terça-feira, 3 de outubro de 2017

ESCOLA DIGNA UM PROJETO ESTRUTURANTE



 O ganhador do Prêmio Nobel de Economia do ano 2000, o americano James Heckman, é muito reverenciado tanto em economia quanto na educação. Professor da Universidade de Chicago, ele já veio dezenas de vezes ao Brasil, que conhece bem, e esteve semana passada no país para falar no encontro “Os desafios da primeira infância: por que investir em crianças de zero a seis anos vai mudar o Brasil”. O encontro foi promovido pelas revistas Exame e Veja e apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, pela Fundación FEMSA e pela United Way Brasil.

Em entrevista à revista Veja, ao responder à pergunta “Por que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na idade adulta”, Heckman argumenta que esta “é uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável. 

As primeiras impressões e experiências na vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão disparar na mesma proporção. Por isso, defendo os estímulos desde muito cedo”.

E continua adiante: “Até os 5,6 anos, a criança aprende em ritmo espantoso e isso será valioso para toda a vida. Infelizmente, é uma fase que costuma ser negligenciada - famílias pobres não recebem orientação básica sobre como enfrentar o desafio de criar um bebê, faltam boas creches e pré-escolas e, sobretudo, o empurrão certo na hora certa”.

“Qual o preço dessa negligência?” – pergunta ainda a revista. “Altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez  na adolescência e de evasão no ensino médio e níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal”.

E continua adiante: “A ideia que predominava e que até hoje pesa é que a família deve se encarregar sozinha dos primeiros anos de vida dos filhos. A ênfase das políticas públicas é na fase que vem depois, no ensino fundamental. E assim se perde a chance de preparar a criança para essa nova etapa, justamente quando seu cérebro é mais moldável à novidade”. 

E diz mais: “investir bem cedo em crianças, para que adquiram habilidades, como um bom poder de julgamento e autocontrole, que as ajudarão a integrar-se à sociedade longe da violência”.

E Heckman conclui: “o grande impacto positivo vem de programas que conseguem envolver famílias, pobres, creches e pré-escolas, centros de saúde e outros órgãos que integrados, canalizam incentivos à criança ... e professores altamente qualificados. Mas, em qualquer programa a família tem que participar”.

Pois bem, essa é, na verdade, a raiz da desigualdade social que no futuro tornará difícil o desenvolvimento.

Temos que fazer justiça ao governador Flávio Dino. Ele teve uma excelente visão e promove em seu governo um excelente programa: o Escola Digna, um programa que, pela Constituição, não seria nem mesmo de sua responsabilidade.

Já o acompanhei várias vezes em inaugurações das Escolas Dignas. É impressionante ver a diferença em relação à realidade anterior dessas escolas: locais insalubres, sem boas instalações sanitárias, casas de taipa, um verdadeiro desestímulos para as crianças, professores, pais. Uma conta aberta a ser paga no futuro desses jovens.

As escolas inauguradas são muito boas, com instalações completas, arejadas, bonitas. É digno de nota a alegria das crianças, felizes, comunicativas, cantando canções. Extravasam autoestima. O mesmo acontece com pais e professores.

Ali não é só a dignidade que está posta. É muito mais: é o futuro do Maranhão, são as novas gerações de jovens que sairão da área rural muito mais preparados. É o início de uma revolução que mudará o Maranhão. 

Ali é o embrião de tudo. 

Flávio Dino iniciou o maior dos projetos estruturantes para o Maranhão. Prossiga nesse caminho, governador, as futuras gerações e o Maranhão merecem.

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