sexta-feira, 4 de junho de 2010

Como no Maranhão, o PT amapaense não quer acordo com Sarney e vai de PSB e PCdoB

O Diretório Regional do PT do Amapá decidiu, no mês passado, romper com o grupo político do senador Sarney e do governador Pedro Paulo (PP). A resolução do partido fixou em 31 de maio o prazo para sair do governo, entregando todos os cargos. Os desobedientes serão expulsos do PT.

O partido dirige setores importantes do governo, entre eles a CEA-Companhia de Eletricidade do Amapá.

Uma coisa é certa: o PT amapaense, como o do Maranhão, também se rebelou e não seguiu orientação do Diretório nacional do partido, fazendo aliança com a esquerda. Por enquanto, está definida coligação com o PSB e PCdoB.

Enviado por Eri Santos Castro.

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2ª Carta de Manoel da Conceição ao Companheiro Presidente Lula

C/C para:
Sr. José Eduardo Dutra – Presidente Nacional do PT
Sra. Dilma Roulsseff – Pré Candidata do PT à Presidência da República
Executiva Nacional do PT
Diretório Nacional do PT

Nobre companheiro presidente Lula,

É com a ternura, o carinho e o amor de um irmão, a confiança, o respeito e o compromisso de um companheiro de classe, das organizações e lutas históricas dos trabalhadores e das trabalhadoras desse país e do mundo que me sinto com a liberdade e o direito de lhe enviar esta 2ª carta, tratando de questões que compreendo ter muito a ver com a responsabilidade do companheiro tanto como agente político das lutas em prol da justiça social para a classe trabalhadora como também na qualidade de um primeiro presidente da república legitimamente forjado nas organizações e lutas desse povo excluído, sofrido, mas que é capaz de realizar o impossível enquanto força social e política organizada e consciente do seu projeto de libertação classista.

Dirijo-me ao companheiro com a minha identidade de trabalhador rural, de sindicalista, de ambientalista, de humanista e de militante e fundador do Partido dos Trabalhadores, o qual comecei a sonhar e trabalhar na sua criação quando ainda me encontrava no exílio, juntamente com honrados e honradas companheiros e companheiras que havíamos sido banidos do nosso país pela intolerância de um governo totalitário e de regime militar.

Porém, minha identidade social, política e classista se origina bem antes da criação do PT e da CUT, instrumentos classistas dos quais me orgulho de ter sido co-fundador, juntamente com o companheiro e um conjunto de honrado(a)s e legítimo(a)s militantes e intelectuais orgânicos da classe trabalhadora.

Na realidade companheiro Lula minha história de luta social e política se originou aqui mesmo no Maranhão, estado do qual sou filho natural com minha matriz étnica negra e indígena.

Agora em julho de 2010 completarei 75 anos de idade. Quando eu era ainda jovem vi meu pai e muitas famílias agricultoras serem massacradas e enxotadas de suas posses por latifundiários, coronéis e jagunços, acobertados e protegidos por um governo oligárquico. Certa vez presenciei um grande massacre de companheiros meus quando estávamos reunidos em uma pequena comunidade rural do interior do Maranhão. Neste dia fomos atacados de forma covarde por um grupo de soldados e jagunços, que sem a menor chance de defesa assassinaram 5 pessoas, dentre elas uma criança que correu prá abraçar o pai caído no chão e foi pego pelas pernas e arremessado contra a parede que a cabeça abriu espalhando os seus miolos, também uma velhinha, que tentou impedir a morte do filho foi cravada de punhal em suas costas, ficando rodando no chão espetada. Eu escapei por puro milagre com um tiro na perna, mas me tornei mais revoltado ainda com a classe latifundiária e jurei perante a comunidade a lutar o resto de minha vida contra os latifundiários e suas injustiças.

Presenciei um segundo massacre em 1959 quando estávamos novamente reunidos em uma comunidade por nome Pirapemas para preparar a defesa de uns companheiros que estavam sendo acusados de ter invadido uma propriedade e roubado umas frutas do sítio. Neste dia chegou um grupo de uns 20 policiais, soldados, tenente, cabos e um sargento. Ao chegarem ao local da reunião o sargento perguntou quem era o presidente da associação, e como foi respondido que não havia presidente o sargento falou: pois então todos são presidentes e vão levar bala. Neste dia foram assassinados sete companheiros e três outros ficaram gravemente feridos.

