sábado, 28 de novembro de 2009

Os Filhos do Brasil

Cena do filme "Lula, o Filho do Brasil", do diretor Fábio Barreto, que narra a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

CÉSAR BENJAMIN

ESPECIAL PARA A FOLHA

A PRISÃO na Polícia do Exército da Vila Militar, em setembro de 1971, era especialmente ruim: eu ficava nu em uma cela tão pequena que só conseguia me recostar no chão de ladrilhos usando a diagonal. A cela era nua também, sem nada, a menos de um buraco no chão que os militares chamavam de "boi"; a única água disponível era a da descarga do "boi". Permanecia em pé durante as noites, em inúteis tentativas de espantar o frio. Comia com as mãos. Tinha 17 anos de idade.

Um dia a equipe de plantão abriu a porta de bom humor. Conduziram-me por dois corredores e colocaram-me em uma cela maior onde estavam três criminosos comuns, Caveirinha, Português e Nelson, incentivados ali mesmo a me usar como bem entendessem. Os três, porém, foram gentis e solidários comigo. Ofereceram-me logo um lençol, com o qual me cobri, passando a usá-lo nos dias seguintes como uma toga troncha de senador romano.

Oriundos de São Paulo, Caveirinha e Português disseram-me que "estavam pedidos" pelo delegado Sérgio Fleury, que provavelmente iria matá-los. Nelson, um mulato escuro, passava o tempo cantando Beatles, fingindo que sabia inglês e pedindo nossa opinião sobre suas caprichadas interpretações. Repetia uma ideia, pensando alto: "O Brasil não dá mais. Aqui só tem gente esperta. Quando sair dessa, vou para o Senegal. Vou ser rei do Senegal".
Voltei para a solitária alguns dias depois. Ainda não sabia que começava então um longo período que me levou ao limite.

Vegetei em silêncio, sem contato humano, vendo só quatro paredes -"sobrevivendo a mim mesmo como um fósforo frio", para lembrar Fernando Pessoa- durante três anos e meio, em diferentes quartéis, sem saber o que acontecia fora das celas. Até que, num fim de tarde, abriram a porta e colocaram-me em um camburão. Eu estava sendo transferido para fora da Vila Militar. A caçamba do carro era dividida ao meio por uma chapa de ferro, de modo que duas pessoas podiam ser conduzidas sem que conseguissem se ver. A vedação, porém, não era completa. Por uma fresta de alguns centímetros, no canto inferior à minha direita, apareceram dedos que, pelo tato, percebi serem femininos.

Fiquei muito perturbado (preso vive de coisas pequenas). Há anos eu não via, muito menos tocava, uma mulher. Fui desembarcado em um dos presídios do complexo penitenciário de Bangu, para presos comuns, e colocado na galeria F, "de alta periculosia", como se dizia por lá. Havia 30 a 40 homens, sem superlotação, e três eram travestis, a Monique, a Neguinha e a Eva. Revivi o pesadelo de sofrer uma curra, mas, mais uma vez, nada ocorreu. Era Carnaval, e a direção do presídio, excepcionalmente, permitira a entrada de uma televisão para que os detentos pudessem assistir ao desfile.
Estavam todos ocupados, torcendo por suas escolas. Pude então, nessa noite, ter uma longa conversa com as lideranças do novo lugar: Sapo Lee, Sabichão, Neguinho Dois, Formigão, Ari dos Macacos (ou Ari Navalhada, por causa de uma imensa cicatriz que trazia no rosto) e Chinês. Quando o dia amanheceu éramos quase amigos, o que não impediu que, durante algum tempo, eu fosse submetido à tradicional série de "provas de fogo", situações armadas para testar a firmeza de cada novato.
Quando fui rebatizado, estava aceito. Passei a ser o Devagar. Aos poucos, aprendi a "língua de congo", o dialeto que os presos usam entre si para não serem entendidos pelos estranhos ao grupo.

Com a entrada de um novo diretor, mais liberal, consegui reativar as salas de aula do presídio para turmas de primeiro e de segundo grau. Além de dezenas de presos, de todas as galerias, guardas penitenciários e até o chefe de segurança se inscreveram para tentar um diploma do supletivo. Era o que eu faria, também: clandestino desde os 14 anos, preso desde os 17, já estava com 22 e não tinha o segundo grau. Tornei-me o professor de todas as matérias, mas faria as provas junto com eles.

