Consegui tirar uma semana para viajar e descansar. Tive então
a chance de pensar sobre o passado recente e as voltas que o mundo dá. Na
política, então, o discurso de ontem no governo não vale mais, se estivermos na
oposição. Quando governador, ainda recém-empossado, o presidente Lula, também
começando o governo, convocou os governadores de todo o país para algumas
reuniões na Granja do Torto, local que possuía excelentes condições para sediar
esses encontros.
A primeira delas, por mais espantosa que possamos pensar, foi
exatamente para falar sobre as regras da Previdência Social que precisavam ser
reformadas. Lula abriu a reunião e procurou mostrar que precisava do apoio de
todos os governadores para fazer a tal movimento e em seguida passou a palavra
ao Ricardo Berzoini, então ministro da previdência, que mostrou os números
dramáticos - já naquela época - dos déficits progressivos que arruinariam a
previdência no futuro.
Fomos todos acompanhando Lula entregar a proposta no
Congresso Nacional.
Anos depois a presidente Dilma anunciou que enviaria uma
outra proposta alterando a idade mínima que teria que ser, segundo ela, de 65
anos para todos.
Em tempos mais recentes, o presidente Temer chegou a enviar a
sua para a Câmara, mas devido ao clima de grande instabilidade política que se
seguiu, ela nunca chegou a ser colocada na ordem do dia para ser votada.
Sobre essa última, acredito que dificilmente teremos um clima
político que permita uma discussão séria, como merece o assunto, pois a atual
oposição abriu guerra contra a reforma. Hoje esse documento terá muitas
dificuldades de ser aprovado. Embora os números mostrados sejam terríveis,
creio que essa tarefa ficará para o próximo governo. Este deverá então levar ao
debate, já na campanha, os termos gerais do que será encaminhado para a
deliberação do Congresso. Creio que os eleitores deverão exigir saber qual a
proposta de cada candidato, como fez o presidente da França, Emmanuel Macron, em
sua campanha vitoriosa.
Não dá mais para fazer campanha com propostas generalistas quando
há problemas reais na mesa, como um déficit monstruoso na previdência que
contamina todas as contas do governo e que precisa de uma solução.
Eu lutei muito para que o Maranhão chegasse ao que é hoje
politicamente. E serei sempre coerente com isso, pois, além de tudo, sofri
muito como consequência dos meus atos. Conheço profundamente as condições e carências
do nosso povo. E aqui na Câmara garanto que não votarei a favor de nada que
prejudique o trabalhador rural do Maranhão, desassistido de tudo, que labuta apenas
para a sua subsistência. Isso teremos que debater muito e haverá que se debater
compensações, para que eles possam romper as amarras da pobreza.
Na reforma trabalhista, tão odiada por sindicatos, eu não vi
nada que tirasse direitos de ninguém. Vi avanços em relação à modernização de
leis do trabalho para os novos tempos.
O meu voto para presidente em 2018 será condicionado ao
debate, por parte do candidato, sobre o assunto com os eleitores. Isso permitirá
com que, se eleito o candidato, a proposta da reforma defendida por ele possa
ter amplas chances de ser aprovada, já que sua concordância veio das urnas.
Não podemos deixar nenhum candidato se esconder desse
assunto. Aquele que disser que não fará nada em relação ao assunto está
mentindo, está se escondendo de um tema sobre o qual não poderá ficar
indiferente quando for governar.
Outras reformas precisam ser debatidas e aprovadas, como a
reforma política e a tributária. Isso poderá ser agora. Deixemos a da
Previdência para debater na campanha presidencial de 2018.
E votá-la em seguida.
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