Minha primeira motivação para a luta era sustentada em pura revolta, ódio dos exploradores da minha família e das famílias camponesas da mesma região que habitávamos. Sem a menor consciência política e dominado pelo ódio eu cheguei a acreditar que a libertação dos trabalhadores de tal estado de sujeição dependeria de um salvador da pátria, de um homem corajoso, de um herói que com o apoio eleitoral dos oprimidos iria por fim a tal dominação. A partir desse entendimento extremamente limitado e de um profundo sentimento de revolta pela violência testemunhada e sofrida, vi surgir na minha ingenuidade uma esperança para salvar a massa camponesa do jugo dos latifundiários apadrinhados pelo poder da oligarquia viturinista que comandava o estado do Maranhão. O nome dessa esperança era José Sarney.

Com um discurso muito bem elaborado e com a radicalidade de um revolucionário Sarney prometia exatamente o que nós camponeses queríamos ouvir: um Maranhão novo e livre de oligarquia, reforma agrária, punição dos crimes cometidos contra as famílias camponesas e indenização dos prejuízos a elas causados pelo gado dos fazendeiros. Eu acreditei no discurso do cidadão e me tornei um aguerrido cabo eleitoral, andando a cavalo em todas as comunidades da região fazendo sua campanha. Resultado, com uma grande adesão popular, elegemos o José Sarney em 1965 para ser o governador do Maranhão. Nessa época eu já era presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pindaré Mirim, que congregava trabalhadores rurais de toda a grande região do Pindaré. Mesmo sem ainda ter uma sólida consciência de classe eu já havia sido preso e espancado severamente pela polícia da ditadura militar. Foi por conta dessa perseguição que eu passei a acreditar nas promessas do Sarney que caso fosse eleito iria ser uma força aliada dos trabalhadores contra a repressão da ditadura militar.

No dia 13 de julho de 1968 o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Pindaré Mirim havia convocado uma reunião da categoria para receber a visita de um médico para tratar questões relacionadas à saúde dos associados e associadas. O Prefeito do município na época mandou informar que iria fazer uma visita ao sindicato neste mesmo dia. Por volta das 10 horas da manhã chegou um pessoal dizendo que queria falar com o presidente do sindicato. Quando eu apontei na porta fui recebido por tiro de fuzil que estraçalhou minha perna. A ação e os disparos foram efetuados pela polícia militar. Outros companheiros também foram atingidos por bala, mas felizmente não houve morte. Eu fui levado aprisionado e jogado na cadeia sem receber nenhum tratamento no ferimento, o que levou minha perna a gangrenar e ter que ser amputada.

Sarney se encontrava em viagem para o Japão e quando retornou manifestou desconhecimento da questão e mandou seus assessores manter contato comigo, oferecendo apoio para a minha família, uma perna mecânica, uma casa e outras ofertas, desde que eu me tornasse um defensor do seu governo. Eu respondi que não estava preso por ser bandido, que minha perna tinha sido arrancada por bala da própria polícia militar do estado sob seu governo. Portanto, minha perna era responsabilidade da classe que eu representava, minha perna era a minha classe. Desde então eu passei a ser considerado um inimigo do Estado militar, passando a ser alvo de permanente perseguição. Fui preso 9 vezes e submetido às piores torturas que um ser humano é capaz de suportar.

Vi muitos de meus companheiros e companheiras serem torturados e morto(a)s por ordem do governo militar do qual Sarney se tornou parte num primeiro momento como governador do Maranhão e posteriormente como Senador Biônico. Vale ressaltar que foi no primeiro governo da nascente oligarquia Sarney, que foi promulgada a Lei Estadual 2.979, regulamentada pelo Decreto 4.028 de 28 de novembro de 1969, a qual facultava a venda de terras devolutas sem licitação a grupos organizados em sociedade anônima. Essa lei foi o maior instrumento de legalização da grilagem das terras do Maranhão, particularmente na região do Pindaré (ASSELIN, 1982, p. 129). Essa grilagem promoveu a expulsão das famílias agricultoras de suas posses e a migração de milhares de famílias camponesas maranhenses para outros estados.

Eu escapei com vida, embora mutilado e com seqüelas físicas e psicológicas profundas, por conta da solidariedade da anistia internacional, das igrejas católicas e evangélicas, da AP como principal mobilizadora dos apoios e até do Partido Comunista do Brasil que na ocasião fez uma ampla campanha internacional pela preservação da minha vida.

