sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lago abre palanque a Serra no Maranhão

Candidatíssimo a disputar o governo do Maranhão mais uma vez, Jackson Lago afirmou ao Radar On Line que dará palanque no estado a José Serra. O PDT de Lago deve convidar o PSDB para ser vice e, dessa forma, garantir pelo menos três minutos no horário eleitoral. Os cotados para compor a chapa são Pastor Porto, vice-governador até a cassação de Jackson ano passado, e o deputado tucano Roberto Rocha.

Ao contrário do PDT maranhense, a cúpula do partido tende a apoiar Dilma Rousseff em outubro. A petista apoiará a reeleição de Roseana Sarney. Sobre o conflito do PDT local em apoiar Serra, Jackson diz:

– Aqui no Maranhão só temos dois palanques: o do Sarney e o contra Sarney. Não podemos estar no mesmo palanque de um grupo político contra o qual fazemos oposição há 30 anos. A nossa realidade nos impõe isso.

Saúde sob controle

Jackson Lago disse que o câncer de próstata, que o afastou da vida pública nos últimos meses, está sob controle. Aos 75 anos, Lago fará nos próximos meses sessões de quimioterapia para mantê-lo em regressão. Ele começa este mês uma série de visitas aos municípios do interior maranhense para fortalecer a candidatura – ainda não está marcado uma visita de Serra por lá.

Por Lauro Jardim

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terça-feira, 4 de maio de 2010

Chega de Intermediários!

O marqueteiro Duda Mendonça, que, segundo a revista Veja, foi contratado por Roseana por R$ 12 milhões, deu uma entrevista na semana passada para a Folha de São Paulo, em que recomendava que não tentassem mudar a personalidade de Dilma Rousseff durante a campanha e que deveriam apresentá-la como ela realmente é e deixassem o eleitor decidir se gosta ou não. Insistiu muito que é um grande erro tentar mudar o seu comportamento, digamos, mais direto, por outro mais suave e risonho.

Engraçado isso do marqueteiro de Roseana, pois aqui, na primeira vez que trabalhou para ela, tentou mudá-la totalmente e transformá-la em uma coisa que nunca foi. Roseana Sarney é uma personalidade muito conhecida e quase sempre marcada pela arrogância e requintes de suserania os quais dispensa a todos os que chegam mais perto. Ela não é a Roseana “paz e amor” que o marqueteiro apresentou em seu trabalho de estréia e que foi motivo de diversão para muita gente.

Será que o que é bom para Dilma não é para Roseana? Será que Roseana ao natural é tão ruim assim junto aos eleitores?

No passado, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil era o embaixador Lincoln Gordon, homem muito influente que aconselhava presidentes brasileiros a agir de acordo com os interesses americanos no Brasil e na América do Sul. A oposição então produziu uma frase ótima “Chega de intermediários: Lincoln Gordon para presidente do Brasil”.

Esse não será o caso do Maranhão atual? O estado hoje tem um governo horroroso e atrapalhado que não consegue iniciar o ano letivo, causando prejuízos para milhares de famílias. Um governo que reduziu a oferta de saúde do Maranhão a níveis nunca vistos de dificuldades para a população que precisa desses serviços que deveriam ser fornecidos pelo estado. Um governo que deixa os agricultores rurais sem nenhuma ajuda para plantar e colher sua lavoura. Um governo que, em termos de segurança pública, conseguiu a proeza de apresentar uma greve da Polícia Civil por falta de segurança e de condições de trabalho e que passa o seu tempo endividando o estado e em busca de empréstimos que ninguém sabe onde serão aplicados os recursos.

Enfim, com a rejeição enorme e crescente de Roseana, por que então não evitarmos os intermediários e irmos direto ao ponto? Por que não: “chega de intermediários: Duda Mendonça para governador do Maranhão”? Talvez fosse chapa mais leve... Afinal, o marqueteiro é muito simpático.

