Em uma tarde no início de 2006, recebi o Dr. Luís Alberto
Garcia, que chefiava um grupo de executivos da ABC Inco, do Grupo Algar, no
Palácio dos Leões. Comigo estavam o prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo,
e os secretários José Azzolini (Fazenda), Simão Cirineu (Planejamento), além de
outros.
Dias antes, Deoclides havia me procurado com a notícia do
interesse da empresa mineira em se instalar em Porto Franco. Queriam ser
recebidos para discutirem incentivos oferecidos pelo estado e se certificarem
do nosso interesse pela vinda deles para cá, além de explicarem o projeto e as
vantagens que o estado teria com a implantação da empresa. Discutimos também o
número de empregos, expectativa de faturamento, etc. Disse-me que era
fundamental que o município tivesse um distrito industrial dotado de toda a
infraestrutura para que pudéssemos receber essa empresa e outras que seriam
atraídas pela presença da ABC.
O secretário Ney Bello (infraestrutura) providenciou
rapidamente a desapropriação do terreno necessário ao Distrito Industrial e providenciou
ainda o planejamento urbanístico e a infraestrutura para o tal. As tratativas
com as pastas da Fazenda e do Planejamento andaram céleres e o projeto de
modernização da legislação concernente foi elaborado e remetido à Assembleia
Legislativa. Naquela Casa, o projeto recebeu a importância devida pelos
parlamentares e foi aprovado rapidamente. Com os documentos assinados pelo governo,
prefeitura e empresa, no final de 2006, com a presença do governador eleito,
Jackson Lago, tivemos uma grande solenidade no Distrito Industrial de Porto
Franco para o início das obras da esmagadora de soja.
A escolha de Porto Franco foi devido à infraestrutura do
local. Sim, porque o município localiza-se às margens do Rio Tocantins e à
época, já se encontrava em uma situação privilegiada no que concerne a uma logística
favorável de escoamento. Isto é, a cidade encontrava-se já próxima aos trilhos
da Ferrovia Norte-Sul; próxima ao entroncamento formado pelas rodovias federais
Transamazônica e Belém Brasília; junto a uma enorme região produtora de soja e
de grãos formada de grandes áreas do Maranhão, Piauí e Tocantins- o Mapito - e
com conexão para todas as regiões do país; junto a Imperatriz, já ligada (pela
ponte que ali construímos) ao estado Tocantins e a toda a região Amazônica, pretendido
mercado consumidor para os produtos da ABC.
A empresa, confortável com o interesse muito forte
de lideranças locais capitaneadas por Deoclides Macedo, sentiu-se segura para
investir. Começou produzindo óleo não refinado e vendido em garrafas pet, além
de farelo de soja. Naquele início, a empresa não beneficiava ainda o que
produzia e vendia tudo para outras empresas. O valor agregado ainda era
pequeno. Há pouco tempo foi inaugurada uma refinaria de óleo e então se fechou
uma cadeia produtiva importante para o estado. Hoje sai de lá o óleo de soja
ABC enlatado para o consumo residencial. A produção é crescente e é grande o
movimento de negócios em torno da fábrica. Por fim, o PIB de Porto Franco que
era um dos últimos do estado, hoje é o oitavo.
Para que a empresa pudesse empregar trabalhadores e técnicos maranhenses,
tinha que prepará-los para o trabalho especializado. Isso fez parte do
documento assinado entre o estado, a prefeitura e a empresa, tendo sido
cumprido fielmente desde o início, antes mesmo de sua implantação.
A região toda mudou muito desde 2006. Vale à pena ver de
perto o que acontece, porque certamente a cadeia produtiva ainda não está
completa e muitos desdobramentos positivos ainda virão com mais investimentos,
empregos e renda. É uma região otimista e confiante no futuro.
Naquela época as empresas evitavam o Maranhão. Tinham medo de
vir para cá, temendo o que aconteceu em outros governos, como o ocorrido a Bunge e muitas outras
empresas. A Bunge queria se instalar próxima ao porto do Itaqui, construindo
uma grande instalação empresarial que traria grandes benefícios ao estado. Mas,
nas tratativas com o governo, a empresa achou inapropriadas as condições e foi
para o Piauí, onde se instalou em Uruçuí e construiu um grande polo de
desenvolvimento ali.
Só quem perdeu foi o Maranhão.
Ilustrando o que falo, vale à pena recordar o que disse o Sr.
Luís Alberto no seu discurso no início da construção da fábrica no final de
2006. É bom saber que ele é um vigoroso senhor de 77 anos, que construiu uma
grande empresa, presente em vários estados brasileiros e com variados
interesses na economia brasileira, mas cada vez mais dedicada ao agronegócio.
Portanto um homem desses não tem papas na língua, autêntico como é.
No discurso, chamou a atenção de todos ao dizer: “Governador,
quando eu fui me encontrar com o senhor pela primeira vez em seu gabinete, tive
tive muito medo. Discutimos tudo e o Sr. concordava com o que achava razoável e
compatível e, naquilo que achava que não dava para fazer, dizia isso
claramente. Eu estava informado que aqui as coisas não eram tão simples. A
conversa ia se encerrando, tudo resolvido rapidamente, até que no final eu não
me contive e lhe perguntei- E o Sr. Governador, o que quer de nós? E me recordo
que o Sr. respondeu – que empreguem muitos maranhenses e ganhem muito dinheiro aqui.
Aquela sua resposta me fez decidir naquele momento que a nossa fábrica seria
construída no Maranhão”.
Na quinta-feira passada estive em Porto Franco para visitar a
Expofran, uma das maiores feiras
agropecuárias do estado, onde houve uma sessão extraordinária da Câmara
Municipal para entrega de um título de cidadão ao Sr. Luís Alberto, motivado
pelo muito que fez pela cidade e pela região com a instalação da Algar.
Convidado por Deoclides Macedo e pelo prefeito Aderson Marinho, estive presente
e pude rever o Sr. Luís Alberto e recordar aqueles tempos transformadores. Foi
uma noite emocionante.
Pois bem, caros amigos, visitei a única refinaria que está
funcionando no estado do Maranhão, que é a de Porto Franco e que ajudamos a
trazer. A outra, a do governo de Roseana, é apenas um factoide político.
Infelizmente!
Um comentário:
Parabéns, este é um exemplo a ser seguido.
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