Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:
O MARANHÃO PRECISA VOLTAR AOS TRILHOS DO PROGRESSO - 3
Na semana passada, Lula (quem diria?!) esteve em São Luis para lançar a ‘pedra fundamental’ da refinaria do Maranhão. Obviamente que se tratou de ação de faz de conta, tendo em vista que quando, e se a refinaria for implantada, terão decorridos ao menos 15 anos. Portanto, aquele foi mais um ato de enganação aos incautos. Lastimável que o operário que se mostrava combativo e merecedor da nossa confiança e da hostilidade dos atuais “companheiros” no passado se preste a um ato como este no presente.
Existem obstáculos tecnicos e econômicos que precisam ser superados para que a refinaria saia da “pedra fundamental”. A sua efetivação está atrelada à viabilidade da extração de petróleo nas camadas do pré-sal. Não existe no momento, e ainda vai demorar a surgir, tecnologia de perfuração que seja capaz de extrair com segurança o petróleo em níveis tão profundos. Além disso, a extração apenas se viabilizará economicamente, se o preço do barril de petróleo ultrapassar e se mantiver acima de US$90,00.
Óbvio que sempre será desejável a vinda de grandes empreendimentos para o nosso sofrido Maranhão. Mas não caberia a um Presidente da Republica tentar fazer entender que o projeto acontecerá depois de amanhã, como num passe de mágica. Sobretudo num local onde existem carências de toda ordem e que as pessoas se apegam a qualquer fio de esperança. A frustração nesses casos serão maiores. Vide o engodo do “pólo de confecções de Rosário” que FHC caiu no equivoco de “inaugurar a pedra fundamental”.
Quando, e se a refinaria sair, terá transcorrido mais uma geração de pobres no Maranhão, caso o Estado continue sendo tocado por “mercadores de ilusões”. Sorte terão os que sobreviverem, embora sem um mínimo de dignidade. Será que aqueles que têm responsabilidades de governar não pensam nisso? Será que as ambições imediatas de poder lhes deixam cegos, surdos e insensíveis? Não lhes causa mal-estar vender falsas ilusões para quem se equilibra em fio de navalha para sobreviver? Que motivações moverão alguém com a trajetória do Lula para emprestar o seu prestigio e carisma para algo assim?
Um detalhe que também não foi devidamente esclarecido para os esperançosos maranhenses que acreditaram naquela encenação. Essas atividades requerem trabalhadores altamente especializados e em quantidade não tão relevante, para as carências do Maranhão. A mão de obra de baixa qualificação terá ocupação secundária, tanto de um ponto de vista da qualidade do serviço que executará, como da renda que irá auferir. Portanto, um projeto como esse, mesmo sendo importante, não será penácea.
Em níveis de pobreza como as que experimentam boa parte dos maranhenses, há que ser implantadas urgentemente ações de curto e de médio prazo. Precisa-se incrementar a escolaridade média dos maranhenses dos atuais 6,2 anos para oito (8) ou nove (9) anos até 2015. Isto é possível, tendo em vista que entre os anos de 2002 e 2008 o Maranhão apresentou uma das maiores taxas de aceleração da escolaridade média no Brasil.
Como o Maranhão é privilegiado por possuir praticamente todos os biomas que prevalecem no Brasil, poderá tirar vantagem disso incentivando a produção agro-pastoril. O Estado pode produzir agro-energeticos com agricultores familiares, que são bem mais promissores de um ponto de vista ambiental e geram emprego e renda em curto e médio prazos. No semi-árido maranhense, onde sobrevivem 1,4 milhões de conterrâneos, podem ser incentivadas culturas como a do caju, utilizando o cultivar “anão-precoce”. O Maranhão pode se ombrear ao Ceará como grande exportador de castanhas. A tecnologia existe, basta requisitar, treinar e remunerar bem um corpo técnico competente que o Estado já dispõe.
A Baixada maranhense pode ser um celeiro produtor de pescado, patos e mel. Também pode ser grande produtora de juçara, cupuaçu e de outras frutas tropicais. A Baixada junto com o semi-árido são as microrregiões mais pobres do Estado.