Pois bem, a esperança é que tem sido impressionante a passagem de Flávio Dino e da oposição por vários municípios do interior. O desejo de ouvi-lo tem juntado muita gente em salas lotadas. O desejo de mudança está muito forte na população que está cansada da política antiga, praticada aqui pela família Sarney, e que não trouxe nenhum resultado. Afinal são mais de quarenta em que o Maranhão só faz perder espaços, econômicos e sociais, entre os outros estados, inclusive do Nordeste. Naqueles anos, nosso estado só andou para trás, dissociando-se completamente dos reais interesses da população desprovida de água encanada, esgoto, serviços de saúde, de escolas de qualidade, de segurança pública, de oportunidades de emprego etc.
Assim, a exigência de mudanças tornou-se imperiosa. E a isto tudo somam-se as terríveis notícias que pululam quase diariamente e abalam o estado com os escândalos que envolvem os Sarneys. Sim, quase todos os dias os maranhenses tomam conhecimento de um fato novo e degradante relacionado a atuação de membros da famigerada família. Hoje o Maranhão, por causa disso tudo, é citado como (mau) exemplo em casos de pobreza, exclusão social, e é apontado como referência ruim para qualquer comparação. E para agravar tudo, o que aconteceu em 2009 com o golpe judiciário praticado em salas de tribunais, agrediu a democracia, fazendo o povo maranhense sentir-se igualmente agredido. Há uma revolta latente em todo o estado.

Hoje, mesmo no governo e com as ameaças de uma campanha violenta e de um vale tudo na campanha, a situação de Roseana é pior que em 2006. Em junho de 2006, as pesquisas da época mostravam Roseana com 70% de intenções de voto, enquanto Jackson Lago tinha 22% e Edson Vidigal tinha 3%. A soma da intenção de votos na oposição era de 25%, enquanto Roseana tinha 70%. Era quase impossível, mas aconteceu durante a campanha uma grande virada e Roseana caiu sempre durante esse período e teve 48,5% na eleição do primeiro turno e a oposição 51,5%, o que levou a eleição para o segundo turno, que mais tarde perdeu.

Desta vez, ela não consegue passar de 45% embora já tenha trazido o Lula três vezes e a Dilma duas, além do anuncio de refinarias etc. E nada disso adiantou. A maioria decidiu não apoiá-la e hoje, agora, já haveria o segundo turno. Roseana já anuncia a quarta vinda do presidente em maio e ele consegue tudo, menos diminuir a rejeição associada à imagem de Roseana Sarney.

O que vai acontecer quando a campanha começar e quando tiver início o programa eleitoral na televisão? O mesmo que aconteceu em 2006: ela será a única a cair nas pesquisas, enquanto os seus adversários irão crescer.

A obstinada cooptação dos prefeitos para apoiá-la não adiantou até agora e é por isso que ela apela para Duda Mendonça, já que pouca coisa poderá fazer para baixar a imensa rejeição da família. E chegaram ao ponto de não deixar o senador Sarney, seu pai, participar de nenhum ato público consigo. Ele só aparece perto dela junto com Lula. Sem o presidente, nada feito.

E a badalada intervenção no PT? Será que terão coragem de afrontar a opinião pública nacional, mudando o que foi decidido em convenção convocada com esse fim para dar o partido a família Sarney? Com todos os escândalos que estão nas manchetes dos jornais quase diariamente?
É difícil de acreditar...

E o pior poderá vir, como foi publicado na coluna Painel, da Folha: A executiva nacional do DEM está dividida quanto ao apoio a Roseana Sarney do PMDB do Maranhão. Enquanto lutam para mudar, também no “tapetão”, a decisão do PT, esqueceram o DEM e agora podem ficar sem PT ( já decidido) e sem o DEM.

