Participei de alguns eventos de campanha no interior do
estado, nessas eleições disputadas já com as novas regras aprovadas pelo
Congresso e vi basicamente coisas bem positivas. Primeiro, me parece um grande
acerto o período menor de campanha. É menos oneroso, um avanço, sem dúvidas.
Menos carros de som, menos cartazes colados nas paredes e cavaletes, menos
sujeira. Pouca parafernália geral, poucos eventos. Notei a volta dos grandes
comícios, com muita gente participando, praças lotadas por todo o estado,
participação vibrante da população. É uma parte muito positiva.
Em São Luís isso não aconteceu, me parece, mas em todo o
interior maranhense tivemos grandes comícios. Isso vinha caindo em desuso e nos
últimos tempos, era comum haver um grande show de artistas conhecidos puxando a
audiência, senão o interesse era mínimo. Isso mudou. A população quer ouvir os
políticos e quer participar. Depois dos comícios, as caminhadas preponderaram.
Às vezes, como participei de várias, depois do comício, havia a passeata para
levar o candidato em casa ou próximo a ela, misturando os dois eventos num só
ato político, movimentando as ruas das cidades.
Carreatas não foram tão comuns. Nem são tão eficientes, também
me parece.
Quanto ao financiamento de campanha, nesse caso, tenho
dúvidas. No papel é tudo muito bonito, principalmente pelo desregramento dos
últimos tempos, em que não havia ajuda de campanha, mas sim bilionários
negócios, que deixavam quem participava dessa negociata praticamente invencível.
Eis então o combustível para viabilizar
o sonho de se eternizar no poder à custa de muita roubalheira. Isso obviamente desvirtuava
completamente as eleições, que não eram limpas e tampouco democráticas. Sem
dúvidas, a proibição era necessária. Absolutamente necessária. Mas, então, qual
a dúvida?
Como a justiça eleitoral não tem estrutura para fiscalizar
tudo o que acontece, nós vemos candidatos que, no intuito de tentar vencer o
pleito a qualquer custo, escolhem o pior caminho e se endividam com agiotas, dinheiro
muito caro, escondido, além de tudo, “caixa dois”, que terá que ser pago com
dinheiro surrupiado da prefeitura. Esses estão condenados a não fazer nada e
atrasar o salário dos servidores. Candidatos ricos levam grande vantagem. Muito
Dinheiro de sindicatos, de igrejas, de seitas, e – o mais grave – de organizações
criminosas, financiando-os e burlando a Lei.
No Rio de Janeiro, o tráfico e as milícias financiaram
candidatos com dinheiro vivo, um precedente perigoso, pois eles querem chegar às
Câmaras de Vereadores, Assembleias, Câmara Federal e participarem da elaboração
de leis. Um perigo. Por isso tantos assassinatos no estado. Isso tem que ser
combatido com rigor, pois se continuar, vai também chegar aos outros estados.
Com efeito, o item do financiamento de campanha, para mim,
está pendente de grandes debates e de leis bem elaboradas. Do contrário, as
eleições não serão iguais para todos, o que pode comprometer de vez todo o
sistema político. Além de ser um obstáculo para a renovação da política
brasileira.
Mudando de assunto, nas minhas andanças, fui até Araioses. E
tem um fato novo dando um certo dinamismo à região. Fiquei hospedado em uma
pousada em Tutoia que é surpreendente. Primeiro, porque é muito bonita e
atraente. E, por isso mesmo, estava lotada de turistas estrangeiros, europeus e
sul-americanos. Grande parte deles eram praticantes de windsurfe e vinham de
Jericoacoara, em busca dos ventos da região, sempre muito fortes. Ali estavam
em casa... Fiquei muito satisfeito com o dinamismo apresentado por Tutoia, agora
com bons hotéis.
Parte desse dinamismo vem da abertura da estrada entre
Barreirinhas e Paulino Neves. Estrada de terra, mas muito bem feita, executada e
inteiramente custeada pela Ômega, empresa que está implantando um gigantesco
parque eólico nas proximidades de Paulino Neves. Para levar as torres, hélices
e outros equipamentos, tiveram que fazer a estrada ao mesmo tempo em que
constroem o linhão entre Paulino Neves e Miranda, que vai recolher a energia
gerada ali e levar para todo o Brasil. Um investimento privado muito
significativo, bilhões de reais que contribuirão muito para o desenvolvimento
da região. As possibilidades de produzir energia renovável ali são imensas,
tanto solar como eólica. Já falei muito disso por aqui. Faltava o linhão que
dentro de pouco tempo estará pronto e muitos outros projetos poderão ali se
implantar. As obras estão a todo o vapor.
Agora, se o governo do estado implantar a estrada entre
Tutoia e Araioses, e completar uma ligação com São Bernardo, então a vocação da
região se plenificará e muito mais investimentos serão atraídos para explorar a
beleza do local, a fartura de camarões, caranguejos, lagostas e a proximidade
com outros polos de atração turística, tanto no Maranhão quanto no Piauí e no
Ceará.
Para concluir, gostei muito do resultado da eleição. Quase
todos os meus amigos se elegeram. Mas impressionante mesmo foram as
performances do deputado Eduardo Braide, que foi presidente da CAEMA no meu
governo. Mesmo sem tempo de televisão expressivo e lançando a candidatura em
cima da hora, aproveitou muito bem a oportunidade que teve no Debate da Mirante
e com muito brilho disparou, mostrando que em São Luís era, sem dúvidas, o mais
preparado dos candidatos. O povo percebeu claramente isso e mudou o seu voto.
Precisamos mesmo de um prefeito competente que faça mais do que asfaltar ruas,
uma obrigação de qualquer um.
O mesmo aconteceu em Imperatriz com o Delegado Assis.
Atropelou todos os favoritos apoiados por máquinas eleitorais pesadas e ganhou
a eleição, dando um sopro de renovação na política local.
Parabéns aos dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário