Se pararmos para pensar um pouco no que está acontecendo no
Brasil neste ano de 2015, veremos que este é um ano em que estão se
consolidando, fortemente, as instituições fundamentais da democracia
brasileira.
A justiça vem trilhando novos caminhos com a atuação madura e
cuidadosa do juiz federal Moro, que comanda a investigação do assalto à Petrobras,
fato que estarrece a nação a cada delação premiada, a cada revelação do que ali
acontecia.
Não bastasse isso, também o Ministério Público Federal e a
Polícia Federal vêm aprimorando a sua atuação. O Tribunal de Contas da União,
por exemplo, resolveu finalmente assumir
com independência suas funções e as contas presidenciais começam a ser
julgadas, pois, por mais incrível que pareça, a maioria delas nunca chegou a sê-lo.
E parece finalmente que a Lei de Responsabilidade Fiscal vai finalmente ser
posta em prática com o julgamento das “pedaladas” da presidente Dilma.
O Congresso – e falo mais da Câmara do que do Senado - assume
também o seu papel, se liberta da agenda do governo e cria a sua própria agenda,
em consonância maior com o desejo do povo brasileiro, como foi a votação da PEC
da redução da maioridade penal, aprovada por 87 por cento da população
brasileira. Chegamos ao ideal nesse assunto? Não, não chegamos, porque hoje com
o governo central muito fraco, este deixou de ser um protagonista ativo. Ao
contrário, com um governo mais forte e merecendo apoio popular, as coisas serão
mais equilibradas. Porém, vejo que estamos em evolução e cedo chegaremos ao
equilíbrio necessário.
As crises e seus momentos dolorosos servem também para moldar
o caráter de uma nação e no meu modo de ver estamos passando por esse momento
rico na história brasileira. O país será diferente daqui para frente e poderá
crescer muito com governos mais bem preparados e competentes. Acredito que a
tendência é que de agora em diante passemos a ter governos mais apegados ao
cumprimento das leis, acabando-se o tempo das pedaladas fiscais para tentar
mascarar a realidade das contas nacionais.
Vejam o caso da Petrobras. A ingerência total e desconexa do
governo na empresa só lhe deu imensos prejuízos, aumentou dramaticamente o
endividamento, fez suas ações perderem grande valor, com a consequente e
impressionante perda de seu valor patrimonial e de sua capacidade de
investimento, além de erros brutais pela escolha movidas por com razões políticas
de novas refinarias sem nenhum projeto.
Isso sem falar nas perdas colossais em projetos sem
viabilidade econômica e de termos que ver sem reclamar a desapropriação
consentida de refinarias no exterior, sem a devida e justa indenização, como
aconteceu na Bolívia. Ademais, a Petrobras viu-se saqueada por diretores que,
ao que tudo indica, foram lá colocados para operacionalizarem esquemas de financiamento
a partidos políticos, em um louco e alucinado projeto de hegemonia política às
custas de dinheiro público. Esquema esse que - hoje se sabe - alcançou a cifra
de dezenove bilhões de reais. Como se não bastasse, a empresa teve imenso
prejuízo por servir de inadequado instrumento de combate à inflação e recebeu responsabilidades
na exploração do pré-sal, que, ao não poder cumpri-las, acarretou a paralisação
de novos leilões no país com perdas impressionantes de novos financiamentos.
E a Petrobras, empresa altamente capaz com um quadro técnico
de primeiríssima linha em termos mundiais, teve que aguentar isso garganta
abaixo.
Pois bem, para piorar, quase o mesmo aconteceu na Eletrobras,
com enorme prejuízo para a população brasileira, que só neste ano já teve que
lidar com aumentos gigantescos de tarifa.
Esse quadro foi criado desde o segundo governo de Lula e potencializado
em muitos aspectos durante a campanha de reeleição de Dilma. No mínimo as
correções de rumo, por dolorosas, não foram tomadas, agravando fortemente as
condições do país, que hoje está envolto em seriíssima crise econômica e
política, com aumento do desemprego, da pobreza e da paralisação do país, que
regride a olhos vistos.
A poderosa presidente vê toda a sua força e legitimidade se
esvair, engolida pela falta de credibilidade e se transformando em uma
presidente sem a menor capacidade de liderança. Concomitantemente a isso, vai
se consolidando a certeza de que dificilmente concluirá seu mandato, seja pela
rejeição de suas contas, com seu enquadramento na Lei de Responsabilidade
Fiscal, o que poderá levá-la ao processo de impeachment, seja pela delação
premiada de poderosos empreiteiros, que confirmarão o financiamento de sua
campanha com recursos desviados da Petrobras. Esse cenário funesto poderá levar
a cassação de seu diploma de presidente eleita pela justiça eleitoral,
obrigando a realização de uma nova eleição, já que jamais o segundo colocado assumirá
o mandato.
Isso só valeu para Roseana, não vale fora do Maranhão...
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