Finalmente, fui exilado na Suiça de onde continuei denunciando as atrocidades da ditadura militar nas oportunidades que tive de viajar por vários países europeus. Foi também no exílio juntamente com companheiros refugiados que começamos a discutir a idéia já em discussão no Brasil de criação do Partido dos Trabalhadores e também de uma central sindical.

Meu companheiro Lula, hoje vivemos um novo momento na história do Brasil; aquelas lutas dos anos 50, 60, 70, 80 e 90 não foram em vão; tivemos prejuízos enormes, pois muitas vidas foram ceifadas pela virulência dos detentores do poder do capital; porém, temos um saldo expressivo de vitórias; hoje temos um partido que se tornou a maior expressão política da classe trabalhadora na América Latina; temos o melhor presidente da história desse gigantesco país, que ironicamente é um trabalhador operário e nordestino, que assim como eu quase não teve acesso a estudos escolares. Eu confesso a você que sinto um imenso orgulho de ter participado desde os primeiros momentos da construção dessa grandiosa e ousada empreitada. Porém, companheiro presidente, ultimamente eu tenho vivido as maiores angustias que um homem com minha trajetória de vida é capaz de imaginar e suportar. Receber a imposição de uma tese defendida pela Direção Nacional do meu partido e até onde me foi informado pelo próprio companheiro presidente de que o nosso projeto político e social passa agora pelo fortalecimento da hegemonia da oligarquia sarneysta no Maranhão. Eu sei do malabarismo que o companheiro presidente tem precisado fazer para garantir alguma condição de governabilidade, porém, sei do alto custo que é cobrado por esses apoios conjunturais, e que nosso governo vem pagando a todos esses ônus. Companheiro, tudo precisa ter algum limite e tal limite é a nossa dignidade.

O que está sendo imposto a nós petistas do Maranhão extrapola todos os limites da tolerância e fere de morte a nossa honra e a nossa história. Eu pessoalmente, há mais de 50 anos venho travando uma luta contra os poderes oligárquicos e contra os exploradores da classe trabalhadora neste país. Por conta disso perdi dezenas de companheiros e companheiras que foram barbaramente trucidados por essas forças reacionárias. Como que agora meus próprios companheiros de partido querem me obrigar a fazer a defesa dessas figuras que me torturaram e mataram meus mais fieis companheiros e companheiras. Vocês podem ter certeza que essa é a pior de todas as torturas que se pode impor a um homem. Uma tortura que parte dos próprios companheiros que ajudamos a fortalecer e projetar como nossos representantes no partido e na esfera de poder do Estado, na perspectiva de um projeto estratégico da classe trabalhadora. Estou falando do fundo de minha alma em honra à minha história e à de meus companheiros e companheiras que foram assassinadas pelas forças oligárquicas e de extrema direita neste país.

Estou animado para fazer a campanha da companheira Dilma, assim como para fazer uma aguerrida campanha política em prol do fortalecimento do PT no Maranhão e para construir um projeto político alternativo à oligarquia sarneysta, juntamente com os partido do campo democrático e popular na Coligação PT, PCdoB e PSB. Esta foi a tática vitoriosa em nosso encontro estadual realizado nos dias 26 e 27 de março, que aprovou por maioria de votos, da forma mais transparente possível e cumprindo todos os preceitos legais o nome do companheiro Flávio Dino para candidato dessa aliança legitimamente de esquerda e respaldada pelas mais expressivas organizações da classe trabalhadora deste estado que publicamente se manifestaram, a exemplo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura – FETAEMA e a CUT. Assim, penso que Estamos sendo coerentes com a nossa história e identidade classista.

Portanto, estou fazendo este apelo ao mais ilustre companheiro de partido e confessando em alto e bom som que não aceitarei sob nenhuma hipótese a tese de que nestas alturas de minha vida eu tenha que negar minha identidade e desonrar a memória de meus companheiros e companheiras que foram caçados e exterminados pela oligarquia e os detentores do capital no Maranhão, no Brasil e mundo inteiro.

Lamento e peço desculpas se este meu posicionamento desagrada o companheiro e a Direção Nacional do PT, mas não posso me omitir diante de uma tese destruidora de nossa identidade coletiva e que representa a negação de tudo que temos afirmado nas nossas palavras e ações. Espero poder contar com a solidariedade e compreensão do meu histórico companheiro de utopias e lutas.

