sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Maranhão Cresceu mais que a Média Brasileira nos Governos Zé Reinaldo e Jackson, Revela IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão, em 2007, alcançou R$ 31,606 bilhões a preço de mercado corrente. Ao longo da Série 2002-2007, o estado apresentou o maior crescimento do PIB, entre os estados da região Nordeste. Os números foram divulgados, nesta quarta-feira (18), durante entrevista coletiva no auditório da Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento (Seplan), no Edifício Clodomir Milet, em São Luís.

Clique e ouça

Durante a coletiva foi apresentada ainda o desempenho da indústria, comércio, serviços e agropecuária em 2007 e a contribuição desses setores para a formação do PIB. (Da Central de Notícias)

Link Original

Maranhão Cresceu nos Governos Zé Reinaldo e Jackson, Constata IBGE

Clique e ouça comentário do jornalista e ex-deputado Luiz Pedro

"O Maranhão foi o Estado nordestino que mais cresceu em 2007, com uma taxa real de 9,1 por cento. A revelação foi feita com a divulgação da pesquisa Contas Regionais 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.

Os resultados de dois anos atrás não foram isolados. O Maranhão teve um crescimento consistente entre 2002 e 2007, segundo a mesma pesquisa. A renda por pessoa passou de 2 mil 637 reais em 2002 para 5 mil 165 reais em 2007, um salto de 95,8 por cento, ou seja, quase o dobro.

O período pesquisado corresponde ao governo de José Reinaldo e ao primeiro ano de Jackson Lago, quando o Maranhão apresentou taxas de crescimento mais elevadas do que o Brasil e do que o Nordeste.

Apesar do avanço durante cinco anos consecutivos, a renda por pessoa do maranhense é a segunda pior do Brasil, estando à frente, apenas, da do piauiense, o que mostra a necessidade de se prosseguir no caminho que vinha sendo seguido pelos dois últimos governos de José Reinaldo e Jackson Lago.

Infelizmente esse ciclo de crescimento foi interrompido com o retorno da oligarquia ao comando do Estado. A mudança nas políticas públicas deverá resultar na volta ao atraso que caracteriza o período oligárquico no Maranhão.

Os resultados da pesquisa do IBGE também desmascaram a propaganda que vem sendo feito pelo governo da senhora Roseana Sarney, que mostra na televisão de propriedade da sua família um Estado que existe apenas no mundo da fantasia.

No Maranhão real, o esforço que foi feito pelas equipes de governo de José Reinaldo e Jackson Lago está sendo destruído pelo governo nascido do golpe judiciário de abril. (Da Central de Notícias)

Link Original

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Devaneios e Apagões

O ministro Edson Lobão acabou por mostrar ao país seu total desconhecimento do setor que dirige. No episódio do apagão que deixou às escuras 18 estados brasileiros na última terça-feira (dia 10/11), foi pego subitamente e nada pôde fazer. Sem a preparação adequada, face ao seu notório desconhecimento do setor elétrico, começou a dar entrevistas desconexas tentando até mesmo encerrar a discussão sem investigação das causas reais de uma falha que privou mais de setenta milhões de brasileiros de energia elétrica. Isso sem falar que em dois casos estados inteiros sofreram as conseqüências do blecaute: Rio de Janeiro e São Paulo, as duas unidades federadas tidas como lideranças formadoras de opinião no Brasil. Lobão pensou que levaria tudo e todos na conversa, alegando que fenômenos climáticos como ventos e descargas elétricas atmosféricas haviam causado o problema. O céu era o culpado.

No entanto, um diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), exatamente o responsável pelo setor de monitoramento das condições climáticas, declarou no dia seguinte ao apagão, munido de mapa de precipitação de raios, que nenhum havia caído nas linhas. E disse mais: considerando a hipótese das linhas terem sido atingidas, a potência do impacto da descarga causadora do estrago teria que ter sido algo por volta de 80 mil ampères. Entretanto, os raios, conforme explicou o diretor, geram descargas que vão de 10 mil a 15 mil ampères. Cinco a oito vezes menos do que o necessário para apagar o país, como quis Lobão. O Ministro, por óbvio, partiu então para cima do técnico, dizendo-lhe não estava autorizado a falar pelo setor elétrico, o que este efetivamente não fizera. Falou apenas daquilo que lhe compete analisar. Mesmo assim, como era de se esperar, tirou-se o diretor de cena.