Nem Duda dá jeito nisso...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Maranhão sofre com a Educação, mas governadora “vendeu” secretaria ao PT

Caso de polícia - A revista “Época” traz em sua última edição mais um caso de descalabro cometido pela governadora Roseana Sarney (PMDB). No Maranhão, estado que lidera o ranking da miserabilidade nacional, a Educação mescla a incompetência do Estado com a corrupção praticada por seus agentes. Dos R$ 197 milhões enviados pelo governo federal para diversos municípios maranhenses, R$ 49 milhões foram sorrateiramente desviados.


Mesmo diante de um quadro desesperador, Roseana Sarney preferiu usar a Secretaria da Educação como ferramenta política, pois somente a perpetuação ignorância pode fazer com que o povo do Maranhão endosse a ditadura que o clã Sarney comanda a partir da Praia do Calhau. Sempre à sombra do pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), a governadora entregou facilmente a Secretaria de Educação ao petista Anselmo Raposo, que em seu discurso de posse disse ser legítima a entrega da pasta ao PT, pois o objetivo maior do partido era, como ainda é, fazer de Dilma Rousseff a sucessora do messiânico Lula.

Para que os leitores entendam o que o PT deve fazer na Educação maranhense, o ex-deputado federal Washington Luiz (PT) – ele assumiu como suplente durante alguns meses – disse, durante a posse do novo secretário, que “o companheiro Anselmo é um profissional de reconhecida competência. Ele fará uma grande gestão. Sem dúvida a educação no nosso Estado passará por grandes transformações”. Ora, não é possível que alguém que assume uma pasta de tamanha importância e carência tenha por objetivo maior a eleição de uma candidata do partido. Além disso, é preciso destacar que Washington Luiz continua aparecendo em seu sítio eletrônico como deputado federal, cargo que deixou no final de março.

No que tange à Educação no Maranhão, é importante recuar no tempo e resgatar parte da história. O caos que ora domina o setor é reflexo da incompetência de Roseana Sarney durante os oito anos em que ocupou o Palácio dos Leões, sede do Executivo. À época, a Secretaria da Educação estava sob a responsabilidade de Gastão Vieira, que atualmente cumpre mandato de deputado federal pelo PMDB. Na ocasião, um bisonho triunvirato formado Roseana Sarney, Jorge Murad (primeiro-marido) e Gastão Vieira resultou na assinatura de um contrato no valor de R$ 110 milhões entre o governo do Maranhão e a Fundação Roberto Marinho, que assumiu o compromisso de disponibilizar o programa d educação à distância. Sempre lembrando que nos dois mandatos seguidos como governadora a filha do presidente do Senado sequer construiu uma só escola de segundo grau no estado. E mais: retransmissora da Rede Globo, a TV Mirante é de propriedade da família Sarney.

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Megaescândalo do governo Roseana segue sem punições

‘CASO USIMAR’

Processo do ‘caso Usimar’ está na Justiça Federal há mais de um ano e meio; Roseana Sarney, Jorge Murad e mais 38 pessoas são réus no processo, que resultou das investigações da PF e do MPF sobre o desvio de R$ 44,2 milhões da Sudam para uma indústria de autopeças que nunca foi construída

Agora, o governo Roseana Sarney quer vender o terreno da ‘fábrica fantasma’, mesmo com o ‘caso Usimar’ estando ainda sub judice; um diretor da empresa Aço Maranhão confirmou que a empresa está em negociações com a secretaria de Indústria e Comércio

POR OSWALDO VIVIANI

No próximo dia 9, vai fazer exatos um ano e oito meses que o processo sobre o "caso Usimar" - um megaescândalo do segundo mandato de Roseana Sarney Murad (1999-2002) deu entrada na 6ª Vara da Justiça Federal do Maranhão. O processo, que tem Roseana e seu marido Jorge Francisco Murad Júnior como dois dos 40 réus, é resultado de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) sobre o desvio de R$ 44,2 milhões da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a construção, em São Luís, de uma fábrica de autopeças que nunca saiu do papel. As investigações começaram em 2001 e duraram 2 anos. Além do "caso Usimar", do Maranhão, foram apuradas fraudes em projetos da Sudam em outros cinco estados - Tocantins, Mato Grosso, Pará, Amazonas e Amapá.

