No artigo da semana passa descrevi o encontro que tive com a
FIEMA, porém não terminei o relato, já que foram muitos os temas debatidos. Hoje
farei um resumo dos demais assuntos, como prometi.
Começarei pela Cidade Digital. Todos sabem a importância cada
vez maior da tecnologia e da inovação para o futuro. Dentro de quatro meses
entrará em operação um satélite de propriedade do governo brasileiro com
tecnologia francesa, mas com a participação de mais de cinquenta técnicos e
engenheiros brasileiros em sua concepção e produção. Será uma operação
associada entre a Aeronáutica, a EMBRAER, e a Embratel. O êxito nessa
empreitada possibilitará o advento da tecnologia de banda larga para todo o
território brasileiro. Isso faz parte do cenário que estamos construindo.
Pois bem, como todos sabem, São Luís possui seu centro histórico tombado pelos organismos que cuidam do Patrimônio Histórico. É preciso garantir a preservação e a valorização dessa belíssima área, hoje abandonada. Para isso, é fundamental viabilizar ali uma atividade econômica permanente e útil para a cidade e para o estado. Vejam que no Centro Histórico, possui muito espaço disponível – se adaptado – para conceber um projeto de Cidade Digital.
Com um bom projeto, se juntarmos os interessados, teríamos grandes probabilidades de criar uma coisa única, grandiosa e formadora de mão de obra em um setor que cada vez vai precisar de mais gente qualificada. Isso seria possível pela existência de cabos de fibra ótica que passam ali.
Falei com Kátia Bogea, Superintendente nacional do IPHAN
(Instituto de Patrimônio Histórico), que preliminarmente deu sinal verde para
conversarmos, quando tivermos esses projetos.
Um outro assunto comentado na Fiema foi o tema da energia renovável
de baixo carbono. O Maranhão é um dos poucos locais no Brasil que apresenta
ampla possibilidade de produzir em grande escala energia de baixo carbono,
utilizando diversas fontes renováveis. Temos ótimas condições para produzirmos
energia eólica, solar, gás, biomassa e até de correntes de marés. O primeiro
grande projeto de energia eólica no Maranhão será inaugurado em julho em
Paulino Neves. As torres estão sendo montadas rapidamente, a linha de alta
tensão que vai integrar essa energia ao sistema nacional já está pronta e o que
se nota é uma revitalização econômica sem precedentes em toda a região que compreende
territórios dos municípios de Barreirinhas e de Tutoia. Ficamos para trás no
aproveitamento da energia dos ventos, porque não tínhamos linhas de alta tensão
- os linhões - para escoar a energia que fosse produzida. Durante anos isso
travou todo o investimento.
Hoje a energia solar também já é uma realidade no estado.
A ex-secretária estadual de Minas e Energia, Crisálida Rodrigues, com os
projetos que colocou em funcionamento, já demonstrou como isso pode
proporcionar aos pequenos produtores, que precisam irrigar suas plantações, uma
maior compensação financeira pelo seu trabalho. A Universidade Federal do Maranhão e a Cemar já tiraram da escuridão
áreas remotas em que a energia elétrica não chegava. Mas as possibilidades são
muito maiores e estruturas como os lagos de barragem, e até as lagoas do
Bacanga e a Lagoa da Jansen poderiam ficar mais bonitas e úteis, se recebessem
projetos de energia solar em sua superfície.
O gás natural é bastante abundante no Maranhão, na Bacia do
Parnaíba. Está sendo explorado em grande escala, mas infelizmente se recusam a
contribuir com o estado, vendendo uma parte desse gás para a Gasmar construir o
gasoduto que traria o gás até os polos industriais do estado. Só o usam para
produzir energia térmica, o que é importante, mas nada deixa de impostos no
Maranhão. A biomassa já é usada em grande escala por empresas ligadas ao
agronegócio instaladas no interior do estado.
Não bastasse isso, a UFMA tem projetos muito interessantes no
aproveitamento das correntes de marés para gerar energia.
Os outros projetos a que me referi na reunião com a FIEMA
foram todos na área rural. São eles: a regularização fundiária, o zoneamento agrícola
e a pesquisa voltada para o aumento da produtividade rural. Os bancos têm se
recusado a aceitar os títulos de propriedade da terra como garantia de
empréstimos devido a sua precariedade. E, como se sabe, sem financiamento não
se faz agricultura de ponta. Pessoas experientes sugeriram resolver o problema por
meio do SPU, em um entendimento que exigiria primeiramente fazer as
discriminatórias, regularizando a situação, o que permitiria aos bancos voltar
a operar com força no estado.
Urgente também é o Zoneamento Agrícola, que permitiria
aumentar em muitas vezes o financiamento para a produção rural. Hoje o
financiamento é limitado legalmente em apenas vinte por cento da área das
fazendas, em algumas regiões, o que torna ineficiente o investimento. Com o zoneamento,
o estado pode mudar isso e aumentar muito a área a ser utilizada na produção, majorando
o investimento, a produtividade e empregos.
Por último destaquei a necessidade premente para que nos
tornemos um produtor de grãos muito maior do que já somos. Isso se dará por
meio da pesquisa de novas variedades adaptadas ao nosso clima e ao nosso
ambiente. Existem variedades de grãos que são muito consumidos em países como a
Índia e que nós aqui não produzimos. Esses grãos teriam que ser adaptados, como,
aliás, aconteceu com a soja. Teríamos, porém, que financiar a Embrapa, para
conseguirmos dirigir as pesquisas para nossas necessidades. Mato Grosso faz
isso mediante a aplicação de uma taxa acertada entre os produtores. Taxam o
saco de semente em dois por cento de seu valor e com isso contratam a Embrapa
para fazer as pesquisas que acham mais rentáveis para o estado.
Para finalizar, comunico que o Centro de Lançamento de
Alcântara ganhou uma denominação nova. Agora se chama Centro Espacial de
Alcântara. É o programa espacial brasileiro tomando forma e com o Maranhão em
destaque.
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