quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rebolation

Roseana Sarney está em busca de seu quarto mandato, pois ilegitimamente ou não, ela exerce o seu terceiro. Portanto é uma tarefa incrivelmente difícil para os seus marqueteiros apresentá-la com características novas e tentar criar uma nova personalidade para ela, contrariando aquilo que sempre foi e é: uma pessoa arrogante que não tolera a sinceridade vinda de amigos, servidores ou adversários. Ela recebe as críticas com desdém, achando que seu sistema próprio de comunicações é tão forte que consegue impor a todos uma Roseana Sarney que não existe.

Isso vem de berço, não muda, está em seu DNA. Eu escrevi em artigo anterior que a governadora, muito abalada com a certeza de que vai ter de enfrentar Flávio Dino nas eleições, viajou para o Rio de Janeiro para se encontrar com Duda Mendonça, o marqueteiro com fama de mago, único serque ela acredita ter a capacidade de torná-la palatável como candidata ao governo.

Duda exigiu pesquisas qualitativas e detectou imediatamente que, entre outras coisas, ela é vista como uma pessoa arrogante, mandona e agressiva e uma mesquinha perseguidora de desafetos, capaz de usar tudo, tudo mesmo ao seu alcance, na luta para ter o poder.

Assim, o primeiro comercial do PMDB, sob orientação de Duda, foi tentar “criar” uma nova Roseana, em uma versão do famoso “Lulinha Paz e Amor” de 2002. Mas na ocasião, Lula era um político que ainda não havia exercido nenhum mandato de destaque, que podia se apresentar na campanha com uma imagem sem causar grandes contradições.

Roseana é muito diferente. Ela já exerceu o governo algumas vezes, atropelou todo mundo, agrediu adversários, criou jornais nanicos e temporários para caluniar adversários e fez de tudo para conseguir um golpe de estado jurídico para tomar o governo. Conseguiu com isto uma decisão que violentou a Constituição brasileira e, mesmo perdedora nas eleições, assumiu o governo do Maranhão. (Basta ver o que disse o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, em entrevista reproduzida em meu Blog).

Como querer apresentá-la como uma pessoa dócil, de boa paz, lamentando a agressividade (que ela e a sua família trouxeram para a política) da atual política maranhense? Como isso pode ter alguma coerência? É Duda tentando fazer alguma coisa e honrar o seu contrato...

Um experiente amigo mandou-me essas considerações sobre o fato:

“Eu acho que ele deu mancada.Tentou trazer o mote de “Lula Paz e Amor” para ela, mas há uma diferença monstruosa. Em 2002, Lula era mudança realmente, precisava mudar o estilo devido a tanta taca que entrou. Roseana Sarney é o continuísmo do 4º mandato. Ademais, ela prega união, mas desde que isso seja para lhe dar um quarto mandato. Quem está no poder há tanto tempo, não tem legitimidade para falar em mudança de práticas políticas, pois já teve sua chance inúmeras vezes e não fez. Qualquer outra união de políticos é ódio, rancor, intriga.”

E o Uchoa em seu Blog, escreve:

“No início desta semana, a governadora, que deixou claro seu desespero em relação à eleição de outubro próximo, surgiu em programa político para denunciar o cabo de guerra que domina a política maranhense. “Nós, que somos eleitos pelo povo, precisamos parar com esse clima acirrado”, declarou com desfaçatez a filha do presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP). Se há acirramento na política do Maranhão, a culpa maior recai sobre o coronelato comandado pelo ex-presidente Sarney, que tem pressionado o presidente Lula da Silva para que reverta a decisão do PT maranhense. É bom lembrar que o experiente Lula só se aproximou de José Sarney por necessidade política. E isso a história não nos deixar mentir.”

Penso que mais fácil do que tentar mudar a personalidade de Roseana é trocar de candidato e ela ceder o lugar para outro do seu grupo. Com ela é muito difícil até para o Duda. Mas fora da família, para seu grupo, não há solução.

