O impeachment já é uma realidade. Foi admitido pelo presidente da Câmara,
deputado Eduardo Cunha e, a partir daí, não depende mais dele para prosseguir.
Com a Comissão instalada, e eleitos o presidente e o relator, deverá ser aberto
um prazo de dez sessões para a presidente apresentar sua defesa. Depois disso,
a comissão delibera e o relatório vai para o plenário, a fim de que seja votado
e, consequentemente, aceito ou rejeitado.
Eu estava como deputado na legislatura em que ocorreu o
impeachment de Collor de Mello. Naquele caso, o processo inteiro durou cerca de
40 dias e a maioria deliberou pelo impeachment. Com o resultado da votação,
Collor foi obrigado a se licenciar da Presidência da República e assumiu o seu vice,
Itamar Franco. Ocorre que, antes do julgamento final pelo Senado, ele
renunciou. E depois disso, foi absolvido criminalmente pelo Supremo Tribunal
Federal.
Em linhas gerais foi isso o que aconteceu e assim deverá ser
agora.
Hoje ninguém sabe direito quantos votos tem Dilma ou quantos
tem os que são a favor do impeachment. A presidente precisará ter 172 votos para
se livrar da ação. Não parece muito, é apenas um terço da Câmara. Collor, à
época, só obteve 44 votos e, tal como Dilma, batera, antes, recordes de
popularidade.
Acontece que o processo, que parece ser decidido internamente
pelos 513 deputados, na prática, não é assim. Os deputados são pessoas
conhecidas e os cidadãos cobram nas ruas, nos aviões, em toda a parte. Quando o
processo do impeachment de Collor começou, era uma iniciativa fria, letárgica,
Ulysses Guimarães ainda não tinha entrado para valer. Mas no decorrer do
processo, o povo tomou posição e aí foram diminuindo os votos de Collor. No
final restaram apenas 44 contra o prosseguimento do seu impeachment.
Portanto, nada se pode afirmar ainda, mas o tempo está contra
a presidente. O nervosismo do governo mostra como temem o processo. Fernando
Henrique Cardoso respondeu por um impeachment quando foi presidente e teve no
plenário não 172 votos, mas 344. Não houve o drama que vemos hoje. O nervosismo
é devido ao medo – real – de não conseguirem os votos necessários para sepultar
o processo. A meu ver o medo é justificável, pois são poucos na Câmara Federal que
gostam do governo. O PT sempre viu os partidos aliados como auxiliares. Mesmo o
PMDB. Cansou de prometer e não cumprir. Em sua grande maioria, os deputados não
se sentem como participantes do poder. Além disso, só dez por cento da
população apoia o governo e até o seu partido, o PT, está muito dividido em
relação à presidente e ao governo.
Outro dia, só para ilustrar, um ministro do atual governo, um
senhor simpático, se sentou nas primeiras cadeiras de um avião esperando a
partida. Meio desconhecido, como aliás, é a maioria dos ministros atuais.
Contudo, são conhecidos dos deputados que, ao entrarem no avião, o
cumprimentavam: “Oi, ministro, tudo bem? E ele respondia: “Tudo, obrigado”. Quando
uma senhora sentada próxima se levantou, brava, e perguntou: “Mas, como? O Senhor
é ministro desse governo corrupto?”. E ele, mais do que depressa: “É apelido
minha senhora, é apelido!”.
Se não está fácil a vida de ministros do governo, como será que
estará a dos deputados?
Veremos no transcorrer. Entretanto, uma coisa tem deixado
ouriçados os nervos de muita gente. Vamos explicar. Todos sabiam que Eduardo
Cunha age sempre no limite, é muito corajoso e inteligente e sabe que está
muito complicada a sua situação e que é muito difícil livrar-se de consequências
funestas ao seu mandato. Ela sabe que, se o processo que responde na Comissão
de Ética for para o Plenário, é grande o risco de perder o mandato. Então,
negociou com o PT os votos de que precisava naquela instância, para ser
absolvido ali mesmo. Em troca, não admitiria a abertura do processo de
impeachment. Lula passou a defender o voto em Cunha e o tempo foi passando e
ninguém esperava mais a abertura do processo neste ano. Os deputados do PT, à
contragosto, admitiam votar a favor de Cunha.
