A nossa viagem para Teerã passava por Abu Dhabi. Saímos de São Paulo e
até lá foram quatorze horas de voo extremamente cansativas com o avião lotado.
Ao meu lado estavam duas meninas brasileiras de 11 e 12 anos, cujas feições
mostravam a descendência asiática e que rumavam para a China, impulsionadas por
um acordo de intercâmbio esportivo para desenvolver o tênis de mesa brasileiro.
A delegação brasileira era de cerca de dez jovens. Companhia agradável, pois
elas, inteligentes e alegres, brincavam o tempo todo uma com a outra, com
poucos momentos de sono. Isto serviu para animar a cansativa viagem.
Chegamos às 20:30 horas, horário local e às três da manhã decolamos
pra Teerã, onde chegamos as seis da manhã. Saímos dia 2 de dezembro do Brasil e
chegamos ao nosso primeiro destino no dia 4, dormindo pouco e mal, em duas
noites.
Ao meio dia começamos a agenda programada com reunião no Ministério do
Petróleo, reunião que durou algumas horas ,com toda a cúpula que comanda a
maior riqueza daquele país. O que posso dizer é que a reunião foi excelente,
produtiva e até mesmo amigável, coroando meses de trabalho duro de troca de
informações, inclusive aqui no Brasil.
Nossa delegação foi chefiada pelo ministro de Minas e Energia,
Fernando Bezerra, do meu partido e deputado federal como eu, que exerceu a
liderança do partido na Câmara por dois mandatos antes do ministério.
Acompanhavam o ministro algumas autoridades do ministério e ainda o novo
Diretor Geral da Agência Nacional do Petróleo, o maranhense de Barão de Grajaú,
Aurélio Cesar Nogueira Amaral.
Eles vieram um dia antes e já haviam estado duas vezes com o ministro
do Petróleo do Irã, tendo colocado o assunto da cooperação entre os dois países
nos devidos termos.
O jovem, mas, experiente ministro, já com vários mandatos de deputado
federal, preparado e inteligente, faz parte de uma das mais tradicionais e
influentes famílias pernambucanas e tem se mostrado um excelente ministro,
muito eficiente e objetivo.
Nessa manhã, no desjejum em Teerã, nos encontramos no restaurante e
ele, cercado por membros da delegação, foi logo falando: “ Zé Reinaldo, estou
aqui por sua causa”. Ele se referia aos vários encontros que tivemos para
montar a viagem, e cuja primeira oportunidade em que tratamos da refinaria no
Maranhão com empresários e autoridades do Irã, o convidamos para chefiar a
delegação que faria a visita oficial. Depois disso continuei mantendo o
estímulo muito para que ele viesse, o que se mostrou muito importante.
O ministro abraçou para valer a nossa causa e trabalhou muito para
demonstrar a importância da refinaria e do polo petroquímico na agenda
bilateral entre os dois países. Carlos Brandão, vice-governador do Maranhão, foi
quem chefiou a delegação do nosso estado, da qual também fazia parte o Secretário
de Assuntos Especiais, Pierre Januário, entre outros. Na ocasião formulou-se o
convite ao ministro para que venha ao Maranhão em janeiro e, ainda, aventou-se,
com absoluta justiça, uma proposição à Assembleia Legislativa, a fim de que
seja concedido título de cidadão maranhense ao ministro.
Aqui cabe um parêntese: O Brasil, nesses últimos anos, tentou fazer simultaneamente
quatro refinarias com capacidade de produzir, no total, 1,2 milhão de barris
dia, mas, com as dificuldades da Petrobras, acabou cancelando-as e só ficou
pronto (em Pernambuco) um trem de refino com capacidade de produzir 112 mil
barris dia de derivados de petróleo. Aqui no Maranhão, o governador Flávio
Dino, em encontro com os empresários, destinou à nova refinaria o terreno já
terraplenado e com grande parte da drenagem realizada.
Hoje o Brasil é altamente deficitário e importa grande parte dos
derivados de petróleo e também da cadeia de petroquímicos que consumimos. Se
isso ocorre agora, imaginem quando o país voltar a crescer.
Terminados os assuntos em Teerã, seguimos para Nova Delhi, sempre com
escala em Abu Dhabi. Lá, sempre com grande apoio do Ministério das Relações
Exteriores, tivemos reunião com uma das maiores empresas de engenharia do
mundo, a Engineers India Limited, que detém as mais avançadas tecnologias do
mundo em refino de petróleo e em petroquímica. Essa empresa apresentou um
estudo preliminar muito detalhado de nossa refinaria, que deverá ser uma das
mais avançadas do mundo. Dali fomos ao Eximbank Índia, onde estivemos reunidos
com o presidente e o diretor executivo. Tudo correu muito bem.
Vejam que a partir de agora o projeto entra em outro estágio, uma
etapa mais empresarial e por isso não entraremos mais em detalhes.
Estabelecemos uma cláusula de confidencialidade sobre o assunto. Tudo o que
falarmos poderá atrapalhar. É um mundo muito competitivo e disputado. O que
posso dizer é que o projeto hoje é uma prioridade entre os envolvidos.
Voltei muito feliz e com a sensação dever cumprido, pois acredito que
estamos dando uma contribuição vigorosa para o desenvolvimento do país e do
Brasil. Esse projeto, quando realizado, vai mudar o nosso sofrido Maranhão,
tendo uma repercussão econômica e social gigantesca.
Valeu todo o sacrifício e dezenas de reuniões de convencimento na
escala federal.
Para concluir, estava na Índia quando soube dos resultados do Pisa,
índice que mede a qualidade da educação entre os países. Com os resultados que
obtivemos, poderemos caminhar para sermos uma Índia, que tem uma elite
altamente educada e que convive com 400 milhões de analfabetos que vivem em
extrema pobreza.
Vem em boa hora o desejo do governo federal de mudar o ensino médio,
aproximando-o do que se faz nos países mais avançados em educação no mundo.
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