O calhamaço resultante dos trabalhos investigativos sobre o "caso Usimar" tem 3.097 páginas, totalizando 11 volumes e 19 apensos (anexos processuais). O processo, de número 200137000080856, estava no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 13 de abril de 2004, mas foi devolvido à sua origem - a Justiça Federal do Maranhão - por decisão da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo, em 23 de junho de 2008. A juíza acatou parecer do então procurador-geral da República, José Paulo Sepúlveda Pertence, de que o STF não teria competência para julgar o processo, o qual chegou às mãos do juiz titular da 6ª Vara Federal, Nelson Loureiro dos Santos, em 9 de setembro de 2008.

Procurado pelo Jornal Pequeno na quarta-feira (28), o juiz Nelson Loureiro preferiu não conceder entrevista para falar sobre o caso, que está sob segredo de Justiça, mas fez chegar à reportagem sua justificativa para a demora na decisão.

Segundo o magistrado, o processo não parou, como pode parecer. Apenas não prossegue com a agilidade que seria esperada, explicou o juiz, porque são muitos os requeridos (réus) - quarenta -, grande parte deles residente em outros estados. Isso, de acordo com Nelson Loureiro, torna mais lento o encaminhamento de petições e recursos dos advogados, bastante dificultado, nesses casos, pois tem de ser feito por meio de cartas precatórias.

Projeto faraônico - A Usimar - Usina Siderúrgica do Maranhão Componentes Automotivos Ltda. - foi um projeto faraônico com custo de 1 bilhão, 380 milhões, 54 mil e 840 reais, conforme informava a placa instalada no canteiro da obra. Foi idealizado no final dos anos 1990 pelo governo Roseana Sarney, com a finalidade teórica de produzir autopeças numa fábrica que deveria ser instalada no Distrito Industrial, em São Luís.

A liberação de R$ 690 milhões para os investimentos iniciais do projeto (outros R$ 690 milhões viriam de um sócio privado, o paranaense Teodoro Hübner Filho, dono da fábrica de autopeças New Hübner, em Curitiba) foi aprovada numa reunião do Condel (Conselho Deliberativo) da Sudam, em São Luís, em 14 de dezembro de 1999, presidida por Roseana Sarney (então no PFL, hoje no PMDB). A reunião aconteceu a toque de caixa, pois vinte dias antes, Roseana havia pedido ao então ministro da Integração Nacional, o potiguar Fernando Luiz Gonçalves Bezerra, que incluísse o projeto na pauta da reunião do conselho. O marido da governadora, Jorge Murad, na época supergerente de Planejamento do governo estadual, defendeu com veemência a liberação das verbas.

Murad chegou a tentar convencer o único representante do conselho que era contrário ao projeto Usimar - José Barroso Tostes Neto, superintendente da Receita Federal no Pará e representante do Ministério da Fazenda no Condel - a mudar seu voto. Mas Tostes Neto manteve sua posição, argumentando que o processo da Usimar estava cheio de irregularidades, como a falta de comprovação de investimentos e da capacidade financeira dos donos de implantar uma indústria de R$ 1,38 bilhão em dois anos. Foi voto vencido. O projeto foi aprovado por dezenove votos a favor e um contra, o de Tostes Neto.

A Sudam teria liberado, meses depois, R$ 44,2 milhões, em duas parcelas de R$ 22,1. Técnicos da Sudam não conseguiram comprovar a contrapartida da Usimar. Segundo o MPF, menos de R$ 5 milhões foram efetivamente gastos no projeto.


O que seria a faraônica Usimar hoje é um símbolo a céu aberto da corrupção que campeou na gestão Roseana Sarney/Jorge Murad de 1995 a 2002. Roseana Sarney sempre negou seu envolvimento na liberação e nas fraudes que resultaram no desvio das dezenas de milhões da Sudam. Em entrevistas à imprensa, ela disse que apenas referendou uma decisão do Condel e que toda a responsabilidade cabia aos técnicos da Sudam.

