terça-feira, 17 de março de 2015

INVESTIMENTO DE PONTA NA EDUCAÇÃO



Nosso estado perdeu muito tempo aplicando um modelo de desenvolvimento que, no final das contas, não criou um ambiente de crescimento autossustentável de nossa economia. E tampouco permitiu que tivéssemos indicadores sociais decentes, pelo contrário, o resultado de fato foi o estabelecimento dos piores indicadores sociais do país. Termos a pior renda individual, o pior IDH e o maior contingente populacional classificado na faixa que define a pobreza absoluta são marcas atuais mais que humilhantes para nós. 

É lamentável dizer isso, mas não chegamos a esse patamar por falta de apoio e força política, pois chegamos, inclusive, a ter na presidência da República um político maranhense que até hoje mantém grande poder no país...

Portanto, cabe a nós agora a tarefa de encontrar uma solução para nos tirar desse atoleiro econômico, social e moral. Mas como fazer? 

Examinando o que aconteceu no Brasil e os casos de sucesso que permitiram ao país chegar a ser uma das maiores economias do mundo, salta aos olhos uma instituição modelar que permitiu o surgimento de pessoal altamente qualificado e que resultou em enorme desenvolvimento. Além disso, possibilitou ainda a criação de uma indústria de ponta que, certamente, sem a sua retaguarda, não teria o êxito que tem. Estamos falando do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – o ITA – instituição de ensino e pesquisa sediada em São José dos Campos, SP.  

Esse instituto, só para dar uma ideia da sua importância, permitiu que surgisse no país a indústria aeronáutica brasileira, muito expressiva, que produz e exporta aviões de todos os tipos, inclusive militares, para todo o mundo. Essa indústria só foi viável aqui devido à presença de técnicos e engenheiros muito capazes formados por aquela escola. Mas não foi só a indústria aeronáutica que surgiu em decorrência do ITA. Empresas de alta tecnologia só foram possíveis no país devido à presença de pessoal especializado formado pelo Instituto, pois, sem isso, seria impossível funcionarem e competirem em pé de igualdade no mercado global. O Instituto foi fundado em 1950 e é vinculado ao Comando da Aeronáutica.

O ITA repete o que aconteceu no mundo desenvolvido, de onde veio o exemplo. Nos Estados Unidos existem várias instituições de altíssimo nível que ajudaram a disseminar o conhecimento e o progresso, como o Massachusetts Institute of Technology, o MIT.

A presença de uma instituição de ponta como essa é, por si só, um grande indutor de desenvolvimento, atraindo empresas do mundo inteiro que se localizam onde existe mão de obra altamente qualificada, como a produzida ali. Não temos em nenhum dos estados da região nordeste do Brasil nenhuma escola desse nível. 

Pois bem, o Maranhão – acreditem – poderia já ter uma escola semelhante desde a década de 80. Eu era ministro do governo do Presidente Sarney à época e o saudoso Renato Archer era ministro de Ciência e Tecnologia. Um dia nos encontramos e eu puxei o assunto: trazer para o Maranhão uma escola igual ao ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Nordeste, que seria uma escola em tudo semelhante à de São José dos Campos, com o mesmo padrão de qualidade. Mas por que o Maranhão? Pela presença aqui de importantes instalações do Ministério da Aeronáutica, entre as quais uma Base Aérea muito bem equipada, além do Centro de lançamento de Alcântara, com instalações excelentes que poderiam muito bem abrigar uma escola daquele nível.

Empolgados com a ideia, procuramos o ministro da Aeronáutica para convencê-lo da viabilidade do empreendimento e conseguir sua adesão à ideia. Em suma, propusemos que no começo, enquanto o Instituto se instalava, a direção da escola e os professores seriam comuns a São José dos Campos e a São Luís. Sim, porque seria aproveitada a estrutura existente nas bases aéreas nas duas cidades, permitindo que em pouco mais de três horas professores do ITA estivessem aqui para ministrar aulas e que poderiam retornar a São Paulo e ministrar aulas em São José dos Campos, já no dia seguinte. Mais tarde, no entanto, o Instituto do Nordeste teria os seus próprios professores.

Esse argumento convenceu o Ministro da Aeronáutica e então preparamos uma exposição de motivos bem completa descrevendo a viabilidade do projeto e, assinada pelos três ministros, a entregamos em audiência conjunta com o Presidente da República, José Sarney. Esperávamos com isso que Sua Excelência determinasse imediatamente a tomada de providências. Mas, para nosso espanto, essa ordem nunca foi dada e o projeto não seguiu em frente. 

Talvez essa tenha sido uma das decisões mais equivocadas e incompreensíveis daquele governo. Sou capaz de afirmar que o apoio àquela ideia teria mudado o Maranhão. O que motivou então o desinteresse? Podemos cogitar...

Mas, vejam, esse projeto continua tão importante e atual, como na década de 80 e, compreendendo isso, a bancada do Maranhão no Congresso Nacional em peso iniciará uma luta para concretizarmos essa ideia tão fundamental para o desenvolvimento futuro do nosso estado. Uma equipe técnica da Câmara Federal prepara um estudo para embasar o nosso projeto e então passaremos a combater em todas as frentes que se abrirem pela implantação do nosso “ITA-NE”.

Trinta anos depois retornaremos a luta. Se conseguirmos viabilizar projeto tão importante, estará justificada a presença de cada um de nós na política nacional.