Este é o nome que resolvemos dar ao projeto que estamos estudando
com alguns especialistas e colaboradores, a fim de que consigamos trazer para o
Maranhão, mais precisamente para Alcântara, o Instituto Tecnológico da
Aeronáutica-ITA. Isto poderá poderá servir de “âncora” para um moderníssimo
parque tecnológico, atraindo ao Maranhão capitais privados para a área de ciência,
tecnologia e inovação. No Brasil não há nada parecido, nem na América do Sul.
Na França temos o Complexo Aeroespacial de Toulouse, segundo
maior do mundo. Não por acaso, floresceu no país a Airbus e a Dassault (fabricante
dos Mirage), expoentes da aviação mundial e da capacidade tecnológica. No
Brasil, o ITA fez surgir a Embraer, terceira empresa mundial na área de
produção de aviões.
Estamos sendo muito ambiciosos? Estamos sim. E nos entusiasmamos
à medida que nossos estudos avançam, vendo as possibilidades que temos para dar
esse salto gigantesco que transformará o Maranhão. Porém, tudo isso depende do
êxito em trazermos o ITA para Alcântara! Essa escola será a mola propulsora
para que todo esse desenvolvimento possa se transformar em realidade. O ITA
garantirá o mais importante em projetos como esse: gente preparada e capaz. Na
montagem do projeto, estamos seguindo a orientação do Brigadeiro Maurício
Pazini, engenheiro e professor do curso de Engenharia Aeroespacial do ITA.
Mas o que é o ITA, o que tem de especial para ser tão
fundamental assim? Nos ensina o Brigadeiro:
“Um ITA (ou seu êmulo) só se sustenta se houver continuidade
tecnológica. Vinte turmas do ITA foram necessárias para se criar uma Embraer e,
apenas depois disso, o modelo da escola tornou-se autossustentável. Isto está
explicado no slide número 4 da apresentação que lhe enviei. Ou seja, a menos
que queiramos jogar muito dinheiro fora e deixar o projeto morrer à míngua, há
que se prosseguir a obra através da criação de outros institutos de P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento) e geração de indústrias, preferencialmente não
estatais, mas privadas, enxutas e competitivas. Em outras palavras, estamos
falando de algo muito maior, um programa de Estado, cujos frutos certamente não
veremos com nossos olhos terrenos. Trata-se de plantar para as futuras
gerações.
Para ter qualidade, o novo ITA terá que ser pequeno, pois não
haverá recursos humanos, financeiros e de infraestrutura para fazê-lo maior
dentro do regime democrático (de igualdade de oportunidades). Precisaremos,
antes de mais nada, de bons professores. Onde achá-los no Brasil? E no
exterior? Contrariamente ao Ciências sem Fronteiras dos recentes governos,
Santos Dumont já dizia há um século que era preferível trazer professores do
exterior do que para lá enviar alunos...
Segundo, precisaremos de um campus. Se isolado, com toda a
infraestrutura para que professores, alunos e funcionários tenham todas as suas
necessidades básicas satisfeitas, podendo-se concentrar tão somente nas tarefas
de educação e capacitação. Como aconteceu com São José dos Campos.
Terceiro, teremos que divisar direções que respeitem os
arranjos produtivos locais, maranhenses, nordestinos e nortistas, ao longo do
Equador, de forma a ser o novo Instituto uma singularidade atrativa e que
dispute recursos humanos com o próprio ITA.
Quanto aos alunos, não tenho o mínimo temor. Existem muitos
jovens brasileiros inteligentes por aí, apenas aguardando as oportunidades. Só
teremos que começar bem, pequenos e humildes, crescendo sempre buscando a
qualidade e a excelência.
O modelo pedagógico deverá ser baseado no tripé (1) técnicos
competentes, (2) cidadãos conscientes e (3) líderes responsáveis. É o que faz o
ITA, ministrando o melhor e mais atualizado ensino técnico de Engenharia, uma
equilibrada discussão dos valores humanos e cidadãos e os meios para inovar com
responsabilidade social e ambiental”.