Passei assim a maior parte dos quase dois anos que fiquei em Bangu. Nos intervalos das aulas, traduzia livros para mim mesmo, para aprender línguas, e escrevia petições para advogados dos presos ou cartas de amor que eles enviavam para namoradas reais, supostas ou apenas desejadas, algumas das quais presas no Talavera Bruce, ali ao lado. Quanto mais melosas, melhor.

Como não havia sido levado a julgamento, por causa da menoridade na época da prisão, não cumpria nenhuma pena específica. Por isso era mantido nesse confinamento semiclandestino, segregado dos demais presos políticos. Ignorava quanto tempo ainda permaneceria nessa situação.
Lembro-me com emoção -toda essa trajetória me emociona, a ponto de eu nunca tê-la compartilhado- do dia em que circulou a notícia de que eu seria transferido. Recebi dezenas de catataus, de todas as galerias, trazidos pelos próprios guardas. Catatau, em língua de congo, é uma espécie de bilhete de apresentação em que o signatário afiança a seus conhecidos que o portador é "sujeito-homem" e deve ser ajudado nos outros presídios por onde passar.
Alguns presos propuseram-se a organizar uma rebelião, temendo que a transferência fosse parte de um plano contra a minha vida. A essa altura, já haviam compreendido há muito quem eu era e o que era uma ditadura.
Eu os tranquilizei: na Frei Caneca, para onde iria, estavam os meus antigos companheiros de militância, que reencontraria tantos anos depois. Descumprindo o regulamento, os guardas permitiram que eu entrasse em todas as galerias para me despedir afetuosamente de alunos e amigos. O Devagar ia embora.



São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.

Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.

Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço.

Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta".

Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos.

Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.

O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.


Dias depois de ter retornado para a solitária, ainda na PE da Vila Militar, alguém empurrou por baixo da porta um exemplar do jornal "O Dia". A matéria da primeira página, com direito a manchete principal, anunciava que Caveirinha e Português haviam sido localizados no bairro do Rio Comprido por uma equipe do delegado Fleury e mortos depois de intensa perseguição e tiroteio. Consumara-se o assassinato que eles haviam antevisto.
Nelson, que amava os Beatles, não conseguiu ser o rei do Senegal: transferido para o presídio de Água Santa, liderou uma greve de fome contra os espancamentos de presos e perseverou nela até morrer de inanição, cerca de 60 dias depois. Seu pai, guarda penitenciário, servia naquela unidade.

Neguinho Dois também morreu na prisão. Sapo Lee foi transferido para a Ilha Grande; perdi sua pista quando o presídio de lá foi desativado. Chinês foi solto e conseguiu ser contratado por uma empreiteira que o enviaria para trabalhar em uma obra na Arábia, mas a empresa mudou os planos e o mandou para o Alasca. Na última vez que falei com ele, há mais de 20 anos, estava animado com a perspectiva do embarque: "Arábia ou Alasca, Devagar, é tudo as mesmas Alemanhas!" Ele quis ir embora para escapar do destino de seu melhor amigo, o Sabichão, que também havia sido solto, novamente preso e dessa vez assassinado. Não sei o que aconteceu com o Formigão e o Ari Navalhada.

A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o "menino do MEP". Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos.

O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos.
Mesmo assim, não pretendo assistir a "O Filho do Brasil", que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.

CÉSAR BENJAMIN, 55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.

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Escaras de Sarney nos Escândalos do Senado

Ação do filho deixa claro que o pai só vê na imprensa arma na luta pelo poder




(*) José Nêumanne



Na abertura de “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, o velho Karl Marx apropriou-se de uma máxima do mestre Georg Friedrich Hegel, de que a História sempre termina por se repetir, acrescentando que normalmente ocorre como tragédia, mas se repete como comédia. No Brasil, drama e farsa parecem andar sempre de mãos dadas, mesmo quando um prevalece sobre a outra e vice-versa. Não restam dúvidas, por exemplo, de que os escândalos sucessivos que desgastam a já combalida imagem do Senado da República, das cotas de passagens aos atos secretos, terminando com os negócios suspeitos das empresas dirigidas pelo filho do presidente da Casa, resultam da já notória tragédia institucional brasileira. Mas ela também pode provocar momentos capazes de superar a comicidade dos grandes humoristas nacionais, de Martins Pena do teatro imperial a Chico Anysio na televisão desta República atual.

