terça-feira, 24 de abril de 2012

NA ESCUTA


É da maior gravidade a denúncia do Deputado Raimundo Cutrim, feita da tribuna da Assembleia na semana passada. Ele denunciou e alertou a sociedade maranhense de que o governo do estado está escutando tudo o que dizem ao telefone deputados, empresários, desembargadores, juízes, promotores, políticos da oposição e até os aliados. Para isso, segundo o deputado, estariam usando uma parafernália eletrônica doada pelo governo federal, para que a polícia, com autorização judicial, pudesse investigar crimes, tráfego de drogas e outras mazelas. Repito, com autorização judicial. Contudo, aqui nada disso é necessário, basta a vontade e motivação deles.

Isso é comparável a um crime hediondo e o que permite essa conduta é a certeza da impunidade. Sabem que não serão auditados por nenhuma instituição estadual ou federal e a sociedade não tem canais apropriados para responsabilizar os que estão usando indevidamente o perigoso equipamento. Assim, a oposição não terá aprovada nenhuma medida contra o gravíssimo procedimento.

O autor da denúncia, o deputado Raimundo Cutrim, é delegado da Polícia Federal e ex-Secretário de Segurança Pública do Estado em vários governos. Portanto, é um especialista na área de segurança, possui um grande número de admiradores no sistema, além de um grande número de amigos exercendo funções nessa área no estado. Logo, como homem bem informado que é, tal denúncia não pode de maneira nenhuma ser ignorada. Ademais, por ser politicamente ligado à base de apoio do governo de Roseana Sarney, qual a justificativa para que as instituições não ajam em favor da sociedade e façam uma auditoria no sistema?

Aqui pode tudo desde que o autor seja do grupo da oligarquia?

Continuando, soube que o PC do B e a parte do PT que não se deixou levar pelas promessas da governadora estavam negociando no final do ano passado uma composição política para disputar a prefeitura de São Luís em 2012 e o governo do estado em 2014. Estavam conversando em marchar juntos com Bira do PT para prefeito e Rubem Junior do PC do B para vice.

As negociações caminhavam celeremente quando o senador José Sarney soube e imediatamente reagiu, eliminando a candidatura de Max Barros a prefeito, sendo substituído por Washington Oliveira do PT, atual vice – governador, e um vice do PMDB, ainda não escolhido. Como Sarney soube? Será? Doido é quem duvida...

E as decepções seguem...

O Dr. José Lemos, professor da Universidade Federal do Ceará e um dos maiores estudiosos das estatísticas nacionais, enviou-me importante trabalho que infelizmente comprova o declínio do estado na agricultura familiar. As estatísticas não deixam dúvidas do que está acontecendo, jogando por terra um grande trabalho realizado no meu governo, em que avançamos de maneira extraordinária. Entretanto, a gestão atual, ao destruir toda a infraestrutura do programa montado por nós e que trouxe grandes resultados, inverteu a tendência de crescimento acelerado e hoje estamos caindo. Este é um não governo.

Vejamos: Quando Roseana Sarney deixou o governo no início de 2002, a agricultura familiar estava completamente abandonada e praticamente sem produzir nada. Foi uma das principais causas do agravamento da pobreza no Maranhão. Se existem duas coisas que ela detesta são a educação e a agricultura familiar.  Tivemos que começar praticamente do zero e fizemos um esforço gigantesco para estruturar o setor e amparar os trabalhadores rurais.

O equipamento-chave da estruturação foram as Casas da Agricultura Familiar (CAF) como núcleo central do sistema no campo. Contratamos um grande número de técnicos agrícolas e de agrônomos, como também veterinários e todo o pessoal especializado que ficaram distribuídos pelas Casas. Os resultados vieram logo. A produção cresceu, o Pronaf, que nada arrecadava no Maranhão, cresceu vertiginosamente e em 2006 batemos o recorde absoluto de arrecadação com 460 milhões de reais, que foram diretamente para as famílias rurais. Isso foi um componente importante no aumento da renda per capita e pela maior diminuição de todo o país do número de pessoas na faixa de pobreza absoluta. As CAFs foram importantes para a estruturação do programa de erradicação da aftosa uma grande vitória do meu governo.

Pois bem, em 2006, quando deixei o governo, o índice era 100 na captação de recursos do Pronaf. Lógico que essa estrutura exitosa deveria ser mantida e ampliada. Mas foi tudo destruído. Daí para frente, os recursos do Pronaf só caíram. Em 2007 o índice foi 92,1; em 2008 foi 79,7; em 2009 foi 76,6 e em 2010 foi 75,5. E os números não pararam de cair, privando os agricultores rurais de milhões de reais deixando-os mais pobres ainda. É o governo de Roseana.

E a destruição não para por aí. Desde que ela foi colocada no governo, vem tentando acabar com a Universidade Virtual do Maranhao, como se nosso estado estivesse bem na educação superior. Aqui somente 3% dos jovens na faixa etária certa chega a universidade. No Brasil são 11%, no Chile são 24%, nos EUA chegam a 50%. Mas a estratégia de Roseana é acabar com a universidade depois de fazê-la agonizar sem recursos.
A UNIVIMA foi criada em 2003 e o governo de São Paulo, só agora, com toda pompa cria a daquele estado, como exposto pelo governador Geraldo Alckmin em artigo da Folha de São Paulo do dia 18 de abril último. A publicação intitula-se sugestivamente “Uma Revolução no Ensino Superior”. Em um trecho desta diz o governador: “Trata-se, sem dúvida, de um passo gigantesco na política de aumento das vagas de graduação nas universidades e faculdades estaduais. Um país se faz com homens e livros, como disse o escritor Monteiro Lobato. São Paulo agora prova que se pode ir além desse conceito, fazendo uso das novas tecnologias na construção de uma educação superior verdadeiramente democrática”.

Nós já temos isso aqui, mas  Roseana Sarney  abandonou tudo e agora quer acabar. Ela não gosta mesmo da educação pública e, desta forma,  representa um perigo para a sociedade, como suas atitudes prejudiciais à população. Uma loucura!