Sem brigar, “mordendo e assoprando”, o PMDB vai tomando conta do governo. Quem é mais forte hoje do que o vice-presidente Michel Temer na política brasileira? Ninguém, digo eu. Ele é quase um fiador da manutenção da presidente Dilma no governo. Como contestá-lo? Na frágil arquitetura que mantém Dilma na presidência, quem seria capaz de contrariá-lo? A foto em que ele e Lula sorriem um para o outro, a meu ver, poderia ter a seguinte legenda para o pensamento de Lula: “Puxa, Temer, você com essa invenção da lista de projetos para salvar o país nos deu um tempo precioso, você é um craque!” E Temer, orgulhoso, ri satisfeito da própria astúcia.
Ele está sozinho nessa jogada? Não, ele age em conjunto com Renan Calheiros e Eduardo Cunha, tenho essa impressão. Um facilitando e outro apertando, enquanto matam o PT, que não lhes dava nenhum espaço no governo. Com o Partido dos Trabalhadores liquidado, o PMDB se agiganta e vai tomando conta de tudo. E essa agenda, sobre a qual Eduardo Cunha comentou que era só “espuma”, pode, com a ajuda do ministro da Fazenda Joaquim Levy, mas longe das amarras ideológicas da presidente, propor coisas bem interessantes ao país, a fim de que tenhamos um orçamento mais livre para investimentos, ausência que tanto tem amarrado o crescimento do país.
Pelo que vejo, os empresários que tanto desconfiam e não dão credibilidade ao governo com Dilma como chefe, parece que com Temer têm uma outra disposição. Enfim, se Dilma continuar, será apenas representando um papel de “Rainha da Inglaterra”, título conjuntural agraciado pelos novos donos do poder. Ou seja, aquela que reina mas quase não manda.
Em outras palavras, a situação política da presidente é muito grave e dificilmente mudará. Ela poderá estender a sua permanência no governo, mas quem terá de fato o poder será o PMDB. Basta olhar bem para a fotografia de que falei acima para entender o que digo.
Assim vejo o momento atual. Será diferente daqui a alguns meses? Não sei, mas a perda de apoio de Dilma é tão grande que isso pode continuar até o final do seu mandato. Ou o PMDB pode, dentro da Lei, lhe tomar o cargo. Motivos não faltam. Tudo dentro da Lei.
E o PSDB? Parece-me que não sobra muito espaço ao partido como protagonista. Achou que tudo estava decidido e era só esperar passar o tempo e aproveitar o imenso desgaste de Dilma, que parece irreversível, para eleger um dos seus ao cargo de Presidente da República. Não contavam com o profissionalismo do PMDB, que esperava uma oportunidade para comandar o país e viu esse desejo se materializar nesse momento. O partido não tem quadros para ganhar do PSDB numa eleição para presidente, portanto, vai se agarrar a essa oportunidade com unhas e dentes para convencer o país de que sabe governar.
Como era de se esperar, as manifestações de domingo foram gigantescas. O PMDB deu folego político a Dilma, mas o povo continua sofrendo com aumentos indiscriminados, com inflação alta que muitos consideravam banida do país - mas que o governo de Dilma Rousseff repatriou, com o desemprego crescente, o descrédito no governo, as notícias do Lava Jato e a falta de esperança. Nada mudou e nem a propaganda do governo conseguirá atenuar essa realidade.
Mudando de assunto, ontem estive em Itapecuru-mirim com Brandão e Junior Marreca em uma concorrida filiação de políticos da região. Na oportunidade, fiz uma fala e me referi ao Pacto pelo Maranhão que propus em artigo anterior e, mais uma vez, fui agradavelmente surpreendido pelos fortes aplausos da plateia. Não quero ficar repetindo o que já disse, o importante é que povo está entendendo bem. Isso é o que realmente tem valor.
Ainda dá para fazer? Não sei, mas tudo leva a crer que poderá ser mais difícil daqui para a frente. A situação é muito grave e só com a ajuda de todos, um direcionamento comum em torno de alguns projetos estruturantes e fundamentais poderemos potencializar e capitalizar soluções viáveis para nosso estado nesse momento difícil.
Enfim, esse meu pensamento se embasa na análise dos fatos - que a cada dia ficam mais evidentes - de que o poder federal já trocou de mãos. Ainda não encontrei motivos para pensar diferente e o incentivo dos meus conterrâneos me conforta muito nesse momento. Vamos continuar perseverando.
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