Difícil é resistir ao riso, por exemplo, quando se toma conhecimento de que o presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), deputado Michel Temer (SP), abandonou o conforto de uma licença para assinar, em cumplicidade com sua substituta no cargo e colega de Câmara, Íris de Araújo, uma nota oficial em que o partido recomenda aos críticos de sua postura que vão embora. E que não demorem, mas o façam “o quanto antes”. O ridículo da proposta mora em todas as evidências elementares de que o PMDB, por mais cínico, venal e submisso que seja ao poder que emprega e às prerrogativas dos cargos federais, se reconhece sem autoridade para expulsar os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS). Por isso, pede que se imolem no altar do oportunismo por terem cometido o único crime sem perdão no jogo sórdido da política nacional contemporânea: o da coerência com princípios. Se não os expulsou, mas pede que eles saiam, e logo, a cúpula dirigente do partido certamente passou o recibo de que as exceções à regra do fisiologismo mancham a agremiação com a alvura dos compromissos deles com a história dela. Um partido indigno de suas antigas tradições precisa ocultar a própria indignidade poupando os dignos do convívio com ela.

A cúpula dirigente não pode, contudo, ser acusada de incoerência em relação a seu militante mais controverso. A nota oficial emanada das mãos suaves de literato do presidente do Senado a respeito da violação da liberdade de informação pedida pelo filho Fernando e concedida por um protégé, o desembargador Dácio Vieira, é um primor de desprezo à verdade dos fatos e à inteligência das pessoas. Vamos aos fatos: Fernando Sarney é o encarregado dos negócios do clã chefiado pelo pai, que se orgulha de um feito em sua biografia - o de nunca haver processado um jornalista no exercício da Presidência da República -, embora tenha mentido na nota ao omitir que, após ter saído do governo, processou João Mellão Neto, pedindo reparação por injúria. Indiciado pela Polícia Federal (PF) na Operação Boi Barrica, o filho empresário foi à Justiça reivindicar que o cidadão brasileiro não tome conhecimento das acusações que pesam sobre sua cabeça e, por consequência, mancham a reputação da insigne figura paterna.



Com a ilusão de que, ao não abençoar o impulso censório do filho, conseguirá salvar do incêndio dos escândalos atuais nobres posturas do passado, o presidente do Senado não apoiou publicamente o gesto do censor que gerou, mas também não o desautorizou. O homem que dava valor aos símbolos a ponto de tirar a naftalina dos jaquetões para fazer contraste com os moletons do antecessor, o último general do regime militar, João Figueiredo, não prestou a mínima atenção ao tiro que o filho lhe deu no pé, ao impedir com uma ordem judicial que a sociedade tome conhecimento das denúncias de gestão temerária.


O risível nessa nota escrita e assinada por um varão que faz praça do próprio estilo na escrita é que ele passa por cima de algo muito mais relevante que o decoro no traje de um chefe político no Estado Democrático de Direito: o pundonor no comportamento. O vice-presidente da Associação Nacional de Jornais e responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão, Júlio César Mesquita, lembrou, ao condenar a decisão infeliz do desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que o presidente do Senado é jornalista e proprietário de jornais. Por isso, ao permitir que o filho ressuscite um dos monstros mais abjetos da violação da liberdade do tempo da ditadura militar, à qual Sarney também serviu - a censura à imprensa -, ele permitiu à opinião pública uma dúvida a seu respeito: será o jornalismo, para ele, um ofício ou só uma oportunidade de exercer o mando político?

