Rui Nogueira: O Palácio do Planalto já está mergulhado nas negociações para fazer do senador Tião Viana (AC) o próximo presidente do Congresso. A tarefa dos interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é convencer o senador Renan Calheiros (AL) a não rachar o PMDB e a apoiar o petista. A contrapartida para a conquista dos votos dos senadores peemedebistas (21 parlamentares) é o apoio da bancada de deputados do PT (79 integrantes) à candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara.
Parte dessa tarefa ficou a cargo do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que tinha um jantar agendado para a noite de ontem com o próprio Renan. Há outros nomes na bancada peemedebista do Senado que resistem à pretensão de Viana em assumir o comando do Senado e do Congresso - como Valter Pereira (PMDB-MS) -, mas o caso de Renan é considerado "mais sensível", diante da candidatura do petista do Acre. "Por motivos óbvios", disse ontem ao Estado um senador do PMDB.
A "obviedade" da resistência de Renan tem a ver com o escândalo que levou o senador alagoano, exatamente um ano atrás, a se licenciar da presidência do Congresso e a entregar o cargo ao vice, Tião Viana. Até hoje, Renan avalia que o petista trabalhou para dificultar a sua permanência no cargo, de onde ele considerava mais fácil se defender da suspeita de ter usado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel de uma casa à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
Outra das inúmeras suspeitas era de que teria inflado a renda com ganhos na venda de gado para poder justificar os pagamentos à jornalista. Renan foi absolvido pelo plenário do Senado em duas votações - em setembro e dezembro de 2007 - que decidiam sobre pedidos de cassação do mandato, mas o caso continua sob investigação na Polícia Federal (PF). Em outubro do ano passado, o senador alagoano se licenciou do cargo, Viana assumiu e disse que sua primeira missão seria "pacificar a Casa", adotando para isso "procedimentos em favor da instituição".
QUEIXA
Renan não gostou das declarações e entendeu, à época, que Viana estava fazendo mais do que substituí-lo. Chegou a se queixar ao presidente Lula, dizendo que Viana trabalhava como se não fosse possível ele ser absolvido e voltar ao cargo.
Na prática, aconteceu o que o senador petista e a maioria da Casa previam - mesmo absolvido, Renan não teria mais condições político-institucionais de reassumir presidência. Em 4 de dezembro, data do segundo julgamento em plenário, Renan renunciou à presidência antes da votação secreta e salvou o mandato. O Senado acabou abrindo um processo sucessório, elegendo Garibaldi Alves (PMDB-RN) para a presidência.
Tendo Renan comprometido com o apoio a Viana, o Planalto avalia que a taxa de deserções da bancada de senadores peemedebistas será muito baixa e não comprometerá o acordo PT-PMDB em torno da divisão das presidências da Câmara e do Senado. Uma manifestação de unidade do PMDB do Senado em torno de Viana ajuda a Temer, porque desestimula o lançamento de outras chapas na base aliada do Planalto.
Um ministro disse ao Estado que, nesse cenário, não há risco de os descontentes da base "ameaçarem com o lançamento da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE)". Ele reforçou a idéia, dizendo que "a chave de tudo é a bancada do PMDB no Senado".
Parte dessa tarefa ficou a cargo do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que tinha um jantar agendado para a noite de ontem com o próprio Renan. Há outros nomes na bancada peemedebista do Senado que resistem à pretensão de Viana em assumir o comando do Senado e do Congresso - como Valter Pereira (PMDB-MS) -, mas o caso de Renan é considerado "mais sensível", diante da candidatura do petista do Acre. "Por motivos óbvios", disse ontem ao Estado um senador do PMDB.
A "obviedade" da resistência de Renan tem a ver com o escândalo que levou o senador alagoano, exatamente um ano atrás, a se licenciar da presidência do Congresso e a entregar o cargo ao vice, Tião Viana. Até hoje, Renan avalia que o petista trabalhou para dificultar a sua permanência no cargo, de onde ele considerava mais fácil se defender da suspeita de ter usado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel de uma casa à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
Outra das inúmeras suspeitas era de que teria inflado a renda com ganhos na venda de gado para poder justificar os pagamentos à jornalista. Renan foi absolvido pelo plenário do Senado em duas votações - em setembro e dezembro de 2007 - que decidiam sobre pedidos de cassação do mandato, mas o caso continua sob investigação na Polícia Federal (PF). Em outubro do ano passado, o senador alagoano se licenciou do cargo, Viana assumiu e disse que sua primeira missão seria "pacificar a Casa", adotando para isso "procedimentos em favor da instituição".
QUEIXA
Renan não gostou das declarações e entendeu, à época, que Viana estava fazendo mais do que substituí-lo. Chegou a se queixar ao presidente Lula, dizendo que Viana trabalhava como se não fosse possível ele ser absolvido e voltar ao cargo.
Na prática, aconteceu o que o senador petista e a maioria da Casa previam - mesmo absolvido, Renan não teria mais condições político-institucionais de reassumir presidência. Em 4 de dezembro, data do segundo julgamento em plenário, Renan renunciou à presidência antes da votação secreta e salvou o mandato. O Senado acabou abrindo um processo sucessório, elegendo Garibaldi Alves (PMDB-RN) para a presidência.
Tendo Renan comprometido com o apoio a Viana, o Planalto avalia que a taxa de deserções da bancada de senadores peemedebistas será muito baixa e não comprometerá o acordo PT-PMDB em torno da divisão das presidências da Câmara e do Senado. Uma manifestação de unidade do PMDB do Senado em torno de Viana ajuda a Temer, porque desestimula o lançamento de outras chapas na base aliada do Planalto.
Um ministro disse ao Estado que, nesse cenário, não há risco de os descontentes da base "ameaçarem com o lançamento da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE)". Ele reforçou a idéia, dizendo que "a chave de tudo é a bancada do PMDB no Senado".
Comentário do Blog: Primeiro o Palácio e o PT já perceberam o perigo que ronda a sucessão ,se cederem a pressão dos senadores do PMDB. Os deputados do partido também deverão entrar na briga que envolve a eleição na Câmara do presidente do partido. A tática usada pelos senadores do PMDB é antiga. Dizem não aceitar o candidato natural do PT para criar a confusão e no fim sai um tertius. Quem seria? Claro, o Sarney, que está por trás de tudo que está acontecendo. Lula vai ter que ser firme, pois a quadra não é boa para ele.
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