O senador José Sarney, conversando com políticos, disse que uma intervenção no PT do Maranhão é, sem dúvidas, um enorme desgaste. Mas acha que o povo esquece e dentro de algum tempo ninguém se lembrará mais. O verdadeiro desgaste, segundo ele, é enfrentar Flávio Dino apoiado pelo PT. É crescente o pavor de enfrentar o deputado federal em uma eleição para o governo do Maranhão.

Como a familia Sarney pensa que tudo vale pelo poder, não me surpreendi quando uma jornalista da Folha me ligou e na conversa falou-me que o Joé Eduardo Dutra, presidente do PT, teria dito a ela que o PSB do Maranhão, na sua reunião da semana passada teria atacado violentamente a Dilma.

Eu lhe disse que o problema do Dutra é que ele só ouvia o Sarney e que na reunião do PSB ninguém atacou a Dilma, No referido evento tratamos apenas da política do estado e do apoio a Flávio e que isso era apenas para forçar a intervenção no PT do Maranhão.

O jogo é muito sujo e usam mentiras como verdade para tentar nos jogar contra Lula e Dilma. É o medo que os obriga a tudo isso! Além da falta de compromisso com a candidatura de Dilma que, na verdade, sofrerá as conseqüências da intervenção.

Continuando nossa história, foi um grande acontecimento político o evento que marcou a data de um ano do golpe judiciário que tirou Jackson Lago do governo e colocou Roseana Sarney em seu lugar. E serviu para demonstrar que esse foi um ano perdido para o Maranhão, de regressão em seu desenvolvimento, de baixo emprego, do caos na saúde, na educação e na segurança pública, tudo por culpa direta da governadora Roseana Sarney, indolente como sempre.

Foi uma reunião vibrante e de muita emoção que serviu para mostrar que as oposições estão unidas e assim marcharão nas eleições.

Foi gratificante ver e participar da homenagem a Jackson Lago, esse homem injustiçado, mas que mantém força política considerável para almejar sua volta ao governo, como demonstrou.

E para finalizar, enfatizo a fraqueza política da governadora o ocorrido outro dia quando ela esteve em Imperatriz. Roseana Sarney quis visitar 3 quilômetros de asfalto que o governo proporcionou à administração municipal, isto depois de tomar os recursos do convênio em que Jackson dara 15 quilômetros à cidade. O prefeito Sebastião Madeira foi com ela e entrou na primeira casa. Ele perguntou à moradora se ela estava satisfeita com o asfalto. A moradora respondeu que sim, mas que se ele pedisse votos para Roseana, disse-lhe que jamais votaria nela. Assim mesmo. De corpo presente. Como se diz por aí: “na lata”!

Duda, tenta o “rebolation”!

domingo, 18 de abril de 2010

O Maranhão Voltará aos Trilho do Progresso

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:

O MARANHÃO VOLTARÁ AOS TRILHOS DO PROGRESSO

Neste dia 16 de abril completa um ano do triste e institucionalmente violento golpe que apeou do poder um Governador legitimamente eleito e ainda jogou no lixo a vontade de aproximadamente um milhão e meio de eleitores maranhenses que queriam ver o Estado continuando na trilha de progresso que apenas haviam conquistado com a mudança de postura e de prioridade na condução das políticas públicas no Estado.

Os maranhenses sentem-se ultrajados, tendo em vistas que um dos Poderes da República lhes subtraiu as esperanças que foram manifestadas de forma jamais vista no nosso Estado naquele memorável 29 de outubro de 2006. Mais estranho foi o fato de ter sido devolvido o poder ao grupo político que havia sido rejeitado de forma contundente.


A mensagem inequívoca que os maranhenses haviam dado no dia 29 de outubro de 2006 era que não queriam mais ver o seu Estado liderando todas as estatísticas de pobreza e exclusão social que levaram muitos maranhenses a saírem da sua terra. De fato, entre 1992 e 2001 a taxa de emigração de maranhenses para outros estados foi de 5% ao ano. A maior do Nordeste. Em 2001, um total de 1.149.630 conterrâneos, que representavam 20% da população que morava no estado naquele ano, estava fora.