Lula, muito experiente, não entrou na de Lobão. Reclamou dos palpiteiros do governo e disse que o assunto não estava encerrado, o que só podia ocorrer quando o acontecido estivesse inteiramente esclarecido. Perfeito!

Os técnicos do setor elétrico afirmam que, seja não importa o que tenha acontecido com uma das linhas, ela deveria ter sido isolada imediatamente, evitando a queda de todo o sistema de Itaipu, como ocorreu. Só quando essa proteção for efetiva, poderemos dizer que o sistema está sob controle e o assunto encerrado. O resto são especulações e perda de tempo. O que fica claro é a falta de planejamento e de investimentos na “inteligência” do sistema elétrico brasileiro. Para isso só com gente competente...

Mas se é que se pode atribuir algum efeito positivo a esse grande transtorno que foi o recente apagão, pode-se dizer que foi o solavanco que possibilitou à imprensa correr em busca de informações sobre o aparelhamento do setor elétrico que, neste governo constitui feudo do senador José Sarney. Sendo assim, o que aí se observa é uma vasta e estratégica distribuição de cargos para amigos sem nenhuma experiência no setor e desqualificados por falta de formação técnica para exercer as funções em que foram investidos.

A Folha de São Paulo diz que Lula fica em pânico quando Lobão dá entrevista sobre o assunto. Quem mandou deixar o presidente do senado pintar e bordar no setor? Eu escrevi aqui que era inevitável o apagão do Sarney... E segundo o jornal O Globo, só em 2009 já são mais de 80(!) evidentemente menores do que o da semana passada.

Voltando para o nosso estado, parece que Roseana Sarney Murad está chamando os políticos para falar que está crescendo nas pesquisas. Quem conseguiu dar uma rápida olhada no papel, que ela evitava mostrar, saiu cético, pois o que viram foi apenas uma variação dentro da margem de erro e uma brutal rejeição, que continua. Porém, o que viram mesmo é que, conforme a pesquisa por ela contratada, quem cresceu mesmo foi Flávio Dino. Mas isso ela não fala. Prefere lançar arremedos de sedução aos prefeitos com promessas de gordos convênios. Milhões de promessas...

Onde falha a estratégia de Roseana? Nessa altura dos acontecimentos, são muito poucos os prefeitos populares em seus municípios. E, se 72% da população quer um nome novo, como se detectou em pesquisa do PSDB, como o prefeito irá convencer os eleitores a votar nela? Todos já a conhecem de sobra... Todos sabem do que é capaz, pois já a viram acabar com a Secretaria de Agricultura, com a de Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio, Fapema, Meio Ambiente, Esportes, DER etc. Isso sem comentar o brutalidade que fez com a Educação no estado, deixando 159 municípios sem ensino médio. É essa a guerreira? Só se for para guerrear contra o Maranhão...

Aliás, falam que se ela ganhar, Jorge Murad - marido e mentor - deverá voltar para tomar conta do pedaço e botar ordem na casa. Agora não, porque a rejeição já é enorme. E haja malabarismos para esconder as verdadeiras intenções da oligarquia.