Mais que os escândalos do Senado, as escaras que prejudicam Sarney e seus pares foram abertas por seus herdeiros e serviçais. Se Fernando Sarney não tivesse conseguido de Dácio Vieira permissão para proibir o noticiário a respeito das dúvidas que a PF tem sobre sua honradez como empresário, o País não tomaria conhecimento de que no Poder Judiciário brasileiro a gratidão ao empregador pode substituir a garantia da imparcialidade do julgador. Feito desembargador, o ex-funcionário de confiança na gráfica e ex-consultor jurídico do Senado não se considerou impedido por suspeição e cometeu a “afronta à liberdade de imprensa” que dois outros juízes já haviam negado anteriormente. Nada do que puder vir a beneficiar José Sarney em sua permanência na presidência do Senado pelo tempo que conseguir ficar (seja breve ou seja longo) compensará o tiro que o filho lhe deu no pé, ao deixar claro que do jaquetão presidencial ele tirou a naftalina, mas lhe restou o ranço do patrimonialismo coronelista malsão que continua fazendo da política brasileira uma atividade imprópria para gente de bem.

*José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde

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A Corrupção é uma das Maiores Causas da Pobreza

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:

A CORRUPÇÃO É UMA DAS MAIORAS CAUSAS DA POBREZA

Já tive a oportunidade de, neste espaço, tentar mostrar que o conceito de pobreza é controvertido e complexo. Entidades como ONU, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, tentando ser pragmaticas definem duas linhas de pobreza. Para os países industrializados a linha demarcatória está definida pela renda pessoal diária de dois dólares americanos. Nos países subdesenvolvidos como o Brasil, por exemplo, a linha mágica definidora do limite de pobreza estaria no valor per capita diário de um dólar americano.

Este é o conceito utilizado por governantes e pela mídia. Fala-se e escreve-se que determinado percentual da população saiu da linha de pobreza, a partir daqueles marcos. Não obstante o pragmatismo desta definição, ela não resiste a uma análise, mesmo superficial. Imagine-se um trabalhador que more em São Luis que tenha renda mensal de R$ 90,00 (noventa reais) em novembro de 2009. Ao cambio atual de aproximadamente um real e setenta centavos por dólar, esta pessoa não seria considerada pobre pelo critério discutido acima. Imagine-se que, por um desses azares do destino, esse “não pobre” maranhense precise tomar um transporte para ir e outro para voltar do trabalho, pagando R$ 1,70 em cada trajeto. Teria que desembolsar R$ 3,40 por dia. Este brasileiro estará fora das estatísticas de pobreza do país, segundo as conceituadas instituições, mas terá dificuldades de chegar ao trabalho que lhe garanta o status de não ser pobre.

Fica claro que um conceito assim não afere com rigor a categoria ser ou não ser pobre. Talvez uma melhor forma de definir a pobreza seja dada por alguém que viva o seu cotidiano e que mora no município de Serrano do Maranhão: “ser pobre é não ter casa prá morá, não ter onde trabaiá, e não ter o dicumê”. Curto e direto assim!

Seguindo por esta trilha, pode-se tentar uma definição mais próxima daquele depoimento. No livro “Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um Pais Assimetricamente Pobre” foi feita uma tentativa de definir como pobre ou socialmente excluída aquela pessoa que, alem de não ter renda monetária suficiente para bancar despesas elementares, não tem acesso aos serviços essenciais providos pelo Estado como educação, saneamento, água encanada de qualidade, e coleta sistemática de lixo.

Tendo definido o cancro social e econômico da pobreza, devem-se tentar identificar as suas causas. No livro mostra-se que uma das causas da pobreza é o conflito existente entre os sujeitos sociais na partição da riqueza gerada. Essa luta é desigual e um pequeno grupo se apossa de grande parte da riqueza e dos ativos produtivos deixando a maioria da população pobre, porque fica privada de serviços essenciais e de renda monetária.

No meio desses conflitos surge a causa maior que é a corrupção. No caso brasileiro ainda há conivência dos poderes da Republica. Existem os brasileiros “comuns” que trabalham, levam a vida com honestidade, seguem a legislação, mesmo sabendo que ela não foi feita para atender aos seus interesses. Além desses tem os brasileiros “incomuns” para quem as leis são peças de retórica, não apenas por vontade própria, mas por ação efetiva de membros dos poderes que deveriam aplicarem-nas com rigor e de forma impessoal.

Os “honoráveis-incomuns” fazem dos bens públicos uma extensão das cozinhas das suas casas. Acumulam riquezas por esses meios e, por isso, faltam recursos para provê serviços essenciais para construção de moradias dignas, gerar ocupações sustentáveis e “dicumê” para os “honrados-comuns”. Por causa dos “honoráveis-incomuns”, muitos brasileiros “comuns” são pobres embora alguns tenham “pulado” a tal linha da pobreza, como costumam-se jactar os Governantes de plantão e a parte da mídia cooptada, sobretudo pelos argumentos irresistíveis da “grana” das publicidades oficiais.