O que os maranhenses queriam naquele festivo 29 de outubro era assegurar um Maranhão continuando a prosperar. Uma terra onde pudessem viver com dignidade, e não fossem obrigados a emigrar em massa como fizeram 221.174 conterrâneos que, entre 1999 e 2001, saíram do Estado porque não agüentavam mais viver sob privações impostas pelo atraso econômico e social provocados pelas políticas equivocadas emanadas ao longo de toda a década de 1990, a década perdida. É como se a população de Imperatriz, a segunda maior cidade do Estado, abandonasse aquele município em apenas dois anos e fosse morar em outras paragens, sabe Deus onde e como!

O que foi cassada, há um ano, foi a vontade que os maranhenses tinham de, em vez de ter apenas 4,1 anos de escolaridade média, como acontecia em 2000, devido não existir escolas de ensino médio em 158 dos seus 217 municípios, saltar para além dos 6,2 anos de escolaridade média computada para 2008. Isto foi conquistado graças aos avanços que colocaram escolas deste nível em todos os municípios maranhenses nos Governos de Zé Reinaldo e Jackson Lago. Os maranhenses, ao votarem em mudanças em 2006, não queriam ter mais a vergonhosa taxa de analfabetos maiores de 10 anos que em 2000 atingia a cifra de 21,6%, a maior do Brasil naquele ano, e que em 2008 já havia regredido para 17%. Taxa ainda muito elevada, mas já não era a maior do País e estava em evidente processo de regressão. No item educação, o Maranhão vinha tendo taxas de aceleração entre 2002 e 2008 que estavam entre as maiores do Brasil.


Os maranhenses não queriam que um pequeno grupo de honoráveis incomuns chegassem ao poder para ficarem mais ricos, enquanto os comuns e honrados maranhenses amargavam o pior PIB per capita de 2001, cujo valor de R$1.781,50 por ano, representava apenas 82,5% do salário mínimo. Queriam ver a economia do seu estado dinâmica e incrementando a sua renda. Este foi outro item que o Maranhão apresentou uma das maiores taxas de aceleração dentre os Estados brasileiros (19,4% ao ano). Em 2007 o PIB per capita dos maranhenses havia ascendido para R$5.165,00 no ano, ou 1,13 salário mínimo. Ainda muito aquém das nossas possibilidades, mas emitindo sinais de que logo estaríamos superando a média do Nordeste e nos aproximando da média brasileira, e, mais importante ainda, sendo melhor distribuído.


Um Estado que tem inequívoca vocação agrícola, teve todo o seu aparato técnico e institucional irresponsavelmente desmontado depois da metade dos anos noventa, e o desastre foi imediato. O Maranhão que colheu 2.288.113 hectares em 1982 de arroz, feijão, mandioca e milho, e produziu por dia 3.584 gramas por pessoa desses itens, em 1998 regrediu para apenas 678 gramas diárias por pessoa em apenas 924,5 mil hectares. Em 2006 o Maranhão havia retomado a produção desses itens tendo produzido 1.279 gramas diárias por pessoa em 1,16 milhões de hectares.


Mais do que um governador, os maranhenses tiveram apeada a possibilidade de reconstruir o seu destino, resgatar a sua dignidade e auto-estema. Contudo, a esperança está de volta. Este será o ano em que os maranhenses mostrarão para todos aqueles que insistem em mantê-los à margem do progresso social que voltarão às veredas do desenvolvimento, com a devolução à sua população do direito de conduzir os seus destinos. Cantaremos como Chico Buarque: “Amanhã vai ser outro dia!”



=================
José Lemos é Engenheiro Agrônomo. Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Sítio Eletrônico: www.lemos.pro.br

Ato político contra 'golpe' reúne líderes da oposição e lota auditório da Assembleia

Centenas de pessoas e lideranças políticas do Estado lotaram o auditório Fernando Falcão, na manhã desta sexta-feira, 16, na Assembleia Legislativa, para protestar contra a cassação do ex-governador Jackson Lago (PDT) e do ex-vice-governador Luiz Porto (PSDB), no dia 16 de abril de 2009, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder político.

