunus, o que acabou por derrubar a candidatura de Roseana a
presidente. Portanto, minha candidatura ao governo do Maranhão não foi uma
escolha da família Sarney.
Enfim, a crise real está do lado da oligarquia que, sem candidato
definido a governador ou a senador, está imersa em grande confusão política,
chegando a um tal ponto que obrigou o candidato de plantão - sim, porque até o
mês passado, Luís Fernando era o candidato ao governo e Roseana Sarney ao
senado - a vir a público, tendo ao lado constrangidos João Alberto e Ricardo
Murad, que nem disfarçavam o embaraço. Assim, montou-se o cenário – uma patética
entrevista – para Edinho reafirmar a sua candidatura ao governo, extremamente
abalada por suas desastradas tentativas de dar a impressão de distância dos
Sarney, ameaçando o governo de Roseana com auditorias, inclusive na Secretaria
da Saúde, e informando a todos o que todos já sabem – o fim do domínio da
família Sarney no estado. Alguém tem que dizer a Edinho que não há como ele
tentar se afastar da família Sarney, ninguém vai poder acreditar (nem se
quisesse!), porque, se ele é senador é devido ao fato de seu pai ser o ministro
de Minas e Energia indicado por José Sarney e seu legítimo representante,
configurando um status de total inseparabilidade política.
Por onde tenho passado, todos comentam e me perguntam se arrisco o
palpite de quando João Alberto assumirá a candidatura ao Palácio dos Leões. Isso
demonstra a impressão dominante que há no Maranhão, já que Edinho Lobão, em sua
saga de candidato ao governo, ainda não convenceu.