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José Lemos é Engenheiro Agrônomo. Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Sítio Eletrônico: www.lemos.pro.br

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Maranhão Foi Bem sem Oligarquia

O IBGE divulgou na semana passada dados comprobatórios de que o PIB maranhense foi o que mais cresceu no Nordeste e o estado do Maranhão apresentou o segundo maior crescimento entre todos os estados brasileiros no período de 2002 a 2007, exatamente o intervalo de tempo em que a oligarquia ficou fora do governo do estado.

Roseana Sarney foi a última governadora do Maranhão no período de influência do governo Sarney, dirigindo o estado durante quase 8 anos - desde 1995 a início de 2002- e quando saiu, o PIB do estado era raquítico e não passava de R$ 15,45 bilhões. Na verdade, esse valor era mais um indicador de pobreza e não de riqueza.

Não podia ser diferente... Nesse período, um dos mais importantes setores da economia, a agricultura - que apóia as atividades no campo, como o agronegócio, a agricultura familiar, a pecuária, o combate a aftosa etc - nem sequer possuía uma Secretaria de Estado para cuidar do de seus assuntos. O mesmo acontecia com a Indústria e Comércio, o Meio Ambiente, a Ciência e Tecnologia, a Fapema (Fundação de Amparo à Pesquisa), o DER (Depto. De Estradas de Rodagem), Fazenda e outras. Isso, naturalmente, sem comentar a destruição do sistema educacional do estado, cuja maior conseqüência foi a ausência de oferta para o segundo grau em 159 municípios maranhenses e o pífio índice de escolaridade média da ordem de 4,5 anos. Amarras vigorosas que impediam o estado de crescer e conferiam com pompa indicadores vergonhosos, como o menor PIB e a menor renda anual por individuo no país.

Entretanto, a partir de 2002, no meu governo, tudo isso foi modificado. Figurando como o início do período de crescimento do qual o IBGE é garantia fidedigna, o governo do estado trocou a agenda de investimentos. Foi uma mudança radical que começou por uma grande reforma administrativa e muitas outras ações estruturantes. E os resultados vieram.

Um exemplo muito forte é o Pronaf, que nós configuramos para criar canais de aproximação entre os agricultores e os bancos oficiais, o que foi conseguido com muito êxito através da Casas da Agricultura Familiar. O êxito foi total. A agricultura familiar arrecadava por ano, em 2002, cerca de R$ 25 milhões para todo o estado e chegou a receber R$ 380 milhões em um ano só. Um salto que nos levou de último para primeiro lugar no Nordeste. Chegaram diretamente às mãos dos pequenos agricultores mais de R$ 1 bilhão no meu período de governo. Lamentavelmente, hoje despencou novamente...

Não bastasse o Pronaf, o Prodim e o combate a aftosa irrigaram financeiramente a economia do campo. Antes, um rebanho que chegou, ao final do governo de Roseana, a menos de quatro milhões de cabeças - recorde negativo, porque a atividade agonizava, sem apoio no estado, hoje está próximo de 8 milhões de cabeças. Construímos também estradas vicinais para o agronegócio no sul do estado, e favorecemos a vinda de grandes esmagadoras de soja para Porto Franco etc.

O Maranhão, estado quase falido, que arrecadava por mês 68 milhões e pagava por empréstimos antigos cerca de R$ 50 milhões mês, teve que continuar a pagar durante todo o meu governo valores como esse. No entanto, com muita eficiência, passamos a arrecadar 230 milhões/mês, o que nos permitiu retomarmos a capacidade de investimento. Esta, que era quase zero, passou a mais de R$ 1 bilhão. Dinheiro que circulou na economia do próprio estado, e não entregue a empreiteiros, como é a praxe tradicional da oligarquia, sempre em busca de apoio nas eleições. E que acaba circulando fora do estado...