Atenciosamente,

Manoel da Conceição Santos - Membro Fundador do PT e primeiro Secretário Agrário Nacional

Imperatriz - MA, 03 de junho 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Flávio Dino intensifica viagens pelo interior do Maranhão

A partir da quinta-feira, 3, o deputado federal e pré-candidato ao governo do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) vai intensificar as viagens pelo interior do Maranhão. O objetivo é apresentar a chapa constituída por PCdoB, PT e PSB ao governo do Estado. Das viagens participam também os pré-candidatos a vice-governadora, Terezinha Fernandes (PT), e ao Senado, Bira do Pindaré (PT) e José Reinaldo Tavares (PSB).

A programação inclui visitas a 13 municípios entre quinta-feira e domingo, iniciando em Itapecuru, a 100km de São Luís, e chegando a João Lisboa. Até agora, 25 municípios já foram visitados pela caravana liderada pelo pré-candidato.

Das atividades, participam líderes partidários, sindicais e também representantes de movimentos sociais. As reuniões realizadas nesses municípios também têm o objetivo de colher sugestões para o programa de governo que está sendo elaborado pela chapa. O programa está sendo montado seguindo um modelo interativo, o que é inédito no estado.
Programa de governo interativo

“Colhemos sugestões junto à população e a líderes de movimentos. O importante dessa maneira de se montar o programa de governo é que podemos identificar muito mais de perto quais são as reais necessidades dos moradores de cada região do Estado”, explicou Cristiano Capovilla, um dos organizadores da pré-campanha.

Na semana passada, o grupo também esteve reunido com especialistas para discutir o programa. O alvo foram as áreas de Agricultura, Pesca, Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia. As reuniões foram as primeiras de uma série de três que deverão ser feitas nas próximas semanas para a definição clara de diretrizes a serem seguidas. Ao todo, o programa de governo constituído por PCdoB, PT e PSB identificou 22 áreas prioritárias, consideradas chave para a renovação das políticas públicas do Estado. Todas deverão ser objeto de discussão.

Redação: Assessoria de Comunicação Flávio Dino

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Para Sarney, só Lula dá Esperança

Duda Mendonça tem mostrado a Sarney que a situação de Roseana Sarney é crítica e que, pelas próprias pernas (dela e do grupo da oligarquia), ela não conseguirá ir muito longe. Essa é a realidade fria expressa por um mestre dos marqueteiros contratado a peso de ouro. Sarney, muito experiente, não contesta. Ele sabe que é verdade.

E é fácil de entender o porquê desta constatação.

Roseana Sarney tomou o governo nos tribunais para que passasse a ter chance de ganhar nas eleições de 2010. Usou a máquina como pôde. O primeiro alvo foram os prefeitos e alguns foram “conquistados” por ameaças de cassação nos tribunais e outros tentados por vultosas quantias repassadas em convênios que exigiam contrapartidas eleitorais. E mais: ela, para reforçar o caixa, conseguiu empréstimos, sem definição de obras ou ações prioritárias, para que pudesse gastar livremente naquilo que quisesse. Uma ilegalidade a mais, entre tantas. O que freou um pouco esta iniciativa inconseqüente foi a perda do controle fiscal das contas governamentais que contiveram sua expansão.

Em seguida veio a propaganda desenfreada, verdadeira campanha antecipada. Veio o próprio Lula por três vezes, Dilma duas, anúncios inconsistentes de refinaria, etc. Qualquer um, com metade disso, estaria eleito antecipadamente.

Mas a retirada de Jackson Lago do governo e os escândalos semanais envolvendo diretamente a família trouxeram enorme rejeição a Roseana e à família.

Assim, ela não consegue passar dos 43% de intenções de voto, o que significa segundo turno e derrota certa.

E esse é o desenrolar dos fatos...

Chamaram aquele que é o considerado o melhor marqueteiro do país, fizeram uma vaquinha, arranjaram R$ 12 milhões que, segundo a revista Veja, era o valor exigido por Duda Mendonça e ele tentou tudo. Reuniu os secretários de estado para garimpar material aproveitável para melhorar a imagem do governo de Roseana. Quase nada conseguiu de relevante. Experimentou mudar a personalidade dela, tentando achar o caminho para diminuir sua rejeição entre os eleitores. Não adiantou.

