domingo, 7 de novembro de 2010

O QUE O MARANHÃO PODE ESPERAR?

As notícias que chegam são as que dão conta de que o governo de Roseana Sarney quebrou o estado financeiramente com a eleição. Os fornecedores não estão sendo pagos, os serviços terceirizados estão sendo drasticamente reduzidos em diversos órgãos, com demissões de grande número de servidores, principalmente os que prestam serviço em contato direto com o público.

Segundo as mesmas informações, nenhum gasto será autorizado mais neste ano. Nem de custeio, nem de investimento. Não bastasse isso, vem a notícia de que médicos terceirizados, que na verdade sustentam o funcionamento de diversos hospitais na capital e no interior, estão parando por falta de pagamento. E falam que na educação e em outros setores é a mesma coisa...

Com isso, o que se pode constatar é bem diferente das promessas de campanha - com o ápice protagonizado pela governadora - ao prometer solenemente na TV a entrega até o final do ano de 76 hospitais. Pelo jeito que a coisa vai, fica difícil cogitar o cumprimento de tal prazo.
Na realidade, estão com as obras paradas e os canteiros de serviço desmobilizados por falta de pagamentos. Para que serviram, só para ganhar eleições?

Assim começa, como todos os seus outros governos, este que segundo à própria deveria ser seu melhor governo de todos. Bonita frase de Duda Mendonça, mas que, na verdade, nada significa.

Pois bem, dizem que Jorge Murad já assumiu o comando e nenhum pagamento, nem empenho, será feito sem a sua autorização. Tudo isso já estava programado antes, pois a consequência da gastança descontrolada era previsível e Jorge já estava pronto para dar um freio a ela.

E dentro do governo a briga vai ser feia. As práticas patrimonialistas estão enraizadas na cultura das famílias dominantes que ali disputam espaço e é inevitável o embate interno para decidir quem vai mandar e dizer para onde vai o dinheiro.

Quem não se lembra da sucessão do Secretário de Saúde neste ano, quando Roseana foi humilhada publicamente ao ter que demitir o novo auxiliar que escolhera e nomear em seu lugar o indicado pelo antigo secretário, mostrando, na ocasião, quem realmente mandava?
Jorge Murad, o marido, entra para equilibrar o jogo em favor da governadora e sabe que na verdade o adversário é o próprio irmão. Esse é o jogo que vai consumir o governo e tudo o mais acontecerá em torno disso, principalmente se José Sarney não tiver saúde para mediar, com sua autoridade, a contenda dentro gestão de sua filha.

A presidente eleita Dilma Rousseff, no debate da TV Globo, colocou na ordem devida a questão das refinarias no nordeste, entre elas a do Maranhão. É algo em torno, disse ela, de no mínimo 7 anos, como  alertávamos, e éramos acusados de torcer contra o Maranhão. Na verdade tudo era um imenso factóide eleitoral. E os famosos cursos feitos com dispensa de licitação, tal a urgência alegada para preparar as pessoas para trabalharem na refinaria? Só enganação eleitoral... 

Pelo menos, a que se falar, a nova presidente tem dado entrevistas equilibradas e promissoras, cheias de vontade de acertar e ser justa. Vamos ver. Dora Kramer, a festejada colunista do jornal Estado de São Paulo, sempre severa e realista, analisa bem o discurso, mas chama atenção para o fato de que, com o intuito de caminhar no sentido pretendido, é necessário que Rousseff se livre de Sarney e da turma atrasada do Brasil, dos oligarcas e patrimonialistas que cercaram o governo Lula e diminuíram um governo que poderia ter sido muito melhor (O artigo está postado no meu blog).

Sarney, entretanto, sabe que para salvar sua filha de um governo desastroso, que já se prenuncia assim, precisa de uma ajuda diferenciada e muito forte do governo de Dilma, ideia da qual a futura presidente, pelo menos no discurso inicial,  quer ver-se distante.
Pois bem, este é novo desafio que José Sarney terá pela frente, um dos maiores de sua vida. A seu favor tem o seu passado de mágico político. 

Conseguirá?