É doloroso escrever sobre os resultados ruins dos
nossos alunos no IDEB de 2015. Não se trata de apontar culpados, mas alguma
coisa temos que fazer. E com a devida urgência. Do jeito que está, não pode
ficar. A comparação com outros estados, e até com os dados de anos anteriores
do nosso próprio estado, mostra que estamos muito mal e, se nada muito sério
for feito, correremos o risco de eternizar o drama da pobreza que domina a
maior parte da população maranhense.
Infelizmente, não vi nenhuma comoção após a
divulgação desses dados. Ninguém disse nada. Parece até que estamos muito bem e
não temos problemas nesse setor que é vital para o emprego e a renda. Problemas
que não vêm de agora. mas que precisamos resolver.
Vejamos: a “Pátria Educadora” do governo federal
foi um fracasso total, pois nenhum estado se saiu inteiramente bem, o país como
um todo saiu muito mal mas, o nosso estado foi o pior de todos. As escolas
particulares estão um pouco melhor que as públicas. Por exemplo, nas escolas
públicas municipais até o quinto ano do ensino fundamental, na disciplina
língua portuguesa, incluindo escolas municipais e estaduais, só 15 por cento
dos alunos tiveram um aproveitamento que lhes permitisse acompanhar bem a segunda
fase do fundamental. Nenhum estado teve desempenho pior que o nosso. Sergipe
(com 17 por cento) e Alagoas, Pará e Amapá (com 18 por cento) foram os mais
próximos de nós. O Piauí ficou bem melhor, com 21 por cento. No Paraná foram 52
e Minas Gerais e Santa Catarina ficaram
com 51 por cento. No Brasil, 35 por cento.
Nessa mesma disciplina, língua portuguesa, se
formos até o nono e último ano do ensino fundamental, somente 11 por cento dos
nossos alunos tiveram bom aproveitamento. Fomos os penúltimos, pois Alagoas, com 10 por cento ficou atrás. Minas
Gerais com 34, Brasil com 23, Ceará também com 23 por cento. Vejam, em cada 100
alunos que completam o ensino fundamental, só onze estão aptos a seguir em
frente no Maranhão. Que desperdício de tempo e dinheiro!
Se formos para outra disciplina fundamental, a matemática,
a tragédia ainda é pior. Somente 9 por cento dos alunos que terminam os cinco
primeiros anos do ensino fundamental estão aptos para seguirem em frente (somos
os piores do Brasil). DF com 47, Minas com 51, Paraná com 51 e Brasil com 35
por cento. E quanto aos que terminam os nove anos do ensino fundamental, só 3
por cento estão adequadamente preparados. Minas com 20 e Brasil com 11 por
cento. Pasmem, no Maranhão só três entre cem alunos! Uma tragédia!
O ensino fundamental é de responsabilidade direta
dos municípios, então como proceder, se os alunos chegam ao ensino médio tão
ruins? É por isso que o deputado Pedro Fernandes, que foi Secretário de
Educação, defende que os estados precisam chamar para si a responsabilidade de
poder influenciar na qualidade desse ensino, seja oferecendo prêmios, seja
cortando ajuda financeira para os municípios.
No ensino médio, responsabilidade do estado,
também temos sérios problemas, muito sérios. Estávamos acima da meta em 2005
com a média de 3,8. Hoje, 2015, estamos bem abaixo da meta com 3,3. Estamos
perdendo feio para nós mesmos, pois tínhamos nota bem maior antes. E a nossa
meta para 2021 é 5,6. Considerando o que estamos fazendo, dificilmente
conseguiremos atingi-la e, dessa forma, vamos ficando para trás. O que
aconteceu?
Como educação é fundamental para aumentar a renda
e o emprego, temos que ficar muito preocupados, pois estamos em último lugar
entre todos os estados brasileiros.
Esse é um fato. O que interessa é reconhecermos
que estamos com grandes problemas e dessa forma possamos então conceber
mudanças que nos permitam sair desse buraco. Não interessa mais buscarmos
culpados agora. Isso não vai resolver nada.
Não gosto de mostrar coisas ruins, mas se não conhecermos
a profundidade delas, como poderemos consertar? Já perdemos tempo demais.
Mas nem tudo é notícia ruim. Estivemos, a bancada
maranhense, na terça-feira da semana passada com o Almirante Leal, Comandante
da Marinha, para nos informarmos sobre o projeto da Base Naval em São Luís. Este
projeto é muito importante para o nosso estado, investimento de muitos bilhões
de reais, de ampla repercussão na economia maranhense, com a expectativa de mais
de cinco mil novas famílias de classe média vindo morar em São Luís.
O Almirante nos garantiu que a decisão foi tomada
e a Base será instalada em São Luís, na Baía de São Marcos. E nos pediu apoio
parlamentar, o que garantimos a ele.
Isso nos dá uma ideia do cenário que está sendo
desenhado para o Maranhão. Projetos muito importantes estão vindo para cá. Projetos
que mudarão economicamente o nosso estado.
Mas, com esse nível de educação, será que nossos
jovens usufruirão desses milhares de empregos ou só alguns poucos? A
preocupação é muito grande.
Mudando de assunto, anuncio que a Mesa da Câmara
aprovou minha proposta de criação da Frente Parlamentar para Modernização do
Centro de Lançamento de Alcântara. A proposta foi apoiada por 196 deputados
federais de todos os partidos e de todos os estados brasileiros. Pretendemos
debater com profundidade o Programa Espacial Brasileiro, dar-lhe a prioridade
que merece, por ser um setor tão importante para a segurança nacional -
Amazônia, Pré-Sal, vigilância das nossas fronteiras contra contrabando de armas
e de drogas, comunicações, meteorologia - e tornar o Brasil um país autossuficiente
no domínio do ciclo completo de lançadores de foguetes e satélites e da
tecnologia espacial aí concebida e utilizada.
Com isso, tornaremos o centro de lançamento de
Alcântara um dos mais importantes do mundo. E o Maranhão então se tornará um
centro de tecnologia referencial em nível global.
Enquanto isso, o governo Temer vai privatizar o
nosso aeroporto. São medidas necessárias, pois, tudo dando certo, a demanda de
passageiros vai aumentar muito no curto e médio prazo.
E para terminar, insiro no debate a questão das siderúrgicas
brasileiras. Grande parte delas opera em elevado grau de obsolescência e, ao invés de
investirem em sua modernização, preferem fomentar guerra aberta contra a vinda
da siderúrgica chinesa para cá. Óbvio. Isso os tira da zona de conforto. Pois
bem, só a união de toda a classe política vai garantir a implantação desse
projeto tão importante aqui no Maranhão.
O “nós” contra “eles” não vai funcionar.
Precisamos de união em torno desse objetivo!
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