Diogo Mainardi: Olhe só que farra: - Uma afilhada de José Sarney está para ser indicada por Lula à Anatel.
- A Anatel está mudando a lei para beneficiar a Oi, que comprou a empresa do filho de Lula.
- Um dos donos da Oi, Carlos Jereissati, é sócio no shopping-center Praia de Belas, em Porto Alegre, de Jorge Murad, o genro de José Sarney.
Se tudo der certo, a árvore genealógica do lulo-sarneyzismo vai ficar assim: Lula nomeia a afilhada de José Sarney, ela muda a lei para favorecer o sócio do marido da filha de José Sarney, cuja empresa bancou o filho de Lula, que assina a lei.
Eu disse certa vez que o desejo de Lula era se transformar num José Sarney. Na verdade, ele foi muito mais longe do que isso: transformou-se num parente. Um parente político e empresarial.
Os herdeiros das antigas dinastias européias se uniam em casamento. Os herdeiros das atuais dinastias políticas brasileiras se unem em empresas cotadas na bolsa de Nova York. De um lado, o rei de Garanhuns. Do outro, o rei do Amapá. No meio dos dois, o ducado tucano do Ceará.
De uns tempos para cá, sempre que eu denuncio alguma estranheza, os leitores reagem repetindo o mesmo mantra:
- Isso não vai dar em nada.
A estranheza denunciada neste podcast se refere à parceria entre o dono da Oi e os familiares de José Sarney, que cria mais um conflito de interesse na Anatel, como se não bastasse a empresa do filho de Lula.
Qual será o resultado prático dessa denúncia?
Nenhum. A afilhada de José Sarney será aprovada pelo Senado. A Anatel mudará a lei para permitir a venda da Brasil Telecom à Oi. O BNDES financiará o negócio. Carlos Jereissati controlará a companhia tendo menos de 3% de seu capital. Daniel Dantas aumentará seu rebanho de gado no Pará.
Mas é assim que funciona a imprensa. Quem tem o papel de julgar os políticos é a magistratura. Quem tem o papel de mudá-los é o eleitor. A imprensa pode somente noticiar e comentar os fatos. É pouco? Claro que é pouco. É melhor gastar seu tempo comigo ou com Tolstói?
Claro que é melhor gastá-lo com Tolstói. A escolha para o jornalista diante de uma notícia é muito simples: consiste em publicá-la ou sonegá-la. Publicá-la nunca dá em nada. Sonegá-la sempre dá em algo ainda pior.
Comentário do Blog: E precisa comentar?
Um comentário:
Deu no blog da Adriana Vandoni
Roseana Sarney, mais uma vez
Em 2002 Roseana teve sua candidatura à presidência de República implodida pelo dinheiro encontrado na firma Lunus que pertence a ela juntamente com seu marido Jorge Murad, foi encontrados pela polícia federal, no cofre da firma inexplicáveis 1,3 milhões de reais em espécie.
Agora ela volta a atacar Documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Navalha, em maio de 2007, associam o nome da senadora Roseana Sarney (PMDB) aos movimentos do empresário Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama. A senadora seria, supostamente, beneficiária de uma quantia de R$ 200 mil durante sua campanha ao governo do Maranhão, em 2006. A notícia é divulgada hoje pela revista Veja.
Ouvida pela revista, a governadora negou a ligação e garantiu não ter recebido nenhuma ajuda do empresário. "Ao contrário, ele ajudou muito meu adversário na campanha".
É, pode ser que ela esteja dizendo a verdade, mas é muito difícil.
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