O pavor maior do grupo é em relação a Flávio Dino e a “novidade” que ele representa. Primeiro espalharam que seria aliado dela e da família e que seria parte da sua chapa como candidato a senador junto com Lobão. Não bastasse isso, apregoam em seu jornalão que eu aprisionei o Flávio em um compromisso, contrariando sua própria vontade, para disputar o governo, porque eu preciso de um palanque forte para minha candidatura ao senado. Ora, vejam como se iludem... Vejam se isto não mais uma invencionice estapafúrdia do clã e agregados! Sim, porque sendo Flávio Dino vitorioso em tudo o que fez e faz, eleito pelo terceiro ano consecutivo entre os quatro melhores deputados brasileiros, vitorioso na sua carreira como advogado e juiz respeitado, Secretário Geral do Conselho Nacional de Justiça, entre tantas vitórias, será que ele precisaria mesmo de alguém para lhe indicar caminhos na vida? Ele é candidato porque quer ser, porque sabe que 72% dos eleitores querem um nome novo capaz de quebrar a mesmice política do estado. Sabe que a vez é dele e que ele é a novidade na política do Maranhão, sem vínculos com tudo que está ligado ao passado de dominação, miséria e atraso do estado.

No que tange a mim, todos sabem que eu, então governador, poderia definir como quisesse a minha carreira política, mas, para vencê-los, abri mão de tudo, me expus, e fiquei sem nenhum mandato. Não foi isso o que aconteceu? Se necessário fosse, eu faria tudo novamente, porque não posso aceitar placidamente a derrocada do Maranhão, ao voltar para os braços do grupo que liquidou o estado e que hoje só passa ao país a pior mensagem possível: a mensagem de que Sarney, o homem cujo nome carrega a alcunha de ser praticamente um palavrão para os brasileiros, continuará a mandar no Maranhão.

Eles temem Flávio Dino, porque ele é a promessa definitiva de grandes mudanças no estado. Temem o novo. Temem-no por não poder atacá-lo, por não poderem criar uma imagem ruim dele. Aliás, o pior que puderam fazer com ele, fizeram-no nas eleições passadas para prefeito de São Luís: Chamaram-no de sarneysista!

Hoje há a certeza de que não haverá intervenção no PT, se o partido resolver apoiar Flávio Dino. Contudo, o não-apoio à candidatura de Roseana poderá deflagrar ainda um movimento para que haja uma candidatura do PT ao governo do estado, tentando prejudicar Flávio e o próprio partido. Sinceramente, não creio nisso, pois a alma do partido não é de submissão ao sarneísmo. Pelo andar da carruagem, Roseana deve é se preparar para enfrentar Jackson Lago, Flávio Dino e talvez Roberto Rocha.

Pesadelo terrível para quem não pode mais perder. Como vai ser?
Ainda sobre Roseana, eu já falei aqui algumas vezes que ela não respeitava ninguém, nem Ministério Público, tampouco a Justiça, por se crer acima de tudo e de todos. Agora, no entanto, parece que vai ter que respeitar, porque o Ministério Público entrou com ação para que ela retire imediatamente a propaganda em que tenta enganar a população com feitos que não são seus. Abram os olhos, Roseana e caterva. Nem todos se amedrontam com os expedientes que utilizam e a propaganda enganosa terá que sair do ar.

Agora vejam mais esta: o presidente da Câmara de Vereadores do município baiano de Ilhéus, Jailson Nascimento (PMN), abriu processo contra um blogueiro por tê-lo chamado de Sarney. O vereador, que porta um bigode parecido com o de José Sarney, pleiteia quase R$ 20 mil de indenização. Na petição, ele diz que ser chamado de Sarney abalou seriamente sua relação com todos, principalmente com os eleitores.

Tem razão Roseana em pedir que não a chamem por esse nome. Mas... No caso dela, será que adianta?

Meu abraço em Alice, Horácio e suas irmãs pela perda de um grande e saudoso amigo e político vencedor do sertão e de São Domingos, Chico do Horácio. Grande perda, um homem de bem e muito querido.

Prisão ( ou Morte) anunciada

Por Aderson Lago

Nunca consegui esquecer o segundo turno das eleições de 1994. Foi a maior fraude já feita no Maranhão. Fraudaram mais de cem mil votos para inverter o resultado das eleições e proporcionar à filha de Sarney uma envergonhada vitoria contra Cafeteira por pouco mais de dezoito mil votos. Mas nada me chocou e impressionou tanto quanto a tentativa malograda de forjar um flagrante de porte de cocaína para a filha de Cafeteira. O objetivo era constranger o adversário na reta final da campanha e influenciar com a propaganda negativa o resultado da eleição.