Foi assim que, depois de muito estudar o quadro das eleições no Maranhão e realizar pesquisas qualitativas e quantitativas e o potencial dos adversários, chegou a uma certeza definitiva.
E essa certeza é simples.

Se o PT estiver com Flávio Dino, Lula não poderá pedir votos no horário eleitoral para Roseana Sarney, que é do PMDB. Ele, segundo a legislação eleitoral só poderá pedir votos para Flávio Dino, coligado com o PT, seu partido.

Mesmo que aqui haja dois palanques para Dilma: o de Flávio e outro de Roseana Sarney, ele fica impedido de pedir votos para ela no horário eleitoral. Isso explica porque dois palanques é ideia tão combatida pela oligarquia.

Portanto, sem a coligação com o PT nada feito. Lula nada poderá fazer e, crendo em Duda, o caldo estará entornado definitivamente. Talvez outro nome da oligarquia possa até ser melhor do que o dela. Talvez nessas condições ela nem seja candidata.

Sarney, que sabe de tudo isso, não desistirá de tentar convencer Lula a fazer o que sabe ser seu último recurso: a intervenção no PT do Maranhão. Afinal essa é a sua última cartada para tentar eleger sua filha.

Mas as coisas não são simples assim.

Sem intervenção nada muda e para isso são necessários 2/3 dos votos. Ou seja, várias tendências, entre as várias que caracterização o partido, terão que votar. E muitos preferem deixar tudo como está ou também porque preferem dois palanques ao invés de um só.

E Flávio Dino já disse que não aceitará uma decisão que violente o que foi decidido limpa e legalmente no cumprimento do regimento do partido e de decisões nacionais. O jogo está jogado e qualquer ato de força será entendido como é: uma violência. A partir daí, o caminho é a justiça e todas as conseqüências de uma demanda como essa.

O senador José Sarney sempre é visto como aquele político muito bem informado e que estuda minuciosamente como fazer acontecer o que quer. Com muita antecedência. E depois vai mexendo personagens na direção escolhida. Muitas e muitas vezes isso deu certo. Mas nesse caso, ele cometeu um erro que poderá ser fatal para a eleição da filha.

Será que isso chegou a passar pela sua cabeça e ele não julgou importante?

O fato é que se ele tivesse falado com Lula, para que ele permitisse a filiação de Roseana no PT do Maranhão, a eleição dela passaria a ser uma possibilidade real. Seria muito difícil para a oposição e talvez nem tivesse havido uma candidatura do deputado Flávio Dino. Sarney seria dono de Lula, que pediria votos para Roseana sem nenhum impedimento legal. Seria um paraíso para a Sarneylandia...
Porque que ele preferiu que ela fosse para o PMDB? Estava precisando dar uma demonstração de força ao partido em face da enxurrada de denúncias que recebia? Ou imaginou que ela não suportaria ouvir de membros do PT, que não a aceitariam no partido, dizer-lhe duras verdades, sempre que participasse de algum ato partidário?

Enfim, seja qual foi o motivo, o fato é que isso tornou viável e muito forte o projeto oposicionista. A tal ponto que a viabilidade da candidatura de Roseana passou a depender de uma intervenção, muito ruidosa, no PT.

Sarney tenta correr reverter o processo a todo custo, mas sabe que Dino será candidato de qualquer maneira. É osso duro de roer...

Por fim, não poderia deixar de parabenizar ao ex-governador Jackson Lago pelo grande sucesso de sua pré-convenção. Quem ganha é a oposição.

Programa da TV Record mostrou reportagem com os problemas das delegacias do interior do Maranhão

O Programa Repórter Record, da Rede Record de televisão, ancorado por Marcos Hummel que foi exibido na noite desta segunda-feira (31) foi dedicado a acompanhar o dia-a-dia da polícia pelo país. Uma equipe de reportagem do programa esteve no Maranhão por 15 dias e mostrou a discrepância entre a polícia que trabalha no interior do Maranhão sem nenhuma estrutura e a boa preparação e aparelhamento das Tropas de Elite da PM em São Luís.


Cidades do Icatu, Morros e Bacabeira foram mostradas na reportagem. No interior do Maranhão, policiais têm que tirar dinheiro do próprio bolso para manter as delegacias funcionando. Delegacias estão sem nenhuma viatura nem armas e o fato de um mesmo delegado se revezar entre municípios. Além do fato de policiais civis estarem realizando o trabalho apenas de “vigias de presos” e não investigando crimes.