Ações assim, não vendem ilusões e, de fato, se constituem em importantes mitigadoras de pobreza, recuperam áreas degradadas, auto-estima e dignidade. Criam os alicerces para o desenvolvimento virtuoso e sustentável e sustentado do Estado, inclusive preparando-o para receber refinarias e outros investimentos de e no longo prazo.
Existem obstáculos tecnicos e econômicos que precisam ser superados para que a refinaria saia da “pedra fundamental”. A sua efetivação está atrelada à viabilidade da extração de petróleo nas camadas do pré-sal. Não existe no momento, e ainda vai demorar a surgir, tecnologia de perfuração que seja capaz de extrair com segurança o petróleo em níveis tão profundos. Além disso, a extração apenas se viabilizará economicamente, se o preço do barril de petróleo ultrapassar e se mantiver acima de US$90,00.
Óbvio que sempre será desejável a vinda de grandes empreendimentos para o nosso sofrido Maranhão. Mas não caberia a um Presidente da Republica tentar fazer entender que o projeto acontecerá depois de amanhã, como num passe de mágica. Sobretudo num local onde existem carências de toda ordem e que as pessoas se apegam a qualquer fio de esperança. A frustração nesses casos serão maiores. Vide o engodo do “pólo de confecções de Rosário” que FHC caiu no equivoco de “inaugurar a pedra fundamental”.
Quando, e se a refinaria sair, terá transcorrido mais uma geração de pobres no Maranhão, caso o Estado continue sendo tocado por “mercadores de ilusões”. Sorte terão os que sobreviverem, embora sem um mínimo de dignidade. Será que aqueles que têm responsabilidades de governar não pensam nisso? Será que as ambições imediatas de poder lhes deixam cegos, surdos e insensíveis? Não lhes causa mal-estar vender falsas ilusões para quem se equilibra em fio de navalha para sobreviver? Que motivações moverão alguém com a trajetória do Lula para emprestar o seu prestigio e carisma para algo assim?
Um detalhe que também não foi devidamente esclarecido para os esperançosos maranhenses que acreditaram naquela encenação. Essas atividades requerem trabalhadores altamente especializados e em quantidade não tão relevante, para as carências do Maranhão. A mão de obra de baixa qualificação terá ocupação secundária, tanto de um ponto de vista da qualidade do serviço que executará, como da renda que irá auferir. Portanto, um projeto como esse, mesmo sendo importante, não será penácea.
Em níveis de pobreza como as que experimentam boa parte dos maranhenses, há que ser implantadas urgentemente ações de curto e de médio prazo. Precisa-se incrementar a escolaridade média dos maranhenses dos atuais 6,2 anos para oito (8) ou nove (9) anos até 2015. Isto é possível, tendo em vista que entre os anos de 2002 e 2008 o Maranhão apresentou uma das maiores taxas de aceleração da escolaridade média no Brasil.
Como o Maranhão é privilegiado por possuir praticamente todos os biomas que prevalecem no Brasil, poderá tirar vantagem disso incentivando a produção agro-pastoril. O Estado pode produzir agro-energeticos com agricultores familiares, que são bem mais promissores de um ponto de vista ambiental e geram emprego e renda em curto e médio prazos. No semi-árido maranhense, onde sobrevivem 1,4 milhões de conterrâneos, podem ser incentivadas culturas como a do caju, utilizando o cultivar “anão-precoce”. O Maranhão pode se ombrear ao Ceará como grande exportador de castanhas. A tecnologia existe, basta requisitar, treinar e remunerar bem um corpo técnico competente que o Estado já dispõe.
A Baixada maranhense pode ser um celeiro produtor de pescado, patos e mel. Também pode ser grande produtora de juçara, cupuaçu e de outras frutas tropicais. A Baixada junto com o semi-árido são as microrregiões mais pobres do Estado.
Ações assim, não vendem ilusões e, de fato, se constituem em importantes mitigadoras de pobreza, recuperam áreas degradadas, auto-estima e dignidade. Criam os alicerces para o desenvolvimento virtuoso e sustentável e sustentado do Estado, inclusive preparando-o para receber refinarias e outros investimentos de e no longo prazo.
=================
José Lemos é Engenheiro Agrônomo. Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Sítio Eletrônico: www.lemos.pro.br
José Lemos é Engenheiro Agrônomo. Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Sítio Eletrônico: www.lemos.pro.br