terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Será Verdade?

O Senador José Sarney deu uma entrevista em um dos órgãos que formam o seu império de comunicações dizendo que é da paz, que sempre foi da paz e que só quer o bem de todos. Praticamente disse que é um incompreendido em sua própria terra e que ninguém o entende.

E aproveitou para reclamar da “Frente de Libertação”, dizendo que não precisaria ser formada, pois ele nem disputa mais eleições no Maranhão. Acho que está muito traumatizado com a “Frente” e o que ela conseguiu fazer nas últimas eleições do estado em que ele conheceu pela primeira vez o travo amargo da derrota, algo impensável para o ex-presidente, principalmente porque a candidata era Roseana Sarney Murad, considerada imbatível por todos.

Difícil é reconhecer qual é o José Sarney em que vale acreditar, se o José Sarney que escreveu seu famoso artigo, também publicado em um dos órgãos do seu império de comunicações, no dia primeiro de janeiro deste ano, ou este da recente entrevista. Qual é o verdadeiro? No primeiro caso o que mostrou pela primeira vez foi todo o ódio que traz dentro de si, mas que é contido, porque não é de bom tom que um homem que foi Presidente da República, imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, mostre esses sentimentos vis, como o ódio (que ele sempre jurou ser imune) e agora este José Sarney da nova entrevista, que mais parece um pastor do bem que só quer a paz. Qual será realmente o legítimo?

No dia primeiro de janeiro foi impossível se conter. Afinal era dia de posse no governo do estado, do seu inimigo histórico Jackson Lago, que venceu em pleito sua filha Roseana Sarney que ali estava como sua sucessora no comando da oligarquia, um feito que jamais será esquecido.

Naquele dia passou por cima de todas as conveniências e práticas de boas maneiras e também pelo politicamente correto que é, em caso de perda de eleição, não passar recibo. A dor era maior, não conseguiu se conter, e o ódio rolou solto, sem revisão e sem freios em um impulso irresistível.
Insultou como nunca, rogou as pragas do inferno para seus inimigos que iriam arder para sempre em caldeirões que permeavam os seus desejos de atingir seus adversários e inimigos políticos, eu principalmente.

Naquele dia era a primeira vez em 40 anos que uma pessoa indicada por ele ou um membro de sua família não assumia o governo do estado. Não dava para se conter mesmo.

Prometeu que eu seria preso, como de fato fui mais tarde, entre as penas que me desejava aqui na terra, fora aquelas que me desejava no mundo das trevas como se referiu.

Fui preso em um estranho processo em que a culpa principal era uma obra de grande valor que supostamente teria dado à Gautama, conforme está no processo acusatório, sem levarem em conta ou não saberem que a licitação já havia sido feita dois meses antes da prisão e que a Gautama não se classificou, e que participaram 21 empresas e quem ganhou foi a Construtora Sucesso, a mesma que foi contratada por Roseana Sarney para fazer o primeiro trecho. Muito estranho, não é Sarney? Como já sabia em janeiro que eu seria preso em maio?

Foi tão obscuro que o jornalista Melquíades Filho, em artigo na Folha de São Paulo, mostra a sua perplexidade com a chamada “Operação Navalha” e a maneira como atuou e prendeu tanta gente.

O ex-presidente fala em paz e se disse preparado para a derrota enquanto seu império de comunicações bate forte em quem estiver no governo. Vão muito além da oposição política para quase sempre partir para a mentira e a desinformação, a calúnia e o ataque sem limites tentando intimidar. Fala em paz, enquanto tenta jogar a opinião pública contra o governo Jackson Lago em campanhas que muitas vezes beiram a irresponsabilidade, enquanto seus holofotes tentam fomentar greves sem fundamentos.

No entanto, se realmente quisesse a paz seria muito fácil mostrar que mudou e agora finalmente quer ajudar o seu estado. Basta fazer um gesto que todas as dúvidas e incredulidades seriam superadas.

E o gesto é fácil de fazer, pois só depende dele. Bastaria retirar o processo que está no Superior Tribunal Eleitoral com o qual pretender cassar o mandato do Governador Jackson Lago.

Seria um gesto e tanto! Dá para acreditar nisso?

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