Para quem montou a “operação Reis Pacheco “ (sequestro, morte e ocultação do cadáver de um morto-vivo atribuídos à Cafeteira), o plano frustado era apenas um aperitivo. Já se passaram quinze anos e as práticas políticas do grupo Sarney só pioraram. A violência, que não era utilizada para intimidar e coagir os adversários , passou a ser ferramenta importantíssima para a consecução desses objetivos. Vide a noite de autógrafos dos “Honoráveis Bandidos". A juventude hitlerista não faria melhor.

Tenho, desde o início do governo Jackson Lago e com mais intensidade após o golpe judiciário que o afastou do poder, sido o alvo preferencial dos achincalhes, dos insultos e das baixarias da mídia sarneysista. A ordem foi dada ao filho Fernando pelo próprio “honorável-mor", José Sarney, conforme comprovado nas escutas telefônicas da "Operação Boi Barrica". Esse é o modo Sarney de tratar os adversários. Portanto, não me surpreende a insistente e feroz tentativa de assassinar-me politicamente. Mas parece que isso não tem sido suficiente, daí a necessidade de fazer algo mais consistente, mais definitivo e com “aspecto legal".

Auditorias especiais e inquéritos são abertos e conduzidos de maneira leviana e irresponsável na tentativa de fazer de mim os bandidos que eles são. Periodicamente, as manchetes e o noticiário dos seus meios de comunicação me insultam e me atribuem crimes que nunca cometi. A minha castração política, a desmoralização como cidadão e até uma remota, mas possível eliminação física servirão de exemplo para desestimular aqueles que teimam em não se submeter ao seu comando.

Aí vem a segunda parte do criminoso plano urdido pela própria governadora Roseana Sarney, pelo secretário Ricardo Murad e pelo secretário Raimundo Cutrim.
Dias atrás a governadora vazou para alguns parlamentares que eu seria preso nos próximos dias. O secretário Cutrim avalizou a informação e garantiu sua execução. A intenção é que a informação chegasse a mim. A suposição é de que diante da prisão arbitrária eu estarei preparado para reagir com violência ensejando uma oportunidade para ser espancado ou conforme a intensidade da reação até ser morto pelos executores da ação.

É lógico que uma arma de fogo seria “plantada" para justificar a reação descontrolada dos que forem me prender. Ao longo dos quatro mandatos exercidos como deputado estadual, participei ativa e intensamente das atividades parlamentares e dos debates políticos do meu estado. Jamais recebi uma ameaça ou me senti inseguro quanto à minha integridade física, mesmo no auge da CPI do Crime Organizado. Infelizmente, hoje não é esse o ambiente que respiro.

As práticas próprias dos regimes de excessão que se implantaram no Maranhão desde o golpe que retornou os Sarney ao poder, nos remetem a dias cada vez mais sombrios. Com muito mais intensidade, reimplantou-se a cultura do medo. Os adversários e os que reagem à cooptação são ameaçados de todos os modos e por todos os meios.

Ora é a polícia política que foi montada pelo Secretário Raimundo Cutrim, ora são as ações que tramitam no Tribunal Eleitoral, ora são as contas dos prefeitos e gestores que estão no Tribunal de Contas do Estado. Até mesmo ações na justiça comum são utilizadas como instrumento para ameaçar, punir ou cooptar.

Tudo isso é possível graças, como gostam de deixar transparecer, ao poder e influência que exercem em todas as esferas da Justiça no Maranhão e em Brasília. A par de todo esse instrumental é, também e principalmente, utilizado o formidável e inescrupuloso sistema de comunicação que possuem. Aliás, disse o próprio Sarney em entrevista, ele existe para ser usado politicamente.


