terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Inventa Outra

O grupo Sarney, outrora tão poderoso em nosso estado, a ponto de mandar e desmandar durante 40 anos, viu em 2006, na sua primeira grande derrota eleitoral, aquela estrutura que parecia monolítica começar a se quebrar de maneira definitiva. A derrota, sobretudo porque foi obtida sobre Roseana Sarney, a estrela máxima da companhia, foi fatal para o grupo. Daí para cá, as derrotas foram vindo naturalmente. Sentiram então a força da reprovação do povo do Maranhão por tudo que fizeram e aprontaram no estado. Naquela eleição, ficou mais que demonstrado a todos os políticos que vinculação com o nome Sarney é fatal para qualquer candidato.

O senador Sarney, espertíssimo em política, lutou como nunca para encontrar uma solução para ganhar sobrevida que permitisse ao grupo ainda mais alguns anos de poder. Precisava, mais que tudo, evitar a debandada dos que ainda faziam parte da trupe. E logo investiu tempo e dinheiro, mobilizou pessoas dispostas a tudo para preparar um processo que servisse de base para uma ação junto ao Tribunal Eleitoral, tentando cassar o mandato de Jackson. Via nesse processo uma expectativa de poder, um freio para segurar a debandada iminente.

Ele já havia sido bem sucedido com ação semelhante frente ao Senador Capiberibe e sua mulher, a deputada federal Janete, que o ameaçavam eleitoralmente no Amapá. Em uma estranhíssima tramitação, Sarney teve sucesso, pois conseguiu cassar os dois. Achou que daí para a frente poderia repetir a pajelança nos tribunais. E colocou seu grupo de comunicação para manter viva a certeza da cassação. Teve sucesso até agora, a despeito do processo não ter nenhuma consistência, pois ainda não houve a fatal debandada. E tome notícia nos seus jornais, informando que o processo vai entrar em pauta , sempre “na próxima semana”. E eles mesmo, a famiília, alimentam uma rede de boatos sobre a cassação. Nos últimos dias, entraram em frenesi e repetiam sem parar que Jackson seria cassado antes do final do ano em decisão semelhante à do governador da Paraíba.

Mas essa tática contém seus riscos, pois o tempo passa e a previsão não se realiza, tirando credibilidade aos seus difusores. E, pior dos mundos, inesperadamente o processo tomou um rumo que eles detestaram. Primeiro, Cássio Cunha Lima conseguiu que o Tribunal modificasse a decisão que lhe tirava o cargo com a simples publicação do acordão. Na semana passada, aquela Corte decidiu que ele terá direito de permanecer no cargo enquanto não forem julgados todos os seus recursos jurídicos.

Em seguida, demonstraram muita inquietação porque o PSDB, partido do governador, entrou com uma ação mostrando que, no caso de cassação do vencedor do pleito, o segundo não pode assumir conforme estava disposto na primeira decisão do Tribunal, porque o segundo colocado não tem a maioria da metade mais um, que é exigida pela Constituição Brasileira e teria que haver nova eleição. E eleição é tudo que eles não querem nem ouvir falar!

Devem ter ficado mais zangados ainda, quando a Folha de São Paulo publicou um editorial semana passada, apoiando a pretensão do PSDB e deixando clara a posição do jornal pela necessidade de uma nova eleição.

Nada parece dar certo para Sarney, diferente do passado, quando qualquer coisa que inventassem dava certo.

Como não lhe restam muitas opções, o senador arrumou um jogo arriscado para chegar a Presidência do Senado. Era o local em que precisava estar para poder ter influência na sucessão presidencial de 2010. Foi buscar Renan Calheiros que, desde a renúncia da Presidência do Senado, estava afastado e apagado, e lhe prometeu a liderança do governo no Senado ou a do PMDB, levando-o para uma conversa a três com Lula. O presidente afirmou que via com bons olhos essas posições para Renan, principalmente a do PMDB e, a partir daí, usou-o para vetar o candidato do PT Tião Viana.

Sarney partiu em campanha velada, mas deixando pistas suficientes para que todos entendessem que ele queria a presidência. O PT, porém, velho de guerra, desta vez tinha como desanimar o senador do Amapá e começaram a sair na imprensa trechos do inquérito da PF que investiga o seu filho Fernando. Sarney ficou uma fera e atribuiu ao ministro da Justiça esse inquérito e chegou até à imprudência, querendo substitui-lo por uma pessoa indicada por ele. Quando viu que não ia dar certo, quis sair rápido desse campo minado, e acabou desistindo tanto do Senado como do Ministério.

Os tempos de mando parecem terminar. Abusou das regalias dadas por Lula, achando que não tinha termo o que podia fazer. Aprontou muito. Não permitiu que Lula viesse a São Luis em todo o seu mandato, abortou programas, projetos e impediu até mesmo que uma siderurgica viesse para cá. Perseguiu inimigos cruelmente e, vendo o ano de 2010 se aproximar, pela primeira vez não consegue se colocar no proximo governo.

