terça-feira, 4 de novembro de 2014

O FATOR BOLSA FAMÍLIA



O Brasil é um país tão pobre que cerca de um quarto de sua população tem como renda principal os recursos que recebe do programa do governo federal chamado Bolsa Família. Essas pessoas recebem mensalmente entre 35 a 336 reais.
 
O programa é fundamental para a sobrevivência dessas pessoas, mas, ao mesmo tempo, denuncia que mais de um quarto da população brasileira não tem renda e nada produz. São cinquenta milhões de habitantes que vivem da transferência de renda de todos os demais brasileiros que pagam impostos.

O problema é que o programa virou o principal cabo eleitoral de quem está no governo e nesse sentido vem sendo explorado pelos partidos que estão no poder.

A única maneira de evitar isso é transformá-lo em um programa de estado que deverá atender a população pobre que não tem outra opção, enquanto o governo investe em programas que verdadeiramente a tire da faixa da pobreza. Dessa forma, o número de pessoas inscritas no Bolsa Família, ao invés de aumentar, como está ocorrendo hoje, tenderia a paulatinamente diminuir.

O grande problema é que quem estiver no governo, dispondo desses milhões de votos amarrados a esse fator, pode cair na tentação de perpetuar essa situação tão favorável e nada fazer para que essas pessoas possam ser capacitadas para o trabalho e se libertarem. De fato, isto parece ser o que ocorre atualmente. 

O alerta é válido, pois aqui no nosso estado a oligarquia Sarney relegou a educação ao descaso a tal ponto que, em 2002, não dispunham de ensino médio 158 municípios maranhenses. Sem acesso à educação, o povo era mantido pobre, dependente e presa fácil dos governos da oligarquia, que assim puderam manter-se no poder durante cinquenta longos anos.

Em todo caso, pelo seu perfil e pelo seu passado, não posso acreditar que a presidente Dilma Rousseff caia nessa tentação.

Pois bem, não esquecendo de como o programa foi usado nestas eleições, com os participantes recebendo ameaças de que a oposição iria acabar com o benefício, vejamos como o Bolsa Família está se tornando um programa eleitoral:

Elencarei, para cada um dos 15 estados onde Dilma venceu no segundo turno, o seu percentual de votos (primeiro número) e o percentual de famílias atendidas pelo Bolsa Família (segundo número). Os dados são do TSE e do Ministério do Desenvolvimento Social, correspondentes a setembro de 2014: Maranhão (78-58), Piauí (78-54), Ceará (76-47), Bahia (70-47), Pernambuco (70-47), Rio Grande do Norte (69-40), Sergipe (67-49), Paraíba (64-50), Amazonas (64-43), Alagoas (63-53), Amapá (61-33), Tocantins (59-38), Pará (57-46), Rio de Janeiro (54-17) e Minas Gerais (52-21).

Agora seguem os estados em que Dilma perdeu, com os mesmos dados: Santa Catarina (35-07), São Paulo (35-11), Acre (36-42), Distrito federal (38-12), Paraná (39-13), Goiás (42-19), Mato Grosso do Sul (43-21), Rondônia (45-26), Mato Grosso (45-22), Rio Grande do Sul (46-13), Espirito Santo (46-19) e Roraima (42-47). Minas Gerais, Rio de Janeiro, Acre e Roraima fogem da regra por outros fatores locais, em que Dilma venceu apertado nos dois primeiros e perdeu nos dois últimos.

Dessa forma, fica muito claro que há uma relação entre os benefícios e o voto no PT. Só no Nordeste a vantagem de Dilma foi de 12,2 milhões de votos, em cuja realidade o percentual de beneficiários do BF varia entre 40%(RN) e 58% (MA). A média de votos que a presidente obteve nos mil municípios com mais beneficiários do Bolsa Família foi de 73,1 por cento. Já nos mil com menos beneficiários foi de apenas 28,2 por cento. Nas mil cidades que concentram maior número de famílias com renda per capita igual ou inferior a R$ 70,00, Dilma obteve 74,3% por cento dos votos. Já naquelas mil com menor número,  obteve só 28 por cento.

Com efeito, claro está que não é a região nordeste a culpada. A pobreza o é!

Mudando de assunto, é um escárnio praticado contra a população maranhense a recusa de Roseana Sarney em entregar os dados do seu governo, que, em tese, deveriam ser públicos, para que que o governo eleito possa preparar suas futuras ações. Brincam com a miséria do povo que eles e seus governos causaram. 

O povo tem pressa, o Maranhão é o estado mais pobre da federação, e a prova maior são os 58 por cento de sua população que vivem do Bolsa família, dado que, por si só, escancara e põe a nu o fracasso dos anos em que a família Sarney governou o nosso estado.

Sendo o mais pobre entre os pobres, a população estava destinada a ser eterna massa de manobra da família Sarney, mas finalmente deu um grande passo rumo a sua emancipação.

Tomo o meu apoio a Flávio Dino que, com habilidade, vem formando o seu governo e escolhendo pessoas com grande aprovação por parte da sociedade. 

Vamos viver tempos novos, com muita esperança de que o governo vitorioso na eleição consiga o objetivo maior de fazer a mudança, dando ao povo maranhense condições de sair da pobreza, anseio maior de todos que acreditam em tempos muitos melhores para o Maranhão.

Pesa a favor disso o fato de que a família Sarney tentará, mas não terá força suficiente para atrapalhar Flávio. Só isso já seria uma grande vitória para a população maranhense...