‘Propinoduto’ - Para o Ministério Público Federal, no entanto, o projeto Usimar foi criado exclusivamente para fraudar a Sudam, e a fraude teve participação ativa de Roseana Sarney e Jorge Murad. A investigação sobre o "caso Usimar" evitou que o restante dos R$ 690 milhões liberados pelo Conselho Deliberativo da Sudam fosse parar nos bolsos dos "cabeças" do esquema criminoso.

O "chefão" em nível nacional do "esquema Sudam", segundo o MPF, seria o ex-senador e atual deputado federal Jader Fontenelle Barbalho (PMDB-PA), que dominava politicamente a entidade. Ele teria recebido 20% de "propina" de todos os valores liberados. Somente no projeto Usimar, Jader teria ganho R$ 8,8 milhões dos recursos que saíram da Sudam (R$ 44,2 milhões).
Em 2001, após denúncias sobre desvios na Sudam, Jader Barbalho renunciou à presidência do Senado e, mais tarde, ao seu mandato, para evitar ser cassado. Em 2002, voltou à vida pública como o candidato mais votado à Câmara Federal em seu estado. Em fevereiro do mesmo ano em que foi eleito havia sido preso pela Polícia Federal em Belém, a pedido da Justiça Federal de Tocantins. O ex-superintendente da Sudam, José Arthur Guedes Tourinho, também foi preso na mesma operação.

Usimar e Lunus - No bojo das investigações do "caso Usimar", a Polícia Federal cumpriu, em 1º de março de 2002, um mandato judicial de busca e apreensão na empresa Lunus, de Roseana Sarney e Jorge Murad, localizada no bairro Renascença, em São Luís. Além de R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo, cuja origem suspeita jamais foi devidamente explicada pelo casal, a PF encontrou na Lunus documentos que ligavam Murad ao projeto Usimar, embora ele sempre tenha rejeitado a acusação de ter pressionado conselheiros da extinta Sudam a liberar recursos para o projeto.

Na sede da Lunus, a polícia achou uma carta endereçada a Murad com tópicos como "Reunião do Condel", "Usimar - Pendências" e "Resumo do Projeto". A PF encontrou também um documento enviado pela Sudam, via fax, a Jorge Murad: o ofício DAI 695/99, de setembro de 1999, assinado pelo então superintendente da Sudam, José Arthur Guedes Tourinho, e por um funcionário do órgão, Honorato Luís Lima Cosenza Nogueira. O ofício foi endereçado à Usimar quando a empresa tinha apenas um mês de vida.

Durante as investigações, o Ministério Público e a PF descobriram que as comissões cobradas por Jader Barbalho foram trocadas por dólares, na casa de câmbio Cruzeiro, de propriedade do doleiro José Samuel Benzecry, localizada em Belém.

As fraudes nos projetos da Sudam - que sangraram perto de R$ 1,5 bilhão dos cofres públicos - levaram à extinção do órgão, em março de 2001 (depois de quase 35 anos de existência), sendo criada em seu lugar a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA). (Continua na próxima página)

Governo Roseana quer vender terreno da ‘fábrica fantasma’

O terreno onde deveria ter sido construída a Usimar Componentes Automotivos - projeto que sangrou R$ 44,2 milhões em recursos públicos federais - deve ser vendido nos próximos dias pelo governo Roseana Sarney. A governadora é ré no processo que resultou das investigações sobre fraudes no projeto.

O Jornal Pequeno apurou que o negócio estaria prestes a ser fechado entre a Secretaria Estadual de Indústria e Comércio e a empresa Aço Maranhão Ltda.

