segunda-feira, 5 de abril de 2010

Impávido Colosso

por NELSON MOTTA

Não perco uma coluna do Sarney na Folha de S. Paulo. Não pela qualidade jornalística ou literária dos seus textos, mas para me surpreender, me divertir e me assombrar com esse quase inverossímil personagem do Brasil moderno, que desafia a imaginação de qualquer ficcionista. Como alguém assim chegou aonde chegou? Como permanece? Que forças estranhas o movem e o protegem?

A última foi antológica. Ele se espantava com uma pesquisa que dava a internet como primeira fonte de notícias para os brasileiros, superando o rádio e a TV. "Mas no Maranhão dá TV, imbatível, 80% contra 4,3% da internet", ressalvava, não se sabe se com orgulho ou vergonha. A pesquisa nacional era preocupante: "Se o alcance da internet começa assim, o que virá depois?"
Como a família Sarney é dona da TV Mirante, que exibe a programação da TV Globo e domina a audiência no Estado, algum leitor malicioso pode ser levado a crer que, para ele, o melhor mesmo é que a televisão continue imbatível, porque a internet, como é livre, é uma ameaça ao domínio da informação. E o pior é que nunca se sabe o que virá depois.

E por que o Maranhão é o Estado mais atrasado do Brasil (também) na internet? Talvez os 40 anos de administração Sarney possam explicar. Ele diz que ela lhe dá medo:

"O volume de informação que ela nos oferece é tão grande que é impossível saber onde está a verdade", conclui, como se possível fosse encontrá-la nos seus jornais, rádios e TVs. Ah, não se fazem verdades como antigamente, deve se lamentar.

Mas o melhor é o final, quando ele diz que "os jornais morrem de duas doenças: a política e a idiossincrasia".

"Jornais políticos perdem leitores e a credibilidade; os que têm idiossincrasias com pessoas e escolhem inimigos para bajular também contraem o vírus da morte", sentencia.

A família Sarney é dona d"O Estado Maranhão, o jornal, que domina o mercado porque não faz política nem tem idiossincrasias. Tem imparcialidade e credibilidade, do contrário não receberia tantas verbas publicitárias municipais, estaduais e federais.

Que ficcionista! Que pensador! Que visão crítica! Que...

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3 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez Nelson Motta nos brinca com um texto bastante lúcido e centrado
Contudo, aqui no MA, a imprenssa escrita, não somente o Estado do MA, tem servido apenas a interesses de grupos políticos, cada qual no seu lado e este não é o papel da imprensa cujo papel fundamental é informação dos fatos com imparcialidade.
mauricio

mauricio.miguel@yahoo.com.br

Tadeu disse...

Governado, achei seu artigo do jornal pequeno simplesmente explêndido, foi de uma síntese brilhante!! Só não me conformo que no Brasil ainda se faça politica assim, como bem colocou o Governador Aecio Neves nas paginas amarelas da veja, que no Brasil ainda predomina o messianismo politico, ou seja, o lulismo onde todos os que são contra, ou que não sejam eleitores dele são jogados a malhação midiática, agem como se Lula fosse um profeta que fez e faz milhagres! Tenho que concordar que ele fez sim bons programas sociais, mas ele só sabe exautar sua propria imagem, como sendo o salvador da pátria! Continue com seus pensamentos a favor do Maranhão! Grande abraço!

Bernardo dos Santos disse...

É lamentável, mas um homem que foi presidente da república, hoje é motivo de piadas e chacotas de norte a sul deste país. Sou graduando de pedagogia na UERJ, Rio, onde moro, e muitas vezes me sinto constrangido quandos os professores malham a família Sarney, fica parecendo que no nosso Maranhão só tem corrupto; é dificil para nós maranhenses aturar essas coisas.
mas acredito piamente que essas novas lideranças políticas vão trazer dignidade e respeito ao povo de nossa terra, para que possamos nos orgulharmos ainda mais de ter nascido neste pedaço de Brasil que se chama MARANHÃO.