Nosso Maranhão ainda não conseguiu reverter as causas da
nossa intolerável pobreza. Ocorre que nosso sistema educacional não funciona
bem o bastante, e estamos longe disso. Acredito que o que temos que fazer com
total urgência e dedicação é a melhoria do ensino fundamental, público, que é
ministrado pelos municípios.
Os prefeitos não conseguirão sozinhos reverter dados tão
ruins, como são apresentados no IDEB, principalmente em matemática e português.
Os dados maranhenses mostram que somente 3 por cento em matemática e 11 por
cento em português estão habilitados para fazer o ensino médio e ir para a
universidade no futuro. Saem dali com grandes dificuldades para seguir adiante.
A desigualdade educacional redunda na desigualdade social de
maneira permanente. Será muito difícil esses jovens romperem essa barreira.
Temos que fazer uma grande parceria entre o governo do estado, nossas
universidades e governos municipais, que precisam muito do apoio técnico desses
outros parceiros, principalmente no treinamento e aprimoramento dos nossos
professores municipais.
Pois bem, até que esse triste quadro seja superado, teremos
que ter um atalho para apressarmos resultados, pois é premente a necessidade de
criarmos empregos e aumentar a renda dos nossos conterrâneos.
Mas como podemos fazer isso?
Para chegarmos a ser um estado desenvolvido, precisaremos de
um grande projeto estruturante, do tipo que, por si só, seja capaz de atrair um
grande número de empresas de inovação e de tecnologia.
É imprescindível que seja um empreendimento que “puxe” a
economia para cima, com grandes reflexos na qualidade da educação, na saúde, na
renda e no emprego.
Para isso, no entanto, precisaremos de mão de obra qualificada,
que hoje não temos.
Todos conhecem a minha luta para trazer o Instituto
Tecnológico da Aeronáutica para cá. Hoje é uma realidade, já teremos vestibular
no próximo ano. Foi um ano e meio de muito trabalho de convencimento de
autoridades do governo federal, com a ajuda inestimável de toda a bancada
federal do Maranhão. E com a ajuda muito importante dos professores da UFMA.
Essa é uma parte fundamental de todo o projeto, pois sem engenheiros e técnicos
de grande qualificação, formados aqui, é difícil prosseguir.
Antes de continuarmos, vamos verificar como aconteceu um
importantíssimo projeto, comandado pelo Brigadeiro Casemiro Montenegro, que
criou o ITA e o Centro Técnico Aeroespacial, determinante para o advento da
indústria aeronáutica brasileira.
Como aprendemos ao longo dos anos, não é possível em um país que só conseguiu estabelecer
estabilidade econômica no governo de Fernando Henrique Cardoso - com o fim da inflação descontrolada e com a
Lei de Responsabilidade Fiscal - basear uma prioridade nacional somente
dependente no orçamento da união, sempre contingenciado.
A solução foi criar uma empresa pública para fomentar o
interesse da indústria brasileira e investir pesado em tecnologia. Por isso foi
criada a Embraer, hoje empresa de capital aberto, que se tornou a terceira
maior fabricante do mundo e um dos mais importantes centros desenvolvedores de
inovação e tecnologia, coroando de êxito o sonho do brigadeiro Montenegro. Ele
mesmo um homem que nunca se abateu pelas dificuldades que enfrentou.
Só para ilustrar, Montenegro levou tudo isso para São José
dos Campos, que era uma das cidades consideradas por Monteiro Lobato como
“cidade morta do Vale do Paraíba paulista”. Hoje, no entanto, o mesmo município
possui altíssimo IDH, mais de 0,800, renda muito alta e é um dos maiores polos
de desenvolvimento do país.
E, no caso do Maranhão, qual é a nossa vocação? Como temos
aqui o Centro de Lançamento de Alcântara - CLA, que, embora seja o que tenha a
melhor localização em todo o mundo, depende de um programa forte e extremamente
necessário a um país continental como o nosso. Este programa seria, em tese, o
Programa Espacial Brasileiro que até hoje engatinha, pois nunca passou de uma
prioridade para o Brasil apenas no papel, por falta de recursos. Isto provoca
diversas consequências: deixa o país sem informações confiáveis sobre nossa
fronteiras terrestres e marítimas, proteção da Amazônia, meteorologia,
comunicações, tráfico de drogas e de armas, deficiência no desenvolvimento
científico e tecnologia de ponta em
vários setores industriais e na medicina, dependência de satélites alugados,
etc. Tudo isso gera custos excessivos, ou seja, estamos pagando por tecnologia
e empregando muita gente em outros países. E sem controle de nada.
Parece óbvio então que temos que copiar o modelo que o
desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira nos legou. O que falta? Uma
empresa pública, repetindo o modelo da Embraer, para financiar os lançadores de
satélites, os próprios satélites, e a pesquisa do propelente líquido que é
próprio para os lançadores. Além disso, comercializar espaço para os
estrangeiros lançarem seus satélites a partir de nossa base - o CLA. Vejam que cada
lançamento custa algo em torno de 50 milhões de dólares, além de venda de
tecnologia aqui desenvolvida, de patentes de foguetes e satélites e empregando
os nossos técnicos indispensáveis ao programa. Enfim, falta dominarmos o ciclo espacial
completo, como os EUA, a Europa, a Rússia, a China e a índia. Por isso esses
países são potências mundiais. E o Brasil pode chegar lá.
Para esse motivo, criei, com apoio de 196 deputados federais,
a Frente Parlamentar para Modernização do CLA, a fim de apoiar todas essas
medidas.
O Comando da Aeronáutica já tem prontos os estudos de
viabilidade econômica para essa empresa. O que falta é apoio parlamentar e
governamental. Isto podemos tentar conseguir.
Esse é o nosso grande e transformador projeto, que há muito estava
em nosso horizonte sem percebermos. Isto é o que nos motiva, é aquilo por que vale a pena
lutarmos, pois é o caminho para o nosso desenvolvimento.
Para finalizar, parabenizo Braide, que foi uma grande
revelação da nossa política. Era quase impossível vencer uma união entre o
governo do estado e a prefeitura, em uma campanha muito desigual, montada em uma
poderosa rede de comunicação para diminuir suas chances. Mas ele quase conseguiu,
mesmo sem dispor de recursos minimamente suficientes.
Impressionante. Você tem um grande futuro na política, com
sua serenidade e competência. Parabéns, amigo!
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