O gerente de Vendas da Aço Maranhão, Josevaldo Paixão Vieira, confirmou a negociação. Ele disse que a empresa - uma das maiores distribuidoras de aços laminados planos e não planos do estado - necessita de mais um local para depósito de seus produtos e que o terreno em que deveria ser instalada a Usimar será usado para esta finalidade, caso o negócio se concretize. Vieira não quis falar sobre as cifras envolvidas na negociação.

Projeto Usimar nunca passou do canteiro de obras

A reportagem do JP tentou contato, na sexta-feira (30), com o secretário estadual de Indústria e Comércio, José Maurício de Macedo Santos, mas uma funcionária de seu gabinete, de nome Laura, informou que Santos tinha várias reuniões agendadas e, quando fosse possível, retornaria a ligação, o que não aconteceu até a manhã de ontem.

De acordo com um advogado consultado pelo JP, a venda do terreno da Usimar pelo governo estadual pode ser contestada judicialmente, uma vez que o caso ainda está sub judice.

‘Cemitério da Usimar’ - O terreno onde deveria ser instalado o faraônico projeto Usimar fica na BR-135, nas proximidades da Vila Maranhão. O local se assemelha, hoje, a um cemitério. E não é força de expressão. As duas dezenas de pilastras de concreto que restaram do projeto - que não avançou além do canteiro de obras - têm formato de cruzes, cravadas na mata densa. Parecem lembrar os R$ 44,2 milhões que foram enterrados ali.

Além das pilastras, só restaram do canteiro inicial meia dúzia de barracões de madeira abandonados, já carcomidos pelo tempo, que serviram de alojamento para os operários da obra inacabada.

Quem toma conta do "cemitério da Usimar" é o vigia José Carlos Silva, que mora num dos barracões abandonados. Ele deu início a uma pequena plantação de mandioca, melancia e mamão - e só com essa iniciativa já superou a "produção zero" da "fábrica fantasma" de R$ 1,38 bilhão do governo Roseana.

OS RÉUS DO ‘CASO USIMAR’

1. Roseana Sarney Murad (governadora do Maranhão na época do escândalo Usimar, presidiu o Conselho Deliberativo (Condel) da Sudam que liberou recursos para o projeto)

2. Jorge Francisco Murad Júnior (marido de Roseana, então gerente de Planejamento, pressionou membros do Condel para que liberassem os recursos à Usimar)

3. José Arthur Guedes Tourinho (superintendente da Sudam de 1996 a outubro de 1999, indicação de Jader Barbalho; está envolvido em quase todas as fraudes da Sudam)

4. Maurício Benedito Barreira Vasconcelos (também ligado a Jader Barbalho, assumiu a superintendência da Sudam com a saída de Tourinho, em outubro de 1999; comandava o órgão quando saíram os recursos para o projeto Usimar; foi ministro interino de Integração Nacional, de 17.07.2000 a 4.12.2000, gestão FHC)

5. Aldenor Cunha Rebouças (dono da AC Rebouças, empresa de consultoria que prestou serviços à Usimar, sendo responsável pelo projeto técnico da empresa)

6. Fábio Vaz de Lima (técnico agrícola, marido de Marina Silva, hoje pré-candidata à Presidência da República; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

7. Dante Martins de Oliveira (falecido, ex-governador do Mato Grosso, tinha assento no Conselho Deliberativo da Sudam)

8. Alexandre Firmino de Melo Filho (publicitário, marido da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, era ministro interino da Integração Nacional na época em que os recursos para a Usimar foram liberados - ocupou o cargo de 20.8.1999 a 17.7.2000, gestão FHC)

9. Honorato Luís Lima Cosenza Nogueira (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

10. Alexandre Rizzotto Falcão (secretário estadual de Indústria e Comércio na época da liberação do dinheiro para a Usimar; segundo o MPF, participou do esquema de desvio dos recursos)

11. Valmor Felipetto (diretor da Hübner, empresa que era a sócia privada do projeto Usimar; segundo o MPF, participou do desvio dos recursos)

12. Carlos Fernandes Xavier (preside há mais de 20 anos a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará - Faepa; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