Pois bem, todas essas ações culminaram com (mais) este resultado positivo, endossado pelas mais sólidas e idôneas instituições estatísticas do Brasil. E vejam que chegamos a esses bons números, mesmo com a ostensiva dedicação do grupo Sarney em impedir, com muito afinco, que chegassem ao estado quaisquer grandes empreendimentos empresariais e qualquer ajuda, ou investimento, do governo federal.

Passamos aqui a pão e água por parte do governo Lula, que virou as costas para o Maranhão a pedido do Senador José Sarney.

Imaginem se tivéssemos tido o mesmo tratamento que o Piauí recebeu do mesmo governo? Iríamos às alturas...

Sim, porque o resultado do esforço do meu governo e o estabelecimento de uma agenda social e econômica para estado levou aos seguintes aumentos anuais no PIB(em bilhões de reais), que compartilho agora com vocês: em 2002, era de 15.449; 2003 foi a 18.483; 2004 passou a 21.605; 2005 alcançou 25.335; 2006, final do meu governo, fomos a 28.620 e em 2007 ascendemos a 31.606. Foi um crescimento espetacular da economia do Maranhão, mais do que dobrando de tamanho em apenas 5 anos!

O mesmo aconteceu com a renda por pessoa/ano de R$ 1.600 em 2001 para R$ 5. 165 em 2007, o triplo do número apurado quando Roseana estava no governo. No período 2002-2007, esse indicador cresceu 57,8% no Brasil, 58,3% no Nordeste. Já no Maranhão, para tirar qualquer dúvida do esforço do estado, o crescimento foi de 72,1%!

O ano de 2007 foi o único do período que o PIB/por pessoa do estado (11,6%) foi menor que o do Nordeste (12,0%) e o do Brasil (14,0%). E o recorde da participação relativa do PIB do Maranhão comparado ao do Brasil chegou a 1,21 em 2006. Já em 2007, recuou para 1,19. Mesmo assim, esses indicadores refletem um avanço muito maior do que em qualquer ano do período Roseana Sarney.

Os números do IBGE derrubam por terra qualquer critica às duas gestões anteriores. Em um período sem corrupção e melhor distribuição de renda”.

Essa foi inquestionável e inequivocamente uma das principais razões para o enorme crescimento relativo do estado. Até a ponte sobre o rio Tocantins em Imperatriz nós fizemos sem nenhuma ajuda do governo federal. O dinheiro do estado passou a ser suficiente.

E agora Roseana Sarney ainda se aproveita disso, pois tomou na marra o governo de Jackson com o cofre do estado cheio. É com esse dinheiro que inunda o Maranhão de propaganda enganosa, de projetos de duvidosa eficácia e faz campanha com dinheiro público.

Agora, em sua destrutiva insaciedade e prodigiosa irresponsabilidade, tenta autorizar junto à Assembléia Legislativa um novo empréstimo, agora de R$ 466 milhões. Já havia conseguido um de R$ 270 milhões, logo que assumiu. Como podem constatar, a governadora está tomando empréstimos bancários que somam mais de R$ 700 milhões em apenas pouco meses de “governo”! Não se satisfez em tomar um dinheirão das prefeituras e da reversão de movimentos da gestão de Jackson Lago. Isso mostra claramente que Roseana Sarney não se importa com o futuro do estado, que hoje já paga mais de R$ 50 milhões/mês. Irresponsável!

E vejam mais essa: Nunca antes nesse estado a Secretaria de Saúde alugou aviões e helicópteros. E sem nenhuma justificativa. Alegam que é para trazer doentes do interior. Que brincadeira de mau gosto! É um atestado de que são os primeiros a não acreditar nos seus próprios hospitais do interior. Não será melhor dizer que é para fazer campanha política à custa do erário?

Por fim, recomendo a leitura do livro Honoráveis Bandidos, o livro mais vendido do Brasil, chegando ao topo do ranking da revista Veja desta semana. Leitura esclarecedora e estarrecedora!

Um abraço aos familiares do grande maranhense e querido amigo, o general Gomes, falecido semana passada. Grande perda para os seus familiares e amigos, para o Maranhão e para Viana.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Lula envia ao Congresso projeto da Lei Orgânica da PF

De Vannildo Mendes, da Agência Estado:

Maior poder para agir e menor margem para errar, ou cometer abusos contra investigados. É o que prevê o Projeto de Lei Orgânica da Polícia Federal enviado hoje ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto, aguardado há mais de dez anos, traz mudanças profundas na organização, estrutura e forma de atuação da PF. "Tentamos evitar o show de pirotecnia em que, muitas vezes, a investigação nem começava e a pessoa já estava condenada pelos meios de comunicação", disse Lula, ao assinar a mensagem de envio do projeto, no Palácio do Planalto.