Sarney não tem mais vez no Maranhão. Não encontra a maneira de ultrapassar as dificuldades, pois todas as suas tentativas estão se mostrando inviáveis uma a uma...
Parece que não dá para inventar outra!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Analistas vêem problema de gestão na Petrobras

O empréstimo emergencial de R$ 2 bilhões da CEF (Caixa Econômica Federal) à Petrobras mostra que a crise financeira pegou a empresa desprevenida, atingiu o seu caixa e revelou a real -e pesada- estrutura de custos da companhia e seus problemas de gestão num cenário de queda do preço do petróleo e falta de crédito, dizem especialistas do setor. 
"Esse empréstimo preocupa não pelo valor, mas por ser destinado a capital de giro.

Agora que o petróleo foi para US$ 50, começa aparecer o real custo dela [Petrobras]. Ficam claras a má gestão e a ineficiência. A atual direção só pegou a fase de bonança da indústria do petróleo, que ficou sempre acima dos US$ 100, na média. Essa fase já passou", diz Adriano Pires, especialista do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura). 
A crise bateu com força à porta da maior empresa brasileira, e a revelação dos problemas de caixa da Petrobras surge porque o empréstimo é destinado exclusivamente a capital de giro, dizem especialistas do setor. 


Pressionada pela queda do petróleo e pelo acúmulo de impostos, a estatal não teve outra saída e recorreu ao banco público enquanto anunciava um lucro recorde no terceiro trimestre de mais de R$ 10 bilhões. Ou fazia isso ou cortava drasticamente investimentos, apurou a Folha, tudo o que o governo não quer na crise. 
Para Pires, a estatal sofre com sua elevada estrutura de custos e terá de reduzir drasticamente despesas e investimentos para se adaptar à restrição de crédito e ao cenário de petróleo mais baixo. 


Já o economista José Roberto Afonso, um dos criadores da Lei de Responsabilidade Fiscal e hoje assessor econômico do PSDB, o empréstimo "não faz sentido algum": "Se é para fazer investimento, todos somos a favor. Mas não faz sentido algum para capital giro". 
Segundo Afonso, pode ser um sinal de má gestão financeira: "Estamos vindo da melhor fase de toda a história em termos de preço do petróleo. Foram anos de preços em alta. 
Com dois meses de turbulência, já não há dinheiro para pagar imposto?", questiona. 
Nelson Rodrigues de Mattos, analista do BB Investimentos, afirma que a estatal enfrenta um "problema momentâneo de caixa", que obrigou a buscar capital de giro. 


Ele espera, porém, uma melhora no quarto trimestre, quando a receita deve crescer na esteira dos preços maiores da gasolina e do diesel no país do que as cotações de referência internacionais. 
Um analista que preferiu o anonimato diz que diversas empresas devem fazer o mesmo que a Petrobras: buscar bancos públicos para levantar capital de giro de curto prazo em razão da crise. A gravidade, segundo ele, é o fato de a estatal expor neste momento sua fragilidade de caixa, problema que deve ser passageiro. 
Ele considera também que o novo cenário fará a Petrobras cortar investimentos principalmente na área de refino. 


Tanto Mattos, do BB, como Pires, do CBIE, compartilham da mesma opinião. 
"Houve, em outubro, um desembolso muito expressivo num momento de aperto momentâneo. O problema é de caixa. Se já há falta de recursos para tocar o dia-a-dia da empresa, como pagar impostos, quiçá para investimento? Certamente, alguns projetos serão postergados", diz Mattos. 
Para Pires, os projetos de refino serão os primeiras afetados. Entre os investimentos a serem postergados, apurou a Folha, estão, em primeiro lugar, as duas refinarias "premium", no Ceará e no Maranhão, que, juntas, vão consumir mais de US$ 20 bilhões em investimentos.

Também corre risco, a depender da evolução da crise, o Comperj (refinaria petroquímica do Rio de Janeiro), cujos investimentos se aproximam de US$ 9 bilhões. 
Além disso, a Petrobras já implementou um severo programa de redução de custos e racionalização de gastos que atinge todo tipo de despesa. 
Viagens de funcionários foram reduzidas e substituídas sempre que possível por teleconferências. Foram restringidos os produtos oferecidos em seus eventos a café, biscoito e suco. 

Colaborou ROBERTO MACHADO, da Sucursal do Rio.

Comentário do Blog: A Petrobras não está resistindo às más administrações, muito perdulárias. Enquanto o o barril de petróleo estava acima de 100 dólares, tudo ficava escondido. Agora, com o barril a U$ 42, as coisas mudam. E ainda por cima em um ministério entregue a Sarney…

Dólar volta a seu nível de normalidade...

E os números sociais também!

E-mail de MG: Uma coisa é comemorar a queda estatística da pobreza com o dólar a R$ 1.60. Outra coisa é o dólar a R$ 2.40.

1. Mede-se pobreza com pessoa que recebe 1 dólar ao dia. Eram 48 reais. Agora os cálculos têm que ser feitos a 72 reais por pessoa. Quantos voltam para baixo da linha de pobreza? IBGE e FGV poderiam dizer.

2. O Salário Mínimo era de 259 dólares e agora está em 178 Dólares (6 dólares dia). Lula disse que nunca ficaria abaixo de 200 dólares. Já está.

3. O Bolsa Família média era de R$ 112,00 ou 70 dólares. Agora está em 48 dólares e na segunda-feira chegou a 44.

4. Muitas pessoas estão retornando aos braços estatísticos da pobreza. Provou-se: superar a pobreza não é apenas transferir renda monetária.