13. Madson Antônio Brandão da Costa (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

14. Admilson Fernando de Oliveira Monteiro (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

15. Maria José Corrêa Alves (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

16. Antonio Alves de Oliveira Filho (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

17. Mário Jorge de Macedo Bringel (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

18. Márcia Pastor da Silva Pinheiro (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

19. Antonio dos Santos Ferreira Neto (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

20. Raimundo Rogério Dias Magalhães (exercia função burocrática na Sudam; segundo o MPF, contribuiu para as fraudes no "caso Usimar")

21. Isper Abrahim Lima (amazonense, ligado ao ex-governador Eduardo Braga (PMDB), que deixou o cargo em abril para disputar o Senado; atualmente, é secretário da Fazenda do Amazonas; em 2004, foi denunciado por envolvimento em um esquema de corrupção e fraudes e licitações públicas no Amazonas; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

22. Francisco Sérgio Belich de Souza Leão (paraense, ligado aos ex-governadores Almir José de Oliveira Gabriel (duas gestões, 1995 a 2002) e Simão Robison Oliveira Jatene (2003-2006), ambos do PSDB; foi secretário de Produção no governo de Jatene; em 2003, foi denunciado, junto a Jatene, ao STJ por corrupção passiva; teria participado de um esquema de pagamento de "propinas" da Cervejaria Paraense S/A (Cerpasa) ao governo tucano em troca de benefícios fiscais; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

23. Íris Pedro de Oliveira (foi presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) de setembro de 1988 a março de 1990; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

24. Flora Valladares Coelho (ex-presidente do Banco da Amazônia e ex-secretária de Gestão Administrativa do governo do Acre na 2ª gestão de Jorge Viana - 2003-2006; não se sabe seu papel no "caso Usimar")

OUTROS ACUSADOS


25. Marivaldo Nazareno da Silva
26. Carlos Nayro de Azevedo Coelho
27. Artur Nunes de Oliveira Filho

28. Cristovam Wandeley Picanço Diniz
29. Rui da Justa Feijão
30. Luís Hiroshi Sakamoto
31. Antonio Felipe Sanches da Costa ou Antonio Felipe Sanchez Costa
32. Nadin Ferreira da Costa
33. Fernando José Marroni de Abreu
34. Janete Oliveira Bordalo
35. Maria Aldanisa Canto dos Santos
36. Ana Cristina Costa de Souza
37. Raimundo Marques Neto
38. Francisco Doriney Baptista de Souza
39. Evaldo Guilherme Martins César
40. Paulo Ivan Alberti
41. Clineu César Coelho Filho

Maridos de Marina Silva e Lina Vieira são réus do ‘caso Usimar’

Devido ao fato de o processo sobre o "caso Usimar" correr em segredo de Justiça, não há muitas informações a respeito do papel específico desempenhado na fraude por cada um dos 40 réus citados no processo. O número de acusados quando o processo foi aberto era de 41, mas um deles - Dante Martins de Oliveira (que foi ministro da Reforma Agrária do governo José Sarney, além de governador do Mato Grosso, deputado federal e prefeito de Cuiabá, sempre pelo PMDB) - morreu em 6 de julho de 2006, aos 54 anos. A morte foi causada por complicações em consequência de diabetes. A acusação contra ele foi automaticamente extinta.

Então governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira foi um dos 19 membros do Conselho Deliberativo (Condel) da Sudam que votou a favor do projeto Usimar, numa "reunião relâmpago", em dezembro de 1999.

Fábio Vaz, Alexandre Firmino, Arthur Tourinho, Aldenor Rebouças e Carlos Xavier: improbidade

Famoso por ter relatado a emenda constitucional que propunha eleições "Diretas, Já" para presidente, apresentada ao Congresso em 1983 e rejeitada, Dante era amigo íntimo de integrantes do clã Sarney desde quando foi indicado ministro pelo patriarca da família, em 1986. Seu irmão Armando de Oliveira - conhecido como "Armandinho Nova República", de acordo com relato de Palmério Dória em seu livro "Honoráveis Bandidos - Um Retrato do Brasil na era Sarney" - igualmente tinha laços de amizade com a família Sarney, chegando a ser sócio do primogênito Fernando numa empresa.