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Governo Sarney espionou críticos mesmo após fim da ditadura

A FOLHA DE SAO PAULO de hoje - 31/05/2010 - traz documentos liberados após 25 anos de sigilo, que revelam alvos na gestão Sarney.

Entre os investigados estão o PT, os sem-terra, sindicatos, grupelhos de esquerda e membros de entidades como OAB.

Documentos liberados à Folha pelo Arquivo Nacional após 25 anos de sigilo, demonstram que o governo do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), espionou os principais focos de críticas na sociedade civil.

O governo interceptou cartas, infiltrou agentes e produziu listas de nome e endereços dos principais protagonistas da oposição.

Criado após o golpe de 64 e mantido por Sarney (1985-1990), o Serviço Nacional de Informações centralizava as informações na chefia do órgão em Brasília, que tinha status de ministério e ocupava sala ao lado da de Sarney, no Palácio do Planalto.

Os relatórios revelam os principais focos de preocupação do governo: partidos de esquerda, entidades de trabalhadores rurais sem terra, especialmente o MST -largamente o mais visado dentre todos-, religiosos da Teologia da Libertação, sindicatos e setores da mídia.

O SNI recebia e retransmitia relatórios produzidos por inúmeros outros órgãos que formavam a chamada "comunidade de informações" -o arquivo contabilizou pelo menos 248 órgãos que integravam o sistema do SNI.

REUNIÃO DO PT

Em 11 de dezembro de 1988, o SNI acompanhou a "primeira reunião da executiva nacional" do Partido dos Trabalhadores. A reunião era fechada, com cerca de 30 pessoas, dentre as quais Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu. Todos os líderes do PT tinham fichas no SNI.Os arapongas escreveram que os petistas atacaram a inflação e os baixos salários e afirmaram que Lula defendeu a antecipação das eleições. Lula teria dito: "O centro da crise é Sarney".

O relatório descreve as disputas dentro do PT e "certo descontentamento" com a gestão da então prefeita paulistana, Luiza Erundina.

Na Polícia Federal, dirigida pelo atual senador Romeu Tuma (PTB-SP), o serviço de espionagem era exercido pelo Centro de Informações.

A PF se valia de sua estrutura nos Estados para investigar os partidos que incomodavam o governo Sarney. Em 24 de junho de 1985, a superintendência de Minas emitiu "ordem de busca" para investigar "a tática do PCB [Partido Comunista Brasileiro] para o movimento sindical". O documento orientava os policiais a "verificar se houve alterações táticas que modifiquem a orientação sindical determinada pelo partido em março de 85".

Em maio de 1988, a unidade da PF no Paraná elaborou um relatório sobre um grupelho chamado PRC (Partido Revolucionário Comunista), formado por Tarso Genro (PT-RS), pelo hoje deputado José Genoino (PT-SP) e pela atual pré-candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, desconsiderada no relatório.

Na campanha de 1989, os arapongas deram destaque aos possíveis apoios que o MST prestaria a candidatos. "O MST vem difundindo a "campanha dos 11 pontos" para os presidenciáveis. Isto é, são propostas do MST para a reforma agrária que devem ser incluídas na plataforma do candidato. Aquele que se dispuser a aceitar integralmente os "11 pontos" terá o apoio do MST, menos Paulo Salim Maluf, Fernando Collor de Mello e Ronaldo Caiado", apontou relatório datado de julho de 1989 -na eleição, o MST apoiou Lula.

Futuro ministro da Justiça no governo Lula, o advogado Márcio Thomaz Bastos foi muito acompanhado pelo SNI até, pelo menos, 17 de agosto de 1988, data do último relatório com referências ao ex-presidente da OAB paulistana. Sua ficha inclui uma acusação de participação num caso de contrabando, nos anos 70.

Bastos havia defendido um acusado desse tipo de crime. "A ditadura acusava os advogados dos acusados para poder envolver todos num suposto crime. Era uma forma de intimidação", disse.

Bastos conheceu Lula nos anos 70 e, na fase da abertura política, integrou o grupo de advogados que levou a OAB apoiar as Diretas-Já. Naquela época, sabia ser seguido. Ele disse que a OAB-SP até encontrou um gravador no teto da sala da presidência.

PARA VER DOCUMENTOS ACESSAR http://www1.folha.uol.com.br/poder/743061-governo-espionou-criticos-mesmo-apos-fim-da-ditadura-veja-documen

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