O Centro de Lançamentos de Alcântara - CLA, que até hoje ficou à
deriva por decisões equivocadas das autoridades federais brasileiras é fator
fundamental para o desenvolvimento do Maranhão. Temos que ter a consciência da
sua enorme importância para o desenvolvimento científico e tecnológico do nosso
estado, prestigiá-lo e apoiá-lo. É o que estou procurando fazer na Câmara com o
apoio da bancada maranhense. Para tanto, estou criando a Frente Parlamentar
para Modernização do Centro de Lançamentos de Alcântara, a fim de dar a esse
importante projeto um canal parlamentar em sua defesa e reforço.
Sem o CLA, nós não seríamos levados a sério na pretensão de criarmos
uma escola engenharia de nível mundial, como a do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica que, junto com o Centro de Lançamentos de Alcântara, criarão as
condições indispensáveis para atrair e desenvolver ali um grande Polo de
Tecnologia, como o de São José dos Campos ou o de Toulouse na França.
O Comando da Aeronáutica encarregou Pedro Teixeira Lacava, Professor
do Departamento de Propulsão, Subchefe da Divisão de Engenharia Aeronáutica do
ITA e dono de um currículo muito importante no setor, para fazer um estudo que
subsidiará uma proposta preliminar sobre a implementação de um curso de engenharia
aeroespacial no Maranhão. A proposta se concentrou na formatação do curso e
necessidades envolvidas.
Depois de uma conceituação técnica dos cursos de engenharia
aeronáutica e aeroespacial (que no quinto e sexto períodos do ITA são comuns para
os alunos das duas vertentes), o professor Lacava passa a discutir o nosso
curso. Vejamos o que ele diz:
“O estado do Maranhão já faz parte do mapa da atividade espacial
brasileira por meio do Centro de Lançamentos de Alcântara-CLA, parte integrante
do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial - DCTA. Apresenta-se,
portanto, como oportuna a possibilidade de formação de pessoal qualificado no
estado para que se atenda às necessidades do Centro de Lançamento ou de outros
atores do Programa Espacial Brasileiro.
A presente proposta inicial de formação do curso de Engenharia
Aeroespacial segue as premissas descritas na sequência.
1. Em geral, os cursos de
Engenharia Aeroespacial, no que se referem à parte de espaço, focam em tópicos
relacionados a veículos lançadores e satélites e pouco sobre as atividades
ligadas a Centros de Lançamentos. O diferencial sobre os demais cursos, é que
neste novo curso pretende-se dar ênfase também a esse último tópico.
2. Apesar da ideia principal
ser guiar a formação do aluno para capacitá-lo para atuação no setor espacial,
é importante que ele também tenha uma formação mais ampla em aeronáutica e
espaço. Diferentemente de outras engenharias, como Mecânica, Eletrônica, Civil,
entre outras, a Engenharia Aeroespacial é bastante específica, o que restringe
as possibilidades de atuação no setor. Assim, apesar do foco na atuação
espacial, é importante que o aluno se sinta confortável em perceber que sua
formação lhe permita atuar em outras oportunidades do setor aeroespacial.
3. Também é preciso que o
curso esteja ancorado em alguma instituição de ensino público do Estado do
Maranhão. Com isso, pode-se aproveitar a infraestrutura e pessoal para a parte
fundamental - os dois primeiros anos do curso, ou quatro semestres, são
chamados de fundamental - necessária a qualquer engenharia (física, química,
matemática e humanidades); além do uso de mecanismos de contratação de
professores.
Dentro do contexto apresentado, o curso proposto seria de cinco anos,
divididos em dez semestres. Os dois primeiros anos seriam dedicados a parte
fundamental, especialmente focados em matemática, física e química. O terceiro
ano dedicado às disciplinas técnicas comuns aos temas de aeronáutica e espaço.
O quarto e o quinto anos dedicados às disciplinas técnicas específicas para
área espacial. No quinto, além de disciplinas, o aluno ainda possui as
atividades de estágio e Trabalho de Graduação - TG”.
O professor prossegue o seu alentado trabalho descrevendo os cursos,
cada disciplina de cada semestre, as necessidades de professores, laboratórios,
instalações físicas, etc.
E conclui assim: “Dada a existente relação do estado do Maranhão com o
Programa Espacial Brasileiro, por abrigar o Centro de Lançamentos de Alcântara –
CLA, a criação no estado de um curso de Engenharia Aeroespacial faz sentido e o
direcionamento para se formar especialistas em centros de lançamento pode ser
um diferencial em relação a outros cursos existentes no Brasil. Este
diferencial também se torna uma justificativa forte para a sua criação”.
Ele diz ainda que o curso deve oferecer 10 vagas na sua primeira
seleção e que deve prevalecer a qualidade ao invés da quantidade, porque a
atividade aeroespacial exige pessoas altamente qualificadas. Enfatiza ainda a
importância do CLA na formação dos engenheiros. Fala que o ITA poderá deslocar
seus docentes para o Maranhão para ministrar algumas matérias de forma
concentrada, ou aulas por intermédio de vídeo conferência. Diz que no começo os
alunos poderiam passar algumas semanas em São José dos Campos, onde poderiam
desfrutar de aulas de laboratórios no ITA e visita aos demais institutos do
DCTA, como IAE e IEAv. E também o ITA poderá dar uma importantíssima
contribuição na formação dos professores contratados ou a contratar, criando
cursos de especialização, mestrado e doutorado ou até mesmo um programa de
pós-doutorado.
Esse trabalho muito importante do professor Lacava foi revisado pelo
Reitor do ITA, professor Dr. Anderson Ribeiro Correa, pelo ex-reitor Prof. Dr.
Fernando Toshinori Sakane e pelo Prof. Dr. Flávio Luiz da Silva Bussamra, Chefe
da Divisão de Engenharia Aeroespacial. Portanto, é um documento do ITA.
Na última sexta-feira, a convite da Prof. Dr. Nair Portela, Reitora da
UFMA, estive com ela para detalharmos as providências que precisamos tomar para
o funcionamento da nova instituição. O parecer do Prof. Dr. Lacava é um roteiro
precioso para esse fim. Precisamos agora fazer os projetos dos laboratórios,
instalações prediais, formação do corpo docente e demais providências. Para
isso, temos a emenda impositiva decidida pela bancada federal do Maranhão na
LDO. Ou seja, os custos que serão apurados permitirão um aporte de recursos oriundos
do orçamento da União do ano que vem, fundamental para a implantação do nosso
ITA.
E por fim, mudando de assunto, quero agradecer ao ministro da Saúde
Ricardo Barros pelo atendimento do meu pedido em favor de Tuntum. Trata-se da
revitalização de uma portaria de dois milhões de reais para aquele município
que havia sido anulada junto com outras no início do governo Temer.
Muito obrigado, ministro!
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