É nesse clima asfixiante que vivemos hoje no Maranhão. Onde imperam as escutas telefônicas ilegais, as ameaças veladas, o uso da máquina pública em benefício pessoal e o mais despudorado assalto aos cofres públicos que se tem notícia. Até porque, com direito à propaganda nos meios de comunicação e completa blindagem com relação à Justiça, conforme gostam eles próprios de se jactar.

São milhões de reais contratados sem licitação na Educação, na Saúde e na Segurança. É a farra dos novos Hospitais para empreiteiros generosos, embora na contramão do SUS. São estradas licitadas no “combinemos" entre construtoras amigas. Talvez seja por isso que alardeiam, até com certa ironia : “de volta ao trabalho" e "mãos à obra".


E porque, mesmo sem mandato, nunca calei diante de tudo isso é que preciso ser eliminado, política ou quem sabe, até fisicamente. É por isso que chamo a atenção do Ministério Público, da Justiça, da Assembleia Legislativa, da clase política em geral, da sociedade civil organizada, para o que está sendo urdido, sendo tramado em nome da manutenção de um poder obtido ilegitimamente.

Ainda assim, diante de todos esses percalços, prefiro morrer de pé do que viver de joelhos. Tenho a tranquilidade dos que nada tem a temer e a paz de quem tem Deus ao seu lado. Espero que esse seja o ânimo daqueles que não perderam a capacidade de se indignar. Portanto, que Deus me proteja, que os amigos me ajudem e que o povo me apoie, pois agora, mais do que nunca, a luta precisa continuar.


Link Original

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Perspectivas para Copenhague

A onda de entusiasmo e idealismo que levou à adoção da Convenção do Clima, em 1992, no Rio de Janeiro, parece ter sido substituída pelas realidades e pelos choques de interesses em países que a converteram apenas numa das moedas de troca no tabuleiro das disputas internacionais.

A convenção foi adotada por unanimidade há 17 anos porque as evidências científicas mostraram que a ação do homem estava alterando a atmosfera, o que tinha como consequência o aquecimento da Terra e mudanças indesejáveis do clima. Os eventos climáticos extremos que estamos presenciando hoje, como inundações inesperadas, tufões, ondas de calor e de frio, parecem ser as primeiras manifestações dessas mudanças.

Até 1992 podia-se alegar ignorância e não tomar providências a respeito. Usar combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), as principais fontes dos gases que provocam o efeito estufa, não era considerado um problema, da mesma forma que fumar. Em 1990, os países que adotaram a Convenção do Clima concordaram que essa situação não poderia continuar e seria necessário reduzir as emissões a níveis aceitáveis. Na prática, isso não aconteceu: as emissões mundiais de carbono aumentaram em 30% de 1992 a 2006 e continuam a aumentar, apesar de os países industrializados se terem comprometido a reduzi-las, até 2012, a níveis inferiores aos de 1990. As razões não são difíceis de identificar.

Os EUA, responsáveis por cerca de 25% das emissões mundiais, recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto enquanto países em desenvolvimento que são grandes emissores (principalmente China, Índia e Brasil) também não assumissem compromissos de reduzir as suas. Esse argumento tem uma certa lógica: as emissões dos países em desenvolvimento representam hoje cerca de 50% do total (e continuam crescendo) e as da China já ultrapassaram as dos EUA. Esse não era o caso em 1992, mas é a realidade hoje. Por conseguinte, os países industrializados não conseguirão sozinhos atenuar os problemas do aquecimento global sem a participação efetiva dos países em desenvolvimento. Eles foram isentados de reduções em nome de considerações humanitárias que fazem parte da Convenção do Clima, tais como o consumo per capita muito mais baixo do que nos países industrializados e que para crescer teriam de aumentar suas emissões. Sucede que a Convenção do Clima tem por finalidade evitar um desastre climático, e não resolver os problemas das iniquidades sociais do mundo moderno.

A combinação perversa entre os EUA dando um mau exemplo e a concepção errônea de que a única maneira de crescer é queimar combustíveis fósseis e usar as tecnologias do século passado levou quase todos os países à inação, com exceção de alguns da União Europeia.

