CARCAÇA

 Domingo passado, o jornal porta-voz da família Sarney inventou que o prefeito João Castelo estaria trazendo uma carcaça de trem para enganar o povo sobre o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Uma coisa primária, sem origem em nenhum fato, uma tremenda irresponsabilidade igual a tantas que cometem diariamente... Uma vez que não sabem como criticar e desconhecem tudo sobre o VLT, imaginam que o prefeito segue o modelo adotado no governo estadual, que é o de criar factoides como se fossem coisas sérias e importantes, como por exemplo a famosa Refinaria Premium, aquela dos 400 mil empregos. O que dirão a partir do mês que vem sobre o VLT? 

Na verdade, o que acontece é que o governo estadual está transformando todo o estado numa carcaça do que já foi e podemos mais uma vez enumerar. Vejamos: o aeroporto que já foi internacional, hoje é uma barraca de lona e a governadora nunca foi lá ver o que tinha acontecido - se não fosse o trabalho sério da Infraero, ficaríamos assim até 2014; a BR-135 já não pode mais ser classificada como uma rodovia, está mais para uma perigosa pista de rally e Roseana nem se da ao trabalho de se preocupar com isso; as UPAS do governo federal, mas administradas pelo estado, desrespeitam qualquer princípio civilizado e também os regulamentos, ao praticar a conduta hedionda de recusar doentes porque foram levados para lá em ambulâncias do SAMU, que é administrado pela prefeitura de São Luís; o hospital Carlos Macieira, patrimônio dos servidores públicos estaduais e construído com suas contribuições não os atende mais e agora só atende a rede pública. Ainda assim, depois de reformas intermináveis durante todo o governo atual, logo quando vai funcionar sofre um incêndio, indicando que uma coisa muito errada ocorreu ali e vai de novo entrar em reformas.

Durante o incêndio, só a solidariedade e o esforço dos parentes, assim como as ambulâncias do SAMU e da prefeitura evitaram uma grande tragédia. Isto, mais uma vez, evidencia a falência dos órgãos públicos estaduais, como o triste estado de penúria a que está relegado o valoroso Corpo de Bombeiros. Uma corporação que, sem equipamentos e sem água nos hidrantes, só pode se valer da coragem e dedicação de seus homens para conseguirem finalmente controlar as chamas. Contudo, esse infeliz episódio acabou mostrando que não existe no estado do Maranhão um mínimo de capacidade para tratar com desastres e o Corpo de Bombeiros está totalmente desaparelhado, por culpa isolada da governadora.  

E podemos continuar a enumeração: a Biblioteca Pública continua fechada desde que Roseana assumiu o governo mostra duas coisas: o desprezo por ela e a inoperância do governo; a Escola de Música é só mais uma carcaça também, entre tantas; os crimes de morte se multiplicam por toda a cidade e os assaltos a residências estão virando rotina, o IML não dá mais conta; o sistema de água de São Luís, este já entrou para o rol de carcaças há tempos e, com uma quantidade imensa de bairros todos os dias sem fornecimento de água, sua população sofre. A cidade encontra-se sob regime de calamidade pública, decretado em 2009 pela governadora e mesmo assim nada conseguem fazer. No máximo de esforço conseguiram fazer dispensas de licitação para contratar carros-pipa...

E o esgoto? Tudo virou uma carcaça só e o próprio jornal da família escreveu que viramos uma ilha “sem mar”, já que nem à praia podemos mais ir. E, aliás, eles pelo menos deveriam se entender e falar uma coisa só. O secretário responsável contratou novos exames, mas o resultado não permitiu nenhum grau de alívio, tal a gravidade do problema e declarou que estávamos cercados por podridão.

