O prejuízo é imenso para todos os maranhenses. Hoje a
palavra ‘Maranhão’, em qualquer parte do mundo está associada à barbárie, ao
primitivismo, à pobreza, ao atraso, à incompetência, às oligarquias e à corrupção.
A situação que vivemos aqui, antes de conhecimento
apenas local, hoje é de conhecimento mundial. De modos que o que acontece aqui
nas cadeias e fora delas sem nenhum controle espantou e revoltou a ONU, a OEA,
a Organização dos Direitos Humanos e (por que não dizer?) a população mundial.
É óbvio que isto mancha e turva a própria imagem do Brasil,
que tanto se esforça para ser reconhecido como um dos mais importantes do mundo
e que persegue o reconhecimento de ser nomeado Membro Permanente do Conselho de
Segurança da ONU. Temo que agora isso se transforme em apenas mais um sonho,
afastado pela realidade do que se passa no Maranhão e pela crueza de imagens terríveis
que descrevem o que acontece há mais de dois anos nas cadeias maranhenses, sob
a vista grossa dos oligarcas que dominam o estado há tanto tempo.
A presidente Dilma sabe e sofre com isso, algo que sem
dúvidas deve deixá-la revoltada com tanta incúria e incompetência, mas que
absurdas conveniências políticas a manietam e a impedem de explodir em cólera
contra os atuais mandatários do Maranhão. E o pior é que ela sabe o quanto
ganharia no eleitorado brasileiro, se jogasse fora as conveniências políticas e
eleitorais e se declarasse enojada com o
que acontece aqui. Se assim agisse, cresceria muito mais no conceito dos
brasileiros. Mas a amizade do ex-presidente Lula com o senador José Sarney a
segura.
Contudo, a revolta é tão grande que a Ministra dos
Direitos Humanos, não se conteve e condenou severamente o governo estadual,
recomendando que Roseana Sarney agisse como governadora e não ficasse tentando
se esquivar de sua responsabilidade, jogando a culpa no governo federal, na
justiça, nos bandidos, no ex-secretário de Justiça. Aqui para nós, só faltaram figurar
na lista o Sampaio Correia e o Papa. Todos culpados, menos ela.
E a nossa imagem perante o mundo? Imaginem um jovem
querendo fazer intercâmbio ou tentar uma vaga em universidade estrangeira ou um
emprego e sendo olhado de esguelha ao dizer que é do Maranhão. Não sou
advogado, sou engenheiro, mas esse prejuízo à imagem dos maranhenses, mesmo
dentro do país, me pergunto, não configuraria o que é tipificado como passível de
gerar danos morais? Já pensaram se pudéssemos fazer essa extrapolação? Seriam
milhares de ações cobrando indenização pelos prejuízos causados a imagem da
população do Maranhão... Não seria justo?
Digam-me qual o maranhense que não está muito
prejudicado em sua imagem pela irresponsabilidade de Roseana Sarney?
Não bastasse isso, é de dar pena a insólita argumentação
da governadora, ao querer explicar à sua maneira o descalabro que é o seu
governo. Até o ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardoso, demonstra isso ao
escutar uma intervenção dela em uma pergunta dirigida por uma repórter a ele.
E o pior é que, tentando justificar as mortes e a violência
reinante no estado, Roseana tenta convencer a todos de que nunca tem
responsabilidade sobre nada. Sem preparo ou competência, ela acaba por dizer
sandices, mas desta vez foi demais. A governadora ofereceu uma resposta tão
inverossímil que serviu apenas de galhofa em todo o país. E, claro, de mais
desmoralização. Ela atribuiu a onda de violência e a barbárie dentro e fora dos
presídios do estado à grande riqueza que o estado agora experimentava no seu
governo e ao consequente aumento populacional por esse fato motivado.
Será que surtou com o estresse? Que resposta mais
maluca foi essa! Na realidade que ela parece não viver mais o estado está cada
vez mais pobre e com indicadores sociais (todos eles!) ficando piores a cada
ano. Nenhum melhorou. Esse tipo de conversa só serve de atestado de indigência
mental para todos os maranhenses que a têm como governadora. Hoje nem vou repetir
esses indicadores aqui...
E aquela ridícula entrevista em sua TV, dizendo que
está indignada, quando o seu semblante mostrava tudo menos indignação?
Indignada mesmo Roseana? Ficou chocada com o quê? Como é que pode ter sido
surpreendida, se o fato vem se repetindo ha anos, desde 2011, sem a menor reação,
sem providência nenhuma para evitar a repetição?
Isso é mais do que uma evidência da alienação da
governadora e sua equipe próxima, que pouco se importam com nada e creem que a
atuação do sistema de comunicação próprio seria suficiente para abafar o
problema e evitar a responsabilização da ilustre governadora.
O processo de deterioração da autoridade governamental
é tão sério que Roseana está sendo comparada a Maria Antonieta, rainha francesa
que morreu decapitada e que ficou famosa por uma frase (que hoje se sabe que não
a proferiu) em que dizia à população que se não tivesse pão, que comessem
brioches.
Não poderia ser diferente, já que, diante do caos em
que o estado encontra-se envolvido, vem à tona uma inoportuna licitação com o
objetivo de adquirir lagostas, caviar e champanhe, entre outros itens para a
mesa do palácio. A pilhéria então é tão grande que se comenta até mesmo sobre a
frase real a ser modificada pela governadora. Seria assim: “se não têm água,
que bebam champanhe!
Perdeu a noção!
Continuando os bordões, poderíamos citar o famoso e
bem sucedido filme brasileiro Tropa de Elite, estrelado por Wagner Moura no
papel do Capitão Nascimento, um oficial duro e honesto que, quando testava
novos soldados para integrar o BOPE e os considerava inadequados para essa difícil
função, interpelava o pretendente e dizia : “pede para sair, pede para sair!”
Pede para sair, Roseana!
E para terminar: Só temos aqui 4.663 presos. Uma das
menores populações carcerárias do país. Mas tivemos 60 mortes em presídios estaduais
em 2013. Isto compreende quase um terço
de todas as mortes ocorridas no país em 2013 nos presídios. O segundo estado em
mortes é o Ceará, com 32, contudo o estado possui 19.392 presos. São Paulo vem
em terceiro com 22 mortes, mas com uma população carcerária de 210.677 presos.
Pernambuco, por fim, tem 10 mortes para
29.704 presos. Eis alguns dados
estatísticos que nos ajudam a formular uma ideia mais concreta sobre o completo
descontrole do Maranhão neste e em muitos outros setores...
Não há explicação, Roseana. Aliás, há.
Trata-se de incompetência e falta de trabalho.
2 comentários:
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Adorei seu texto. Meu Pai pede pra acessar e ler todo Domingo.
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