O ato político marcou o reencontro público das principais lideranças de oposição ao grupo Sarney, como o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), Jackson Lago, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Tavares (PSB), o ministro aposentado do STJ, Edson Vidigal (PSDB), o presidente do PSB/MA, José Antônio Almeida, além de deputados estaduais, vereadores, ex-secretários de Estado e lideranças municipais.

O golpe, por meio do Judiciário, e a apresentação das ações desastrosas do governo Roseana Sarney (PMDB) deram o tom dos principais discursos. Coube ao advogado José Antônio Almeida e ao ex-ministro Edson Vidigal apresentarem as falhas jurídicas da decisão tomada pelo TSE.

Link Original

Um ano do golpe

O Maranhão lamenta, neste 17 de abril de nuvens cinzentas, um ano do golpe judicial que depôs o governo Jackson Lago. O primeiro governo com real sabor de democracia e liberdade, depois de quatro décadas de domínio de uma elite corrupta e oligarca que alugou os sonhos e aspirações do Estado ao atraso e à pobreza absoluta.

No 3 de outubro de 2006, os maranhenses, de corações em punho, hasteando as bandeiras do bem estar social e do progresso, haviam apeado do poder os últimos dragões de uma ditadura que somente aqui sobrava, os derradeiros paraninfos da miséria e do absolutismo no país.

Ainda dava para sentir o gosto de revolução na boca, a sensação de que não fora inútil o sangue dos heróis tombados no caminho, quando uma armação política costurada nos bueiros da Justiça derrubou o governo Jackson Lago e, com ele, a vontade manifesta nas urnas por um povo que somente queria se libertar.

Concretizou-se no Maranhão, naquele 17 de abril, uma das maiores farsas da história da República, quando os sentimentos de um povo inteiro foram afogados em simulações jurídicas para satisfazer a podridão de uma oligarquia acostumada a pisar nas leis. Estavam de volta ao poder os responsáveis pelo analfabetismo, pelo desemprego, pela violência oficial, fome e pelo cansaço cívico de sucessivas gerações.

Um Maranhão solitário, aqui no bico do Brasil, era vítima, mais uma vez, dos patrocinadores da grilagem, do êxodo e genocídio de pobres lavradores, dos gestores da inanição infantil, dos donos de isenções fiscais e negociadores do patrimônio público, de um criminoso monopólio dos meios de comunicação.

Um ano depois e a chamada grande imprensa denuncia para todo o Brasil que crianças morrem em grupo no sul do Estado por falta de assistência médica; um ano depois apenas e o dinheiro da saúde pública é aplicado no aluguel de helicópteros; apenas um ano depois e a polícia de Roseana Sarney se junta às guardas pretorianas do latifúndio para expulsar, humilhar e torturar trabalhadores rurais sem terra; um ano depois apenas e o Maranhão ocupa o último lugar em geração de emprego e renda no Brasil.

São 365 dias de desalento, de obras inacabadas, de perseguição a funcionários públicos, de negociatas milionárias com as transferências constitucionais.

Em apenas um ano, o senador José Sarney é o símbolo mais acabado da corrupção neste país, e todo seu poder, aqui, no Senado e nas bainhas das calças de Lula serviu somente para devolver o palácio à sua filha, como se fora um brinquedo, e para livrar o próprio filho da prisão, este acusado pelo Ministério Público e Polícia Federal de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e todos os crimes financeiros que a legislação pode conceber. Ao povo maranhense, este poder de nada serviu.

Os hinos à liberdade, no entanto, ainda estão presos na garganta. A capacidade de luta dos maranhenses não se exauriu. Não faltarão guerreiros para, mais uma vez, com o tacape e a história nas mãos, expulsar daqui os vendilhões da Pátria, os que fizeram do Maranhão a vergonha nacional.

Um ano depois do golpe, nossas veias ainda sangram e não haverá corrupção no mundo capaz de aqui silenciar o grito que ecoa em todo o Brasil: Fora, Sarney!

Link Original