Já o paraense José Arthur Guedes Tourinho é um nome que aparece com destaque tanto no "caso Usimar" como em quase todas as outras fraudes detectadas pelos órgãos de investigação em projetos da Sudam.

Tourinho - amigo de adolescência de Jader Barbalho, que foi apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal como o "chefão" do "esquema Sudam" - foi superintendente do órgão de 1996 a outubro de 1999, por indicação de Jader. Depois de deixar a Sudam, Tourinho virou "cartola" do futebol paraense. Presidiu o Paysandu Sport Club de 2000 a 2007. Hoje é presidente da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa).

Além de Dante de Oliveira, Roseana Sarney, Jorge Murad e Guedes Tourinho, outros dois nomes chamam atenção entre os 41 requeridos do "caso Usimar" relacionados pela Justiça: o do técnico agrícola acreano Fábio Vaz de Lima e o do publicitário potiguar Alexandre Firmino de Melo Filho.
Fábio é nada menos que o marido da pré-candidata à Presidência da República pelo PV, Maria Osmarina Marina Silva de Lima, mais conhecida como Marina Silva. Os dois são casados há mais de 20 anos.

Atualmente Fábio Vaz de Lima é secretário de Governo do Acre (gestão do petista Arnóbio Marques de Almeida, o "Binho Marques"). Não se sabe sua real participação no "caso Usimar". A reportagem do Jornal Pequeno telefonou para o gabinete de Fábio no governo acreano, mas sua secretária, de nome Patrícia, informou que ele havia viajado a São Paulo e que entraria em contato com o JP assim que chegasse à capital do Acre, Rio Branco. Até o fechamento dessa matéria, ontem, ele não havia retornado a ligação.

Alexandre Firmino também tem cônjuge célebre - Lina Maria Vieira, ex-secretária da Receita Federal. Lina ganhou notoriedade nacional quando, em agosto de 2009, num depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, declarou que foi chamada ao gabinete da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que teria pedido a Lina para "agilizar" as investigações que estavam sendo feitas pelo "Leão" em empresas da família Sarney. Lina classificou o pedido de "descabido" e de "intromissão indevida". Dilma negou a reunião, que, no entanto, teve data e horário registrados na agenda de Lina: 9 de outubro de 2008, às 11h.

Firmino - que fez incursões como "marqueteiro" de vários políticos - era secretário executivo do Ministério da Integração Nacional do governo Fernando Henrique Cardoso (duas gestões, 1995-2002). Ele ocupava o cargo de ministro, interinamente, no lugar de Fernando Bezerra, quando o projeto Usimar foi aprovado e a verba de R$ 44,2 milhões liberada: final de 1999 e início de 2000, respectivamente.

O nome do empresário pernambucano Aldenor Cunha Rebouças também foi relacionado entre os réus do "caso Usimar". Sua empresa, a AC Rebouças & Consultores (já extinta), prestou serviços à "fábrica fantasma", sendo responsável pelo projeto técnico da empresa. Aldenor, segundo a PF e o MPF, era especialista em criar empresas em paraísos fiscais e registrá-las em nome de "laranjas". Chegou a ser condenado a 4 anos de reclusão por fraude fiscal, em 2005. Safou-se por conta de recursos jurídicos. Hoje em relativa inatividade, Rebouças integra a diretoria de uma entidade de nome pomposo - a Associação Brasileira de Empreendimentos de Comércio Justo e Solidário (Ecojus).

Todos os acusados do "caso Usimar" respondem por improbidade administrativa. Veja ao lado a relação dos réus e conheça a participação de alguns deles.

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