segunda-feira, 24 de março de 2008

A Corrida do Álcool

FOLHA: O Governo Federal anunciou a criação, em Campinas, de um Centro de Tecnologia do Bioetanol. Já era tempo. Toda a euforia com o álcool como biocombustível globalizado não havia produzido efeitos concretos para o corolário óbvio: sem investimento em tecnologia, o Brasil pode perder a liderança conquistada. Hoje o álcool de cana nacional é mais eficiente que o de milho americano, mas isso não vai durar para sempre.

O centro surgiu de diagnóstico do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, coordenado pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, membro do Conselho Editorial da Folha. Conclusão: o país se atrasou na ciência básica e aplicada do álcool.

De 10 mil artigos científicos pesquisados, nenhum contava com autores brasileiros. Não se fez muito mais, por aqui, do que adaptar para combustível uma planta destinada a produzir açúcar. O centro, com orçamento anual de R$ 35 milhões iniciais, pretende atrair de 60 a 100 pesquisadores para aperfeiçoar essa cadeia de conhecimento e valor.

O Santo Graal da pesquisa é o aproveitamento da celulose, cuja energia química não conta com tecnologia de escala industrial para conversão em combustível. O Departamento de Energia americano investiu quase 20 vezes mais (US$ 385 milhões) só para tirar do chão seis unidades-piloto de etanol celulósico.

Surgem a toda hora nos EUA empresas de alta tecnologia de olho nesse mercado bilionário. Buscam novos processos, plantas, enzimas e microrganismos para desbancar a cana brasileira. Até novos biocombustíveis estão em pesquisa, como butanol e isobutanol. Segundo o periódico científico "Nature", eles teriam vantagens técnicas sobre o etanol na cadeia industrial hoje baseada em petróleo.

É uma disputa de gigantes, que exige investimentos de vulto. No melhor dos mundos, o centro em Campinas seria só o embrião de uma grande rede de pesquisa.

O Maranhão tem excelentes condições de produzir etanol. Com novas tecnologias, a produção de cana-de-açúcar também gera energia com o bagaço, traz a modernização da agricultura com a adoção de práticas modernas, pode incluir com facilidade a agricultura familiar no processo produtivo, modernizando antigas práticas pouco produtivas, criar muitos empregos na indústria, nos serviços e na lavoura.

No meu governo, firmei acordo com o Pólo Nacional de Biocombustíveis da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luis de Queirós), da USP de Piracicaba, e eles estudaram profundamente o Maranhão e separaram as melhores áreas do estado para a produção de etanol, sem problemas ambientais ou legais.

É um combustível verde e que tem lugar assegurado na matriz energética mundial. Vale à pena criar condições para a expansão da produção de etanol no estado.

2 comentários:

Anônimo disse...

DA SÉRIE, VIDEOS INESQUECÍVEIS: ARNALDO JABOUR E O HOMEM QUE PENSA QUE O BRASIL É UM GRANDE MARANHÃO E VOCÊ ENTREGARIA SUA TOMADA AO LOBÃO? IMPERDÍVEL!


http://br.youtube.com/watch?v=4niT8V2fFF0

Anônimo disse...

Caro Zé Reinaldo,gostaria de saber se este estudo da Esalq está sendo usado para trazer beneficios para o Maranhão?