A pobreza brasileira, mais concentrada
nas áreas nordestinas e nas periferias das grandes cidades, é fruto
principalmente da tragédia que é a educação pública brasileira, ancorada no
péssimo ensino fundamental oferecido à população. Hoje sabemos que metade dos
alunos que concluem a primeira parte desse curso não sabem entender um texto e tampouco
resolver problemas elementares de matemática. E, assim, não se criam as condições
de avanço nas outras etapas de ensino e ficam fora de uma parte do mercado de
trabalho que remunera melhor.
Em estados como o Maranhão, que tem
o índice de analfabetos acima de quinze anos mais alto do país, a situação fica
ainda pior em famílias cujo pai e a mãe são analfabetos, porque logo puxam os
seus filhos para o trabalho e estes, desestimulados pelo ensino de baixa
qualidade, largam a escola, formando-se o ciclo perpétuo da pobreza. Pois bem,
se os analfabetos são maioria da população, este estado está destinado a ficar
para trás. Sem dúvidas esse é o caso do Maranhão.
Isso sem contar que hoje a
administração do sistema básico de ensino é fragmentada. O fundamental é de
responsabilidade das prefeituras e o médio é com o estado. Ouvi de Pedro
Fernandes, que foi secretário de educação e tem muita experiência nessa área,
que a solução é que os estados tivessem uma Secretaria Estadual de Educação que
tivesse sob sua responsabilidade todo o ensino básico, desde o elementar, passando
pelo fundamental até o médio. Penso que faz sentido e dificilmente teríamos
casos como o de Bom Jardim, infelizmente idêntico ao que acontece em dezenas de
municípios maranhenses, que foi mostrado no Jornal Nacional. Estarrecedor.
Como esse é o quadro brasileiro, cuja
visão mais grave está no Nordeste, é absolutamente urgente e necessário
programas para mitigar a miséria. Entretanto,
tais programas têm que ser focados e eficientes para lograrem êxito e possam
pavimentar uma saída para que essas pessoas continuem a melhorar de vida. Não
podem ser a solução final e ficarem apenas nisso.
Estudioso do IPEA, Ricardo Barros foi
o idealizador do Bolsa Família e de outros programas que vão nesse sentido. Na
segunda-feira, 25 de abril, ele deu uma interessante entrevista ao jornal Estado
de São Paulo, em que diz que o Bolsa Família está inchado, desfocado e que
política pública tem que focar nos mais pobres. Hoje isso não é verdadeiro no
programa, pois no ano eleitoral de 2014 expandiram o número de pessoas
incluídas sem obedecer aos critérios de admissão exigidos para comprovar a
pobreza.
A coisa passou a ser mais ou menos
assim: ao invés dos candidatos responderem as questões de um livreto de muitas
páginas com questões que, cruzadas, permitiriam avaliar corretamente o grau de
pobreza do candidato, pediam uma única declaração em cujo formato a própria
pessoa declinava a sua renda, descartando todas as outras informações. Dessa
forma, o programa perdeu o foco nos realmente mais pobres e passou a incluir
pessoas que tinham renda maior que a mínima. Ele afirma que o programa precisa
voltar a focar nos mais pobres, excluindo os não classificados nesta “novo”
critério e, com isso, o dinheiro que hoje é gasto no programa daria para
atender as famílias mais pobres e ainda permitiria um aumento dos benefícios sem
precisar de mais recursos. Em outras palavras, um programa muito melhor e mais
focado.
Barros afirma ainda que “ao
corrigir as ineficiências, podemos alcançar os mesmos resultados ou até mais,
gastando menos”. Ele foi o autor da espinha dorsal do programa do Temer na área
social e é referência em estudos sobre desigualdade e educação.
Ainda seguindo sua análise, um outro
programa que precisa ser corrigido é o Pronatec, que não pode dar cursos “às
cegas”. Hoje o programa qualifica o desempregado de maneira cega. Seria mais
eficiente se você desse ao desempregado um cartão qualificação. Funcionaria
assim: com o cartão, ele procura emprego. Então, se ele se der bem na
entrevista, tiver postura, agradar, mas não tiver a qualificação esperada, com
o cartão do governo evidenciando que ele tem direito a uma formação, ele e o
empregador vão atrás dessa formação que é necessária para ambos. Assim, o curso
estaria vinculado ao emprego, muito diferente de hoje, em que o curso é dado às
cegas e não garante emprego nenhum.
Outra observação de Ricardo Barros
é sobre as creches. Como o slogan do programa foi “Creche, um direito de
todas”, as creches públicas são obrigadas a receber todas - não apenas as mais
pobres - que precisam desse apoio para poderem trabalhar. E essas acabam não
tendo o benefício que devia preferencialmente ser delas como fator de sobrevivência.
Uma outra coisa que precisa ser
repensada é a saúde pública. Do jeito
que ela é conduzida no país não tem dado certo, pois não tem eficiência alguma,
e não há dinheiro que chegue. Gastamos mais do a maioria dos países, mas assim
mesmo nossa saúde pública é um caos.
O programa de Temer procura encontrar
saídas para esses problemas. A melhoria da gestão, a organização e maior cooperação
entre os setores público e privado estão na base do programa. Dessa forma,
haveria um cartão “Cidadão da Saúde” que garantiria que qualquer cidadão
brasileiro tivesse acesso a uma rede de saúde, pública ou privada. Forte
investimento em tecnologia para viabilizar centrais de agendamento e de
atendimento e também teleconsultas, diagnósticos e tratamento à distância.
Redes de atendimento que integrassem hospitais e clínicas públicas, privadas e
filantrópicas. Enfim, a intenção é
aumentar muito a eficiência do sistema a tal ponto que todo ele melhore sem
precisar de mais recursos ou novos impostos.
Nada como a alternância do poder.
Vamos esperar para ver.
Um comentário:
Grande Zé Reinaldo Tavares, para mim o segundo maior e mais sábio articulador político do Maranhão , após Sarney anos luzes em sua frente. Sarney jamais permitirá que Flavio Dino aproxime-se de Temer. Flavio Dino foi o principal governador e o que mais se expos contra Michel Temer, o descredibilizando e o chamando a todo momento de "golpista". Michel Temer é um político que quer mostrar lealdade para aqueles que o ajudaram e Sarney foi uma dessas. Michel Temer sabe que as intensões de Flavio Dino com ele não passaram de conviniências próprias para não ser isolado e para evitar que Sarney cresça no Maranhão. Flavio Dino quis e sempre irá querer Temer pelas costas, pois Temer fraco significa Dilma e Lula forte e consequentemente Flavio Dino forte e com chances para atingir seu alvo: ser vice presidente ( o que virou um sonho). Sarney é um homem estrategista, ele desde agora articulará alguém de sua confiança e com o perfil que agrade aos maranhenses, para ser seu candidato a Governo do estado em 2018. Sarney sabe que sua filha Roseana não tem como, por n questões, Sarney Filho não emplaca por sua falta de carisma, popularidade e sobrenome desgastado perante a opinião popular, Lobão Filho seu estigma de playboy e denúncias sobre corrupção o deixam fora do páreo, Gastão não tem expressão e apelo popular, mas creio que gente de sua confiança, leal e que não tenha essa vaidade de passar por cima deles, ele terá. E desde já vai fortalecer seu pupilo.
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