O Brasil é um país tão pobre que cerca de um quarto de sua
população tem como renda principal os recursos que recebe do programa do
governo federal chamado Bolsa Família. Essas pessoas recebem mensalmente entre
35 a 336 reais.
O programa é fundamental para a sobrevivência dessas pessoas,
mas, ao mesmo tempo, denuncia que mais de um quarto da população brasileira não
tem renda e nada produz. São cinquenta milhões de habitantes que vivem da
transferência de renda de todos os demais brasileiros que pagam impostos.
O problema é que o programa virou o principal cabo eleitoral de
quem está no governo e nesse sentido vem sendo explorado pelos partidos que
estão no poder.
A única maneira de evitar isso é transformá-lo em um programa
de estado que deverá atender a população pobre que não tem outra opção,
enquanto o governo investe em programas que verdadeiramente a tire da faixa da
pobreza. Dessa forma, o número de pessoas inscritas no Bolsa Família, ao invés
de aumentar, como está ocorrendo hoje, tenderia a paulatinamente diminuir.
O grande problema é que quem estiver no governo, dispondo
desses milhões de votos amarrados a esse fator, pode cair na tentação de
perpetuar essa situação tão favorável e nada fazer para que essas pessoas
possam ser capacitadas para o trabalho e se libertarem. De fato, isto parece
ser o que ocorre atualmente.
O alerta é válido, pois aqui no nosso estado a oligarquia
Sarney relegou a educação ao descaso a tal ponto que, em 2002, não dispunham de
ensino médio 158 municípios maranhenses. Sem acesso à educação, o povo era
mantido pobre, dependente e presa fácil dos governos da oligarquia, que assim
puderam manter-se no poder durante cinquenta longos anos.
Em todo caso, pelo seu perfil e pelo seu passado, não posso
acreditar que a presidente Dilma Rousseff caia nessa tentação.
Pois bem, não esquecendo de como o programa foi usado nestas
eleições, com os participantes recebendo ameaças de que a oposição iria acabar
com o benefício, vejamos como o Bolsa Família está se tornando um programa
eleitoral:
Elencarei, para cada um dos 15 estados onde Dilma venceu no
segundo turno, o seu percentual de votos (primeiro número) e o percentual de
famílias atendidas pelo Bolsa Família (segundo número). Os dados são do TSE e
do Ministério do Desenvolvimento Social, correspondentes a setembro de 2014: Maranhão
(78-58), Piauí (78-54), Ceará (76-47), Bahia (70-47), Pernambuco (70-47), Rio
Grande do Norte (69-40), Sergipe (67-49), Paraíba (64-50), Amazonas (64-43),
Alagoas (63-53), Amapá (61-33), Tocantins (59-38), Pará (57-46), Rio de Janeiro
(54-17) e Minas Gerais (52-21).
Agora seguem os estados em que Dilma perdeu, com os mesmos
dados: Santa Catarina (35-07), São Paulo (35-11), Acre (36-42), Distrito
federal (38-12), Paraná (39-13), Goiás (42-19), Mato Grosso do Sul (43-21),
Rondônia (45-26), Mato Grosso (45-22), Rio Grande do Sul (46-13), Espirito
Santo (46-19) e Roraima (42-47). Minas Gerais, Rio de Janeiro, Acre e Roraima
fogem da regra por outros fatores locais, em que Dilma venceu apertado nos dois
primeiros e perdeu nos dois últimos.
Dessa forma, fica muito claro que há uma relação entre os
benefícios e o voto no PT. Só no Nordeste a vantagem de Dilma foi de 12,2
milhões de votos, em cuja realidade o percentual de beneficiários do BF varia
entre 40%(RN) e 58% (MA). A média de votos que a presidente obteve nos mil
municípios com mais beneficiários do Bolsa Família foi de 73,1 por cento. Já nos
mil com menos beneficiários foi de apenas 28,2 por cento. Nas mil cidades que
concentram maior número de famílias com renda per capita igual ou inferior a R$
70,00, Dilma obteve 74,3% por cento dos votos. Já naquelas mil com menor número,
obteve só 28 por cento.
Com efeito, claro está que não é a região nordeste a culpada.
A pobreza o é!
Mudando de assunto, é um escárnio praticado contra a
população maranhense a recusa de Roseana Sarney em entregar os dados do seu governo,
que, em tese, deveriam ser públicos, para que que o governo eleito possa
preparar suas futuras ações. Brincam com a miséria do povo que eles e seus
governos causaram.
O povo tem pressa, o Maranhão é o estado mais pobre da federação,
e a prova maior são os 58 por cento de sua população que vivem do Bolsa família,
dado que, por si só, escancara e põe a nu o fracasso dos anos em que a família
Sarney governou o nosso estado.
Sendo o mais pobre entre os pobres, a população estava destinada
a ser eterna massa de manobra da família Sarney, mas finalmente deu um grande
passo rumo a sua emancipação.
Tomo o meu apoio a Flávio Dino que, com habilidade, vem
formando o seu governo e escolhendo pessoas com grande aprovação por parte da
sociedade.
Vamos viver tempos novos, com muita esperança de que o
governo vitorioso na eleição consiga o objetivo maior de fazer a mudança, dando
ao povo maranhense condições de sair da pobreza, anseio maior de todos que
acreditam em tempos muitos melhores para o Maranhão.
Pesa a favor disso o fato de que a família Sarney tentará,
mas não terá força suficiente para atrapalhar Flávio. Só isso já seria uma grande
vitória para a população maranhense...