No entanto, ao mesmo tempo, o chefe de tudo vem e, em um artigo até agora não traduzido, diz que a culpa é do prefeito, que é responsável pelas praias e as deixou sujarem. José Sarney só não se lembrou de que as praias são da União e que, mais do que isso, as areias estão sujas é pela contaminação do mar poluído por esgotos, que são responsabilidade do governo do estado. Isso sem falar na ideia estapafúrdia de carreamento dos esgotos pelas marés, lavando tudo. Ainda que isso fosse possível, o senador não deve ter atentado para o fato de que a vazão de esgotos é contínua, e não condicionada ao regime de marés.

Não obstante, fica claro o engajamento do patriarca em eximir os seus. Ora, Mao Tse Tung, na China, para provar que o Rio Amarelo não estava poluído, mergulhou e deu umas braçadas, mesmo no alto da sua idade provecta. Que tal se o chefão reforçasse suas palavras fazendo o mesmo na praia da Ponta da Areia?

Mas enfim, a carcaça maior, mais grave e que melhor demonstra o total desinteresse e a falta de compromisso deste governo com o destino da população é sem dúvidas o estado de abandono da educação estadual, cuja oferta de ensino médio consta como atribuição constitucional do estado. Todos lembram que Roseana saiu do governo em 2002 e deixou 157 municípios sem ensino médio. Pois bem, no meu governo colocamos ensino médio em todos os 217 municípios e desde aí até 2009 - quando houve o golpe jurídico que recolocou Roseana no governo - o estado só progrediu rapidamente no IDEB e avançava para ocupar uma posição intermediária entre os estados brasileiros. Saímos de 2,7 para 3,2 e ficamos empatados com Sergipe e Mato Grosso e acima de Piauí, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas e Pará.

Infelizmente, com Roseana de volta ao governo, esse esforço virou uma carcaça, fomos um dos nove estados brasileiros que caminharam para trás e voltamos para 3,1. Hoje só estamos acima de Rio Grande do Norte, Alagoas e Pará. Os outros seguiram em frente. Para um estado que precisa muito ter uma educação de qualidade a fim de se livrar da pobreza, isto é uma tragédia, uma negligência e uma irresponsabilidade!

Para ocultar o desastre, se seguram na nota de uma escola de ensino fundamental do município de São José de Ribamar, a maior do Maranhão no ensino fundamental público nessa fase inicial, com o intuito de criar um factoide contra o prefeito João Castelo, colocando que isso aconteceu porque era uma escola de ensino de tempo integral, embora o estado não tenha esse tipo de escola.

Fazer esse tipo de regime em poucas escolas é possível e Luís Fernando, que foi um ótimo secretário de educação no meu governo, conseguiu, mas fazer isso em 300 escolas no município de São Luís? Só se houvesse dois orçamentos anuais, um deles só para a educação. Somente Castelo mostrou essa impossibilidade com coragem, mas os demais candidatos, que não conhecem os problemas, andaram prometendo o que não podem fazer.

Além disso, é necessária uma preparação especial dos professores. No mais, tentam esconder o fato de que outras escolas sem esse regime, municipais também, tiveram nota muito próximas do Liceu Ribamarense. Vejamos: do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental, a escola que obteve a nota mais alta no estado foi o Liceu Ribamarense, com 6,8 de avaliação. Em seguida vieram o Colégio Universitário, com 6,6; o Clarice Haickel, do município de Zé Doca, com 6,6;  O Dom Pedro II, do município de Alto Alegre, com 6,4; etc.

O fato é que temos que melhorar muito, tanto no ensino fundamental, que se saiu melhor, quanto no ensino médio, que é uma tragédia cujo responsável é única e exclusivamente o governo estadual.

Na média geral, o Maranhão ficou abaixo da meta estipulada pelo MEC em todos os níveis de ensino. Imaginem se não fosse o melhor governo da vida dela...

Nada nem próximo do meu governo, quando o Maranhão ia pulando barreiras, aumentando até 0,8 em dois anos. Se continuassem aquele esforço, nosso estado certamente estaria acima das metas, como era naquele tempo.