O resultado é que nas reuniões dos países signatários da Convenção do Clima - e já houve 14 delas antes da reunião de Copenhague, que vai ser a 15ª - o que se tem são recriminações mútuas e a repetição dos argumentos usuais dos países em desenvolvimento de que a "responsabilidade histórica" pelas emissões é dos países industrializados (o que é apenas uma meia-verdade). Uma análise cuidadosa dos dados relativos às emissões históricas de dióxido de carbono mostra que metade dessas emissões ocorreu depois de 1980. Em nome dessa responsabilidade duvidosa exigem transferência de recursos e tecnologia, o que poderia justificar-se quando se trata dos países africanos mais pobres, mas certamente não é o caso da China, da Índia e do Brasil.

As recriminações mútuas chegaram ao ponto de vermos diplomatas e organizações não-governamentais (ONGs) argumentarem que reduzir emissões nos países em desenvolvimento seria uma forma de resolver os problemas dos países desenvolvidos, que continuariam a emitir.

Em resumo, qualquer comportamento virtuoso para proteger a atmosfera é hoje refém de interesses econômicos e estratégicos dos países, tais como as barreiras protecionistas, a proteção patentária e os empréstimos internacionais. A grande maioria dos governos ainda não se convenceu da seriedade dos problemas decorrentes do aquecimento global ou enfrenta problemas mais urgentes, o que deixa os cientistas e ambientalistas defendendo atitudes e políticas às quais os governos são pouco receptivos, pressionados por interesses estabelecidos.

A verdade é que tanto nos países industrializados como nos países em desenvolvimento o crescimento econômico não depende da queima de combustíveis fósseis e, portanto, esse crescimento não implica necessariamente o aumento das emissões. A própria China mostrou que o seu crescimento econômico, que multiplicou sua renda nacional nove vezes desde 1990, foi conseguido aumentando as emissões de carbono apenas duas vezes e meia. Em outras palavras, é possível desvincular crescimento econômico e emissões, o que parece não ter sido ainda entendido por autoridades em Brasília.

Existem hoje tecnologias que não eram disponíveis há 50 anos e países podem adotar modelos de "desenvolvimento limpo", dos quais o Brasil é um exemplo (exceto pelo que se passa hoje na Amazônia). Para seguir esse caminho é essencial adotar metas quantitativas para a redução das emissões e um calendário para cumpri-las.

Isso é o que o Estado de São Paulo acaba de fazer com a lei sancionada recentemente pelo governador José Serra. Os EUA estão seguindo esse caminho, lei nesse sentido já foi aprovada pela Câmara dos Representantes e se espera que o Senado também a aprove antes da Conferência de Copenhague. Em contraposição, o que o governo federal do Brasil tem feito até agora é anunciar metas voluntárias, não mandatórias nem obrigatórias, para reduzir o desmatamento da Amazônia, que não vão impressionar os participantes da Conferência de Copenhague.

José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo

Link Original

PMDB ameaça lançar candidatura própria à Presidência para se defender de culpa por apagão

Em resposta aos ataques de líderes petistas que responsabilizaram o PMDB pelo apagão elétrico que atingiu 18 Estados na semana passada, parte da cúpula peemedebista ameaça colocar em discussão a possibilidade de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2010. Apesar do partido ter firmado pré-acordo com o PT para apoiar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão presidencial, os peemedebistas pretendem usar a candidatura própria para evitar que o partido fique desgastado com o apagão.

PMDB e PT dividem o controle do setor elétrico. Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás.

Na avaliação de peemedebistas próximos ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) --que sustentou a indicação do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) --o apagão precisa ser assumido como um problema de governo, e não de gestão.

Líderes do PMDB aceitam que Lobão preste esclarecimentos nas comissões do Congresso, mas querem evitar que o partido seja prejudicado com a "blindagem" deflagrada para evitar danos à candidatura de Dilma --pré-candidata do PT à sucessão presidencial.

