A governadora Roseana Sarney
temerariamente lançou a candidatura do Chefe da Casa Civil, Luís Fernando, ao
governo do estado na semana passada. Ela mal completou nove meses de mandato e,
contrariando a prática política de preservar o seu próprio governo, só
permitindo o debate de sua sucessão no ultimo ano, ela inopinadamente
lançou seu candidato ao governo para a eleição de 2014.
Todos os governadores não
admitem sombra política, pois isso desvia o foco da gestão que nesse período
tenta encontrar seu rumo e lançar os seus mais importantes programas de
governo. Mas sabe-se lá porquê, talvez devido ao marasmo em que envolveu o seu
próprio governo, ela se sentiu obrigada a lançar a novidade.
Foi tão estranho que na
Assembleia pairou uma dúvida se o chamado para Luís Fernando descer do terceiro
andar, onde é seu gabinete, para o segundo, onde é o dela, não seria para já –
agora - pois ela própria se colocou ausente e é imperioso que alguém governe. Luís
Fernando foi colocado na Casa Civil para comandar o governo, mas, por
temperamento e timidez, não assumiu até hoje, preferindo fazer seminários pelo
interior do estado. Talvez faça isso por não sentir segurança em tentar
comandar um governo sem nenhum controle, dividido, e sem programas
estruturantes e mobilizadores. Talvez saiba que do jeito que está é difícil...
E para sacramentar a grande
bagunça que se instalou ali, os blogs da Mirante, empresa da governadora,
divulgaram a notícia de modo muito revelador do clima político de mixórdia que
paira ali. Ou seja, anunciaram que ela havia lançado Luiz Fernando candidato a
sua sucessão e ao mesmo tempo matado a alcateia que ameaçava lançar candidato
dentro do grupo.
Alcateia, no dicionário, é o
substantivo coletivo para lobos. Como faz parte da oligarquia, a família Lobão,
representada na Câmara Federal, no Senado e no ministério de Dilma, chefiada
por Edison Lobão. Sim, o mesmo que foi recém- eleito senador e que, como
divulgou, teve mais votos que a governadora (fato inaceitável para a
oligarquia).
A compreensão natural
é que o anúncio feito pelas hostes miranteanas embutia uma agressão ao
“aliado”. Gratuita e desnecessária, mas dentro do jeito Roseana de ser. Pura
arrogância. Lobão, político experimentado, deve ter se queixado ao senador José
Sarney, mas nada dirá de público nem responderá a agressão. Mas na hora certa
dará o troco.
Roseana há pouco tempo deu
um “chega para lá em outro senador, desta vez João Alberto, que na moita também
é candidato ao governo do estado. João Alberto era o patrono da candidatura à
prefeitura de São Luís de Roberto Costa, seu fiel escudeiro. Se este vencesse a
eleição, João Alberto se tornaria o mais forte candidato ao governo do
estado pelo lado da oligarquia.
No entanto, Roseana, para
manter viva a candidatura de Luís Fernando, muito amigo de Jorge Murad, seu
marido, chegou espanando tudo e de surpresa lançou a candidatura de Max Barros.
Mesmo que não ganhe, impede a candidatura de Roberto Costa, que estava muito desenvolto.
Parece que ela não gosta muito dos seus senadores, pois os colocou na mira de
seus canhões…
Pois bem, este é um jogo que
ainda precisa ser jogado. Nada garante a Roseana que no final das contas tudo
fique como planejou. Tanto João Alberto quanto Lobão tem em 2014 a sua
(possivelmente) última oportunidade de voltar ao governo, como eles tanto
querem. Ambos terão ainda quatro anos de mandato de senador e portanto nada
perdem. Lobão sairá do PMDB na hora certa e irá para o PSD, onde seus amigos
lhe garantirão a legenda. João Alberto, por sua vez, é dono do PMDB, onde manda
e desmanda. Sarney, terminando mandato, não sendo candidato a reeleição,
vestirá uma saia justa e pouco poderá fazer.
Esse é o quadro que Roseana
atabalhoadamente tenta controlar, mas que dificilmente sairá como ela quer.
Não bastasse isso, Roseana
continua brincando com coisa muito séria. No seu governo anterior, inventou o
tele-ensino do segundo grau e agora faz escolhas muito descuidadas para a pasta
mais importante para o futuro do estado. Nada tenho a dizer quanto aos
escolhidos em si, mas sim, com relação a absoluta falta de preparo específico
para pasta tão importante. É garantia de que nada importante se fará ali para
corrigir o tremendo atraso do Maranhão, comparativamente com os outros estados.
É um fosso que vai se alargando negativamente. É uma irresponsabilidade muito
grande. Se fosse em uma pasta menos importante e estratégica… Mas na
Educação?
Mas para quem privou os
jovens estudantes maranhenses do ensino médio, ao ponto de, quando deixou o
governo em 2002, inexistir a oferta dessa etapa do ensino em 157 municípios do
estado, isso não é nada demais.
