Estamos chegando a um momento de definições muito importantes
acerca do desenvolvimento futuro das nações. Não existem mais dúvidas de que a
chave para pertencer ou não à vanguarda nesse mundo novo é a educação de alta
qualidade, que permita o desenvolvimento acelerado da pesquisa em ciência,
tecnologia e inovação. Sem isso estaremos condenados a ficar na periferia desse
rico mundo que está despontando.
O programa Manhattan Connection exibiu interessantíssima
entrevista com Paulo Blikstein, professor e pesquisador da Universidade de
Stanford na Califórnia e coordenador do Centro Lemann, dedicado ao estudo e
soluções para a educação brasileira.
O tema foi o baixo nível da educação brasileira e como
quebrar as amarras que impedem o Brasil de alcançar um melhor desempenho
global. A motivação foi o anúncio da intenção do governo de destinar 75% dos
recursos do Pré-Sal e se isso poderia mudar esse quadro.
Blikstein informou que há um consenso mundial dos estudiosos sobre
a educação e que não adianta só investir mais dinheiro. Se o sistema é ruim,
como é o brasileiro, jogar mais dinheiro nessa máquina que não sabe o que fazer,
só aumenta a corrupção e nada irá mudar. O problema é sistêmico e mais dinheiro
em um sistema que já está errado não trará, certamente, benefícios para os
alunos.
Os problemas são interligados. Não consistem só em
professores e sindicatos de alunos. O problema é complexo. A saúde, por exemplo
- disse ele - não irá melhorar só com a construção de hospitais. É necessário
gente qualificada que entenda de metas qualitativas e quantitativas.
A ideia é formar essas pessoas e poder trazer para o Brasil a
tratativa dessas questões. Sem qualidade dos professores o sistema também não
terá qualidade. Os melhores sistemas do mundo são os sistemas que valorizam a
profissão do professor. Pagá-los bem e capacitá-los é uma lição que precisamos
aplicar no Brasil.
É um projeto para uma geração, para acontecer num horizonte
de 20 anos, e como tal, é um projeto de estado, com os governos nesse período cada
um cumprindo a sua parte.
É preciso, inclusive, conscientizar a população de que a
educação é crucial e sem ela a vida não vai melhorar.
Blikstein também disse uma coisa muito importante que
identifiquei como algo que aconteceu no meu governo e que depois que eu saí foi
completamente abandonado. O professor comentou que o célebre Paulo Freire
ensinava que a educação funciona melhor quando é conectada à cultura do aluno e
é necessário tentar flexibilizar o currículo escolar para que o professor possa
fazer esse trabalho e adaptá-lo à cultura do aluno. Não adianta ensinar um
aluno de um vilarejo no Nordeste utilizando a mesma fórmula usada para um aluno
da cidade de São Paulo. É preciso se basear em coisas que impactem para o
primeiro. Fica mais fácil aprender, e pesquisas mostram isso, quando você
mostra para ele que isso pode ser relevante em sua própria vida, em sua própria
realidade.
Sem dúvidas é isso mesmo. No meu governo, uma professora do
Araçagi ganhou muitos prêmios estaduais e até internacionais por fazer isso com
muito sucesso em uma comunidade de pescadores. Ela ia para a praia com os
alunos e ali, desenhando na areia, com conchas e gravetos, conseguiu resultados
fantásticos no desenvolvimento dos alunos. Aliás, professora, perdi seus
contatos! No meu blog há um canal para se comunicar comigo. Se possível, comunique-se.
A segunda coisa é fazer um grande programa. Não é só pagar
melhor o professor. Há que fornecer instrumentos para que ele dê aulas
melhores. O professor é um trabalhador intelectual e, por isso, precisa
consumir cultura. Precisa também ter tempo para estudar, precisa ser valorizado
e melhor preparado. Enquanto não tivermos os melhores alunos que saem das
universidades querendo ser professores, não resolveremos o problema.
Se você der um lápis apenas para usá-lo durante o horário da
aula, nada vai adiantar porque o aluno precisa do lápis o tempo todo. O mesmo
raciocínio deve ser usado com os computadores. Não é só o aluno usar o
computador por meia hora. É o tempo todo.
O computador é um instrumento de expressão pessoal. Ele
precisa ser usado para criar jogos e programas para seu celular, etc. Hoje
existem uma série de softwares muito fáceis de aprender e usar que permitem às
crianças fazerem tudo isso. É claro que a ideia não é o computador programando
a criança. Não é só a criança ficar na frente do computador recebendo
instruções o tempo todo. Isso é considerado mau uso da tecnologia. Bom uso é você
usar a tecnologia para construir coisas. Fazer um filme, um autômato, um
experimento etc.
Pesquisas mostram que o resultado é incrível. Mesmo as
crianças que vêm de salas muito pobres, com poucas perspectivas, quando esses
recursos estão disponívels elas se revelam cineastas, engenheiros, matemáticos e
outras vocações que, de outra forma, elas nunca teriam uma chance concreta.
O Centro Lemann tenta atrair os melhores cérebros para a
educação. “Só mandamos um homem para a lua porque transformamos a NASA, onde
todos os melhores queriam trabalhar”, diz o professor Paulo. Só o dinheiro não iria conseguir.
Melhorar a educação no Brasil é mais ou menos um projeto do
tamanho de mandar um homem para a lua. Trazer esses cérebros, não apenas
aqueles que só tiram 10. Queremos aqueles que querem arregaçar as mangas e
ajudar a educação brasileira. “É um projeto de 20 anos que precisa começar
agora!” - diz o professor. Atualmente há um grupo de 10 pessoas se preparando.
Mas... E o Maranhão? Com o interesse do governo atual nem é
bom pensar...
Enfim, vamos lá. Se Roseana Sarney quisesse realmente fazer
parcerias com a prefeitura de São Luís, não teria jeito mais fácil e rápido do
que liberar as emendas dos deputados da oposição para o prefeito? Qual é a
dificuldade? Nenhuma. O dinheiro já está no orçamento. Por causa de detalhes
burocráticos é que não pode? Ora, vamos ser sérios!
Parece que a parceria que ela quer fazer é entregar junto com
o prefeito os projetos de mobilidade para o governo federal. Quer usar o
dinheiro federal para fazer propaganda à custa do prefeito.
Para que Edivaldo precisaria dela? Pensem.
Um comentário:
Governador a oposição deve colocar em seu programa de governo a nomeação dos oito mil excedentes do último concurso para professor do estado, a condição é precária são mais de 15 mil contratados na rede estadual, sabe Deus em que condição.
Postar um comentário