Há muito tempo não se via no Maranhão uma ideia despertar
tanta atenção da sociedade e isso se deu em todo o estado. Porém, muitos dos
autoproclamados “formadores de opinião” simplesmente procuraram evitar o debate,
preferindo a tática da desqualificação, ora do autor da ideia, ora da própria
ideia. Passaram até a me agredir e tentar me desqualificar pessoalmente.
No entanto, o mais curioso é que nenhum desses me convenceu
de que estou errado. Sabem por quê? Porque ninguém debateu a ideia, todos se
limitaram a bater em Sarney, entendendo que aquilo teria causas ocultas e que
eu estaria na verdade reabilitando o ex-senador, que, a partir daí, passaria a
dividir o governo com Flavio Dino. Meu Deus, que paranoia, pobreza de
pensamento e medo do debate verdadeiro!
De fato, essa é uma questão preocupante, pois estamos nos
acostumando apenas ao linchamento moral das pessoas de quem não gostamos. Não é
à toa que estão ocorrendo tantos casos de linchamento reais de pseudocriminosos.
Parece-me mais um perigoso fundamentalismo.
Por que não perguntar à população o que pensam? Bastam duas
perguntas: “você ouviu falar da proposta do pacto?” e “você acha que os políticos
do Maranhão - de todos os grupos políticos - deveriam se unir para defender
projetos importantes para o desenvolvimento do Maranhão? ”
É provável que tenham uma surpresa... Estive na Rádio São
Luís, no programa do Rogério, por cerca de uma hora e meia com microfone aberto
a perguntas e a grande maioria dos comentários foi na verdade de apoio à
proposta. Deveríamos fazer uma pesquisa.
Será que estou pondo Flávio Dino em risco? Flávio terá sempre
o meu apoio, ele está fazendo um ótimo governo e sairá facilmente vitorioso
sobre qualquer um, se for para a reeleição. Não acredito que ainda teremos um
membro da família Sarney concorrendo ao governo.
Agora me respondam: quem (para valer!) enfrentou Sarney mais do
que eu? Enfrentei-o quando ele estava no auge do poder. Quem apanhou mais do
que eu, que até preso fui? Quem se sacrificou pela vitória de Jackson Lago a
ponto de deixar o sonho de ir para o Senado, a fim de me manter no governo até o
último dia? Esqueceram-se disso? Jackson venceria o pleito sem mim? Tenho
certeza de que não e me refiro ao seguinte: Jackson queria ser candidato único
do governo. Ele contra Roseana. Eu de pronto recusei, porque seria derrota
certa. Ele ficou furioso, deixou de falar comigo por mais de um mês, fez sua
esposa pedir exoneração do cargo de Secretária da Solidariedade e por aí foi. Alguns
amigos que tentaram convencê-lo de que eu estava certo chegaram a ouvir dele: “vocês
não estão entendendo, Zé Reinaldo é um agente do Sarney infiltrado na oposição
para acabar conosco”.
Realmente não me importei. Jackson era um homem de bem, mas
que estava muito estressado na ocasião. Tanto que, antes ainda do primeiro turno, ele me procurou para dizer que eu estava certo e pedir desculpas pelo que
disse. Gesto de um grande homem. Ney Bello assistiu a essa conversa.
Poucas pessoas se expuseram tanto à ira de Sarney, como eu e
Lourival Bogéa. Sofremos muito - e na pele - por isso. E Lourival (que, mais do que
ninguém, poderia ter uma outra atitude) fez um editorial excelente, chamando a
atenção dos críticos para o cerne da questão e defendendo a discussão da ideia.
Não falei com o governador sobre o pacto. Não queria envolvê-lo
em nada prematuramente. A responsabilidade é só minha. No entanto, logo que
assumiu o mandato, ele fez um discurso a uma plateia de prefeitos em que foi
muito elogiado ao dizer que trataria todos do mesmo jeito, não importando se
votaram nele ou não, se eram ou não do grupo Sarney, que o compromisso dele era
com o Maranhão e ali todos representavam o povo maranhense.
Pois bem, o ataque desqualificador que mais se repete por aí
é o de que Sarney mandou durante cinquenta anos e nada fez pelo Maranhão. Por
que faria agora? À primeira vista parece correta a pergunta, mas não é, pois
não é essa a questão. Não vou, meus caros, aderir à pauta de Sarney! É o
contrário. O chamado é para que ele adira a nossa, à do governador, à do
Maranhão. Há mais de dez anos não falo e nem vejo Sarney. Não sei o que pensa e
nem se está disposto.
Ademais, eu tenho o direito e a obrigação de externar o que
penso e o que sinto, mormente a partir de minhas impressões e presença
constante, diária, na Câmara Federal, que é uma casa, sobretudo, política. O
horizonte que se prenuncia é um horizonte de mudança profunda no país e é muito
provável que outros grupos assumam a presidência e o poder. Se Lula cair - e
tudo leva a crer que isso pode acontecer - Dilma cairá junto. Nesse cenário, é
muito provável que Michel Temer, o atual vice-presidente, assuma a Presidência
da República sob grande crise política.
Flávio continuará a fazer um ótimo governo, mas o nosso
atraso é tão grande que precisaremos muito eleger alguns projetos estruturantes, acima de governos, projetos de interesse de estado. Isso só faremos com a
ajuda de todos, para termos, consequentemente, o apoio total. Temos que
discutir que projetos serão esses e isso terá que vir por meio de um amplo
entendimento.
A Folha de São Paulo de domingo último escreveu em editorial que “a
crise política começa a impor a necessidade de alguma forma de consenso que
coloque os interesses nacionais em primeiro lugar”. E então? Será que atitudes
como essa só são boas para o Brasil, mas não se aplicam ao Maranhão?
Por fim, exporei aqui, mais uma vez, qual seriam os meus
projetos para o Pacto:
Primeiro seria implantar o Instituto Tecnológico do Nordeste
em Alcântara, ou seja trazer a melhor escola de engenharia do Brasil para cá.
Ela permitiu a existência de uma vitoriosa indústria aeronáutica brasileira e a difusão
de tecnologia de ponta no sudeste do Brasil.
O segundo seria o “Super” Porto do Itaqui, para ser o
parceiro concentrador de carga do Brasil para o Canal do Panamá. Isso exigirá
muito investimento e se não o conseguirmos, vamos perder o lugar para o Porto
de Pecém, no Ceará.
O terceiro escolhido por mim seria o transporte de massa em
São Luís e região metropolitana, a ser feito por meio de VLT e trens, com terminais
modernos e tudo integrado, para dar rapidez e conforto ao passageiro. Hoje temos
um dos piores sistemas do país.
Em quarto seria a implantação de um moderno sistema de logística em todo o estado que fosse capaz de racionalizar o transporte de cargas e passageiros em todo o nosso território.
E em quinto seria a criação de um centro de alto nível para a formação de
professores para o ensino fundamental e básico, única forma capaz de dar
qualidade ao ensino público no nosso estado.
É evidente que em um Pacto as prioridades poderiam ser
outras. Mas que fossem todas muito importantes e discutidas à exaustão.
Alguém poderia ser contra? Impossível. Há algum cargo público
envolvido? Não.
Esse é o pacto que propus. Vamos deixar de picuinhas sem
sentido.
Um comentário:
Zé Reinaldo,vc é um grande estadista.Homem público de visão afinada.O caminho é este.
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