O motivo principal de minha ida à China foi convencer os chineses a
investir no Maranhão. E investir em um projeto de suma importância, pois possui
enorme potencial de criar milhares de empregos novos. Fui tratar, como já havia
feito antes no Irã e na Índia, das parcerias empresariais para a realização das
iniciativas voltadas para a concretização da refinaria e do polo petroquímico
em nosso estado.
A primeira vez em que estive em Pequim foi em 1992. A China estava no
começo de seu assombroso desenvolvimento. Havia uma febre de crescimento que
acabava por misturar sinais evidentes de riqueza, como arranha-céus, hotéis,
restaurantes e automóveis de luxo, com famílias morando em tendas nas calçadas
e procurando vender montanhas de melancias.
A China ainda tinha muitos pobres e grandes desafios por resolver. Um dos que
mais preocupavam os seus dirigentes era o êxodo rural para as cidades que
estavam experimentando grande desenvolvimento. Planejaram criar cinturões de
agroindústrias na área rural, possibilitando a criação de empregos para
diminuir a ameaça de uma grande migração desordenada para as cidades. Sim,
porque elas não tinham como receber tanta gente, já que estamos falando de
milhões de pessoas sem quase nenhuma habilitação para essas novas oportunidades
nas cidades.
O trânsito era caótico, com uma mistura desorganizada entre
bicicletas, riquixás, automóveis e caminhões que eram dirigidos sem obedecer as
regras de tráfego de veículos. As bicicletas, aos milhares, levavam mobílias e
a família inteira num equilibrismo improvável.
Hoje Pequim é uma cidade moderna, organizada, limpa, com trânsito
controlado, rica e bonita. Há única coisa inalterada nesses 25 anos - é a terrível poluição ainda por resolver.
Estive lá a convite do presidente Temer, que foi para a reunião dos
BRICS, formado pelas iniciais dos nomes dos quatro países formadores: Brasil,
Rússia, índia, China e mais a África do Sul, admitida depois.
A agenda presidencial previa encontro com as três maiores autoridades
da China e a assinatura de 22 acordos de cooperação entre os dois países. É
preciso contextualizar o grande interesse que o Brasil representa tanto para o
governo quanto para os empresários chineses. E paralelamente aconteceu um
grande encontro entre ministros de diversas áreas e empresários chineses para
discutir oportunidades de investimento em nosso país. Esse encontro foi
organizado pela APEX do Ministério das Relações Exteriores e foi um sucesso.
Valeu muito essa minha ida à China pela quarta vez. Entre os 22 atos
assinados pelos presidentes, estava um terminal portuário em São Luís, privado,
um investimento da W Torre com apoio financeiro da China. Além disso, durante a
reunião da APEX foi assinado um acordo para investimento da CBSteel, empresa
siderúrgica chinesa e o Governo do Maranhão para a implantação de uma
siderúrgica no estado, ao custo de cinco bilhões de dólares. Esse investimento
já tinha feito parte de atos assinados pelos dois governos durante a primeira
visita de Temer àquele país como presidente.
Eu fui à China com o intuito de me encontrar com o presidente da
Sinopec Engineering (Group) Co. Ltd., Senhor Xiang Wenwu, a fim de apresentar
os projetos da refinaria e do polo petroquímico de Bacabeira. A Sinopec é uma
das maiores empresas de engenharia do mundo, estatal, principalmente habilitada
nas áreas de refinarias de petróleo e petroquímicos. Essa reunião aconteceu na
tarde de sexta-feira em sua sede, com a presença do sr. Xiang, além do Gerente
Geral, Sr. Chen Xiaodong e assessores. Ele já conhecia o projeto, que é muito
bom técnica e economicamente, e foi muito receptivo. Houve primeiro uma muito
bem fundamentada informação técnica dessa iniciativa por parte dos empresários
que nos acompanharam, com uma troca de ideias com a Sinopec, que foi seguida de
inserções - minha e de Brandão - mostrando a completa segurança jurídica tanto
da parte do governo estadual quanto do federal para os investidores. Quando foi
a vez do presidente da empresa falar, ele começou dizendo que não havia momento
melhor para discutir a refinaria do Maranhão do que aquele momento. E continuou
elogiando o projeto e sugerindo logo a assinatura de Documento de Entendimento
entre os empresários e a Sinopec. Esse documento vai estabelecer o futuro
contrato a ser assinado entre as partes, definindo os padrões técnicos e
financeiros do empreendimento. A presença do Irã facilita para os chineses,
parceiros de longa data, a viabilização do projeto, que está orçado em 28
bilhões de dólares. Esse trabalho vai ser acompanhado de perto pelos
empresários e por nós, tal a sua importância para o Maranhão.
Para ganhar tempo, a ideia aceita pelos chineses é aproveitar um projeto similar já pronto,
adaptá-lo para nossas condições e avançar rapidamente. A Sinopec já realizou 28
projetos de refinaria em todo o mundo e é especializada no assunto.
Saindo de lá, colocamos o presidente Temer e o ministro de Minas e
Energia, Fernando Coelho, que esteve conosco no Irã e na Índia (e conhece o
projeto) a par das nossas tratativas com a Sinopec.
Ficou então decidido que o ministro sairia da China para Teerã e
colocaria os iranianos a par do que estava sendo decidido, a fim de ganharmos
tempo. E assim foi feito.
Para concluir, participei em Xiamen, também na China, do encontro dos
BRICS, evento que tem pauta permanente de união para o desenvolvimento dos seus
países membros e que agora criou o Novo Banco de Desenvolvimento, um forte
instrumento de financiamento para apoiar os projetos aprovados.
Isso sem contar que o banco possui também um conselho empresarial que
reúne empresários de todos esses países, e que só no Brasil reúne cerca de 200
empresários e tem como presidente pelo lado brasileiro o presidente da Embraer,
presente no encontro.
Para termos ideia do que representa essa união, vamos mostrar os
números que giram em torno dos BRICS. População: 3,107 trilhões de pessoas,
cerca de 40% da população mundial. PIB: 16,89 trilhões de dólares, quase do
tamanho do PIB dos EUA e cerca de 30% do PIB mundial. Só o comércio bilateral desses
países com a China atinge 218,5 bilhões de dólares. Ela é hoje o maior parceiro
comercial do Brasil com 67,7 bilhões de dólares em 2016.
Então, o maior parceiro para o
nosso projeto é sem dúvidas a China. Creio que a viagem atingiu os objetivos pretendidos.
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