terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VIAGEM E ESPECULAÇÕES


Sábado passado, mais uma entre várias notas publicadas especulava sobre a inesperada viagem da presidente ao Maranhão, onde havia muito não aparecia. Na seção Painel da Folha de São Paulo foi publicada uma nota, transcrita na íntegra: “Primeira Classe - Além de afagar José Sarney com a Presidência da República e de ter viajado para o Maranhão, comandado por Roseana Sarney, Dilma convidou a governadora para integrar sua comitiva na incursão europeia a partir de amanhã”. O jornal O Estado de São Paulo, de mesma data, mostra que a presidente manobrou para que Sarney, quarto na ordem hierárquica para ocupar a Presidência da República, exercesse a presidência por dois dias com a viagem do vice-presidente e do presidente da Câmara para o exterior na mesma época da viagem da presidente ao exterior.
Essa Presidência interina seria uma “homenagem” de Dilma ao aliado. A matéria também se refere à viagem da presidente ao Maranhão, quando destacou a parceria do Planalto com o Estado e tratou Sarney como uma das “mais destacadas personalidades” maranhenses. Assessores do Planalto, no entanto, negam que a composição seria uma tentativa de fazer um agrado ao senador no momento em que ele poderá ser instado a colocar a derrubada do veto presidencial ao projeto dos royalties do petróleo, conclui o jornal.
 Seria a questão do veto, que, se derrubado pelo Congresso Nacional, configuraria uma grande derrota da presidente, que seria desautorizada pelos congressistas, o motivo da visita? Essa especulação domina a imprensa nacional, já que o presidente do Senado é maranhense e, em tese, parte interessada na votação, pois o veto presidencial ao projeto dos royalties do petróleo, que beneficiou os estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo com apoio de São Paulo, prejudicou todos os demais.
O senador altamente paparicado pela presidente na verdade encontra-se em um momento decisivo de sua biografia de politico maranhense. O estado precisa dos recursos dos royalties do petróleo, o que mobiliza todos os governadores do nordeste e do Brasil, com exceção dos três já citados. Tendo a faca e o queijo nas mãos, ficará com o Maranhão ou com a gratidão da Presidente? Vamos acompanhar.
Com efeito, a imprensa sulista explica a intempestiva viagem da Presidente, rápida e sem objetivo definido, sem tratar de nenhum dos grandes problemas do estado, que continuam sem solução e cada vez mais expostos ao país.
O senador José Sarney novamente escreve sobre um Maranhão que poderá ser da maneira que ele descreve, mas necessariamente a partir de 2014, com uma possível derrota de seu grupo politico na eleição para o governo do estado. Hoje está muito longe disso... É de um ufanismo delirante o artigo, a ponto de achar que está tudo maravilhoso e que só alguns maus maranhenses se recusam a não ver o grande progresso e vivem tentando convencer o país que o Maranhão é um estado pobre. Chega a dizer que o estado teve um crescimento do PIB maior que todo mundo, mas não explica porque estávamos em 16o. lugar e agora com todo esse crescimento, ficamos em 17o. lugar, como ele mesmo coloca no seu artigo.
O mais interessante é que eles fazem uma administração caótica e que os institutos federais de pesquisa mostram que somos os últimos na educação, temos a menor renda per capita do país, a nossa capital é a quinta capital brasileira mais violenta, vivemos em eterno racionamento de água, a entrada e saída da ilha é um congestionamento só, perdemos o aeroporto internacional que já tivemos, nossas praias estão todas poluídas, nosso IDH é o pior do país e nós, que lutamos para mudar, é que  prejudicamos o estado por não nos conformarmos com a pobreza e o abandono do estado.
A Fundação Getúlio Vargas publicou semana passada um indicador que mede o desenvolvimento social dos estados, levando em consideração educação, saúde, segurança, que coloca em primeiro do país o DF e o estado de São Paulo e adivinha quem em último? O Maranhão. Atrás de todos os outros. E o governo publicou o SIS (Síntese dos Indicadores Sociais), mostrando que a população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios sociais e/ou de renda, mas esse percentual tem fortes variações regionais: chega a 40 por cento no Norte e 40,1 por cento no Nordeste, mas não passa de 11,3 por cento no Sul. O estado recordista negativamente é o Maranhão com, 53 por cento.
O senador não consegue ver defeitos no governo da filha, entretanto, vê muitos defeitos em quem ousa discutir esses assuntos. Se não conhecermos a realidade ou tentarmos escondê-la, como quer o senador, jamais poderemos melhorar.
Pelo contrário, só o estudo criterioso da nossa realidade e dos programas necessários para resolver os nossos problemas nos levará a superar esse quadro terrível de pobreza e desigualdade.
Do governo nada poderá vir de bom, pois, embora os diversos indicadores sejam indiscutíveis, eles não querem reconhecer a terrível situação em que vive a nossa população. Para eles está perfeito e deve ficar como está. Nada de mudar.
Fica mais que evidente que só a oposição poderá mudar o Maranhão e isso poderá vir já em 2014, com a vitória da oposição e mudança desse estado de coisas.
O Maranhão merece mais, muito mais.