Lula defendeu que a PF mantenha neutralidade nas investigações, sem influência partidária, nem exposição de investigados. "Não pode uma instituição como a PF estar a serviço desse ou daquele partido político, deixar de investigar alguém porque está no governo ou é filiado a algum partido", enfatizou. "É preciso que a pessoa saiba que foi investigada da forma mais neutra possível e que não houve nenhuma mãozinha por trás fazendo com que (ela) tivesse que ser punida por interesses políticos de A, B ou C", completou.

Comentário do Blog: Será que Lula só pensou em Sarney ao mandar o projeto para o Congresso?

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Visita Indesejável

O mesmo país que tentou oferecer segurança e consolo a vítimas do Holocausto estende honras a quem banaliza o mal absoluto?

É desconfortável recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes.

O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.

Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?

A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?

Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?

O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se o rgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?

As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?

Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.


JOSÉ SERRA, 67, economista, é o governador de São Paulo. Foi senador pelo PSDB-SP (1995-2002) e ministro do Planejamento e da Saúde (governo Fernando Henrique Cardoso) e prefeito de São Paulo (2005-2006).

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As Telessalas da Saúde

Quem não lembra o programa que acabou de enterrar a educação do Maranhão, há alguns anos, no governo do mesmo grupo que administra hoje o Estado do Maranhão? Programa esse que entregou o ensino médio à fundação Roberto Marinho, implantado TELESSALAS onde deveriam ter professores concursados.

Estamos diante de absurdo semelhante, mas agora o alvo é outro, apesar de os personagens e os objetivos serem os mesmos.

A Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, na pessoa de seu Secretário, vem demonstrando que, de saúde não entende nada, ou é tão mal intencionado que não deixa mais o objetivo de fazer a coisa errada escondido por trás de justificativa alguma.

O que chamo de TELESSALAS da saúde são os tais 64 “hospitais” do Secretário que devem custar 340 milhões de reais e na verdade nem hospitais serão, no máximo poderiam ser classificados como UNIDADES MISTAS.

Não há preocupação sequer de rever a legislação para saber se uma unidade, do tamanho das propostas, pode ou não ser enquadrada como hospital.

Quem conhece saúde sabe que investir em “hospitais” é a maior das demonstrações de ignorância sobre Sistema Único de Saúde que um gestor pode demonstrar.

Na verdade, se o senhor Secretário e seus Assessores entendessem de saúde, saberiam que os leitos que se encontram desativados no interior do Estado, e só para citar, temos Grajaú, Barreirinhas e Cachoeira Grande, que possuem três excelentes hospitais desativados, são suficientes para atenderem a demanda das regiões em que se encontram.

Investir em “hospitais” é negar a própria historia de construção do SUS. Ir contra a luta para diminuir as internações em função do incremento da Atenção Básica à Saúde.

Um paciente que chega a qualquer hospital com agravos provocados pelo diabetes, por exemplo, se fosse devidamente acompanhado desde o inicio por uma equipe do PSF, provavelmente não chegaria a esse ponto e não precisaria de internação. O mesmo se pode dizer de hipertensos, tuberculosos, hansenianos e daí por diante.

Quem entende de saúde investe em Atenção Básica e isso já é feito em outros Estados, inclusive do Nordeste, como é o caso do Ceará, que foi um dos pioneiros nesse sentido e hoje, depois de mais de vinte anos, colhe os frutos da organização e da boa fé de seus administradores.

Não é difícil prever o destino dos tais 64 “hospitais”, pois quem irá mantê-los após as inaugurações?Quem vai bancar os profissionais necessários ao seu funcionamento? Quem vai adquirir ambulância para o deslocamento dos pacientes, quando os casos não forem resolvidos? Os laboratórios privados que estão no “esquema” aqui em São Luis irão para o interior?

