Com as acusações contra Eduardo Cunha, tudo mudou na Câmara dos
Deputados. Ninguém sabe o que irá acontecer, nem quando. Só uma coisa não
mudou: o dramático quadro da economia brasileira. Todos sabem que o ministro da
fazenda Joaquim Levy não tem autonomia suficiente para resolver o problema e
ninguém no Congresso crê que o que está proposto é suficiente ante o absoluto descontrole das contas públicas.
Este mesmo que, sem uma intervenção rápida, vai produzindo dados negativos,
piores a cada dia, como se estivéssemos todos dentro de um automóvel desgovernado,
sem freios, descendo uma serra. Assistimos estupefatos o governo anunciar um
terrível déficit de 52 bilhões de reais em suas contas e, dois dias depois,
anunciar que não era esse o número, era o dobro! Isto é, o déficit seria o
dobro do anunciado, ou de 110 bilhões de reais, quase 2 por cento do PIB. E a dívida
pública, hoje contada em alguns trilhões de reais, já se aproxima dos 70% do
PIB. Portanto, está claro que com as medidas propostas, nada será resolvido.
O governo mostra claramente que não tem propostas capazes de enfrentar
a crise. A presidente, acostumada a resolver no grito os seus problemas, diz
que não é preciso cortar nada e que vai manter todos os programas do primeiro
governo. Ao dizer isso, mostra a toda a sociedade que não vai enfrentar o
problema e essa postura só fará aumentar a intensidade da crise e prolongá-la
por muito mais tempo. Desse modo, sem dúvidas, cada dia será pior do que o
outro.
Mesmo com a imobilização de Eduardo Cunha, existem projetos nos
tribunais que podem levar ao impeachment da presidente e o PMDB poderá assumir
o governo. Porém, a população não sabe o que poderia ser um governo comandado
pelo PMDB, pois o partido, junto com o PT, é que sustenta o governo. Sim,
porque esse partido há anos não lança um candidato a presidente, mesmo sendo o
maior partido brasileiro, presente em todas as regiões do país. Logo, não teria
credibilidade suficiente e nem programa para atrair o apoio necessário para
enfrentar a crise.
Entretanto, o PMDB sabe disso, é um partido formado por gente muito
experiente e há alguns meses vem trabalhando com afinco para apresentar um
programa para o Brasil, quem de forma pragmática, foca na crise econômica.
Ouviu economistas experientes e de renome, empresários de todos os portes,
empreendedores, banqueiros e especialistas em finanças e mercados de capitais e
lançou na semana passada um ambicioso programa econômico, libertando as
despesas de vinculações de todos os tipos que não permitem que o país planeje o
seu futuro. Tal programa é muito diferente do que faz e diz o governo e foi
muito bem recebido, praticamente não houve críticas contundentes. O ambicioso plano
é de difícil aprovação no parlamento, porque enfrenta vinculações que foram
sendo aprovadas pelo congresso durante anos, por meio de pressão feita por grandes corporações de interesse, muitos
ideológicos e outros, objetivando construções
imperfeitas de “soluções” que, no fim, tornam ingovernável o país. Louve-se o
PMDB pela coragem de expor esses problemas e pelo anúncio de que serão
enfrentados.
Esse programa, chancelado pelo vice-presidente da república Michel
Temer, certamente tem a intenção de anunciar à nação que o partido tem programa
e que esse programa foi discutido no momento de sua elaboração com setores
muito importantes da sociedade e que o partido é o caminho para tirar o país da
crise. Então esse é o recado dos recados, ou seja, o PMDB está pronto para
governar.
Na base de tudo está o desejo de se dissociar do PT e do governo Dilma,
que usa muito as corporações e o populismo para governar. Isso foi um tiro
certo, porque tanto Dilma como o PT atacaram a proposta imediatamente, como na
verdade queria o PMDB. Mesmo assim, o projeto, cujo título é “Ponte para o
futuro”, foi muito bem recebido e considerado básico para um amplo acordo
nacional contra a crise. O jornal O Globo, em editorial, colocou assim: “o PMDB propõe competente esboço de programa
de ajuste estrutural capaz de servir de agenda para um entendimento político à
altura das turbulências econômicas”. A diferença em relação ao programa de ajuste
fiscal enviado ao Congresso pelo governo é que este se destina apenas a fechar
as suas contas e não eliminar as causas dos desequilíbrios. Em outras palavras,
precisará de precisar de aumento de impostos, como a CPMF para ser viável.
Com essa reforma estrutural proposta pelo PMDB, os juros cairão naturalmente e, com isso, a
insolvência do estado. E isso ocorrer[a sem precisar onerar o povo brasileiro
com novos impostos.
Se o PT não estivesse cego por um modelo de dominação política hoje
esgotado, agarraria com unhas e dentes essa grande oportunidade que o PMDB lhes
dá, por intermédio esse programa, salvando o governo da presidente Dilma do
desastre em que se meteu. E salvaria o país. Mas o modelo de governo do PT é
baseado na gastança e no consumismo e o partido não consegue ver que não dá
mais. Estão manietados pelo discurso e pelas ilusões que cultivaram.
Fiquei feliz porque, se os leitores tiverem a paciência de ler o que
escrevi em artigo anterior, verão que tudo o que falei está lá nessa proposta
do PMDB.
O Brasil tem saída. Esse é o caminho. Difícil, é verdade, mas como o é
praticamente tudo na vida!
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