segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ativo como Nunca

A coluna Radar, do jornalista Lauro Jardim, na revista Veja desta semana, publicou que a senadora Roseana Sarney procurou alguns senadores para falar sobre a candidatura do senador José Sarney, seu pai, à presidência do Senado. Está fazendo isso a pedido do pai para sentir a viabilidade de sua candidatura.

Ele joga usando o PMDB, que tem a maior bancada de senadores, já que tem grande influência na casa pelo apoio que deu a vários membros nas duas vezes em que dirigiu o Senado e pela grande proximidade que tem com Lula e com o ministério, onde sempre consegue resolver problemas, muitas vezes de outros senadores. A vez, porém, é do PT, pois o PMDB já oficializou, com aval de Lula, a candidatura do presidente do partido, Michel Temer, à presidência da Câmara. Como existe um acordo entre os dois partidos da base de Lula, para que, caso um dirija uma das casas o outro dirige a outra, o PMDB já optou pela Câmara o Senado, então, teoricamente é do PT. Teoricamente. Porque nesse jogo de poder, acordos são rompidos ao sabor das conveniências.

E para o senador o poder está acima de tudo. Ele sabe que o seu evidente enfraquecimento político vai se tornando irreversível, o que é demonstrado a cada eleição. Só como exemplo, a sua ridícula participação nas eleições de São Luís (7,82% dos votos somando seus 4 candidatos), como também a desastrosa perda de 24 prefeituras pelo seu partido no Maranhão, elegendo apenas 16 prefeitos. No Amapá tudo se repete e ele assiste o seu grande adversário o ex-senador Capiberibe na iminência de eleger o seu filho prefeito da capital, Macapá, derrotando o parente do governador Valdez, seu mais dileto aliado.

Ele está dando tudo para voltar a ser presidente do Senado. Já conseguiu a aprovação pública do presidente Lula ao nome de Renan Calheiros para líder do PMDB no Senado e este, mais que depressa, tenta vetar o nome de Tião Viana, candidato do PT, e ex-presidente, quando substituiu o próprio Renan depois do longo episódio que culminou com a sua renuncia à chefia do Senado. Penso que tanto esforço e empenho serão em vão. O PT e o presidente Lula não vão permitir ao PMDB ficar tão forte presidindo, simultaneamente a Câmara e o Senado, em um momento de enfraquecimento do partido dos trabalhadores, que não conseguiu os resultados eleitorais que desejava e que viu que Lula não consegue transferir votos para qualquer um. Além do mais, o presidente está terminando o mandato em 2010 e em um momento de grandes dificuldades econômicas globais, o que é ruim para quem está governando. Perde apoios rapidamente. E o PMDB, que é nacionalmente um partido mais que pragmático, se sentir que os ventos mudam, navegará alegremente nessa outra direção. Assim, o presidente Lula e o PT não vão cair nessa armadilha. Não vão se imolar.

Resta-lhe, como alternativa de poder, derrubar Jackson do governo por meio do processo que move contra ele no Superior Tribunal Eleitoral. O projeto é forjado. Conseguido, como dizem as testemunhas, a troco de muita sujeira. Agora mesmo já estão dizendo que a testemunha já mudou de novo o que disse e está no exterior. Quem custeia essa viagem? Não é muito difícil acertar. O certo mesmo é que esse é seu último cartucho para não sumir de cena de vez. Dizem que luta para que a prevaleça no julgamento a cassação de Jackson e a aprovação de uma tese que tentaria legitimar o processo. Essa tese seria a de uma anulação dos votos que Jackson recebeu no primeiro turno e aí haveria um novo segundo turno em que apenas poderiam concorrer Roseana Sarney e Edson Vidigal. Acham que Vidigal não é páreo para Roseana e aí venceriam em uma eleição que legitimaria a lambança. Se Garrincha estivesse vivo, poderia perguntar: “Combinaram com os russos?” - como contam que falou antes do jogo com a Rússia na copa de 1958 após a preleção do técnico Feola, que lhe dizia como fazer para ganhar o jogo.

O processo é um absurdo total, mas o Sarney está desesperado e vai tentar sua última cartada. Portanto, o governador Jackson deve ficar atento para que prevaleça a vontade legítima das urnas onde o povo, soberano, impôs a sua vontade. Fique atento, governador, pois não está em jogo apenas o seu mandato e sim o futuro livre do Maranhão. Não podemos permitir que a irresponsabilidade, o descaso e a incompetência voltem a atrasar o nosso estado, que está se recuperando de 40 anos de desmandos.

Para enfraquecer a Frente de Libertação, ele agiu nos bastidores, por intermédio de seu sistema de mídia e usou a sua tática preferida: a intriga e a discórdia. Fomos para a eleição em São Luis com várias candidaturas. E se comprova que foi ele quem espalhou na imprensa que apoiava um dos candidatos ao segundo turno. Tudo com um único intento: dividir a Frente. Não queria ajudar candidato nenhum, pois sabia que seu apoio é mortal para qualquer um. Ficaria enrustido se de fato apoiasse. O que queria é que mordessem a sua isca desagregadora e dos seus jornais que provocam e inventam factóides e intrigas para que todos passem a brigar uns contra os outros, enfraquecendo candidaturas e comprometendo a união e a formação da Frente no futuro. Por isso, cobravam sistematicamente a minha presença, a de Vidigal e a do Governador, lutando por candidaturas isoladas e concorrendo para dividir definitivamente a união que os derrotou em 2006. Isso não aconteceu e nem vai acontecer.

É preciso que haja um grande esforço pós-eleitoral para evitar que as divergências de campanha se aprofundem.

É um trabalho e tanto. Cuidado com o velho e esperto senador.

Mas não vai dar certo de novo!

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