O estado do Ceará era um estado dominado pelos coronéis, até que a sociedade civil decidiu participar ativamente contra essa situação. Inicialmente, estudando a fundo os indicadores socioeconômicos, ou seja, a realidade do estado e seus problemas, o semi-árido incluído, e debatendo programas de desenvolvimento que pudessem indicar oportunidades para elevar de patamar o PIB, a renda per capita, a educação, o IDH, chegando, assim, a um desenvolvimento compatível com as potencialidades do estado.
Como a Federação de Indústrias do Ceará era um feudo dos
coronéis que se revezavam no comando do estado, e essas pessoas que resolveram
reagir eram jovens empresários e professores universitários, alguns do ramo da
indústria e do comércio, resolveram criar uma entidade empresarial comandada
por eles e ajudados pelo governador Gonzaga Mota, que havia se afastado dos
coronéis. Eles passaram a usar essa entidade para centralizar ali os estudos e
programas necessários para mudar o estado.
Eu mesmo, formado em engenharia pela Universidade Federal do
Ceará, fiz ali várias palestras, uma como Diretor Geral do DNOS e outras como
Superintendente da Sudene e Ministro dos Transportes. No DNOS, mostrei os
estudos da transposição de águas do Rio São Francisco, um projeto que se
originou na minha administração por determinação do ministro Mário Andreazza.
Desse projeto saiu uma obra fundamental para o estado, que foi a Barragem do
Castanhão, já realizada, que permitiu regularizar o Rio Jaguaribe, que antes
tinha suas preciosas águas indo direto para o oceano, com grandes benefícios
não só para o abastecimento de água em diversas cidades, inclusive Fortaleza,
como também para a agricultura. Na SUDENE, falei sobre os projetos de
desenvolvimento do órgão e as prioridades para o Ceará. Já no Ministério dos Transportes,
sobre a infraestrutura de transportes do estado e a priorização das mais
importantes.
Dessa entidade saíram governadores, senadores, deputados,
secretários de estado e hoje o estado do Ceará é o que é, um dos mais
desenvolvidos do Nordeste, graças aos debates e estudos ali propostos e
realizados.
No Maranhão não se vê nada disso, pois a sociedade parece
contida pelo receio de contrariar o grupo que há cinquenta anos manda no
estado, causa direta do atraso e da pobreza aqui existente.
E olhe que a situação do Ceará jamais chegou ao fundo do poço
que atingimos. Aqui a sociedade nada discute nem nada propõe. Nem em relação ao
mais fundamental dos nossos problemas que é a educação, a pior do Brasil. Isso
permite que as coisas não mudem e que cada vez nos afundemos mais na pobreza e
na desesperança.
Vejo, porém, uma esperança na nova postura da Fiema, aberta a
discussão e ao estudo dos problemas do Maranhão, entre eles a educação. Mesmo
porque sem educação de qualidade e boa formação de mão de obra o
desenvolvimento fica tolhido e contido, pois com a menor renda per capita do
país, os negócios se restringem a uma pequena parte da população.
Está mais do que na hora da sociedade civil se dispor a
repetir aqui o que foi feito nos anos 80 no vizinho estado do Ceará e que,
desta forma, todo esse quadro desolador de atraso e pobreza possa mudar de vez.
Precisamos de projetos que sejam de Estado e não apenas de
governos, que mudam de orientação de quatro em quatro anos. Projetos
permanentes, definidos em consenso e debates para serem aplicados por governos
sucessivamente, com metas a alcançar.
Vamos nos unir e encarar esse desafio de estudar e debater,
para mudar o Maranhão.
Ruim é ficarmos como estamos hoje.
A todos os meus amigos e leitores um Feliz
Natal. Que haja alegria em seus lares, paz e muitas felicidades. É o que desejamos eu e minha família a todos os maranhenses.