O Prefeito que tivesse um mínimo de responsabilidade não aceitaria a instalação de um desses “hospitais”. O destino deles é, irremediavelmente, fechar deixando o prejuízo para o povo maranhense.

Tal como as TELESSALAS, o efeito desses 64”hospitais” vai ser catastrófico, com um agravante: enquanto as TELESSALAS fabricaram milhares de analfabetos funcionais, os 64 “hospitais” fabricarão milhares de inválidos e DEFUNTOS.

Dr. Marcelo Rosa
Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Maranhão

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domingo, 22 de novembro de 2009

'Honoráveis Bandidos' já é o livro mais vendido do país

'RANKING' DA REVISTA VEJA APONTA: Obra - que relata a trajetória antiética do presidente do Senado, José Sarney e dos membros e agregados de seu clã - rompe o boicote das grandes livrarias de São Luís com venda em bancas de jornal, exposição na Feira do Livro e até um ‘disque-Honoráveis’

POR OSWALDO VIVIANI

Ele chegou lá. Menos de dois meses depois de seu lançamento, em São Paulo, o livro "Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney", do jornalista e escritor Palmério Dória, conquistou o posto de livro de não-ficção mais vendido do Brasil, segundo o "ranking" da revista Veja que está nas bancas. A obra - que também lidera a lista geral dos livros mais vendidos da Livraria da Folha (compras "online") - já é considerada o maior fenômeno editorial do ano, com tiragem de perto de 50 mil exemplares até agora (quatro edições). O livro vem galgando posições na relação dos 10 mais vendidos da Veja há 8 semanas consecutivas. Na semana passada, estava em 3º lugar. A editora da obra - Geração Editorial - já tem programadas mais duas edições até o Natal.

'Clandestinidade' - Em São Luís, "Honoráveis Bandidos" - que relata a trajetória antiética do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e de membros e agregados de seu clã - rompeu o boicote das grandes livrarias com a venda em bancas de jornal.

O esquema é quase clandestino, já que muitos donos de bancas temem algum ato violento contra seu patrimônio, devido ao episódio do ataque de estudantes, a mando de políticos sarneysistas, aos participantes da noite de lançamento do livro em São Luís, no Sindicato dos Bancários, no dia 4 passado. "Tem dono de banca que prefere não exibir o livro, deixa escondido e só pega quando alguém chega perguntando sobre a obra", contou Celso Brandão, um dos distribuidores de "Honoráveis" no Maranhão.

O temor à truculência sarneysista também se estende às livrarias. Como na época da ditadura militar - em que obras malvistas pelos generais de plantão, como "Feliz Ano Novo" (Rubem Fonseca), "Zero" (Ignácio de Loyola Brandão) e "O Capital" (Karl Marx), só podiam ser adquiridas em pontos de venda camuflados, e de forma sigilosa -, as grandes livrarias de São Luís preferiram ignorar "Honoráveis Bandidos".

Duas raras exceções são as livrarias "Mundo de Sofia" (Monte Castelo, perto do Cefet) e "Poeme-se" (Praia Grande, próximo ao bar da Faustina). A primeira adquiriu uma boa quantidade de exemplares e os está expondo na Feira do Livro, inaugurada na sexta-feira, 20, e que acontece até o dia 29, na Praça Maria Aragão. Não tem como errar: o stand da livraria "Mundo de Sofia" fica bem na entrada da Feira, em frente ao estande - vejam que coincidência... - do Senado Federal.

Outra opção oferecida pelos distribuidores de "Honoráveis Bandidos" em São Luís é o serviço do "Disque-Honoráveis". É só ligar (98) 8112-2581. No final do mês, a venda do livro também será feita pelo telefone (98) 8838-0274.


ONDE ENCONTRAR ‘HONORÁVEIS BANDIDOS’ EM SÃO LUÍS

Feira do Livro (Praça Maria Aragão, estande da livraria 'O Mundo de Sofia')

Livraria Poeme-se (Praia Grande)

Sindicato dos Bancários (Rua do Sol, 413)

Bancas da Praça Deodoro (Centro)

Bancas da Praça João Lisboa (Centro)

Banca da Praia Grande (perto do Centro de Cultura Odylo Costa Filho)

Banca no Renascença (perto do Bob's)

Duas bancas no Monte Castelo (próximas ao Senai)

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