Na semana passada, contudo, subitamente, a uma semana ainda
da seção do Conselho de Ética que só acontecerá, possivelmente nesta terça, o
presidente do PT, Rui Falcão (que todos sabem que só faz o que Lula manda),
soltou uma nota proibindo os deputados do partido a votarem a favor de Cunha.
Isto deixou o Palácio do Planalto atônito, o governo sentiu faltar terra sob os
seus pés. Dessa forma, sem compreenderem o que estava acontecendo, foi um
pânico generalizado no governo. Cunha, na mesma tarde, cumpriu o que dissera:
recebeu e deu início ao processo que pode tirar Dilma do Governo. Portanto, o
processo de impeachment foi precipitado pelo PT, por Lula, num surto de ética
repentina?
Lula é muito inteligente, pragmático e impiedoso. Uma
“metamorfose ambulante”, como se classificou certa vez. Mas por que mandou
precipitar o impeachment?
Está fora de dúvidas que a ação não foi combinada com a
presidente e nem com seu governo, que foi uma decisão tomada de surpresa. Assim,
cai por terra a hipótese de deixar acontecer, para vencer no voto e renovar
politicamente a presidente. E o que sobra então? A outra hipótese é ruim para
Dilma, se for mesmo isso. Lula se convenceu de que Dilma não tiraria o Brasil do
buraco em que está e chegou à conclusão de que tudo vai piorar, como, aliás, é
consenso entre todos. De modos que ele naufragaria de vez junto com o PT. Dilma
saindo, sempre haverá a possibilidade de sair de cena e fazer um acordo com
Michel Temer, que assumiria a presidência para fazer o que ela não terá como
fazer. Tudo é possível nesse jogo. Só Lula poderá explicar.
Agora teremos uns quarenta dias, possivelmente após o
recesso, para o desfecho do caso. Isso coincidirá com a piora geral do quadro
econômico, com o aumento do desemprego e com o aumento de juros no mercado
americano, devido a recuperação da economia. Isso trará fuga de capitais no
Brasil, piorando as coisas. As previsões são de que tudo estará mais difícil, o
que será péssimo para Dilma. Eis então a explicação do motivo pelo qual o
governo quer decidir essa questão ainda em janeiro, sem recesso.
Agora o pêndulo do poder pende para Temer e para o PMDB, como
não acontece desde Ulysses. O jogo está feito e será para profissionais.
E quanto ao meu voto no impeachment? Meu voto será decidido
pelos interesses do Maranhão, esse estado tão abandonado. Não tenho ideologias
a me comandar e, assim, quero garantias de que teremos apoio total para
instalarmos o Instituto Tecnológico da Aeronáutica em Alcântara e todos os
institutos que o cercam; da implantação da Cidade Digital no Centro Histórico,
junto com a recuperação dos prédios para o projeto de ensino integral para
todos os colégios do município de São Luís; recursos e condições para a
instalação de mini-usinas de biodiesel de óleo babaçu, que darão renda para
milhares de quebradeiras de coco, trabalhadoras intensas, mas que têm renda
muito baixa por falta de apoio. Sim, porque com o aumento para sete por cento
da mistura do biodiesel no diesel e na gasolina o projeto tornou-se muito
atrativo. E, por fim, pela garantia de
duplicação da BR-135.
Votarei pelo Maranhão, não quero nada para mim. Chega de
sermos joguetes de interesses de poder.
Mas adianto que será muito duro votar a favor de Dilma, que
faz um governo muito ruim para o povo brasileiro. Será que ela muda? E vou conversar com o governador Flávio Dino, pois fazemos
parte do mesmo grupo político e temos como objetivo maior o progresso do nosso estado.
Mudando de assunto, o ministro de Minas e Energia Eduardo
Braga determinou que fosse comunicado a ele, por meio da secretária Crisálida
Rodrigues, que está marcado para depois do carnaval o leilão do linhão que
ligará as subestações de Bacabeira e Parnaíba, fundamental para a expansão de
energias limpas (eólica e solar) no Maranhão. É uma notícia muito importante
para o nosso estado e para a região do litoral maranhense entre as duas
subestações.
Parabéns ao governador e todos os que lutaram por isso!
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