A proposta de candidatura própria pode ainda ganhar fôlego com o grupo do presidente do PMDB paulista, ex-governador Orestes Quércia, Aliado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o grupo defende que o PMDB apoie o nome do tucano na disputa --mas não descarta a candidatura própria do partido.

Setores do PMDB podem utilizar o abandono petista para ampliar o número de diretórios resistentes à aliança com o PT --que envolve além de São Paulo, pelo menos Pernambuco, Paraná e Bahia. Os dois partidos ainda enfrentam problemas em alguns Estados para selar a aliança --caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Vieira (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.

Impasse

Na tentativa de solucionar impasses nos Estados para a aliança, integrantes do PT e PMDB se reuniram na semana passada no início de uma série de conversas que têm como objetivo firmar o apoio dos peemedebistas à candidatura da ministra Dilma ao Palácio do Planalto. A "comissão" integrada por cerca de dez petistas e dez peemedebistas vai discutir, em vários encontros, possíveis soluções para os impasses estaduais à aliança nacional entre as duas legendas.

Os participantes da reunião afirmam que há Estados, como São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco, onde a aliança nacional dificilmente vai se repetir nas disputas aos governos estaduais. O grupo vai focar em Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde petistas e peemedebistas esperam chegar a um acordo para candidaturas únicas.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), disse acreditar que, apesar dos impasses, não haverá recuo no pré-acordo firmado pela cúpula do PMDB para apoiar a candidatura de Dilma ao Palácio do Planalto.

Link Original

Lula para Lobão: ‘No tempo da Dilma não tinha isso’

Lula coordenava uma reunião, em seu gabinete, no instante em que 18 Estados foram desligados da tomada na semana passada.

Discutia-se no encontro a repartição dos royalties das jazidas do pré-sal.

Um ajudante de ordens entrou na sala. Entregou ao presidente uma folha de papel.

Lula devorou o texto em silêncio. Depois, socializou o conteúdo aos presentes.

O presidente leu em voz alta o documento que informava sobre o breu. E a prosa mudou de rumo.

— Que porra é essa, Lobão?

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) não soube responder.

— Me dê um minutinho, presidente.

Lobão retirou-se da sala. Deixou atrás de si vários rostos circunspectos.

Entre eles os semblantes de dois governadores: Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES).

Além da dupla, testemunharam a cena líderes do Congresso.

Dilma Rousseff não estava. Mandara Erenice Guerra, a segunda da Casa Civil.

Decorridos menos de cinco minutos, Lobão retornou ao gabinete de Lula.

Informou que havia ocorrido problemas nas linhas de transmissão.

Situou a encrenca em cidades próximas a Itaipu, cujas turbinas se desligaram.

Atribuiu a escuridão, já nesse primeiro momento, a intempéries climáticas. E Lula, de bate-pronto:

– Não me venha com esse papo de clima. Não acredito nisso.

Lobão acrescentou que, antes de melhorar, a coisa iria piorar.

O blecaute chegaria ao Rio, disse. Cabral saltou da cadeira.

O governador pendurou-se ao telefone celular.

O ministro assegurou a Lula que a luz voltaria em, no máximo, quatro horas.

Depois de disparar um par de ligações, Cabral relatou a Lula as providências que adotara.

Contou que fizera contato com a Secretaria de Segurança Pública do Rio.

Determinara que a polícia fosse às ruas, para coibir a ação de criminosos.

De resto, conversara com o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes.

Encarecera que também a guarda municipal fosse ao meio-fio.

Voltando-se para o ministro, Lula pespegou:

— Ô, Lobão, no tempo da Dilma não tinha isso.

Quem testemunhou a cena conta que Lula falou em timbre jocoso.

Algo que não impediu, nos dias seguintes, a troca de farpas entre petês e pemedebês.

A presidenciável do PT ocupou a pasta do ministro de Sarney entre 2003 e 2005.

Atribui-se a Dilma a reorganização do sistema elétrico na fase pós-apagão-FHC.

Antes de dar por encerrada a reunião, Lula dirigiu-se, de novo, a Lobão, dessa vez a sério.

— Vou pra casa dormir. Se a situação não se normalizar, quero que me telefone. Meu celular vai estar ligado.

O ministro tocou para o chefe pouco antes das duas da madrugada de quarta (11).

Reiterou a previsão. Ao amanhecer, o fornecimento de luz estaria integralmente normalizado.

E quanto às causas? Lobão repisou o lero-lero das chuvas, ventos e raios.

A semana terminou com uma ordem de Lula: quer pressa na apuração.

Link Original

Restrições do TCU atingem só 4% de 232 obras do PAC

Execução orçamentária lenta explica atrasos em projetos dos Transportes e das Cidades

Levantamento da Folha sobre obras das duas pastas mostra que, até setembro, o governo liberou menos de um quinto da verba prevista

Alvo preferencial das críticas do governo Lula quanto à paralisação de obras federais, a atuação do TCU (Tribunal de Contas da União) afeta uma proporção pequena das ações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com baixa taxa de execução neste ano.

Levantamento feito pela Folha identificou, nos ministérios dos Transportes e das Cidades, 232 projetos classificados como prioritários que, até setembro, haviam recebido menos de um quinto das verbas previstas no Orçamento deste ano. Trata-se de 40% dos projetos do PAC nas duas pastas, ou um terço do total do programa bancado com dinheiro do Tesouro.

Dessas obras com pouco ou nenhum desembolso de recursos da União, somente nove -4% do total- estão sujeitas a algum tipo de restrição do TCU, segundo cruzamento realizado com informações prestadas pelo tribunal.

São cinco ações postas sob suspeita pelo TCU nos Transportes e quatro nas Cidades, que somam R$ 612,5 milhões na lei orçamentária deste ano, ou 3% dos quase R$ 22 bilhões disponíveis para o PAC nesses ministérios, os líderes em investimentos na Esplanada.

A maior delas é a construção da ferrovia Norte-Sul (TO), para a qual há reservados R$ 454 milhões -R$ 75,3 milhões já pagos. O TCU encontrou sinais de sobrepreço em cinco contratos do projeto, incluído no índice de obras com indícios de irregularidades graves que acompanha o Orçamento.

Link Original

País teve 62 apagões graves só neste ano

Segundo o Inpe, 70% dos blecautes são causados por descargas elétricas; prejuízo anual com corte de energia é de R$ 600 milhões

Desligamentos causaram cortes superiores a 100 MW, que equivalem ao consumo médio de um município com 400 mil habitantes

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), responsável por controlar a operação e a transmissão de energia elétrica do SIN (Sistema Interligado Nacional), registrou neste ano um aumento de 29% no número de apagões de grandes proporções em relação a 2008.

Especialistas ouvidos pela Folha atribuem o aumento a condições climáticas, queimadas, desmatamento e falhas em equipamentos de transmissão, causadas por erros de planejamento ou falta de manutenção.

Na última terça-feira, o blecaute mais abrangente na história do país deixou no escuro 70 milhões de pessoas em 18 Estados e no Distrito Federal.

Segundo levantamento feito pela reportagem com base em boletins do ONS, foram registrados neste ano 62 desligamentos significativos, ou seja, com cortes superiores a 100 MW (que equivalem ao consumo médio de uma cidade com 400 mil habitantes).O valor é a referência máxima adotada pelo órgão.

Também constam nos relatórios dois desligamentos envolvendo linhas de transmissão de Itaipu, que, segundo o ONS, não geraram consequências aos consumidores.

O número desse tipo de ocorrência estava em queda nos últimos quatro anos, passando de 74 em 2005 para 48 em 2008. Empresas atribuem a redução nesse período a investimentos em melhorias da transmissão da energia. O aumento neste ano, dizem, é motivado por condições climáticas.

A maioria das ocorrências está ligada às empresas Eletronorte, Furnas e Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Os desligamentos levantados correspondem apenas às transmissoras de energia elétrica que participam do SIN, rede que liga todos os Estados (exceto RR, AM e AP).

Link Original