E agora ela comete um ato
muito reprovável. Inaugurou três UPAs como se fosse mérito dela, sem citar que
esse é um programa do governo federal, lançado ainda no governo Lula e
continuado pela presidente Dilma. Ela fez um convênio para construir dez UPAs e
até agora só concluiu três. Ela constrói com dinheiro federal e depois de
concluidas é que começará a parte de sua responsabilidade, que é o
funcionamento da unidade. Portanto, só daqui para a frente, de acordo com a
qualidade do atendimento, é que Roseana mostrará seu trabalho.
Ela, porém, muito carente de
realizações, nada disse sobre isso e tentou passar para a população que é um
projeto de seu governo. Um belo equívoco, não é, Roseana?
E já viram que agora
qualquer coisa que fazem na área da saúde é de alta complexidade? Mesmo que
seja banal, passa a ser de alta complexidade. Creio que de alta complexidade é
o governo que ela está fazendo. São os reis da marquetagem...
E para finalizar, o senador
José Sarney deve estar muito feliz com a defesa que fizeram dele na Assembléia,
quando do episódio do uso do helicóptero da PM. Isso demonstra que, com esses
amigos, ele não precisa de inimigos. A repercussão da defesa foi quase tão
grande, e negativa, quanto o uso do helicóptero. Deve ter ficado muito feliz.
Será que já agradeceu ao esforçado deputado?
7 comentários:
Este artigo é demais! Aqui esta traçado o "jogo" político da oligarquia. "Ela" só esta esquecendo que, felizmente, temos a opção de optarmos por jovens cabeças mais arejadas, politicamente falando, é claro.
[...]“Mas para quem privou os jovens estudantes maranhenses do ensino médio, ao ponto de, quando deixou o governo em 2002, inexistir a oferta dessa etapa do ensino em 157 municípios do estado, isso não é nada demais”.
Nos idos anos 80, eu terminei meu ensino fundamental (o antigo primário), eu e mais 42 colegas, na época (1982) era para cursarmos o 1º ano básico (que equivale hoje o 1ª série do ensino médio), destes somente seis concluíram o 2º grau, eram apadrinhados do prefeito e ganharam bolsa do hoje senador João Alberto, alguns desistiram e nunca mais voltaram para sala de aula, eu só concluir o ensino médio em 1996,_porque graças à política agrária do Sarney, anos atrás, meus pais perderam as terras que tinham e ficamos nunca condição insustentável, mudamos para o Estado do Pará, onde não havia energia elétrica, porém, um ensino médio gratuito e de qualidade em relação ao Maranhão que inexistia tal ensino._ Casei com um maranhense, voltei para o meu Estado, hoje sou formada em Letras, prestei dois concursos estaduais para professor, tenho duas nomeações, pena que não somos valorizados, recebemos uma proposta indecorosa da governadora sobre o piso nacional e a implantação do nosso estatuto. Fico aqui em uma reflexão: _ quantos se perderam ao longo da caminhada com essa maldita política desses sanguessugas?_ Os índice gritam mais alto do que as propagandas enganosa desse governo. O Estado mais “pobre” do Brasil és tu MARANHÃO.
“Mas para quem privou os jovens estudantes maranhenses do ensino médio, ao ponto de, quando deixou o governo em 2002, inexistir a oferta dessa etapa do ensino em 157 municípios do estado, isso não é nada demais”.
Nos idos anos 80, eu terminei meu ensino fundamental (o antigo primário), eu e mais 42 colegas, na época (1982) era para cursarmos o 1º ano básico (que equivale hoje o 1ª série do ensino médio), destes somente seis concluíram o 2º grau, eram apadrinhados do prefeito e ganharam bolsa do hoje senador João Alberto, alguns desistiram e nunca mais voltaram para sala de aula, eu só concluir o ensino médio em 1996._Porque graças à política agrária do Sarney, anos atrás, meus pais perderam as terras que tinham e ficamos em uma condição insustentável, mudamos para o Estado do Pará, onde não havia energia elétrica, porém, um ensino médio gratuito e de qualidade em relação ao Maranhão que inexistia tal ensino._ Casei com um maranhense, voltei para o meu Estado, hoje sou formada em Letras, prestei dois concursos estaduais para professor, tenho duas nomeações, pena que não somos valorizados, recebemos uma proposta indecorosa da governadora sobre o piso nacional e a implantação do nosso estatuto. Fico aqui em uma reflexão: _ quantos se perderam ao longo da caminhada com essa maldita política desses sanguessugas?_ Os índice gritam mais alto do que as propagandas enganosa desse governo. O Estado mais “pobre” do Brasil és tu MARANHÃO.
Professor Zé Reinaldo, seus artigos são como vinhos em barris de carvalho, quanto mais o tempo passa, mais soboroso fica. Parabéns
Professor Zé Reinaldo, seus artigos são como os vinhos em barris de carvalho, quanto mais tempo passa, mais saboroso fica. Parabéns
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