terça-feira, 24 de maio de 2016

GOLPE E IRRESPONSABILIDADE



Cinco partidos que compõem agora o governo resolveram recorrer ao Supremo para que a presidente Dilma Rousseff explique porque ela não para de dizer que o impeachment é golpe. O Supremo acatou a ação e a ministra Rosa Weber deu o prazo de dez dias para que a presidente afastada responda à interpelação. Ela pode responder ou não, nada na lei a obriga. Contudo, seja qual for a atitude da presidente, respondendo ou não, o objetivo dos partidos é acioná-la criminalmente e também por danos morais ao país. A presidente não se importa em causar danos à imagem do país e age como uma militante partidária.

Enquanto isso, o governo Temer concluiu o tamanho do rombo que a irresponsabilidade fiscal e o criminoso tratamento dado ao Orçamento da União por parte da presidente e do seu governo legou ao país. A experiente e capacitada equipe econômica que Temer reuniu, com a missão de corrigir os imensos erros e irresponsabilidades que levaram o país à paralização e ao desemprego, resolveu primeiro dimensionar o tamanho da “criatividade” fiscal que a equipe comandada por Dilma havia concebido. Com isso feito, é possível entender o problema por inteiro e em seguida propor as soluções cabíveis.

É um espanto inconcebível o ponto a que chegaram e o patamar a que levaram o país, tudo feito na surdina, enganando todos com as criativas propagandas de João Santana e de sua mulher Mônica. Ninguém tinha ousado chegar tão longe. Tinham descoberto o “poço da felicidade”, criando dinheiro sem lastro. Para que essa enganação pudesse perdurar e não ser descoberta, era preciso não entregar o poder. Tinham que mantê-lo de qualquer maneira. E veio também o dinheiro desviado da Petrobras, usado para desequilibrar a eleição presidencial. Tudo arquitetado.

Mas era impossível continuar com a mentira, pois a fonte estava exaurida e o quadro ficou insustentável. Foi então que Dilma tentou mudar a política econômica, já que não podia mais continuar com a mentira. Dessa forma, ao adotar as diretrizes do candidato que havia vencido na eleição, certamente a única possível no momento, começou a deterioração rápida da sua imagem, que levou ao processo de impeachment.

Os números são assombrosos. Mais de cento e setenta bilhões de reais e vejam que estão fora os valores referentes ao rombo da Petrobras, da Eletrobras, dos Fundos de Pensão e da Previdência Social. Só neste último projeta-se neste ano um déficit de cento e quarenta e seis bilhões de reais.

Quebraram o país. Temer sabe o que terá que enfrentar e, com essa poderosa equipe que reuniu, caminhos serão encontrados para que se restaure no primeiro momento a confiança dos investidores. Sim, porque sem investimentos não serão criados os empregos que são a face mais aguda da crise.

Mudando de assunto, tenho a obrigação de alertar o governador sobre esse problema da federalização do porto do Itaqui. O canal do Panamá vai ser aberto agora com novas dimensões. E será a principal rota de transporte entre o Brasil e a Ásia. A realidade do governo brasileiro é a absoluta incapacidade de investimento em toda a infraestrutura, inclusive no sistema portuário. Precisamos de muito investimento no Itaqui para possibilitar que ele se transforme na principal porta de entrada e saída de produtos brasileiros para a Ásia. Hoje não temos ainda as condições necessárias. Entretanto, não estamos sozinhos nisso. Falam também na privatização do Porto de Pecém, no Ceará, e nos portos do Pará, todos com condições de serem capazes de materializar essa rota com o Panamá, embora o melhor de todos seja o Itaqui.

Nosso porto é muito bem dirigido por Ted Lago, homem sério e capaz, mas ele precisa de grandes investimentos ali, os quais o governo não terá.

Com efeito, vai como sugestão ao governador Flávio Dino, sugestão não pedida, mas de quem só quer - como ele - o desenvolvimento do Maranhão. Eu tenho uma experiência muito grande na matéria, pois fui ministro dos Transportes, que naquele tempo cuidava de tudo, inclusive dos portos. O píer petroleiro, tão importante para o nosso estado, foi daquela época. Qual sugestão poderia dar ao governador? Que o estado se antecipe e faça a privatização, em todo ou em parte, do porto, mantendo o controle nas mãos do estado. Chineses e japoneses, por motivos óbvios, tem enorme interesse e tem imenso poder de investimento capaz de transformar o Itaqui nesse superporto tão sonhado por nós.

Além disso, se eles fizerem esses investimentos, naturalmente vão trazer suas cargas para cá e seremos finalmente imbatíveis, como pensaram nossos antepassados.

Essa é a sugestão que dou.