E em outra carta Pazini no ensina ainda:
“Antes de avançarmos com nossas ideias, mister se faz alinhar
os nossos desejos e identificar o que se deseja construir. Creio que, antes de
mais nada, necessitamos revisar o que seja o ITA, que poderá servir de modelo,
com adaptações para a realidade desejável e praticável no Maranhão, lembrando
que a instituição será pública e de acesso franqueado àqueles e àquelas que
tiverem mérito para tal. Ou seja, precisamos construir um modelo para o que se
deseja implantar.
No arquivo anexo, V. Excelência tem uma apresentação minha
recente sobre o ITA, feita para visitantes. No slide número 16 apresento 11
diferenciais do ITA com relação a outras escolas brasileiras públicas. Vale a
pena refletirmos sobre esses diferenciais:
1. Escola experimental - por ser regulado do Lei própria e
vinculado ao Comando da Aeronáutica, o ITA não precisa estar atrelado às
amarras do MEC, tendo autonomia para inovar no ensino da Engenharia;
2. Infraestrutura do campus - no Campo Montenegro os alunos
têm todas as suas necessidades satisfeitas. Costumamos dizer que no DCTA temos
de tudo, menos cemitério;
3. Alunado diferenciado - os nossos alunos são os melhores do
País, aprovados em exames nacionais, desde 1950, com concorrências recentes da
ordem de 80 candidatos para cada vaga. Costumamos dizer que o que há de melhor
no ITA são os nossos alunos;
4. Bolsa de estudos - os alunos recebem uma bolsa completa e
quase gratuita, compreendendo ensino, educação, assistência médica, dentária e
alimentação (em qual outro lugar do país isto é oferecido aos alunos?);
5.Corpo docente e de pesquisa - o Corpo Docente é de
qualidade, especializado no País e no exterior, em áreas de interesse da
Aeronáutica, dedicando-se a ensino, pesquisa, projetos e administração dos
negócios do ITA;
6. Sistema de aconselhamento - cada grupo de 10 alunos é
alocado para a tutoria de um determinado professor para questões técnicas e
pessoais. Ou seja, o relacionamento professor/aluno é bastante individualizado,
o que não costuma ocorrer em outras escolas;
7. Assiduidade e pontualidade - exige-se do aluno a presença
a no mínimo 90% das atividades e pontualidade na entrega de todos os trabalhos
teóricos e práticos;
8. Disciplina consciente - os alunos são educados a serem
totalmente responsáveis por suas ações, não havendo fiscalização na execução de
provas e trabalhos. Há um clima implícito de confiança até prova em contrário.
Os casos de má conduta são bastante raros e monitorados pelos próprios alunos;
9. Ambiente de imersão - por terem tudo ao alcance, os
professores são muito exigentes e os alunos são mantidos em pressão coerente
com suas capacidades. Tipicamente, menos de 10% dos alunos são reprovados ou
desistem do curso, resultado que não se repete nas demais escolas nacionais de
Engenharia;
10. Ambiente de CT&I - por estar inserido no DCTA, com os
demais Institutos e indústrias à volta, o ambiente é naturalmente tecnológico,
ou seja, voltado à pesquisa e inovação, reduzindo a trajetória e os custos da
teoria ao produto, processo ou serviço. Donde o sucesso de uma Embraer, por
exemplo;
11. Carreira militar voluntária - para os alunos que
desejarem, existe a opção pela carreira militar, podendo, hoje, o
Oficial-Engenheiro, ascender até o posto de Major-Brigadeiro (3 estrelas) ”.
Com essa ajuda inestimável, o projeto que conceberemos
preverá também um parque empresarial de alta tecnologia, como o de Bangalore na
Índia. Este contará com escritórios inteligentes adaptados para pequenas e
médias empresas, e também um Centro médico que seá um local de grande inovação
clínica, para atender exército e aeronáutica de todo o país, como um existente
na Alemanha. Além disso, o projeto prevê a firmatura acordos institucionais com
Instituto de Estudos Avançados (IEAv), com o ITA, Helibrás, Embraer, CNPq,
entre outros.
Os estudos que estamos produzindo são muito mais abrangentes
do que descrevo agora, mas é o que cabe dizer nesse momento.
Uma certeza, contudo, nós temos. O Maranhão será um outro
estado com esse projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário