Tive acesso recentemente a uma pesquisa que um amigo realizou
em São Luís e nela havia uma pergunta sobre o Centro de Lançamento de Alcântara
- CLA. Fiquei impressionado com o desconhecimento generalizado das pessoas sobre
aquele Centro.
Repasso agora o que foi dito sobre o CLA, mas, em resumo,
consideram a base inútil e um desperdício de dinheiro. Vejam: “acho que essa
base é um elefante branco que fizeram aqui no Maranhão. Não serve para nada”; “eu
tô (sic) há 47 anos aqui, meu pai é de Alcântara e eu mesmo não conheço lá”.
Sem dúvidas cabe ao governo federal a culpa por essa
desinformação, pois não à população não é dada a conhecer a enorme importância
do programa espacial brasileiro para o nosso desenvolvimento e para a vinda da
indústria espacial brasileira para o Maranhão.
Sobre o ITA há uma compreensão melhor e alguns disseram que
será “ótimo”, mas acham que as pessoas acabam não se preparando para passar.
Pois bem, a convite do Ministério da Aeronáutica e da Embraer
estive na quinta-feira da semana passada em Gavião Peixoto, município paulista
sede da fábrica da Embraer Defesa, uma moderníssima fábrica de aviões para uso
militar, como o KC-390 e o Gripen. Este último é o moderníssimo avião de caça
que o Brasil comprou da Suécia e que será montado ali com a transferência de
tecnologia.
Essa é a segunda fábrica da Embraer, a outra fica em São José
dos Campos e é a mais antiga. Ali são fabricados os aviões das linhas comercial
e executiva.
Tanto São José dos Campos quanto Gavião Peixoto eram
municípios pobres de São Paulo quando o Brigadeiro Casemiro Montenegro iniciou,
em 1946, sua difícil luta para fundar o Instituto Tecnológico da
Aeronáutica-ITA e o Centro Técnico Aeroespacial-CTA, criado em 1950, com o
objetivo maior de criar a indústria aeronáutica brasileira.
A Embraer foi fundada em 1969 como uma sociedade de economia
mista vinculada ao Ministério da Aeronáutica. A empresa produziu o avião
Bandeirantes, o Xingu, o Brasília e o AMX com a Itália, um caça de combate que
ajudou muito o país a absorver tecnologia. Como dependia dos recursos do
governo, a empresa estava à beira da insolvência em 1994, na esteira das sucessivas
crises econômicas do período. Foi quando o governo Itamar Franco resolveu
privatizá-la, o que permitiu com que se tornasse a terceira maior empresa
fabricante de aviões do mundo. Isso transformou e enriqueceu São José dos Campos e
Gavião Peixoto, criando um polo tecnológico e de inovação de importância
mundial em São Paulo.
Hoje a empresa é uma gigante empresarial que faturou ano
passado 6 bilhões de dólares, sendo 55 por cento na Divisão de jatos
comerciais, 15 por cento na Divisão de Defesa e 30 por cento na executiva. Ela
gasta 450 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento, emprega 18,5 mil e 185 mil
pessoas, em posições diretas e indiretas, respectivamente.
Além disso, ela fundou o Instituto Embraer, que possui grau
de excelência em ensino e 100 por cento de seus alunos são aprovados em
vestibulares, 80 por cento no ITA, USP e outras escolas desse nível. Oitocentos
alunos são apoiados pelo Fundo de Bolsas durante a universidade e todos eles
fazem questão de devolver os recursos recebidos para dar a oportunidade a novos
jovens. Considerando apenas a área de pesquisa e desenvolvimento, a Embraer tem
5,5 mil pessoas trabalhando.
É um orgulho para o Brasil o desenvolvimento de um avião como
o KC-390 pela empresa. Um avião de múltiplo uso, principalmente na área
militar, um gigante tecnológico, capaz de carregar tanques, helicópteros,
tropas paraquedistas, evacuar áreas conflagradas, prestar socorro em situações
de calamidades, atuar em incêndios florestais em substituição ao lendário avião
Hércules. Isso sem contar que a aeronave é um jato puro, o que permite maiores
velocidades de deslocamento.
Dois desses aviões estão percorrendo o mundo e enfrentando
todo o tipo de variação climática, o que é necessário para sua homologação. Está
prevista que isso ocorra no primeiro semestre de 2018, para que se inicie sua
venda comercial. A Embraer espera vender 6 bilhões de dólares, só com esse
avião. É impressionante ver sua linha de montagem em Gavião Peixoto.
É essa mesma fábrica que montará o Gripen, caça de última
geração em desenvolvimento conjunto com a Suécia, do qual falei acima, e que
trará importantíssima transferência de tecnologia com indiscutível benefício
para o futuro da indústria aeronáutica brasileira.
Isso sem contar o ITA, que também funciona ali e, como todos
sabem, é o nosso maior centro de excelência da área das ciências aeronáuticas.
Então, amigos, vejam
que o que aconteceu em São Paulo poderá acontecer aqui. Não com a indústria
aeronáutica, mas com a indústria espacial, com seu mercado de 330 bilhões de
dólares por ano.
Para isso temos como trunfo o Centro de Lançamento de
Alcântara, que será transformado em Centro Espacial Brasileiro. Teremos o “nosso”
em parceria com a UFMA e a UEMA.
Com isso poderemos trazer para cá parte importante das
pesquisas espaciais e, sem dúvidas, a indústria ligada ao programa espacial
brasileiro. Poderemos trazer também a Embraer Defesa e sua empresa de satélites
a Visiona, como bem registrou o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Enfim, são imensas as possibilidades que temos com o
desenvolvimento do programa espacial brasileiro, que é urgente para o país e a nossa
população.
Temos que dar valor e lutar pelo que é nosso, pois só assim
atingiremos um novo patamar de desenvolvimento.
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