O ganhador do Prêmio Nobel de Economia do ano 2000, o
americano James Heckman, é muito reverenciado tanto em economia quanto na
educação. Professor da Universidade de Chicago, ele já veio dezenas de vezes ao
Brasil, que conhece bem, e esteve semana passada no país para falar no encontro
“Os desafios da primeira infância: por que investir em crianças de zero a seis
anos vai mudar o Brasil”. O encontro foi promovido pelas revistas Exame e Veja
e apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, pela Fundación FEMSA e
pela United Way Brasil.
Em entrevista à revista Veja, ao responder à pergunta “Por
que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na
idade adulta”, Heckman argumenta que esta “é uma fase em que o cérebro se
desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma
esponja maleável.
As primeiras impressões e experiências na vida preparam o
terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde.
Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão
disparar na mesma proporção. Por isso, defendo os estímulos desde muito cedo”.
E continua adiante: “Até os 5,6 anos, a criança aprende em
ritmo espantoso e isso será valioso para toda a vida. Infelizmente, é uma fase
que costuma ser negligenciada - famílias pobres não recebem orientação básica
sobre como enfrentar o desafio de criar um bebê, faltam boas creches e
pré-escolas e, sobretudo, o empurrão certo na hora certa”.
“Qual o preço dessa negligência?” – pergunta ainda a revista.
“Altíssimo. Países que não investem na primeira infância apresentam índices de
criminalidade mais elevados, maiores taxas de gravidez na adolescência e de evasão no ensino médio e
níveis menores de produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal”.
E continua adiante: “A ideia que predominava e que até hoje
pesa é que a família deve se encarregar sozinha dos primeiros anos de vida dos
filhos. A ênfase das políticas públicas é na fase que vem depois, no ensino
fundamental. E assim se perde a chance de preparar a criança para essa nova
etapa, justamente quando seu cérebro é mais moldável à novidade”.
E diz mais: “investir bem cedo em crianças, para que adquiram
habilidades, como um bom poder de julgamento e autocontrole, que as ajudarão a
integrar-se à sociedade longe da violência”.
E Heckman conclui: “o grande impacto positivo vem de
programas que conseguem envolver famílias, pobres, creches e pré-escolas,
centros de saúde e outros órgãos que integrados, canalizam incentivos à criança
... e professores altamente qualificados. Mas, em qualquer programa a família
tem que participar”.
Pois bem, essa é, na verdade, a raiz da desigualdade social
que no futuro tornará difícil o desenvolvimento.
Temos que fazer justiça ao governador Flávio Dino. Ele teve
uma excelente visão e promove em seu governo um excelente programa: o Escola
Digna, um programa que, pela Constituição, não seria nem mesmo de sua
responsabilidade.
Já o acompanhei várias vezes em inaugurações das Escolas
Dignas. É impressionante ver a diferença em relação à realidade anterior dessas
escolas: locais insalubres, sem boas instalações sanitárias, casas de taipa, um
verdadeiro desestímulos para as crianças, professores, pais. Uma conta aberta a
ser paga no futuro desses jovens.
As escolas inauguradas são muito boas, com instalações
completas, arejadas, bonitas. É digno de nota a alegria das crianças, felizes,
comunicativas, cantando canções. Extravasam autoestima. O mesmo acontece com
pais e professores.
Ali não é só a dignidade que está posta. É muito mais: é o
futuro do Maranhão, são as novas gerações de jovens que sairão da área rural muito
mais preparados. É o início de uma revolução que mudará o Maranhão.
Ali é o embrião de tudo.
Flávio Dino iniciou o maior dos projetos estruturantes para o
Maranhão. Prossiga nesse caminho, governador, as futuras gerações e o Maranhão
merecem.
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